A Turma M escrita por Jhlia


Capítulo 16
Capítulo XVI - Encontro de vizinhos


Notas iniciais do capítulo

Yo! terebi no mae no minna! Galerinha linda, aqui vai mais um capítulo para vocês e é claro que não poderia faltar... Romance kkkk
Nos vemos nas notas finais! Boa leitura!



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Denise se levantou com pesar. Ela se espreguiçou e se arrastou para fora da cama. Abriu as cortinas e ficou durante alguns segundos a observar o amontoado de casas e as ruas ainda sonolentas. Ela trocou de roupa, se maquiou, tomou café, pegou a sua mochila e saiu.

A sua casa era um apartamento de dois andares que não tinha quintal, a porta dava direto para a rua. Ao sair, só havia silêncio. Ela subiu lentamente a rua que era um pouco íngreme a pensar.

Denise estava preocupada com o que tinha acontecido no dia anterior. O som do tapa ainda percorria os seus ouvidos e lhe envergonhava. Ela já brigara antes. Certa vez teve uma discussão com Magali, mas nunca passou de desavenças, desentendimentos. Mas, no dia anterior, quando Carmem ousou insultar não ela, mas seu irmão, não teve jeito. Denise acertou com sua mão na cara da garota. Ela não faz o tipo encrenqueira, barraqueira ou agressiva. Seus comportamentos podem ser definidos como espinhos. Espinhos que ela ganhara com o passar dos tempos. É uma defesa. E o que aconteceu com a Carmem foi um ato de autoproteção. O que é irônico, já que sua tentativa de se proteger trará consequências e incômodos.

Denise entrou na escola e subiu as escadas do pavilhão onde teria aulas. Ela atravessava o corredor quando ouviu os insultos.

— Olha lá, a idiota...

Eram palavras pronunciadas em voz baixa que se o corredor estivesse mais cheio, talvez sequer fossem ouvidas por Denise. Mas o corredor não estava cheio.

— Estúpida de merda...

Denise se virou e viu encostados na parede dois garotos. Um ela não identificou, mas o outro ela logo reconheceu, era o Dani, ex da Carmem – o mesmo de quem Carmem falava quando as duas estavam no shopping -, um garoto convencido e mal-educado. Ele e a Carmem viviam brigando, mas também não se desgrudavam.

Os garotos não desviaram o olhar. A xingaram e sorriram.

Denise, transtornada, acelerou o passo e entrou na sua sala.

Esta cena se repetiu várias vezes durante este dia e mais outras vezes durante o dia seguinte.

⇠△⇢

Na quadra, durante a aula de educação física, os garotos da turma F jogavam futebol.

A “F” era uma das melhores turmas do Segundo Ano. Mais conhecida pelas ótimas notas em desempenho e comportamento, ao contrário da turma “M”, taxada como a pior turma. Na F estudava o Franja, o Do Contra, Vítor, Toni e a Carmem.

— Franja! Franja! Substituição! — Gritou o Professor Átila.

Franja, virou e viu o professor a gritar para si fora do campo. Ele saiu do jogo e Toni entrou. Franja, exausto, pegou sua garrafa d’água e foi em direção à arquibancada. Ele viu Do Contra e foi ao seu encontro.

— E aí, cara! — Disse Franja enquanto cumprimentava o colega.

— E aí, Franja!

— Então... quer dizer que você e a Mônica estão juntos mesmo?

— É, as notícias correm...

— Correm, não, voam! — Disse Franja sorridente. — Mas, seja bem-vindo à família.

Os dois riram.

— Valeu, parceiro. E aí, como vai com a Marina? — Do Contra indagou e um sorriso brotou no rosto do Franja.

— Não poderíamos estar melhor. Já são quase cinco anos... Eu não sei mais como seria se a gente terminasse.

— Bom, eu e a Mô ainda estamos muito, muio longe de cinco anos, mas eu já não consigo me imaginar longe dela.

— Se é assim que vocês se sentem, eu aposto que vocês ainda vão passar mais cinco anos.

— Tomara!

— E aí, perdedores! — Disse Vítor que já se aproximava dos dois garotos.

— Fala, Vítor! — Respondeu Franja.

— Sobre o que vocês estavam falando?

— Adivinha? — Disse Do Contra.

— Pronto, é só você arrumar namorada que esquece dos seus amigos solteiros... Não, sério — Vítor falou se virando para Franja. — eu não sei o que a Mô jogou nesse garoto, mas sei que agora ele só pensa nela.

— Foi paixão! — Disse Franja sorrindo.

— Foi sim, foi paixão. Pois eu digo que garota nenhuma me amarra. Eu sou da vida!

— Pois se prepara, Vítor, que quando você tiver oitenta, vai ser um velho rabugento, barrigudo, que mora sozinho em um apartamento repleto de bagunça e com um peixe morto no aquário. — Disse Do Contra.

