P.O.V Annabeth

Tenho uma leve impressão de que a minha mãe não tem amor pelas criaturas mais necessitadas desse mundo.

Que tipo de mãe, em sã consciência, obriga sua amanda filha a ir com ela pra uma viajem pra um estado tão chato como a Flórida? Tipo, Miami me assusta pra caramba! Já pensou em como podem sair zumbis de todos os lugares daquela cidade praiana?

Tipo, se você prestar realmente atenção nas fanfics, vai ver que lá só acontecem as maiores festas nos maiores pubs da cidade com os caras mais gatos de todo o USA.

Sim, acho que sei o que você está pensando: "Essa menina é uma daquelas nerds que passam o dia jogando RPG e estudando?

Não, cara. Não mesmo.

Eu sou uma pessoa rara em um mundo de pessoas estranhas e sem graça. Não gosto muito do que é comum, então, nas tardes solitárias, eu acabo apenas jogando videogame, comendo Pringles, lendo livros e fanfics, e, algumas vezes, vendo filmes da TV.

Agora entendeu o meu desespero? Tipo, eu sei que Miami é a cidade das melhores praias, dos caras mais gatos, das melhores comidas e tal, mas eu realmente não estou muito interessada em me manter tão perto do mar sabendo que, se um apocalipse zumbi, por um acaso, acontecer, eu não vou me disponibilizar de outra saída mais aceitável.

— Mãe, dá um tempo! Eu sei muito bem me cuidar sozinha!

— Se não for comigo, você vai ficar com o seu pai. A escolha é sua.

Calei a boca. Qualquer coisa é mais aceitável do que suportar aqueles moleques melequentos, a baranga da mãe deles e o meu pai, um puxa saco de plantão que só se importa com a sua própria vida e as suas crias masculinas.

— Posso levar o FatLouie?

— Faça o que quiser, só me prometa não arrumar encrenca.

— Não prometo nada.— cantarolei e fui pra o meu quarto, o único lugar no mundo onde idiota nenhum pode me encher o saco. Diria, de certa forma, a minha fortaleza não digital e uma das coisas que eu mais gosto. Depois do FatLouie, um gato gordo, no maior estilo do gato da Mia Themopolis em Diário da Princesa.

Peguei o meu gato alaranjado e comecei a atualizar as minhas redes sociais.

Só que, pelo jeito, a minha mãe não ia me dar um tempo tão cedo.

— Filha, arruma logo essas malas porque meu chefe adiantou a viajem pra amanhã. Tem, aproximadamente, meia hora antes que eu te obrigue a dormir.

Revirei os olhos, peguei um monte de roupas e soquei dentro de uma mala, com o maior desgosto. Realmente não é nada interessante ficar selecionando qual combinação é a melhor pra cada ocasião, porque isso me dá até fadiga.

Me deitei na cama, já morrendo de sono, e dormi profundamente.

***

— Acorda, se não nós vamos chegar atrasadas!

Acordo com o grito da minha mãe que, provavelmente, vem da cozinha enquanto ela fritava os ovos para podermos comer antes de entrarmos no avião.

Levanto lentamente enquanto jogava a minha coberta para o lado sem a mínima vontade de sair de debaixo delas. Jogo o meu travesseiro em qualquer lado e faço a minha higiene matinal.

Quando saio do banheiro, encontro a minha roupa já arrumada. Beleza, agora eu vou ter que aparecer lá, no meio dos filhos insuportáveis de todos aqueles sócios da minha mãe, de vestidinho azul e aquelas sapatilhas idiotas. Cara, todo mundo se odeia entre nós. Seria meio que um milagre que conseguíssemos ficar todos juntos na mesma sala.

Tipo, os filhos do senhor Hermes Stoll são palhaços ambulantes que perderam a hora pro carro do circo, os do senhor Hades di Angelo são uns emos e macumbeiros, as da senhora Deméter Gardner são duendes ambulantes que passam pelo mundo jogando adubo até no meio da rua, a cria de Afrodite é uma Barbie ambulante, a de Ares é uma lutadora semi-profissional que adora fazer qualquer um de saco de pancadas, a de Zeus é uma menina que parece ter fogo no rabo, os de Hefesto são ou um brutamontes ou um magrelo nojento e mais alguns que eu não me relembro agora. O problema é que temos todos a mesma idade e, infelizmente, vamos ter que passar as férias juntos.

Mas eu nem me preocupo tanto com eles, como eu me preocupo com o fato de Percy Jackson, filho do sócio mais influente e também um menino que não tem limites pra zuera.

Pego a minha mala, coloco o FatLouie dentro de uma daquelas caixinhas de levar animais de estimação e vou para a cozinha.

Só que, o que vi quando cheguei lá, nunca vai sair da minha mente...