A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 12
Capítulo 12 - Distrito Nove


Notas iniciais do capítulo

Agora, o Distrito Nove! Pouco explorado, mas muito legal.



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Ariane Adhara

Uma das mais velhas joga o amendoim para o alto. Eu uso a língua para amortecer a queda e retrocedo para minha boca. Quebro a casca rígida e o sabor inunda meu paladar. Então repito isso com as duas irmãs. Jogo um amendoim para cada, e só a mais velha consegue pegar.

Rimos juntas. Sou a mais velha, com 17 anos entre cinco irmãs. A mais nova tem 6. É complicado esta vida, já que meu pai também trabalha.

E hoje é ainda mais. O dia da Colheita é sempre o mais difícil. Tenho exatamente, duas irmãs - uma de 13, e outra de 6 -, dois irmãos de 10 e 9 anos e eu.

Temos uma sorte: moramos em uma parte beneficiada do Distrito 9, com um campo de grãos, onde meu pai trabalha e ensina meu irmão.

– Meninas, é hora de se lavarem. Todas para a banheira! - digo. Este é meu método mais eficiente para não demorarmos para nos arrumar. Já almoçamos, então elas devem se preparar para que depois eu vá tomar o meu banho.

Ajeito os dois vestidos cor verde para elas. Para mim, algo da cor cinza, nada de elegante. Depois que elas se lavam, ungem umas as outras, vestem suas roupas e começam a pentear os cabelos. Temos apenas um pente, então elas protocooperam.

Minha vez de tomar banho. Deixo a água morna tirar a sujeira do meu corpo. Estou exausta dos últimos dias de escola e trabalho doméstico aqui em casa. O vestido fica largo em meu corpo curvilíneo. Deixo meus cabelos castanhos, volumosos e ondulados soltos. Estou pronta para ir.

Esperamos em torno de quinze minutos até meu pai e irmão chegarem e se lavarem. Quando todos estão prontos, vamos para a praça.

– Olhe, vocês três, nós nunca precisamos de tésseras e nunca precisaremos. Papai estará levando o nosso irmão. Vocês devem estar unidas, nenhuma de vocês serão escolhidas - estas são minhas últimas instruções antes de me separar delas.

Blonda, nossa representante repete as mesmas coisas todos os anos. O mesmo filme que já decorei. As mesmas falas dela. A que mais me amedronta é o que ela acaba de dizer.

– Agora, a jovem que irá representar o Distrito Nove.

Ela puxou um nome da bola sem delongas. Tirou o lacre e disse o nome da azarada, que por sorte não foi nenhuma irmã minha. Pelo contrário, o nome escolhido é:

– Ariane Adhara!

Não, só pode ser um sonho, penso. Mordo minhas bochechas, até o sangue inundar a minha boca. É real. Minha respiração é ofegante. E eu tenho de andar até o palco. Nenhuma voluntária. Blonda aplaude.

– Agora o jovem! - e repete a mesma cerimônia. - Leônidas Brashinger!

Um garoto de 12 anos anda ate o palco. Isto é tão cruel. Não precisamos viver assim, mas é o jeito que Snow quer.

– E este são nossos tributos da Septuagésima edição! Aplausos para eles! - ninguém aplaude. Logo, somos levados para o interior do Edifício da Justiça.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!