Ps Aishiteru escrita por JMOliver


Capítulo 2
Farsa




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P.S: AISHITERU

Eu posso tentar fingir
Eu posso tentar esquecer
Mas isso está me deixando louco
Estou perdendo a cabeça

(t.a.t.u, All The Things She Said)

II

Antes mesmo de chegar à casa de Naruto, Sakura viu-o atravessado à rua, parecia bem desamparado e por pouco não foi atropelado por uma motocicleta. Preocupada, a rosada correu até o garoto, que acabava de se levantar do asfalto (com o susto ele havia caído na calçada), enquanto era duramente criticado pelo motorista da pequena motocicleta, e com a cabeça baixa ele pedia desculpas. Ele sabia que estava errado. Quando já estava perto o suficiente, ela perguntou preocupada e ofegante:

– Você está bem, Naruto?

Os olhos de Naruto ficaram tensos, para logo depois se tornaram sereno e límpido. E um belo sorriso surgiu nos lábios crispados.

– Olá Sakura-chan. - há essa hora o motorista já tinha dado as costas e indo embora. Sakura ainda fitava Naruto com preocupação.

– Você está bem? - repetiu. Seus olhos verificavam se o loiro não tinha nenhum ferimento aparente, concluiu que tinha apenas alguns arranhões, nada que água não desse jeito.

– Estou bem. - afirmou com pequenos gestos, enquanto limpava as roupas. Com gesto confiante, chegou perto da namorada, enlaçou-a pela cintura, beijo-a. Um beijo quente e sedutor, o suficiente para fazer Sakura esquecer o ocorrido e corar. Quando se separaram, Naruto fitou-a intrigado. O beijo de Sasuke havia sido diferente... Muito diferente. Recuperou-se rapidamente e indagou:

– Porque está aqui Sakura-chan?

Por mais que o tempo passasse, e que agora fossem namorados, ele jamais deixaria de chamá-la pelo sufixo. Talvez, uma forma de demonstrar todo o seu carinho.

– Vim te visitar e... - ela tirou da bolsa três tickets, balançando-os frente ao garoto - te convidar para ir ao Ichikaru Ramen. E você, estava vindo de onde?

– Hn. – ele passou levemente a mão pelos cabelos loiros. – fui à casa do teme.

– Ah... Então falou com ele...? Reconciliaram-se?

– Não. – comentou sem nenhum sentimento aparente.

– Não fique assim. – deu um selinho em seus lábios. – Logo vocês voltaram a ser melhores amigos.

– É.

(...)

Passou-se uma semana desde o ocorrido, e tudo voltará a ser como antes: Sasuke ignorava Naruto terminantemente, enquanto Naruto corria atrás dele tentando falar com o moreno sobre o que acontecera. Naruto estava farto daquela situação, primeiro Sasuke o ignorava logo depois se declarava e como se não bastasse o tratava friamente como se nada tivesse ocorrido. Definitivamente ele não entendia Uchiha Sasuke.

– Ei! Sasuke preciso falar com você! – gritou assim que o sinal tocou e o moreno se pôr em marcha.

Sasuke soltou um longo suspiro.

– O que você quer Naruto?

– Eu quero ser seu amigo!

– Você não entende não é? Porque você não pode me deixar em paz? – pediu. Sua mão crispou violentamente na mão de Naruto que ia ao seu encontro. – Não me toque.

– Porque você é assim hein?... Cabeça dura!

– Olha só quem fala! O cabeça dura número um! – retorquiu igualmente nervoso. Só Naruto tinha o poder de irritá-lo ao máximo.

– Porque nós não podemos esquecer, e continuar tudo como antes?

Subitamente os olhos negros ficaram distantes; tristes.

– Não é justamente isso que eu estou tratando de fazer? – perguntou com cinismo.

– Não. Você está só me ignorando, eu quero que voltemos a ser amigos, não meros estranhos que se cruzam nos corredores da escola.

– Eu estou ignorado e você quer fingir que nada aconteceu... Qual de nós é melhor Naruto? – riu.

– Eu... Só quero ser seu amigo Sasuke... Por favor... Você sabe que é valioso para mim.

Sasuke pegando-o desprevenido fechou o punho e com um soco violento acertou o queixo do loiro, que não viu nem de onde a pancada veio.

