Imutável escrita por Segunda Estrela


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo eu gostaria de uma chance de me explicar, talvez não seja necessário, mas eu gostaria mesmo assim. Bom, digamos que tudo começou quando eu olhava fanzines loucos e me sentia meio perturbada por não entender de onde eles vinham, mas ao mesmo tempo tentava compartilhar e compreender melhor estes sentimentos deturpados em relação aos personagens. Então eu prometi a mim mesma que o próximo filme, série ou anime que eu assistisse eu apoiaria um casal louco e sem sentido. No entanto, a cada coisa nova que eu via, a razão dentro da minha mente falava mais alto e não me permitia gostar de nada extravagante ou impossível. E eu voltava a rejeitar todas as opções loucas que me eram apresentadas. Até que eu assisti Frozen, e finalmente pensei que tinha entendido os sentimentos das pessoas que apóiam certos casais. Mas ainda havia uma voz irritante na minha cabeça me lembrando que o Jack Frost e a Elsa nunca se encontrariam. E eu cheguei à conclusão de que, tudo bem. Não tem a menor importância, eu me divirto imaginando, desenhando ou escrevendo sobre os dois juntos. O que têm de tão errado em imaginar algo impossível? Eu não gosto da Elsa com o Jack Frost só porque os dois criam gelo, isso seria absurdo. Gosto dos dois por causa da busca da Elsa por liberdade, que definitivamente é algo imerso dentro do Jack. Ambos conhecem a solidão de ter de se esconder, e os dois chegaram a isso por se sacrificarem para salvar quem eles amavam. Mas não é só o sacrifício pelo amor que une, para mim, esses dois personagens. O Jack superou o passado e continuou a viver feliz, apesar do remorso que ele possuía, mas Elsa não, tudo que ela precisava era alguém que a entendesse e com quem pudesse compartilhar seus segredos. Bom, este texto enorme e sem sentido na verdade é porque eu queria que não só as pessoas que sempre gostaram de casais crossovers pudessem ler, o que eu estou pedindo é que dêem uma chance, não só para os dois, mas para minha história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/473358/chapter/1

Olhei para as poucas nuvens brancas que mal se estendiam pelo céu, era um perfeito dia ensolarado de verão. Raramente ficava muito tempo em locais que esbanjavam tanta luz e calor, mas por algum motivo naquele dia me sentira apto a novas experiências. Afinal, mesmo sendo um espírito do inverno, não precisava passar todos os dias na neve... Talvez.

Os últimos dias passaram de forma tão monótona, eu queria pensar em alguma coisa diferente, mais animada para fazer. Eu era um guardião da diversão, e mais que ninguém não poderia passar as preciosas horas do meu dia contando as folhas de uma arvore. Sem mencionar o fato que era muito difícil e eu não tinha paciência para passar das duzentas... Ficava imaginando que até mesmo o fracassado do Breu deveria estar se divertindo mais do que eu. Naquele momento lembrei-me daquele compromisso que eu adiara por tanto tempo.

– Ai que droga. Eu esqueci.

Desde que aquele maníaco quase destruíra os guardiões, nós havíamos decidido que não o perderíamos mais de vista. Para que não houvesse outra chance dele recuperar seus poderes e decidir bagunçar as coisas de novo. E eu sabia que quem deveria ter ido vê-lo da última vez era eu. Passei a mão na testa, repensando o assunto. Não estava nem um pouco ansioso para encontrá-lo outra vez, seus papos eram sempre tão agradáveis.

– Bom, acho que não haverá uma oportunidade melhor do que essa.

Levantei-me de súbito e sem perder tempo com devaneios me lancei no ar, me lembrava bem de onde Breu havia se escondido, e se deixasse o vento me levar, chegaria em um instante. Talvez fosse uma grande imprudência ter decidido ir atrás dele somente agora, mas eu estava tremendamente entediado, e ele estava fraco demais para fazer qualquer coisa contra mim. Não tinha nada a ver com as ameaças que eu recebera se por acaso deixasse de ir vê-lo. Não demorei muito e encontrei a caverna onde ele estava. Espiei por um segundo para somente ver a escuridão que se estendia por baixo da terra. Suspirei fundo e em seguida entrei. Por um minuto nenhuma luz refletiu nos meus olhos e fiquei imerso nas sombras completas. Até que finalmente minha visão se acostumou com o escuro e eu pude começar a distinguir as formas da caverna. Andei sorrateiramente, pisando no chão frio de pedra. Olhando cada forma que parecia se destacar na escuridão completa.

– Onde está o bicho-papão? Está se escondendo no escuro?

Então nesse momento vi sombras ainda mais escuras que o breu proeminente das galerias de pedra se movimentarem rápidas pelas paredes.

– O que faz aqui? Veio zombar dos seus medos? -Disse uma familiar voz seca e lúgubre.

Dei uma risada sarcástica. Virando meu rosto entre as sombras para tentar identificar onde estava Breu.

– Por favor, eu não tenho mais medos. Todos eles se foram junto com suas forças.

