Nos últimos capítulos...

– O que vai fazer? – Arrisquei a pergunta.

Peter parou e olhou de relance para mim.

– Vou matar um Pirata.

E assim ele saiu. Corri até onde ele havia ido, mas a passagem por onde ele saiu estava trancada. Comecei a chutar e a usar vários objetos para forçar a saída, mas nada funcionou. Fui até o armário e tirei de lá uma espada. Corri de volta para a passagem, mas um grito me fez parar. O grito de dor de Hook.

.x.

Confie em seu coração se os mares pegarem fogo e viva pelo amor embora as estrelas girem ao contrário

Estava desesperada, sem ar, completamente perdida.

Depois daquele grito, o silêncio preencheu todo o lugar. Eu esperava o pior, Hook poderia estar morto e tudo isso por minha causa. Sabia que uma das alternativas dele estar aqui seria para me salvar, ou poderia ser outra coisa, de qualquer forma, eu me sinto culpada por tudo oque está acontecendo.

Eu me sentia em uma história, um personagem que foi parar na Terra do Nunca e que daquele momento, acabou acontecendo várias coisas. Tinha esperança de que tudo aquilo passasse de um sonho, que tudo aquilo... fosse irreal.

Ouço um barulho vindo da porta, e assim que ela se abre, vejo Felix. Ele estava sem expressão, mas não disse nada, apenas me deu passagem, e acenou com a cabeça para que eu saísse. Dei passos lentos, saindo do esconderijo, fui andando até a silhueta de Peter Pan. Ele estava de costas para mim, e somente ele estava ali, isso fez com que eu me acalmasse, Hook deve estar bem. Não ouvia nenhum outro som ao não ser o dos grilos e ansiava saber onde estavam todos, principalmente o Pirata.

– Está feito – Ouvi Pan dizer e ele se virou para mim, segurava uma faca, e senti meu estômago se revirar ao ver o sangue da faca pingar no chão. Meus olhos se encheram de lágrimas, levei minha mão a boca, esperando que Pan só tivesse machucado Hook.

Peter deu um sorriso fraco, e se aproximou de mim, eu recuei.

– Não se aproxime de mim – Consegui dizer, em meio aos soluços que escapavam.

– Lena... eu tinha que fazer isso, precisava mata-lo – Peter deu um passo para frente. Meus olhos se arregalaram e fraquejei, ficando de joelhos e chorando baixo. Isso não podia estar acontecendo. Não deveria, está tudo errado!

Não podia acreditar que Hook está morto, ele me deu segundas chances, me ensinou, me acolheu, não só a mim, mas ao Rafael também. Sentia meu mundo desmoronar.

Sinto uma mão em meu ombro, e automaticamente empurrei Peter Pan, saindo de perto. Me levanto, e limpo minhas bochechas.

– Você é a pessoa mais fria e idiota que eu já conheci – Digo a ele, olhando em seus olhos. Minhas palavras soaram firmes, no tom que eu queria. Peter não disse nada, ficou sem expressão e ficou me encarando.

Fiz o favor de sair de sua frente, andei um pouco pela floresta, me afastando um pouco do esconderijo. Assim que achei um bom lugar para sentar, voltei a chorar. Hook não saia dos meus pensamentos, ficava relembrando de coisas boas que ele fez, de como me ajudou, de como fez tudo por mim. Quando eu estava com medo, e ele lançava aquele olhar protetor, o mesmo olhar que meus pais faziam para mim. Quando meu orgulho aparecia e ele ainda estava lá, tentando me compreender.

Olhei para o sol, observando a cor laranjada do céu misturada com o azul e fiquei em silêncio. Via o tempo passar aos poucos, e fechei meus olhos, sentindo o vento fraco bater contra meus cabelos.

...

– Helena? – Conhecia aquela voz, abri meus olhos e olhei para trás, era Félix.

– Se for para defender...

– Não vim defender Peter, quero apenas conversar – Ele se aproximou, e me olhou. Assenti para ele, permitindo que se sentasse ao meu lado. Olhei para o sol, abraçando meus joelhos contra meu tórax. – Entendo um pouco pelo que está passando, mas acho que não devia colocar isso no seu caminho, tem outras coisas para se preocupar.

– Como pode dizer isso? – O encarei, começando a ficar com raiva.

– Não estou dizendo que deve esquecer da morte de Hook – Ele se adiantou – Mas está acontecendo muitas coisas, e se você continuar desse jeito, não irá conseguir voltar para casa com seu irmão.

Ele tinha razão, mesmo estando abalada com a morte de Hook, eu precisava prosseguir meu acordo com Pan. Não podia ficar nessa ilha com Rafael, depois do que aconteceu hoje, não tenho dúvidas que esse lugar é obscuro. Deuses, e quanto a Rafael? Ele está bem? Eu espero que sim, Hook deve ter o deixado sob os cuidados dos Piratas, ele sabia que Rafael era a pessoa mais importante para mim.

– Sei que está com raiva de Pan, mas deve se lembrar que ele é o único que pode te tirar daqui – Felix se levantou, e estendeu a mão para mim. Eu a peguei, e me levantei. Limpei meu rosto e olhei para Felix.

– Porque está me ajudando? – Perguntei e ele sorriu fraco e acenou com a cabeça para um lado oposto do esconderijo de Pan, e assim, começou a andar. Eu não entendi, mas o segui. O sol iluminava nosso caminho antes dele se pôr.

Andamos por alguns minutos, e então, pude ver algumas tochas de longe, seguradas por dois meninos perdidos.

– Faça oque eu disser – Felix disse e se virou para mim. – Precisa se esconder.

Franzi a testa, não entendendo o que se passava ali, mas assenti para ele, indo me esconder atrás de arbustos. Me sentia em um plano secreto contra Pan. Observei Felix caminhar até os dois meninos.

– Peter está chamando vocês – Ouvi ele dizer, os dois meninos se entreolharam mas seguiram caminho. Felix me chamou e eu fui até ele, sabia que aquilo estava absurdamente estranho, mas queria continuar, queria descobrir o que ele queria me mostrar.

Vi uma jaula de madeira, afastada e camuflada por galhos e folhas de palmeiras.

– Cuidado – Felix me alertou, e com seu cajado, afastou uma planta de espinhos roxos do meu lado. Engulo seco, e me afasto da planta, havia me esquecido das surpresas da Terra do Nunca.

– Oque quer me mostrar? – Perguntei, olhando para a Jaula enquanto me aproximava. Ele não respondeu nada, eu olhei para trás um pouco preocupada, seu rosto estava sem expressão novamente. Ele parecia hipnotizado e assim que olho para frente, vejo uma mulher de cabelos castanhos amarrados em um rabo de cavalo, ela tinha um tom de pele bronzeado e os olhos, eram da cor do mel. Ela estava dentro da jaula. – Quem é você?

Ela deu um sorriso amigável me olhando.

– Meu nome é Thalia – Ela respondeu.