POV Ally

Como eu já previa os quatro bêbados havia entrado em coma. Nenhum deles acordou até ás três horas. E o que aconteceu? Sobrou para eu ir à festa com Austin. Tentei insistir que poderíamos jogar água em todos para acorda-los. Entretanto, Austin apenas negava, não sei o por quê.

Agora aqui estava eu, novamente no carro de Austin. Depois de tanta insistência do loiro eu acabei concordando. Eu vestia o que Rydel havia comprado há alguns dias. Como era uma festa de dia e na praia, eu vestia algo mais simples do que na outra festa.

Era um vestido branco simples, apenas marcando a cintura. Ele ia até a metade das minhas coxas. Usava uma sapatilha rosa bem claro com um lacinho na ponta. Meu cabelo estava solto naturalmente e usava uma pulseira simples com apenas um coração prata.

– Vai ficar emburrada o caminho todo? – ele perguntou irritado e ao mesmo tempo divertido.

– Vou – falei. Ok, eu estava parecendo uma criança. Estava sentada no banco do passageiro com os braços cruzados e evitando olhar para ele. Austin bufou, mas não falou mais nada.

O mais estranho foi que quando nós saímos de carro havia vários jornalistas esperando Austin. O mesmo ficou confuso e perdido. Nós não paramos para falar com nenhum deles e fomos direto para a festa. O caminho era bem longo por ser uma casa de praia mais afastada. Isso apenas intensificou o silêncio entre nós.

Eu praticamente dormi durante o caminho porque eu já não prestava atenção em mais nada e nem mesmo ouvia. Apenas “acordei” com Austin gritando.

– Ally? – ele chamou praticamente gritando.

– Que? – falei irritada e o olhei. Austin parecia divertido com a minha irritação.

– Chegamos – ele riu e olhei para fora. Estávamos no meio de uma fileira de carros. A nossa frente uma enorme casa e ao seu lado a praia imensa.

Sai do carro rapidamente e Austin me seguiu. A única coisa que eu não havia percebido eram os vários fotógrafos que nos cercavam. Austin veio ao meu lado e me guiou entre aquele mar de gente.

Assim que chegamos à frente da casa, vi que lá tinha ainda mais gente. Entramos na casa, que estava com a porta aberta. Austin e eu seguimos para dentro. Havia várias pessoas rindo, bebendo, até mesmo jogando vídeo game. Não parecia nada além de uma festa de adolescentes. Adolescentes bem mais responsáveis que as pessoas de ontem.

Assim que demos mais um passo, uma menina sorridente veio em nossa direção.

– Austin – ela falou surpresa e o abraçou.

– Oi Molly – ele disse sorrindo e retribuiu o abraço.

A menina se separou dele rapidamente e se virou para mim. Ela tinha o cabelo castanho bem grande e liso. Seus olhos eram da mesma cor. Ela era um pouco mais alta que eu e não tirava o sorriso do rosto por um segundo. Diferente de mim, que continuo irritada com uma pessoa em especial.

– É, oi – ela disse confusa e Austin sorriu.

– Molly essa é Ally. Ela trabalha na turnê – ele disse e eu sorri minimente. Oh, ok. Nada do tipo “ela é minha amiga”. Fiquei confusa quando vi Molly revirar os olhos. Ela sorriu para mim e em seguida me abraçou.

– Oi Ally – cumprimentou me soltando.

– Oi Molly. Sua festa está muito linda – falei educadamente e verdadeira. Ela sorriu ainda mais como se esperasse minha opinião.

– Obrigada. Venha vou te apresentar as minhas amigas – ela disse me puxando delicadamente. Olhei confusa para Austin e ele deu ombros rindo divertido.

Segui com Molly até duas garotas que conversavam animadamente.

– Gente, essa é a Ally. Ally essas estranhas são Amber e Rosie – ela apresentou fazendo caretas para as amigas. Eu ri quando as duas ameaçaram Molly com apenas um olhar.