Breu então se materializou aos poucos na minha frente, sua tez imponente que outrora o transformara em um pesadelo tão aterrador parecia agora apenas uma ligeira lembrança. Apesar dele ainda ser mais alto que eu, sua postura altiva fora completamente perdida.

– Todos temem alguma coisa.

Estendi meu sorriso.

– Talvez eu ainda tenha algum medo, mas eu tenho amigos e coragem para enfrentá-los.

Ele deu um riso de escárnio, então desapareceu gradualmente para aparecer a alguns metros de distância.

– Quem diria que você cairia tão baixo. Acreditando tão fielmente nos seus guardiões.

Apoiei-me no meu cajado, sem me incomodar com nenhuma de suas palavras.

– Não vejo motivo para não fazê-lo. Eles já me deram provas mais que suficientes de que são confiáveis.

Breu então soltou uma risada exagerada que ecoou entre os taludes de dentro da terra. Por um segundo eu estremeci, mas quase que imediatamente me recompus.

– Você não sabe de nada, há segredos que eles escondem que até mesmo você duvidaria.

Revirei os olhos, não acredito que mal chegara e ele já criava insinuações para me fazer ir contra os outros guardiões.

– Ah é? E por que você saberia destes segredos?

Ele me deu uma longa olhada gélida, mas os seus olhos tinham um leve toque de um divertimento cruel e sombrio.

– Este mundo é velho, Jack. E você sabe muito pouco sobre ele e sobre aqueles a quem defende com tanta veemência.

Eu não entendia a razão, mas algo de muito ruim crescia em mim conforme ele dizia aquelas palavras. Por algum motivo insano, uma voz dentro de mim insistia que as mentiras traiçoeiras e costumeiras de Breu não se igualavam aquilo, que ele falava a verdade. Recuei levemente, não que estivesse intimidado, afinal ele não tinha poder para fazer nada contra mim. Mas suas palavras eram como lâminas, e no fundo eu temia descobrir a verdade.

– Do que está falando?

Ele tombou a cabeça de lado, como se sentisse certa pena da minha ignorância, o que eu sabia que não era o caso.

– Seus guardiões, sempre tão puros e bondosos, fazendo de tudo para proteger todas as crianças do mundo. Não é isso que você pensa?- Sua voz soava entediada e seus passos vagarosos apenas aumentavam minha ansiedade.

Limitei-me a lançar-lhe um olhar de desagrado.

– E se eu lhe contasse que uma garotinha simplória e solitária sofreu até seus últimos momentos porque o medo a controlou e seus guardiões não fizeram nada para mudar isso?

– O quê?

– Na verdade, ela era muito parecida com você. Ela recebeu presentes extraordinários no seu nascimento. No entanto alguns fardos são pesados demais para meras crianças, e justamente elas são as mais propensas ao medo. Ela acabou se sacrificando pela segurança de sua irmãzinha miserável, como você, e isso a trouxe um tormento que a cada dia consumia mais da sua alma. Mas ela jamais arriscaria a vida daqueles que amava por algo tão frívolo e egoísta como a felicidade própria. Seu maior medo era ela mesma, e com o passar do tempo os temores que a cercavam se tornaram seus maiores inimigos. Ela era uma pobre alma solitária que implorava por ajuda, mas que fora cruelmente abandonada. Então eu me aproveitei de sua solidão, fazendo-a sofrer ainda mais e depois a devorei inteira.

– Já chega. - Minha voz não se exaltou, mas carregava certa mágoa ao ouvir aquelas palavras. Fazia crescer uma dor familiar dentro do meu peito, me fazia lembrar os sofrimentos da solidão.

– Você não duvida de mim, duvida Frost?

Ele então me lançou mais um daqueles olhares gananciosos e seu sorriso maldoso. Mas é claro que eu duvidava, seria insano e imprudente acreditar em qualquer palavra que saísse de sua boca. Eu não seria idiota a este ponto.

– Acho que já vi o suficiente, eu vou voltar. Você ainda é o mesmo fraco.

Virei-me, com intenção clara de ir embora e não voltar por um bom tempo. Eu cumprira minha tarefa, parcialmente. Mas então mais uma vez aquela voz que praticamente me nauseava falou novamente.

– Vai tão cedo Jack? Não sabia que tinha tanto medo da verdade.

Sem me virar para ele eu respondi.

– Não existe verdade em nada do que você diz.

– Ah, é mesmo? Então porque você não pergunta aos seus preciosos guardiões quem foi Elsa de Arendelle?

Então sua risada sádica começou a ecoar descontroladamente entre as paredes, cada vez mais ensurdecedora. Virei-me o procurando, ele já não estava em lugar nenhum, mas a sua risada continuava a crescer entre as paredes. Não agüentando ficar ali por mais tempo, eu andei na direção de onde entrara e, o mais rápido que pude, saí daquele maldito buraco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, Esta é a minha primeira fic postada no Nyah, não quero que sejam piedosos. Normalmente tento escrever minhas histórias com o desenrolar semelhante ao dos livros, mas acho que vou correr um pouco com essa, espero do fundo do coração que gostem.