POV Ally

Depois de me despedir de Dez e Trish andei distraída pelo corredor, em direção a minha sala. Eu estava começado a me conformar com essa turnê. A responsabilidade ainda me assustava muito, mas acho que valeria a pena. Além disso, eu teria algumas das pessoas mais importantes da minha vida comigo. Tentava me convencer que seis meses passariam rápidos. E não estava dando muito certo.

Entrei na sala que seria minha primeira aula. Havia umas três meninas já sentadas e estudando. Sentei em uma carteira um pouco no fundo e peguei meu livro de poesia. Encostei-me e na cadeira e abri o livro onde tinha parado. Fiquei alguns minutos concentrada no livro, mas uma sombra me encobriu. Tentei ignorar, mas foi um pouco difícil já que a pessoa ficou me encarando.

– O que você... – Parei minha frase no meio quando vi o rosto da pessoa – James? – Perguntei surpresa.

– Oi Ally – Ele falou sorrindo.

– O que está fazendo na minha sala? - Perguntei olhando em volta. Ainda tinham poucas pessoas no lugar.

– Vim te ver – Falou animado. Ele sentou na minha frente e virou para me encarar.

– Como soube que eu estava aqui? – Falei confusa.

– Dez me falou – Disse rindo. Ahrg, vou matar Dez quando sair daqui.

– Ah – Exclamei e encarei-o.

James é um garoto que conheci ano passado. Ele faz algo nada haver com meu curso. Engenharia. Ele tem vinte anos e já está terminando a faculdade. Nos conhecemos na biblioteca, quando ele se ofereceu para me ajudar. Desde então James tem me chamado para sair, mas eu sempre invento uma desculpa. Ele é um cara muito legal, mas eu quero apenas estudar por enquanto.

Ele é um das caras mais cobiçados da universidade. James tem cabelo loiro um pouco escuro e curto. Seus olhos são verdes, mas às vezes dependendo da luz ficam azuis. Ele é maior que eu e um pouco musculoso. Tenho que admitir que ele é lindo, mas quero ser apenas sua amiga.

– Tem aula hoje? – Perguntei fechando meu livro.

– Tenho, faltam uns vinte minutos – Falou dando ombros.

– Duvido que vai conseguir terminar o curso esse ano – Falei provocando. É claro que ele conseguiria, nós já estudamos juntos e percebi que ele é muito inteligente.

– Dúvida mesmo? – Perguntou sorrindo.

– Sim – Não.

– O que eu ganho se passar? – Falou desconfiado.

– Um autógrafo meu – Falei jogando o cabelo para trás.

– Porque eu gostaria de ganhar um autógrafo seu? – Falou debochando.

– Porque vou à turnê de Austin Moon e não será para assistir os shows – Falei sorrindo.

– Como assim? – Perguntou confuso.

– Vou produzir um documentário – Falei rindo de sua cara.

– Oh, Deus. Ally, parabéns – Ele disse feliz e se levantou me forçando a fazer o mesmo. Segundo depois eu estava em seus braços.

– Obrigada – Falei rindo contra seu peito.

– Quando vai? – Perguntou curioso enquanto me soltava. Nós sentamos novamente e eu também fiquei curiosa.

– Não sei. Vamos assinar o contrato hoje – Falei e ele estreitou os olhos.

– Quanto tempo será? – Ele falou meio preocupado.

– Seis meses – Falei desanimada.

– Ei garota, é uma grande oportunidade. Aproveite. Só não me esqueça – Disse com a mão no peito.

– Claro que não – Falei rapidamente – Afinal, quem vai estudar junto comigo? – Perguntei rindo.

– Bom mesmo, não ouse me trocar – Falou sorrindo.

– Digo o mesmo – Falei sorrindo e ele ficou sério.

– Mas, como você não aceita sair comigo vou sair com Anna – Ele falou avaliando minha expressão.

– Tipo Anna da minha sala? – Perguntei curiosa.

– Sim – Falou cauteloso.

– Ela é bem legal – Falei verdadeiramente – Fico feliz por você – Falei sorrindo.

– Obrigada, Ally. Significa muito para mim – Ele disse feliz e se aproximou de mim. James beijou minha bochecha e disse – Até depois – Ele estava saindo da sala, mas antes disso se virou novamente – Não se esqueça de mim – Ele gritou rindo dramaticamente. Não pude gritar novamente, pois ele já havia saído. Meu rosto ficou quente quando percebi todos os olhando para mim. Abaixei a cabeça e ri de James.

