Já era noite e eu já estava arrumada para ir até o esconderijo me encontrar com o Daniel. Marcava 21:28 quando olhei a hora. Desci até a sala, tentando não fazer barulho. Meus pais já tinham ido para o quarto e não constei a presença de nenhum empregado por ali.

O jeito mais fácil seria pegar a chave e abrir a porta e depois trancá-la, mas não sabia que horas voltaria e isso poderia dar errado. Comecei a procurar uma chave reserva, demorei uns minutos até consegui achar.

Igual a noite anterior, andei até certo ponto e peguei um táxi. Em poucos minutos cheguei ao esconderijo e bati a porta, pude ouvir um "entre" e entrei.

– Boa noite gente. - falei ao entrar.

– Boa. - todos responderam.

– Galera eu e a Majo vamos dar uma volta, depois continuamos a planejar ok? - Todos assentiram e Daniel puxou-me para fora da casa.

– O que vocês estavam planejando?

– Você vai ter que começar a agir, nós não podemos perder muito tempo.

– É, eu sei. Por onde eu tenho que começar?

– Depois falamos sobre isso, vem comigo. - ele disse segurando minha mãe.

Caminhamos alguns minutos e paramos em uma praça que estava deserta. Sentamos em um banco e ele ficou olhando lá no fundo dos meus olhos durante alguns segundos.

– Eu senti a sua falta. - ele disse quebrando o silêncio.

– Eu também senti e muito.

– Como tá sendo a faculdade?

– Bem legal, eu sei que posso não utilizar o que estou aprendendo no futuro, mas eu tô gostando.

– Você não quer mais ser estilista?

– Pela lógica, se for provado que vocês são inocentes, nós voltaremos a ativa e você sabe, não vou ter tempo pra isso.

– Tá gostando de viver essa vida normal, sem tanta correria?

– É legal sim, mas tenho que confessar que ajudar os outros é mais gratificante, sem falar que a adrenalina é excitante.

– Não mais excitante que eu.

– Você anda muito saidinho Daniel.

– Você me deixa assim, é involuntário.

– Deve ser involuntário te ver e não querer te...

– Te...?

Aproximei meu rosto ao dele e selei nosso lábios, começamos um beijo que durou até a falta de ar, mas continuamos ali se beijando e dando risos bobos. Depois conversamos mais um pouco e resolvemos voltar para começar um novo treinamento, afinal temos que estar bem preparados, pois o Paulo já provou que não podemos subestimá-lo.

Quando chegamos eles estavam bebendo. Estranhei um pouco, eles não podem sair, não podem correr esse risco, mas ignorei e recusei um copo que Alícia me ofereceu.

– Como combinamos, amanhã colocaremos o plano em ação. Jorge vai tentar invadir informações do banco e tentar descobrir o nome dos que estavam trabalhando no dia. Ele tentará descobrir informações pessoas, endereço e tudo e aí que você entra em ação Maria Joaquina. Você terá que tentar roubar qualquer informação que seja, se alguém estranho foi lá, enfim, descobrir quem colocou as câmeras que nos filmaram. Se a gente achar uma testemunha será mais fácil. - Daniel disse sério.

– Mas isso tudo vai ser muito complicado e pode dar em nada. O jeito seria colocar o Paulo contra a parede e fazê-lo confessar.

– Seria a melhor maneira, mas o Paulo não daria o braço a torcer por qualquer coisa. E lembrando que temos que tomar muito cuidado para não chamar atenção. Um erro e podemos acabar atrás das grades.

– Exatamente, podemos começar o treinamento agora? - perguntou Mário.

– Claro. Hoje vai ser diferente, Mário vai ensinar a Maria Joaquina outros golpes para ela saber se defender, já que irá sozinha a maioria das fases da missão enquanto aos outros treinaremos os nossos poderes, não podemos relaxar.

Eu sei que que esse treinamento era realmente necessário, mas estava me sentindo indisposta, talvez seja mimo da minha parte, mesmo assim encarei Mário enquanto ele me dizia o que eu tinha que fazer. Ele pegou pesado comigo algumas vezes, mas mesmo assim continue, afinal os capangas ou o próprio Paulo podem fazer pior.

Mário era bem rápido, o que era um problema pra mim, já que eu sempre me dava mal. Eu nem podia usar meu poder para trapacear uma vez, então tive que me conformar e tentar aprender tudo sem ficar toda quebrada.

De longe, Alícia olhava de relance, acho que ela estava sentindo ciúmes, não sei.

– Você e a Alícia estão bem?

– Ela às vezes exagera um pouco, mas nós estamos bem sim. E você e o Daniel, se acertaram finalmente né?

– É né, fazer o que se eu amo aquele safadinho.

– Você nem imagina como ele ficou mal esse tempo sem você.

– Olha Mário, acho que a Alícia tá com ciúmes da gente. - ele olhou pra ela e eu aproveitei para acertá-lo com um golpe que ele acabou de me ensinar.

– Ai. - ele gemeu quando caiu no chão. - Isso não vale Maria Joaquina.

– Ah qual é? Não posso ter uns segundos de vitória? - falei rindo e ajudando-o a levantar.

– Vamos ver você rir agora. - ele falou me dando um golpe que fez eu cair e ele acabou desequilibrando e caindo por cima de mim.

Estávamos colados e eu pudia sentir sua respiração, por um segundo eu pensei que ia rolar um beijo, mas eu só queria sair daquele situação e acho que ele também.

– Estou atrapalhando alguma coisa? - era a voz de Alícia.

Mário se levantou e me ajudou a levantar também, Daniel se aproximou e eu já estava vermelha pela vergonha.

– Eu acho que por hoje é só Majo. - Mário disse em meio ao momento tenso.

– Nossa eu preciso ir pra casa, eu tenho faculdade e, como é que eu vou saber pra onde devo ir mesmo? Vocês me avisam ou eu venho até aqui.

– Nós avisaremos, por enquanto é melhor você não vir aqui, pode ser perigoso. - Daniel respondeu.

– Eu não quero ficar sem te ver.

– Vai ser por pouco tempo. Vamos? Eu te acompanho.

Sorri para Mário e Alícia e me despedi do restante do pessoal e fui com Daniel para casa.