O maior (ou um dos maiores) aperto da minha vida começou do nada e o ponto de ebulição aconteceu literalmente diante dos meus olhos. Não sei se é correto dizer que a confusão começou naquele dia pois foram vários os acontecimentos que contribuiram para aquela loucura,mas enfim vamos ao ponto!

Era a hora da saída, exclusivamente hoje minha professora de literatura "roubou" o tempo de química e hoje eu não estaria na sala onde costumava ficar e meu celular estava sem 3g, era impossível contactar Gabe ou Peter. Eu ia ter que sair loucamente pela escola procurando os dois ou ia pra casa sozinho.Tocou o sinal e a minha busca começou, eu não fazia ideia de onde eles estariam, tomei o caminho da sala de química, do outro lado do colégio!

Hoje parecia que estava mais cheio, normalmente quando o sinal final toca o pessoal vai para embora que nem barata quando acende a luz no banheiro, estava tudo eufórico de mais cheguei até a pensar que era a hora do recreio e eu tinha perdido a noção do tempo ou tinha dormido e confundido os diaa, cheguei até em pensar que estava sonhando, mas a trombada que eu dei acidentalmente em um garotinho do nono ano me provou que eu estava errado, o ajudei a catar os livros que havia derrubado e antes que ele agradecesse eu perguntei:

–Que horas são?

–São meio-dia - ele olhou pro relógio e depois me encarou como se eu fosse louco - hora da saída.

– Hm obrigado! - eu disse sem jeito e saí andando rápido.

Olhava atentamente cada corredor, a euforia toda estava me incomodando, eu sabia que tinha coisas mais importantes para fazer, como procurar Gabriel, mas eu realmente queria saber o motivo desse agito todo na escola.

Cheguei no corredor da sala de química e vi uma faixa enorme do baile de formatura do nono ano e relaxei, lá estava o provável motivo de mais da metade do colégio ainda estar, bem, no colégio, lembro do meu baile, fui com Samantha Rose, nunca mais falei com ela, terminamos semanas depois do baile, boatos que ela tinha herpes começaram a rodar por aí no ano seguinte e ela jura pela própria alma que fui eu que espalhei esses boatos quando na verdade eu nem ligava mais pra ela.

Viajando nessas memórias dou um pulo quando meu celular toca, era uma mensagem:

"Afe você é sensacional! Não recarrega o cacete do celular? Estou indo para o refeitório pegar os formulários das universidades, te encontro na estufinha e pegarei formulários pra você também seu irresponsável!

De: Gabe, o responsável."

Eu deu uma risadinha, mas lembrei que a "estufinha" era meio longe! A estufinha é na verdade uma espécie de jardim de inverno no meio do colégio é cercado por vidro daí veio o nome "estufinha" e também porque nem eu nem Gabe queriamos ficar falando em jardim de inverno, chamar de estufinha é bem mais prático.

Bem esta aí outro motivo para a escola estar tão cheia a esta hora, a escolha da faculdade, Gabe sabe que tem que pegar o formulário de todas pra mim pois eu não tenho noção nenhuma de para onde eu vou e oque vou cursar, ele pelo contrário já esa decidido faz muito tempo, Yale engenharia bioquímica, a reunião de várias coisas que eu quero longe: matemática, biologia e química. Biologia nem tanto, mas não cursaria isso nem se fosse para ficar perto dele, Peter parece que vai pelo mesmo caminho, mas sei que ele está correndo atrás de algo na califórnia por causa de Pipps. Cheguei na estufinha, finalmente, olhei para os lados e nada do Gabe.

Estava impaciente, celular sem internet não é nada mesmo! Encarei o vidro da estufinha, procurando um ângulo no qual eu pudesse ver meu reflexo, mas ao invés disso encontrei Gabe do outro lado da estufinha me olhando e segurando a risada. Olhei para ele irritado, ele estava ali o tempo todo e nem me avisou? Em seguida ri de mim mesmo e ficamos nos encarando por um tempo decidindo quem iria ao encontro de quem, e o fato de eu não ter ido ao seu encontro fez eu me arrepender ou talvez até tenha me salvado de algo, mas nunca saberei. Nesses segundos de sorrir bobamente um para o outro, surge uma garota conhecida no lado da estufinha em que Gabe estava, morena, alta e escultural, Samantha Rose, nossa como ela tinha crescido bem, espero que a herpes tenha passado ! Mas ela não tinha intenções nem um pouco amistosas, me olhou com malícia, apertou os olhos e deu um sorriso perigoso em quanto puxava Gabe para perto, pensei que ela ia beijar ele ou algo assim, quem me dera que ela tivesse feito isso, mas ela o puxou para ele ficar mais próximo e ouvir bem oque ela ia falar. E enquanto Samantha cochichava em seu ouvido vi a expressão no rosto de Gabe mudando passo a passo, o sorriso desapareceu, ele ficou sem expressão e quando ela se afastou ele ficou sério encarava o canteiro de flores com um olhar de ressaca, Samantha sorriu para mim uma ultima vez e se virou para Gabe que levantou a cabeça lentamente e me olhou com ódio puro, balançou a cabeça negativamente e saiu andando.