É muito, muito fácil ficar comparando as coisas depois de se ter provado algo perfeito. Porque você vai ter certeza de que aquilo é o melhor.

Eu tenho mania de comparar as coisas, porque eu já provei de algo perfeito. Algo que ficou marcado em mim, como um selo de qualidade. E essa coisa não era necessariamente um objeto ou comida, era você.

Oh Sensei, ainda não entendo como pude deixar você ir. Afinal, eu devia ter imaginado, devia ter previsto e descoberto o que aquele homem iria fazer. E agora não consigo parar de me sentir culpado por isso. Por isso e por não poder, por não conseguir cumprir a promessa que você me pediu. Culpado por ainda te amar.

Você me disse para seguir em frente, pediu a minha palavra. Mas, naquele momento, as lagrimas nublavam a minha visão e bloqueavam a minha garganta. Me impediam de ver seu rosto, e me impediam de te dizer as palavras nas quais eu acreditava, que não seria possível.

Eu achava que nunca poderia te esquecer, que não conseguiria viver. Eu era o gênio, e não achava nenhuma solução cabível para este problema e, ainda por cima, você não estava mais aqui para me ajudar a solucionar esta incógnita. Porque você sempre foi melhor que eu nessas questões do coração.

Sabe Sensei, eu ainda me lembro do dia em que eu me declarei pra você. Se é possível chamar aquilo de uma declaração. Lembro que estávamos embaixo de uma macieira, e que depois que eu terminei de falar, você pegou a maça mais madura que havia ali e a deu pra mim. E eu não entendi o significado daquilo.

"-Sensei... eu tenho algo dentro do meu peito, que se agita toda vez que eu penso ou fico perto de você... A minha boca seca, e meu coração dispara. Sinto um vazio na barriga mas por mais que eu coma, não passa. Eu fico ansioso e tão... absurdamente feliz. Não consigo entender isso, eu pesquisei, juro que pesquisei, mas não achei nenhuma doença que se encaixasse nisso. Então eu perguntei pro meu pai, e ele me disse que isso não era doença coisa nenhuma, que ele havia sentido isso também quando conheceu minha mãe. Ele me disse que era amor. Mas eu não acreditei nisso, porque amor não é algo provado pela ciência, não é algo que se explique. Então eu decidi deixar pra lá, mas isso começou a me atrapalhar, eu só conseguia pensar nisso, e em você... então eu resolvi te contar isso e pedir pra você me explicar... Porque sensei, eu te amo e não consigo compreender."

Então depois de eu dizer tudo isso, você me beijou. E o meu coração explodiu dentro do meu peito, mas continuou intacto. Ai você me disse: - Ás vezes, as coisas não fazem sentido, e não precisam de explicação.

E uma das provas disso, é que eu ainda tenho a semente daquela maça, mesmo não conseguindo explicar porque você a deu para mim.

Você me disse para seguir em frente, para continuar. Mas esqueceu de me dizer como, ou para onde ir. E eu estava tão perdido sem você sensei. A minha vida virou uma grande... uma enorme bagunça depois que você se foi.

Mas como você mesmo me ensinou, eu devia achar a solução para isso tudo, para mim. Devia achar um jeito de seguir em frente. Só que dessa vez, teria que pensar sozinho.
E eu segui em frente, ou talvez não tanto assim. Eu decidi que o melhor seria me abrir para outra pessoa, porque já não aguentava mais todos esses problemas passando pela minha mente durante todas as horas do meu dia. Era tão problemático, e eu estava tão desesperado.

Então eu escolhi o Kiba. Ele sempre foi atencioso comigo, sempre me apoiou. Ele era meu amigo, era confiável e ele era sempre tão feliz. Mas para a minha surpresa, ao invés de me confortar com palavras, ele me abraçou e pediu permissão para poder cuidar de mim.

Não serei hipócrita a ponto de dizer que ele não é bom. Porque ele é ótimo, ele sempre faz de tudo para me deixar feliz. Mas como eu disse, depois de se provar a perfeição, você passa a comparar tudo. E kiba, por muito tempo, foi o segundo melhor. E se alguém me perguntasse, era só isso que eu conseguiria responder.

Era cruel, sim. Mas quando eu estava com ele, eu pensava em você. Pensava no tempo em que ficavamos juntos. Eu me decepcionava a cada movimento que ele errava, a cada movimento que ele fazia diferente de você. E pensava como seria se fosse nos teus braços ao invés dos dele que eu estivesse dormindo. Eu via teus olhos quando ele parava para me admirar. E eu quis por tanto tempo que fosse você.

Porque você sempre foi como um verão bem no meio do inverno. Como o docinho no final da festa, como uma surpresa boa. Mas me diga sensei, como eu podia me sentir melhor vivendo daquele jeito? Vivendo baseado em algo que não estava mais ao meu alcance.

Então eu me lembrei que você disse uma vez: - O mundo é como um grande rio. E ele está cheio de peixes, uma tonelada deles.

E eu percebi que ao invés de procurar por outro peixe, eu estava bebendo da água.

E eu bebia da água, toda vez que ele beijava meus lábios e eu imaginava tua boca. Então eu me afoguei, quando eu e ele nos tornamos um, e eu pensei em você. Me senti sujo, me senti imundo, por não ama-lo na mesma intensidade. Por pensar que você era o meu único melhor. Eu senti nojo de mim por fazer isso com ele.

Sim, eu amo kiba, mas você sempre estava na frente dele.

Sensei, eu ainda me arrependo de ter te deixado ir, mas agora eu já aprendi a minha lição. E eu não irei deixar kiba ir também, não irei me permiter perde-lo. Eu me quebrei sozinho, e ele veio e me consertou. E, bem, eu acho que mesmo não estando mais entre nós, você devia saber disso.

Eu não posso mais te amar, eu devo te esquecer. Porque é errado estar com ele, e pensar em ti. Ele não merece isso. Mas eu sei que isso é impossível. Porque afinal, você já foi o meu melhor. Então a partir de agora, eu irei me redimir com tudo que eu perdi sobre kiba enquanto pensava em você. Porque eu sei, eu finalmente percebi que isso é a minha vida, e não um sonho no qual você arromba a porta e me leva embora em teus braços.

Eu cansei de errar Sensei, porque agora é hora de eu me perder em Kiba. Mas não precisa se preocupar, porque você vai ser sempre um dos meus melhores.

Isso deve estar, ao menos parece para mim, se parecendo com palavras de um louco. Palavras sem sentido. Mas como você mesmo me ensinou uma vez: - As vezes as coisas não precisam fazer sentido.