— Cê que pensa. Pois aos oitenta eu ainda vou estar cheio de vida e vou tá pegando mais que vocês dois juntos!

— Ok, ok. Já entendemos, você é uma pessoa de alma indomável... — Franja falou.

— Exato... Mas, eu quero que vocês dois fiquem de namoro mesmo, por que aí quando rolar casamento eu vou poder bater um papinho com as suas convidadas.

— Desde que não seja com a minha noiva. — Do contra avisou.

— Não, não, relaxa. É só com as madrinhas de casamento. Mas, olha, não convida muita mulher velha, que aí não rola.

Os três riram.

— Bom, temos que ver primeiro se rola casamento. — Disse Franja.

— E vocês dois ainda duvidam?!

⇠△⇢

O sinal de saída tocou e Magali, Mônica, Cebola, Cascão e Marina ficaram na porta à espera de Aninha, Do Contra e Franja.

— Alguém vai ter que pagar pra mim. Tô sem grana... — Lamentou Cascão.

O grupo apenas aguardava pelos demais para irem em direção ao Crime.

— Pode deixar que nós fazemos uma vaquinha e compramos pra todo mundo. — Disse Marina.

Saídos da multidão que ainda saía da escola, vieram Do Contra e Franja. Assim que Mônica os avistaram, correu na direção de seu namorado e o beijou.

— Ôooooo... — Gritaram os demais ao verem a cena. Cebola não gritou. Apenas fingiu, o melhor que pôde, um sorriso.

— Cês não tem nada melhor pra fazer? Bando de desocupados! — Brincou Do Contra.

— Cadê a Aninha? — Perguntou Magali.

— Não sei... — Disse Franja que abraçava Marina por trás. — Quando eu passei em frente à sala de vocês ela estava vazia.

— Eu vou lá ver! — Disse Magali já preocupada.

Ela se virou e deu um passo quando viu Aninha que chegava.

— Menina, cê demorou! Já tava ficando preocupada.

— Desculpa gente. — Disse Aninha que se juntou à roda.

— O quê que aconteceu? — Perguntou Mônica.

— Ah, o Titi veio com papinho, mas já mandei ele pastar... Então, bora?

— Bora! — Respondeu Cascão.

O grupo seguiu em direção à pequena lojinha de doces. Eles gritavam, riam, gargalhavam e conversavam animados pela rua. Quando chegaram, juntaram todas as moedas que tinham e compraram um enorme saco repleto de doces de vários tipos e sabores. Eles ficaram sentados na sombra da calçada vendo o movimento da rua e conversando.

Olhasse você para eles e julgaria que eles eram amigos desde o nascimento. Eles gargalhavam ao se lembrarem das palhaçadas deste mesmo dia e de dias mais distantes, enquanto comiam os doces. Lembraram-se de uma viagem feita no início do ano com as duas turmas F e M, da vez em que o Toni jogou um balão com água no Jeremias, mas acabou acertando na Carmem, do último Jogos Estudantis em que a escola acabou ficando em segundo lugar... Várias lembranças compartilhadas por todos ou não.

A tarde passou lenta e fresca. Quando deram conta de quantas horas eram, Mônica e Do Contra se despediram. Haviam ainda de ir à biblioteca, era o último dia do projeto.

— Só não vale se pegarem atrás das estantes! — Gritou Marina.

Mônica se virou e fez uma careta para ela, fazendo todos rirem. Ela e Do Contra foram abraçados até a biblioteca. Enquanto catalogavam os livros foram conversando e se conhecendo melhor. Tinham várias coisas em comum, o espírito livre e independente, o gosto por música indie e rock, Sushi, algumas séries Sitcom, Sorvete de morango e é claro, livros.

⇠△⇢

Magali olhou no celular e percebeu que já se aproximava da hora do seu trabalho.

— Bem, galera, eu adoraria ficar, mas o trabalho me chama.

— Já vai, Magá? — Lamentou Aninha.

— Qual é, ainda tá cedo... — Marina disse.

— Não, eu realmente tenho que ir andando. Mas nos vemos amanhã!

— Ok, Tchau! — despediu-se Marina.

— Tchau! — Os demais a acompanharam.

— Tchau! — Disse por fim Magali.

Ela seguiu caminho pela calçada fugindo do forte sol que iluminava a tarde fresca. Quando chegou à padaria, Quim estava fechando a conta da Dona Louise, velha frequentadora da padaria. Magali se aproximou enquanto amarrava o seu avental.

— Aqui está, Dona Louise. Três e cinquenta e cinco. — Quim falou enquanto estendeu a mão e colocou as moedas sobre a mão da senhora.

— Muito obrigada, meu filho. Deus o abençoe. — Ela disse se dirigindo à saída.