Durante toda a aula fiquei com a cabeça apenas nos próximos meses. Imaginando como seria esse Austin Moon. Acho que eu era a única pessoa que não conhecia esse garoto. Mas, se fossemos aceitar esse contrato acho melhor começar a pesquisar.

Vi a professora balançando a mão como se nos despachássemos. Juntei minhas coisas rapidamente e sai correndo da sala. Queria encontrar Carter o mais rápido possível. Fui para a cantina. Nós sempre íamos lá para comprar algo. Encontrei Carter quase saindo do lugar. Ele segurava um pão de queijo.

– Oi – falei sorrindo e peguei seu lanche. Mordi antes que ele me atacasse e devolvi rapidamente.

– Ei – reclamou enquanto eu ria.

– Então leu o contrato? – perguntei curiosa.

– Bem, eu dei uma olhadinha durante a aula – deu ombros e eu revirei os olhos.

– E então... – falei ansiosa.

– O contrato me parece muito bom. Claro que tem algumas coisas. Tipo vocês não podem revelar nada da carreira, turnê e vida pessoal do cantor. Usaram informações apenas para o documentário. Se vocês revelarem ou inventarem algo, o contrato será cancelado e tem a possibilidade de serem processados – disse seriamente. Não me assustei muito, eles tinham razão por isso.

– Entendo – assenti.

– E bem, vocês ganharam muito dinheiro pelo que li – falou sorrindo animado.

– Muito? – repeti surpresa.

– Sim. Terão direito de ir a festas relacionadas ao documentário. Entrevistas e tudo isso – avisou e eu sorri.

– Bem, não gosto muito disso, mas tudo bem – falei dando ombros.

– Acho que está tudo certo. Então podemos assinar – Carter falou sorrindo e eu retribui.

– Temos que achar Trish e Dez primeiro – lembrei e ele assentiu.

– Vamos logo – disse sorrindo e me puxou para fora da cantina.
Nós fomos em direção ao curso de Trish. Chegamos lá rapidamente, mas todos disseram que Trish saiu faz um tempo. Franzi a testa, seu estágio começaria apenas de tarde. E o mais estranho é que não achamos Dez incomodando a todos com sua câmera.

– Vamos lá fora – pedi e Carter concordou.

Nos fomos para os portões da universidade e acabamos encontrando Trish. E, bem, Dez. Isso foi uma situação bem estranha já que normalmente eles estão brigando e não sentados em um banco rindo. Levantei o canto da boca em um pequeno sorriso e olhei desconfiadamente para Carter. Ele retribuiu o olhar e depois riu.

– Vamos lá interromper o encontro romântico – falou divertido e eu bati em seu braço. Mesmo assim lá fomos nós. Andamos como crianças fazendo coisa errada. Não fizemos nenhum barulho e quando chegamos perto deles gritamos.

– Oi – gritamos rindo. Trish deu um gritinho de susto e se afastou lentamente de Dez, mas isso não passou despercebido por mim.

– Nossa – Dez murmurou respirando fundo.

– Encontramos vocês – Carter disse sorrindo. Revirei os olhos e bati em seu braço novamente. Carter às vezes pode ser muito burro.

– Obviamente – falei e fui ao lado de Trish – Carter leu o contrato – disse sorrindo e ela me olhou animada.

– Nós vamos assinar? – Dez perguntou interessado.

– Claro. Vou só explicar algumas coisas – disse e começou a repetir tudo que disse para mim.

– Ok quando assinamos? – Dez perguntou assim que Carter acabou. Ri e balancei a cabeça.

– Vamos falar com a Sra. Sever?- perguntei sorrindo.

– Claro – Trish concordou.

Nós quatro levantamos e andamos esperançosos em direção à sala da Sra. Sever. Dez falava animado de todas as coisas que ele poderia fazer para o documentário. Trish escutava e revirava os olhos para ele. Carter tinha os contratos na mão. E eu, bem, a única coisa que eu pensava era em Austin Moon. O qual apenas eu nunca tinha ouvido falar.

Na minha mente veio um bad boy, com calças largas e blusas grandes. Além de um boné. Ele provavelmente iria pensar que era sua babá. Acho que era realmente isso que eu faria. Chegamos à frente da sala e Carter bateu na porta. Logo ela se abriu e a Sra. Sever sorriu para nós.

– Podem entrar – pediu. Nós obedecemos e sentamos em carteiras assim como fizemos nesta manhã – Vocês leram o contrato? – ela perguntou ansiosa enquanto se sentava.

– Sim – Carter respondeu por nós – Admito que essa proposta seja muito boa – falou sorrindo. Minha professora concordou seriamente.

