Foi surpreendente como a aula passou rápido, justamente hoje que eu queria que demorasse. Eu estava inquieto todos os meus tiques estavam ativos, mãos suando, nuca coçando e minha sobrancelha tremia de 5 em 5 minutos.

Infelizmente Gabriel já estava na porta da minha sala, não tinha como eu fugir e eu não sabia como falar para ele que não estava afim de ir, eu podia ate fingir que estava passando mal, mas Gabriel é o único que consegue perceber quando eu minto, e olha que eu minto realmente bem

–Vamos?

–Aham- respondi sem ânimo

– O que foi?

–Hm nada, só não estou muito animado sabe...

–Arg Felipe credo! Inventando história pra não estudar?-Gabriel ralhou

–É, isso desculpa, preguiça entende?

–Entendo...-ele falou me olhando desconfiado

–Sério eu tô de boa!-menti dando uma risada forçada

–Eu não disse nada.

Fui o caminho todo com as mãos no bolso para ele não ver que estavam suando e com a cabeça baixa para ele não ver minha sobrancelha tremendo.

Chegamos, respirei fundo, olhei para a garagem e não tinha carro nenhum lá fiquei aliviado, entramos na casa que era bem parecida com a minha, tia Márcia, a mãe do Gabe, estava varrendo a casa:-Felipinho meu amor, quanto tempo!-ela me abraçou

–Oi tia!

–E você senhor Gabriel, nem avisa que tem visita!

–Do que ia adiantar? Nós só vamos estudar!

–Arg! Viu Felipe! Como é que você um amor de menino vai ficar com esse grosseirão aí?

–E depois ela não sabe porque que aos dez anos eu pergunteinse ela te queria como filho ao invés de mim-ele disse beijando o rosto dela

–Então vamos estudar onde?-perguntei

–Lá no porao!

–Comam alguma coisa antes!- falou tia Márcia

–Ok!

Gabe foi até a geladeira, pegou duas barras de chocolate e nós dois saímos correndo para o porão deixando uma mãe furiosa para trás.

Quando a risada passou, arrumamos nossas coisas e começamos a estudar. Gabe é um ótimo professor, quando ele leva a sério uma coisa ele se empenha pra valer.

Estávamos revisando tudo quando eu ouço passos fortes no andar de cima, meu coração acelera, minhas mãos começam a suar e eu coço minha nuca:

–Fica tranquilo ele não viria aqui!-Gabe falou num tom confiante e segurou a minha mão.

Eu me realmente me acalmei com isso, mas essa calmaria só durou uns dois minutos, os paços estavam ficando mais altos até que a porta se abriu com violência:

–Não acredito, Gabriel! Na minha casa não! - o pai dele chegou berrando.

– Amor, não! - implorou tia Márcia.

–Márcia não se mete!

–É mãe! Eu não estou fazendo nada de errado mesmo!-Gabriel falou se levantando

–Sei...-debochou o pai dele

–É que você nunca ligou pai, mas eu sou bom em matemática.

–Nunca luguei?Nunca liguei?

–Nunca ligou mesmo, só se importava com a imagem da família exemplar!Minha família são as pessoas que se importam com minha felicidade acima de tudo, e num momento você não faz parte desse grupo de pessoas.

–Queria saber de onde você tira tanta merda Gabriel? Namorar esse aí, se virar contra seu proprio pai, o que vai vir mais por aí!?

–Não vou deixar que você fale dele!-Gabriel me protegeu

O pai dele ficou calado por um tempo, se aproximou e deu um tapa em seu rosto:

–Basta! -gritou a mãe de Gabe.

–Saí daqui! Da minha casa, vai embora-o pai dele falou com ódio

–Mas, pra onde...?-se atrapalhou Gabriel

–Vai, meu filho, para a casa do Felipe, vou acalmar seu pai e te ligo.

Ele assentiu e me puxou pelo braço, mas antes de sair do porão olhou para seu pai uma ultima vez e falou rancoroso:

–Sou eu é que tenho vergonha de te chamar de pai.

–Vem, isso ja foi longe de mais!- eu disse o arrastando para longe.