Não, eu não morri! Eu acordei com uma luz forte na cara, abri os olhos e vi o teto branco, estava em um hospital, que bosta! Mexi as pernas os braços, estava tudo ok, me sentei na cama e fiquei encarando a parede, não sabia bem o que devia fazer, afinal eu nunca acordei em um hospital de repente:

–Felipe! Você tá bem!

Senti alguem me abraçar pelas costas, me virei, um garoto moreno, estava com o rosto vermelho e olheiras provavelmente esteve chorando e não dorme há um bom tempo e tambem não come direito faz dias:

–Desculpe, mas... Te conheço?- perguntei

–Não acredito! Gabriel! O Gabe, seu...-a voz dele falhou e ele começou a chorar

–Calma, calma! É brincadeira Gabe, Gabe para de chorar cara é claro que lembro quem é você!-Me expliquei

–Isso não se faz seu filho da mãe.-ele me deu um soco no braço

Eu ri e o abracei, ele devia ter ficado do meu lado o tempo todo pela aparência que estava

–Vou chamar o médico para te ver, e sua mãe. Ah, você tá vivo, legal, mas aposto que não vai escapar de uma boa bronca...

–Nossa verdade! Cara não quero nem pensar, ela vai jantar meu fígado-eu lamentei.

Gabe saiu para chamar o médico, não demorou muito fiz os testes básicos e ele disse que eu estava incrivelmente bem para quem tinha saído de um acidente de carro.

Recebi alta no mesmo dia, mas teria que voltar semana que vem para pegar meus outros exames.

Com a ajuda de Gabe peguei algumas coisas minhas que estavam lá e fomos para a porta do hospital e nossa como eu estava nervoso! Parecia o dia que eu me meti numa briga na escola pela primeira vez, tinha uns 9 anos nem lembro o motivo, só lembro que fiquei um bom tempo de castigo. Que estranho eu sempre fui bom de memória...

–Nervoso?-Gabe perguntou

–Bem, minha mãe é imprevisível, ela pode passar aqui ver que estou vivo e aí passar com o carro por cima de mim!

–Cara, que viagem!-ele riu e uma caminhonete azul se aproximou de nós, não era qualquer caminhonete, era a minha caminhonete o Chevy!

–Lembra de Peter Felipe?-ele perguntou apontando pro garoto que dirigia o carro

–Claro o garoto novo!-eu acenei

Eles se olharam e riram

–Nem tão novo, lembra pelo menos que Pipper veio aqui?

–Pipper? Como você...?-de repente minha cabeça começou a doer muito, me apoiei em Gabe e apertei os olhos

–Vamos com calma!- disse Gabriel me colocando no carro

***

O silêncio se instalou e eu fiz questão de interrompê-lo:

–Se eu bati esse carro, e eu lembro que bati, como ele está novinho agora?

– Bem, primeiro fui eu que cuidei do carro então, melhor impossível e segundo, você ficou um bom tempo dormindo- Peter respondeu e Gabriel revirou os olhos

–Quero tomar sorvete! -eu falei repentinamente.

–Ei! Calma, primeiro casa-Gabe interveio

–Ok!-resmunguei

Chegamos em casa Peter ia levar o chevy pra casa dele dar uns "toques finais" minha mãe estava no trabalho ainda, chegar em casa foi ótimo, senti o aconchego e o perfume familiar.

Sem falar nada fui correndo pro meu quarto e isso assustou Gabriel. Abri as janelas e olhei bem cada uma cheguei na janela que dava visão pro quarto de Gabe e senti um sentimento de deja-vu acompanhado de uma brisa quente:

–Muita coisa aconteceu nessas três semanas do seu coma, eu, por exemplo voltei pra casa e...-ele parou de falar pois levei meu dedo aos seus lábios ficando perigosamente perto dele

–Antes de saber o que aconteceu na minha ausência, eu preciso entender onde eu parei.

–Como assim Felipe?

–Eu não sei como te falar. Eu vi, eu senti, mas não sei se é real! E se for, eu não sei mais como agir, pois está confuso eu quero, mas não consigo sentir por que não lembro de...

–Do que você está falando Fê?

–Gabriel o que somos, me diz você é só meu melhor amigo?Ele respirou fundo e se sentou do meu lado na cama:

–Eu queria te contar tudo com calma, mas você quer tudo assim na lata!E então ele acariciou meu rosto e me beijou, estava chorando, senti suas lágrimas quentes caindo, era um beijo com dor, ele tinha sofrido muito aquele tempo todo. E agora eu me sentia culpado em trazer mais sofrimento a ele.

–Me desculpa Gabriel-eu disse me afastando dele- Eu te amo, eu sei que sim, mas preciso entender isso tudo

–Tudo bem!- ele disse e desviou o rosto para que eu não o visse chorar, mas já era tarde

–Eu preciso ir...pensar-falei e deixei o quarto com Gabriel chorando sozinho