– Todos vocês concordam com os termos? – perguntou passando seu olhar por todos nós. Assentimos rapidamente e ela sorriu.

– Acho que vão explicar mais algumas coisas para vocês, mas tirando isso podemos assinar hoje mesmo – falou pegando abrindo uma pasta.

– Alguém terá que nos observar assinar? - Trish perguntou compreensiva.

– Bem, sim. Será o Reitor da universidade. Ele já está vindo para cá. Havíamos combinado isso antes – falou seriamente.

– Tudo bem – Carter concordou e se encostou à cadeira.

Nós ficamos em silêncio apenas a observando. Afinal, ela ainda é nossa professora brava. Ela pegou alguns documentos e os leu. Quando já não aguentávamos ficar calados, a porta foi aberta. E lá estava nosso querido Reitor. Ele acenou com a cabeça para nós e fizemos o mesmo. Nossa professora e ele se cumprimentaram e depois ele sentou ao seu lado.

– Vocês aceitaram? – ele perguntou seriamente.

– Sim – respondemos imediatamente. Ele assentiu em aprovação e pegou as folhas da mesa – Assinaram aqui e aqui – mostrou vários espaços em branco.

– Tudo bem – falei e os outros assentiram. Eu fui a primeira a assinar. É, agora não havia mais volta. Fiz tudo o que pediu e depois passei para Trish. Dez também assinou depois.

– Eu assino também? – Carter perguntou curioso.

– Sim. Você será responsável por eles – o Reitor falou. Carter adquiriu uma postura séria e responsável. Mordi meus lábios para não rir. Meu irmão também assinou e depois entregou as folhas para a professora. Ela e o Reitor também assinaram rapidamente.

– Parabéns a todos vocês. Espero que consigam seus sonhos e também realizar esse trabalho com esforço. Tragam prestígio para nossa universidade – pediu sorrindo minimamente e apertou nossas mãos. Ele recolheu algumas folhas e se levantou. Nós assentimos e agradecemos. A Sra. Sever acompanhou até a porta e depois a fechou. Ela se virou para nós com um sorriso.

– Vamos ligar para Jimmy Starr? – perguntou animada. Ela parecia mais animada que todos nós.

– Claro – Dez concordou sorrindo.

Enquanto ela ligava me peguei pensando em Austin Moon novamente. Será que ele estava animado por ter vários adolescentes o seguindo? Ou ele apenas iria nos ignorar e nos tratar mal? Argh, nem conheço esse garoto e ele ocupa meus pensamentos.

– Jimmy Starr? – minha professora perguntou ansiosa. Será que Austin também estava lá? Oh, esqueça.

– Sim? – uma voz grossa respondeu do outro lado.

– É a professora Sever – lembrou-o.

– Ah, olá. Está tudo bem? – perguntou curioso.

– Sim. Meus alunos acabaram de assinar seu contrato – ela disse sorrindo.

– Mesmo? Eles estão aí? – perguntou animado.

– Sim – ela falou se aproximando de nós.

– Olá garotos – Jimmy disse feliz.

– Olá – falei envergonhada. Os outros responderam também, quase pulando de alegria.

– Bem, deixe-me lembrar. Dez, não é? – lembrou e Dez sorriu.

– Sim – falou animado.

– Hm... Trish? – demorou um pouco.

– É – a garota respondeu sorrindo.

– Carter, o irmão? – perguntou e Carter ficou assustado. Acho que não sabia que era conhecido.

– Ahn, é – falou confuso. Jimmy riu e todos nós sorrimos. Mas, ainda faltava eu não é?

– E a garota prodígio – terminou rindo. Essa era eu?

– Eu? – falei em voz alta.

– Jimmy riu novamente.

– Se for Ally Dawson, com certeza. Estou ansioso para conhece-la – disse.

– Ah, obrigado – falei franzindo a testa confusa – Também estou animada para conhecê-los – disse verdadeiramente e ele riu.

– E você não tem noção do quanto animado Austin também está – falou rindo. Isso era mesmo verdade ou era apenas para passar boa impressão?

– Nossa – murmurei e todos riram.

– Agora vamos falar de trabalho – anunciou e nós concordamos – Vocês participaram dos últimos ensaios da turnê que estão acontecendo agora, tudo bem? Terão que vim na primeira semana de Março – falou. Espera, hoje era dia 22 de fevereiro.

– Falta apenas uma semana – Carter falou em voz alta meu pensamento.

– Sim – Jimmy concordou – Mas, vocês não terão mais nenhuma responsabilidade com a universidade durante esses meses – lembrou.