— Eu a acompanho. — Disse Magá que lhe deu suporte até a porta.

— Muito obrigada, querida. — Dona Louise falou e acariciou o rosto de Magali. Depois ela se virou e dobrou à esquina.

Magali voltou para o balcão e beijou a nuca de Quim que mexia no computador. Ele se virou para ela e a beijou.

— Sabe, eu tava pensando... — Disse ele que segurava olhava a mão dela. — Quer namorar comigo? — Ele perguntou e levantou o olhar para Magali.

Magali suspendeu as sobrancelhas.

— Claro que quero!

Magali o abraçou e o beijou. Ouviu-se um pigarreio. Era um homem que estava em frente ao balcão para fechar a conta.

— Ah, senhor... — Disse Quim que se recompôs assim como Magali. — São sete reais e trinta, por favor.

— Bom, eu vou atender as mesas... — Magali disse se afastando. Quim piscou sorrindo pra ela. Ela fez o mesmo.

⇠△⇢

O filme acabou, a tela se apagou e as luzes se acenderam gradativamente. As pessoas começaram a sair, bem como Ângelo e Renato.

O cinema, o mesmo que semanas atrás dera lugar para um encontro duplo, agora era uma desculpa perfeita para um encontro entre dois vizinhos. Desculpa, motivo, oportunidade... O fato é que eles agora estavam saindo da sala de exibição e atravessavam o corredor em direção ao parque que ficava próximo.

Os dois conversavam e opinavam sobre o filme. Discutiam a escolha dos atores, o figurino, o cenário, trilha sonora, efeitos especiais e roteiro. Eles chegaram ao cinema com expectativas não muito altas em relação ao filme, a crítica relatava um filme bom, mas não excelente. E foi isso que os dois constataram no final: um filme bom, mas não excelente. “Ele cumpriu aquilo que prometeu, mas não conseguiu impressionar ou ser no mínimo memorável.” justificou Ângelo. Os dois atravessaram o parque, passaram por entre as pessoas que aproveitavam o início da semana e contornaram o jardim. Eles acabaram por se sentarem em um banco atrás da fonte.

— Eu normalmente assisto os filmes em casa depois de assistir no cinema. Acho que sempre tem algum detalhe que eu perco na imensa tela. — Disse Renato sorridente.

— Pois é, eu ficava atento o tempo todo se eu não estava perdendo nada. Pior é quando o filme é legendado. Você acaba não podendo ver os detalhes nas cenas.

— Exato... Esse é um dos pontos negativos de filmes legendados.

— Mas eu sinceramente prefiro filmes legendados. —Falou Ângelo.

— Somos dois... — Renato disse sorrindo.

Repentinamente, todos os assuntos pareceram desaparecer. Sobre o que falar agora? Diante da questão, os dois ficaram a ver a água que subia em direção ao céu escuro, mas que desistia e caía escorregando pelo mármore abaixo até repetir o movimento mais uma vez, mais uma vez e mais uma vez...

Renato respirou fundo.

— Ângelo, eu... — Disse ele se virando e se esforçando para encarar Ângelo. — eu...Te convidei aqui por que... eu queria que a gente pudesse se conhecer melhor.

A cada segundo que passava o coração de Ângelo batia mais forte.

— Eu queria — continuou Renato. — sair com você por que... Eu gosto de você.

Ângelo sentiu o seu coração parar.

— E eu venho me perguntando se você também gosta de mim. — Falou Renato.

Ângelo sorriu. Era surreal pensar que todo esse tempo o Renato também sofria tanto quanto ele em tentar saber se o seu amor era correspondido ou não. E, a final, era.

— Eu... também gosto de você, Renato.

Era uma segunda-feira: Cinco filmes estavam em cartaz no cinema; O dólar subia; Uma nova sessão começava no cinema; Mônica dormia abraçada ao Sansão; Magali conversava com o Quim por celular; Nimbus olhava o céu pela janela; Aninha terminava de ler o seu livro; Titi bebia num bar; Cebola dormia e sonhava com um parque de diversões; Denise lutava para tentar dormir; Cascão dormia e roncava em seu quarto; Do Contra pensava na Mônica. O mundo girava e as pessoas viviam quando Renato e Ângelo se beijaram. Se beijaram sentados em um banco atrás da fonte. Era uma segunda-feira, quando os dois apaixonados disseram que se amavam e foram juntos, de mãos dadas, até o condomínio. No andar do Ângelo, os dois se despediram com outro beijo e foram dormir.

Era uma segunda-feira. O céu estava lindo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Não esperem piedade da Carmem e sua corja... Bom, imagino que vocês tenham uma ideia de como foi a conversa da Aninha com o Titi. E o Ângelo e o Renato, hein? Fofos :3
Me digam o que acharam do capítulo!
Beijocax e até o próximo capítulo!!!



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