A Turma M escrita por Jhlia


Capítulo 5
Capítulo V - Dois Gioachino, por favor...


Notas iniciais do capítulo

Quem tava com saudades do Quim? o/



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A aula já estava acabando quando a professora entregou os testes e começou a onda de sermões. Ela iniciou dizendo que as notas não haviam sido as esperadas e que algumas pessoas poderiam ser reprovadas e depois passou para o clássico: “Eu não sei o que vocês querem fazer no futuro!”.

Alguns alunos realmente estavam prestando atenção na bronca, como Mônica, Aninha, Marina e Magali que olhavam atentamente para a professora. Porém outros voltavam as suas atenções para outras coisas: Cascão e Cebola cochichavam deboches sobre a professora, Nimbus não tirava os olhos de Aninha, Ângelo fazia as atividades de português, Jeremias e Xaveco desenhavam rabiscos no caderno, Denise mandava mensagens através do celular para Carmen que estava em outra sala e Titi dormia.

— ...Vocês acham que ainda estão na segunda série? Vocês querem brincar com massinha de modelar? Vocês têm que se esforçar mais! Não falo pra todos, eu sei que alguns não mereciam ouvir isso, mas tem uns aqui que... sinceramente, eu não sei! Vocês querem fazer o que? Varrer rua? Quer dizer... eu respeito muito os zeladores, aliás melhor eles a vocês que nem sequer se esforçam! Eu quero ver na próxima prova como vai ser. E ai de vocês se não melhorarem!

O sinal tocou, o Titi acordou e toda a turma abandonou a sala. Eles saíram e a Magali e a Mônica se reuniram no velho banco de cimento perto do pavilhão três.

— E foi bem na prova? — Magali perguntou enquanto se sentava.

Aham. Tirei oito. Aumentei meio ponto. E você?

— Sete vírgula três. A Marina aumentou um ponto...

— E vem cá, você notou o Nimbus?

— Que que tem ele? — Magali olhou para ela curiosa.

— Não parava de olhar a Aninha...— Ela disse e uma expressão de estarrecimento brotou no rosto de Magali.

— Não... Sério?

Mônica acenou com a cabeça positivamente.

— Sabe, não seria má ideia. Pra falar a verdade, eu não acho o Titi lá aquelas coisas...

— Nem eu. Mas vai entender, né. Ahh... O Cebola me convidou pra ir no cinema na sexta.

— Ok. Me explique isso melhor Senhora Mônica.

— Não, não é isso. — Mônica riu desconcertada. — Ele vai sair com uma tal de Laís e, como ela vai com o irmão, ele quer que eu vá junto, pra sei lá... Distrair ele.

— Até que não é má ideia. Vai que esse garoto é legal.

— Duvido.

— Pois eu tenho fé na humanidade.

— E eu em caras idiotas. Enfim, não vou ficar com preconceito dele antes mesmo de o conhecer.

— Faz muito bem.

— E hoje trabalha?

Aham. E com sorte a Denise terá pegado uma baita de uma conjuntivite e não poderá ir. Seria tão trágico... — Magali disse em tom sarcástico. — Ahh. É segunda que você vai na biblioteca, né?

— É. E eu acho que vai pouca gente. Não acho que as pessoas liguem muito pra isso. Mas enfim. Vamos ver como vai ser.

⇠ △ ⇢

Marina e Aninha estavam andando pelo pátio em frente à Cantina.

— Eu adorei o último episódio! Apesar de que eu preferiria que eles tivessem ficado juntos.

— Acho que eles só fizeram isso para que nós assistamos a próxima temporada.

— E a próxima vai ser incrível! Imagina! Só pela preview já deu pra ter uma ideia...

Marina e Aninha pararam juntas a uma coluna quando avistaram do outro lado do pátio Titi com um braço apoiado na parede acima do ombro de uma garota que estava entre ele e a parede. Eles conversavam bem à vontade. Marina olhou em direção a Aninha e a encontrou visivelmente abalada.

— Aninha, eu te adoro e você sabe disso. E é por isso que te digo pra dar uma prensa no Titi. Poxa... Que falta de respeito! Te expor assim?

— Eu sei, mas o que é que eu vou falar? Eles estão só conversando...

— Daquele jeito? O Titi tem que te respeitar mais Aninha. Aliás, você precisa se respeitar mais! E sinceramente... Você merece coisa muito melhor.

— O Titi é ótimo, Marina, juro. Ele é um amor comigo e eu realmente gosto dele. Eu confio nele. Sei que não me trairia.

— Ele pode não te trair, mas também não te dá valor.

— Ele me dá, Marina. Ele é um pouco arisco, — Aninha deu leve sorriso — mas gosta muito de mim.

— Aninha, você realmente é uma alma iluminada. É melhor mesmo que o Titi te dê valor. Porque garotas como você não se acham por aí.

