20 de outubro de 2061.

~ ruídos de radio~

Olá amigos estamos iniciando mais uma transmissão...

[Kan:Ai!.. Flecher! Por que me bateu?!]

[Flecher: Anda logo! Eles estão vindo.]

Desculpem. Então galera...

[Kan:Ai! Para com isso! (barulho de papel sendo desdobrado.) Hum. É pra mim ler isso?...que coisa sem graça. Ai! Tá bom! me dá esse papel!]

Atenção. Eu sou Dukan, podem-me chamar de Kan se quiserem, estou convocando qualquer sobrevivente dos ataques de O Estado nas escolas, ou aqueles que não querem ser mais uma vitima deles.

Você sabem o que eles querem e o que eles fazem. Eles não se importam com a sua vida e não existe ninguém neste planeta que possa nos ajudar. A não ser nós mesmos.

Eu e Flecher estamos organizando as coisas e em breve seremos a arma apontada para eles. Vocês estão comigo?! Vamos atirar na cara deles.

Essa transmissão só é possível por termos Yan com agente. Ele conseguiu uma forma de... fazer todos e qualquer alto falante transmitir essa mensagem ao mesmo tempo. Deve ser engraçado ouvir uma coisa desse tipo. Sabe de todo canto vindo minha voz. [Ai!...] Agradeçam a ele quando nos conhecerem. É um garoto magro de cabelos e olhos castanhos...

[Yan: Anda logo Dukan, não temos muito tempo.]

Certo! Provavelmente agora “O Estado” esteja tendo uma prova de nossa existência, e eles estão no nosso encalço neste momento. Mas não pretendemos sermos pego tão rápido. Será difícil nos encontrar, mas estamos aqui e te procuramos [que coisa brega...] Tenham a esperança e a coragem, e não desistam. Em breve estaremos juntos para destrui-los de uma vez e garantir o futuro de todos sem medo.

~ ruído de apito agudo e longo. Estática sem fim. ~

***

—O que aconteceu?-disse o loiro de óculos de lentes azuis dentro do estúdio depois de cutucar o microfone.

—O tempo acabou. -fala Yan tenso e concentrado na tela do computador. Bate algumas vezes no pequeno aparelho quadrado, cheio de fios e rústico na mesa. E nega com cabeça.

—Você enrolou de mais. -disse sério e levemente irritado o rapaz de cabelos escuros e volumosos, olhando Kan com seus olhos azuis violeta. - Não deu a pista para nos acharem.

—Há tá. Então porque você, Flecher, não veio falar hein? Todo tímido pra isso e para me culpar tá nessa. - ele pensou um pouco. - É só fazer outra vez. -se virou para Yan girando a cadeira que ficava na frente do microfone. – Vai. Liga esse troço de novo.

—Não dá. A transmissão leva a sua voz e a energia necessária para fazer funcionar o alto falante. Se fizermos uma segunda ela pode se sobrepor sobre a outra e as duas iam se misturar.

Flecher suspirou pensativo encarando o amigo no computador, que penteava os cabelos castanhos claros com os dedos ao tentar pensar em outra solução.

De repente uma explosão faz o prédio tudo mais tremer. Kan se levanta e corre para janela pegando sua arma cilíndrica e longa, que só ele é capaz de carregar.

—Eles nos acharam! Vamos! - seguiu para a porta, levantando a arma e apontando para os dois lados do corredor antes de sair.

Flecher pegou o aparelho estranho e Yan guardou o seu notebook na mochila. Seguiram Dukan virando à direita e cruzando o corredor.

Mais uma explosão chocalhou tudo e o prédio começou a se inclinar bruscamente até parar meio torto. O corredor estava inclinado alguns graus e algumas coisas rangiam escorregando nas salas. Dukan caminhou com dificuldade pelo corredor e escolheu uma sala, onde  encontrou uma janela grande quase toda virada para o céu. Chamou os dois  colegas logo atrás e viu Yan cair sobre o piso liso, escorregando pelo corredor torto após outro solavanco, mas antes que ele  caisse em uma sala virada para baixo e de porta aberta,  Flecher o segurou e começou a puxa-lo, permanecendo de pé com dificuldade. Kan usou o batente da sala que escolheu para entrar e esticou o braço para puxar Flecher e Yan para junto dele.

Outra explosão e as rachaduras surgiram nas paredes. A sala se inclinava cada vez mais com um ruído e estalos que percorriam o interior do prédio, fazendo eles não serem capazes de se ouvirem. Flecher apontou a janela onde o pico do céu se encobria de poeira, ele estava praticamente encostado na parede dizendo algo que Dukan não conseguiu entender. Ao lado dele Yan estava tampando os ouvidos claramente desesperado para sair do desmoronamento. Então Dukan levantou a arma que carregava, apontou para o vidro e atirou. Os estilhaços vieram em direção a eles e Flecher o olhou com reprovação. Provavelmente ele não quis dizer para ele fazer aquilo. Os rapazes se esforçaram para subir pelo piso torto até a janela para sair, por sorte era de carpete marrom. O prédio estava caído quase horizontalmente, apoiado em outro edifício próximo que ia sendo demolido pelo sobrepeso e não ia durar por muito tempo.

—E agora?- Kan olhou para Flecher, que sorriu e puxou a manga da jaqueta de couro preto mostrando o estranho e volumoso relógio de pulso. Os cabelos dele voavam sem rumo com o vento que atingia o antigo decimo primeiro andar da emissora de radio da cidade.

—Vovô, precisamos de sua ajuda. - um ruído incompreensivo saiu do aparelho em resposta.

O prédio sob os pés deles deu um solavanco e eles se agacharam. Uma nuvem de poeira se levantou até acima deles ocultando do o céu. O chão deles descia rapidamente. E do nada um tipo de helicóptero bege surge. Fazendo vórtices com as hélices na nuvem marrom de poeira, vindo exatamente sobre eles. Lançaram uma escada de cordas e os três se agarram. Flecher falou novamente no aparelho e eles foram içados enquanto o helicóptero ganhava altura.