– Tudo o que você quer é malditamente egoísta, Naruto! – berrou a plenos pulmões sua respiração começava a se tornar agitada. – Você sabe por quantos anos eu tive que ouvir você se lamuriando por ter sido rechaçado pela Sakura?! Sabe? Aposto que não! E em todas às vezes, o idiota estava ali escutando tudo, esperando você parar de chorar como um bebê! Mas você nunca levou isso em consideração, não é?

Naruto continuou escutando tudo sem o mínimo de reação, a cada palavra seu coração se partia. Doía. Doeu ainda mais quando viu as lágrimas grossas brotarem dos olhos negros, em todos esses anos em que conhecia Sasuke só o virá chorar três vezes, na morte de seus pais, na morte de Sarutobi (seu ex-tutor), e na morte de Itachi, seu irmão mais velho.

Assim que Sasuke percebeu as lagrimas escapando de seus olhos, tratou de limpa-las, não era fraco e não choraria.

– Por favor, Naruto... Só me deixe em paz. – pediu se afastando.

(...)

Estava destruído. Tanto por dentro quanto por fora, seu estado de animado se elevava à zero naquele instante. Tudo o que queria era ter de volta a amizade do seu melhor amigo, e tudo que conseguira era magoá-lo. Sim, ele tinha magoado Sasuke. Podia perceber em cada gesto, olhar e expressão. Conhecia Sasuke até nós seus mínimos detalhes.

Problemático... Naruto está tudo bem?

– Ãh... Está. – afirmou. No entanto, qualquer um com cérebro notaria que não estava bem, mal tocara no seu precioso ramen, permanecia quieto na aula de Kakashi a qual ele passava metade do tempo conversando com Kiba.

Shikamaru deu de ombros, girou sobre a cadeira e voltou a prestar atenção na matéria. Sabia que cedo ou tarde Naruto falaria alguma coisa.

– Shika...

– Hnm...

– Você acha que eu sou um péssimo amigo? - sussurrou tão baixo que o moreno teve dificuldade de escutar.

– O quê?

– Você acha que eu sou um péssimo amigo? – voltou a repetir dessa vez, alto o suficiente para Shikamaru ouvir.

– Não. Por quê?

– Nada... Só estava pensando...

– Não se preocupe, Sasuke deve ter falado isso na hora da raiva.

Naruto olhou-o confuso. Ele tinha certeza que não havia tido nenhum nome.

– O que... Mas...

– Naruto, só tem uma coisa que te deixa pra baixo assim. E não é muito difícil adivinhar o que é. – comentou, esticou os braços colocando-os na nuca. – Daqui a pouco vocês voltam a se falar.

– Duvido. – sussurrou encostando a cabeça na carteira, mesmo que não fosse dormir, também não estava a fim de assistir aula.

(...)

O caminho de volta para casa foi ainda pior. Por uma boa parte seguiu com seus amigos, mas um a um foram se separando, e lembrou-se que em certa parte da estrada só ficavam ele e Sasuke, a maioria das vezes o moreno levava a bicicleta então subia e mandava Naruto ir para a garupa. Fechou os olhos por um momento, sentiu o ar fresco bater em seu rosto e pensou o quão bom seria se Sasuke estivesse ao seu lado. Suspirou, e chutou o chão com força. Porque tudo tinha que ser tão complicado?

– Ei! Olhe por onde anda! – exclamou o garotinho, acariciando a canela que havia sido chutada por Naruto.

– Ah... Desculpe... – sobressaltou-se - Konohamaru?!

– Ah! Onii-chan!

– Quanto tempo! – meio desajeitado abraçou o garoto não se importando o quão sujo ele estava. – Como você está?

– Estou bem. – mexeu os pés incomodo, fitou o chão. – Por acaso você tem algo para comer?

– Infelizmente não. – olhou para o garoto todo sujo. Parecia obvio que ele morava nas ruas mesmo assim resolveu tentar: - Onde estão os seus pais?

– Eles morreram.

– Sinto muito.

– Não precisa. – deu de ombros - Eu não cheguei a conhecê-los mesmo.

– Com quem você vive então?

– Sozinho. Antes eu morava com o meu avô, Sarutobi, mas ele ficou muito doente e então morreu.

Naruto sentiu certa nostalgia. De certa maneira aquele menino, lembrava-lhe na infância. Balançou a cabeça e voltou sua atenção para o menor. Então a expressão de nostalgia tornou-se surpresa.

– Espera aí, você disse Sarutobi?

– É. Hiruzen Sarutobi.


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