— Ele dá valor... Ele dá...

⇠ △ ⇢

O silêncio era interrompido por um leve baque compassado. Nimbus, deitado na cama, ouvia música no fone enquanto brincava jogando uma bola de tênis para cima e a apanhando novamente em um ritmo incessante. Seus pensamentos iam e vinham: Iam no seis em inglês, passavam pelos episódios da sua série que ainda não havia assistido, percorria pela praça vazia, parava na Aninha com um livro em seu colo... Não sabia muito sobre a Aninha. A verdade é que apesar de estudarem na mesma sala a dois anos pouquíssimas vezes havia conversado com ela, e menos ainda com ela destituída da companhia de Titi.

Aliás, esta era uma pessoa o qual o Nimbus não apreciava as atitudes. Certa vez presenciou uma briga deste com um aluno da turma do Dc. Era claro a sua presunção. Na forma de falar e de tratar as pessoas, e isso inclui a Aninha. “Pobre Aninha...” Pensou. “Presa a um idiota que mal sabe escrever o próprio nome”. Porém, talvez ela o ame. Ainda que um sentimento torto e defeituoso, mas ainda assim verdadeiro, ou insuspeito talvez. Ele conhece muito bem essa história do “ amor cego”. Chegou a ler livros sobre isso no oitavo ano. Nunca o viveu, é verdade. Seus amores foram garotas as quais dava orgulho a sua mãe. E paixão verdadeira só foi uma, bem, até o dia anterior.

O seu celular tocou. E ele saiu do transe apanhando a bola no ar e retirando os fones. Colocou a bola ao seu lado e sentou na lateral da cama apanhando o celular no chão.

— Fala, cara... Ok... Tô descendo.

Nimbus colocou o celular na cama e desceu as escadas. Pegou o molho de chaves e foi em direção da porta. Atravessou o pequeno quintal e chegou ao portão de ferro abrindo-o. Ângelo surgiu em sua frente como sempre: Os cabelos louros levemente cacheados que formavam um pequeno topete e olhos azuis. Ele usava um moletom cinzento, o mesmo que usava pela manhã no colégio.

— Desculpa a demora.

— Não faz mal, cara. — Nimbus olhou acima do ombro e avistou a vista mais deslumbrante. Ângelo seguiu o seu olhar.

— ...A Aninha? — Ele apontou para a garota no banco.

— Er... — Ângelo riu num sentimento de amparo.

— Fala com ela!

— Tá louco, ô... das harpas! Não! — Nimbus puxou Ângelo para dentro e fechou o portão. — Bora, eu quero me livrar desse trabalho de história.

⇠ △ ⇢

Magali desceu a ladeira admirando as casas que se amontoavam umas sobre as outras, cada uma de um tom de bege diferente. “Quantos beges existem, cruzes!”. Ela descia a calçada inclinada quando chegou à fachada duma padaria retrô: a Padaria Quim.

— Olá, seu Gioachino! — Disse se aproximando do dono da loja que vinha ao seu encontro.

— Olá Magali!

Ela riu de como o seu sotaque modificava o seu nome.

Ahh... Este é o meu filho! — De trás do balcão saiu um garoto de cabelos castanhos claros, olhos azuis e fisionomia um pouco robusta. Ele se aproximou com um enorme sorriso no rosto.

— Prazer. Gioachino. — Magali parou atônita.

— Er... Mas...

Ele riu fazendo com que o sorriso rasgasse ainda mais o seu rosto.

— É, eu sei. Eu tenho o mesmo nome do meu pai.

Magali percebeu a falta de sotaque.

— Mas pode me chamar de Quim.

— Magali.

— Bom, eu vou deixar vocês dois trabalhando. Qualquer coisa estarei no meu escritório. Eu não quero saber de brigas aqui, ok? — Seu Gioachino se recolheu e Quim foi em direção ao balcão seguido por Magali.

— E você conseguiu sobreviver à segunda-feira? — Ele perguntou enquanto folheava uma agenda.

— Segunda? Ah... Sim, acho que sim. — Ela sorriu. — Não foi muito difícil na verdade. O dia foi tranquilo.

— Ainda bem. Desculpa, é que eu tive de levar a minha irmã à escola já que a minha mãe teve uns probleminhas...

— Ah... não faz mal.

— E está gostando do trabalho? — Ele parou de olhar o caderno e agora apenas a encarava com as mãos na cintura.

— Adorando. Mesmo. Aqui é tão agradável de ficar! E me tratam super bem.

— Que bom. E qualquer problema me fala, tá?

Magali riu. Seus olhos eram iguais aos do pai.

— Ok. Pode deixar.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do Quim? Um homem de origem italiana, eu não deixava escapar... XD
Comentem e me digam o que estão achando



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