Tudo no mais absoluto silêncio, exceto pelo ronco de algum dos garotos do quarto, Neville levantou da cama ainda meio sonolento, coçando os olhos como se ainda tivesse com muito sono, puxou um pedaço de pergaminho e uma pena debaixo de sua cama, parecia ter deixado ali de propósito, como se usasse sempre aqueles objetos, olhou para os lados para ver se todos estavam dormindo e começou a escrever rapidamente, como se fosse quase de forma automática, não piscava, nem pensava muito para escrever, rasgou a folha ao meio e dobrou duas vezes o pedaço de papel, ainda de pijama saiu sem fazer barulho do quarto, desceu as escadas até o salão comunal e passou pela entrada, a mulher gorda ainda dormia quando ele olhou pra trás, Neville parecia com medo, e andava rapidamente pelo corredor, olhando para todos os lados desconfiado, quase correndo ele chegou ao corujal, enroscou a carta numa das pernas da coruja mais próxima, que saiu pela janela em voo, então olhou assustado para fora, como se tivesse acordado naquele momento, uma lágrima escorreu de seus olhos e ele correu, correu como se estivesse fugindo de alguma coisa, até deitar em sua cama novamente e fechar os olhos como se nunca tivesse saído dali. Um instante após e ele já roncava em sua cama.

Agora todos dormiam novamente, a porta do quarto se abriu lentamente, não havia ninguém, e a porta se fechou lenta da mesma forma em que se abriu, com se tivesse vida própria, as cobertas de Harry se levantaram como se alguma coisa invisível tivesse o feito, dava pra ver o cabelo bagunçado como um ninho de pássaro, ele estava com a boca aberta e sem os óculos, não tinha pijama, apenas uma bermuda era oque ele vestia, as cobertas desceram novamente e cobriram o rapaz do mesmo jeito que estava antes, deixando só a cabeça do bruxo pra fora. Uma cabeça com cabelos de vermelho intenso surgiram debaixo de uma capa, poucos segundos depois, já deitada ao lado de Harry.

– Amor, bom dia. Disse Gina aos sussurros perto do ouvido do namorado.

– Bom dia. Respondeu ele calmamente ainda de olhos fechados.

– Estava com saudades de ter você perto de mim. Ela falava tão baixo que se não tivesse com os lábios grudados no ouvido de Harry, certamente ele não ouviria.

Só então o rapaz abriu os olhos, como se tivesse despertado de um sonho, sorriu para a moça, mas logo arregalou os olhos e sentou na cama subitamente olhando para todos os colegas do quarto, deitando novamente ao perceber que todos ainda dormiam.

– Meu Deus Gi! Você ainda vai me matar de susto! Que ideia foi essa?

– Roubei sua capa ontem, não aguento mais ficar longe de você!

– Eu também sinto sua falta, mas temos que tomar cuidado, alguém pode ver!

– Por isso a capa!

– Mesmo assim, é muito arriscado, pode nos custar uma expulsão!

– Ah Harry, você parece a Hermione falando!

– Sério.

– Quer que eu volte para o meu quarto? Eu volto, já que você não me quer aqui!

– Ei! Eu sempre quero você comigo, você sabe que é verdade e eu amo você!

– Hum, então posso aproveitar um pouco meu tempo aqui com você, privacidade nessa escola tá difícil!

– Tá amor, vem cá. Disse ele abraçando a moça e a puxando para junto de si. – Não tem forma que eu goste mais de acordar do que assim com você. – Meu dia fica muito melhor.

– E mesmo assim me repreende, quando faço isso.

– É arriscado Gi, e Ron está aqui do lado, melhor você se cobrir com a capa.

– Como eu posso amar tanto você, seu chato! Estraga prazer!

– Ei... Disse ele segurando o rosto da moça entre as mãos. – Quando você vai entender que tudo que eu faço é por te amar mais que tudo! Céus! Como eu te amo Gina! Amo tudo em você, seu jeito meio louco, sua voz, seus olhos, seu cheiro. – Não faço nada na intenção de te magoar!

– E quando você vai entender? Que eu te amo tanto, que te quero inteiro, quero ser sua e que você seja meu, inteiro, não pela metade e não quero esperar pra isso, meus irmãos, minha família, sei lá quem mais você tem medo que descubra.

– Gi...

– Não... Deixa eu terminar de falar! Ninguém vai se atrever a se meter na minha vida íntima com o meu namorado, todos sabem que você me respeita Harry! Todos sabem que você tem boas intenções! E todos sabem que nós nos amamos! Se não confiassem em você, de que forma deixariam a primeira mulher Weasley a nascer em 7 gerações, namorar, ir na casa desse namorado, sair sozinha com ele e tudo mais? Entende oque eu quero dizer? Leve em consideração oque eu quero, e o mais importante oque você quer! Não oque vão pensar! E outra, você não precisa sair correndo contar para o meu irmão que dormiu comigo!

– Uau! Ok... Respira amor, você está muito nervosa!

– Estou é brava com você, isso já está me tirando do sério, essa sua insegurança e medo, sei que respeita minha família e eu também respeito, afinal é minha família e eu os conheço bem, eles jamais pensariam que o nosso amor os desrespeita!

Harry beijou o rosto da ruiva delicadamente, abraçando a moça junto ao seu peito. – Você está certa...

Ela levantou a cabeça para olhar nos olhos do namorado. – Você disse que eu estou certa?

Harry fez que sim com a cabeça.

– Não posso acreditar que finalmente entendeu oque eu sinto! Isso significa, significa que...

– Sim, significa. Não vamos forçar as coisas, deixa que tudo aconteça naturalmente, na hora certa.

A moça quase não conteve a voz de empolgação e começou a beijar o rosto de Harry em todos os espaços possíveis. – Eu... amo... tanto... você...

– E que tal agora me dar um beijo de verdade, desde que chegou nesse quarto só brigou comigo!

– Ah amor, eu vim aqui pra isso!

A coruja voava numa velocidade anormal, passando pela floresta proibida, ficando cada vez mais distante de Hogwarts, a carta balançava de um lado para outro com a força do vento, enroscada nos pés pequenos da coruja, ela passou por vales de verde intenso e por várias paisagens até chegar a um pequeno casebre, que parecia abandonado, parecia que não era habitado, as tábuas já desgastadas pelo tempo, pareciam muito velhas e algumas pareciam prestes a cair, a única janela, estava com o vidro quebrado e com espaço suficiente para uma coruja passar, dentro do casebre, tudo era escuro e velho como na parte de fora, um homem estava sentado em uma mesa no centro daquele cômodo claustrofóbico, batia os dedos na madeira empoeirada da mesa, como se estivesse impaciente, os cabelos grudados em seu rosto, o faziam parecer ainda mais sujo do que o próprio cômodo, seu casaco preto estava rasgado em uma das mangas, e seus dentes eram tão feios quanto poderiam ser, não era uma visão agradável até mesmo para uma coruja. A pequena saiu em voo rápido assim que o homem desvencilhou a carta de seus pés. Ele desdobrou a carta com certa ânsia.

– Ei, Jugson, parece que o garoto Longbotton está se saindo bem na tarefa de espião! –Escuta essa.

“Harry demonstra cada dia mais, estar apaixonado por Gina Weasley, ontem ele me confidenciou que não pode mais imaginar sua vida sem ela, acho que ela é a pessoa que vocês estão procurando”

Lestrange leu tudo com tom sarcástico e os dois gargalharam ao final da carta, como se aquelas palavras representassem algo que só os dois entendiam, como se aquilo fosse a melhor notícia que poderiam ter.