– Mas, não está muito perto? – Trish perguntou assustada.

– Um pouco. Mas, devemos começar tudo agora – avisou.

– Eles vão sim – a Sra. Sever garantiu. Estreitei meus olhos, mas não me opus.

– Tudo bem. Nós iremos esperar em Miami já que os últimos ensaios serão aqui. Irei mandar passagens e o nome do hotel para sua professora – explicou. Ele parecia bem ansioso por nos ter lá.

– Tudo bem – Carter respondeu assentindo seriamente.

– Agora tenho uma reunião, mas qualquer pergunta me mandem por e-mail – pediu e todos nó concordamos. Ele se despediu de nós rapidamente e depois desligou.

Meu olhar pousou no chão e ficou lá por um bom tempo. Tinha tantas duvidas do que ocorreria. Teria muito trabalho e eu realmente iria dar conta de organizar isso? Eu realmente queria todo o crédito em cima de mim? Além da imprensa, que com certeza teria. Suspirei e levantei meu olhar.

Carter me encarava atenciosamente. Dez e Trish conversavam animadamente com a Sra. Sever. Eles não pareciam nada preocupados com tudo isso. Então, porque eu me sentia tão aflita com tudo isso? E porque esse medo e ansiedade juntos, apenas de ouvir o nome Austin Moon?

– Amanhã vou dar as passagens para vocês – a professora avisou e isso me chamou atenção.

– Iremos quando? – perguntei hesitante.

– Quarta-feira – disse indiferente. Mas, hoje é sexta. Ele não disse uma semana?

– Mas... – Carter começou a protestar e ela o cortou.

– É o que está escrito – disse agora olhando mais atenciosamente a tela do computador.

– Não acredito – murmurei indignada. Já não basta eu ter que passar meio ano com todos eles?

– Mas é isso – a mulher respondeu e se levantou.

– Amanhã venham aqui pegar as passagens – pediu. Mais essa, vir sábado para a faculdade.

– Tá – Trish respondeu também revoltada com a ideia.

– Nós estamos indo então – Carter falou se levantando. Assenti e me levantei também.

A professora apenas acenou e se despediu de nós rapidamente. Dez e Trish nos seguiram em silencio.

– Tudo começa quarta feira – Carter suspirou. Revirei os olhos e levantei os braços em indignação.

– Não acredito que já é semana que vem. E por seis meses – falei de um jeito desesperado.

– Tenha calma Ally – Trish pediu e eu franzi a testa. Isso era impossível.

– Nada vai dar errado – Dez falou confiante.

– Ah, com certeza vai. É a ordem das coisas – falei andando de um lado para o outro. Nós ainda estávamos no corredor, mas logo da sala da Sra. Sever.

– Ok, pessimista – Carter resmungou.

– É a verdade – falei fechando os olhos e passando a mão no cabelo.

– Tudo bem, então, vamos apenas arriscar – Carter falou sorrindo.

– Não poderá ser tão ruim – Trish tentou me animar.

– A não ser que você estrague totalmente o documentário – Dez deu ombros parecendo despreocupado. Nós três o olhamos incrédulos. O ruivo apenas deu ombros.

– Bem, tenho certeza de uma coisa – Carter falou e eu me virei para ele, confusa – Esse documentário não será tão difícil quanto falar com nossos pais – disse seriamente e depois sorriu torto. Arregalei os olhos surpresa.

– É verdade. Vou ter que ouvir vários discursos – adivinhei e ele assentiu sorrindo.

– Então prepare os ouvidos porque vamos lá agora – disse divertido e eu bufei.

– Vou ter que ir mais cedo ou mais tarde – disse nervosa.

– Eles já devem estar chegando em casa – Carter disse olhando no relógio.

– Vão com nós? – perguntei esperançosa. Meus pais adoravam os dois. Trish trocou olhares com Dez o que me fez ficar confusa. Mas, logo ela assentiu afirmativamente.

– Vamos. Estou com saudades de Penny – Trish falou carinhosamente e eu ri.

– E eu de seu jardim – Dez falou animado. Na casa de meus pais havia um jardim enorme onde Carter e eu praticamente crescemos. Ri e concordei.

– Então vamos lá – Carter pediu já andando. Dez e Trish foram à atrás dele, animados. Andei lentamente os seguindo.

Porque eu sinto que você irá trazer grandes problemas para mim Austin Moon? Como tomou conta de minha cabeça tão rapidamente? Mas, tenho certeza que não tomará conta de meu coração também.