– Oi Ally – a menina ruiva sorriu. Molly havia apontando-a como Amber.

– Olá Ally – Rosie sorriu. Ela parecia ser bem parecida com Amber. Franzi a testa e as ruivas riram.

– Nós somos irmãs. Com apenas um ano e alguns meses de diferença – Amber explicou.

–Ah – exclamei e elas riram.

– Te trouxe aqui, porque percebi o quanto estava irritada com Austin. Ele parece ter apenas cabelo no lugar do cérebro – Molly falou me fazendo gargalhar.

– Sempre soube – falei rindo e ela sorriu – O que você foi dele? – perguntei curiosa e com um pouco de medo da resposta. Ela me olhou confusa e depois sorriu divertida. Enquanto isso as duas irmãs apenas nos observavam.

– Apenas colega de turma na escola – disse – Nada que envolva romance – completou me deixando envergonhada.

Nós quatro parecíamos nos conhecer a anos. Entramos em uma conversa tão animada, que eu nem mesmo lembrava que o idiota do Austin Moon existia.

– Eu finalmente me formei – Molly falou aliviada. A festa dela eu descobri que era por causa de sua formatura em Enfermagem.

– Isso merece uma comemoração – Rosie disse com um sorriso malandro.

– Do tipo...? – sua irmã, Amber, perguntou curiosa.

– Piscina – Rosie disse alegre. Molly pulou de alegria e concordou.

– Vamos lá – Molly concordou puxando nós três. Eu não reclamei, porque também estava me divertindo.

Molly nos levou primeiro no quarto dela. Ela me deu um short jeans pequeno e um biquíni. Depois que estávamos todas prontas fomos para a parte de trás da casa. Não fazia sentido já que a praia era bem na frente, mas a casa tinha uma piscina gigante.

Poucas pessoas estavam lá dentro, a maioria estava ao redor. Inclusive um loiro curioso. Austin me olhou divertido e sorriu. Ele conversava com um grupo de pessoas, mas parou para nos observar. A piscina era bem funda, mas eu não me preocupei já que sabia nadar muito bem.

– Primeira, Molly – Amber gritou sorrindo e algumas pessoas gritaram.

Molly se preparou alegremente para seu salto. Ela parou na borda da piscina e mergulhou com estilo. Nós aplaudimos enquanto riamos. Molly apareceu sorrindo e apontou para Rosie.

A menina fez uma careta, mas aceitou. Bem, na hora que iria pular ela ficou com medo. Amber revirou os olhos para mim e depois foi atrás da irmã.

– Você pediu por isso – ela acusou e antes que Rosie percebesse, jogou-a na água. Amber gritou e pulou logo em seguida.

As três se afastaram da ponta, inclusive Rosie que estava muito irritada. Eu me preparei para pular sobre os olhares de todos. Entretanto, antes olhei na direção de Austin. Ele parecia desconfiar que eu iria pular. Sorri para ele e pisquei um olho.

No segundo seguinte mergulhei. Meu salto parecia ter sido lindo porque todos gritaram e riram surpresos. Só porque eu sou pequena não pularia? Assim que voltei ao lado das meninas gargalhei ao ver a cara surpresa de Austin. Ele me subestimava demais.

– Belo salto – Amber disse sorrindo.

– Deixou alguém babando – Molly disse sorrindo e piscou para mim. Senti meu rosto esquentar e as três gargalharam

– Você se entregou – Rosie disse sorridente.

– Eu sabia – Molly acusou e eu quis afogar todas. Revirei os olhos e joguei águas no rosto de cada uma. Nadei o mais rápido que podia não olhando para trás. Sabia que ela iriam se vingar.

Saí da piscina o mais rápido que pude e andei um pouco. Repentinamente apareceu um loiro sorridente na minha frente.

– Já fez amigas? – perguntou divertido e eu revirei os olhos.

– Talvez – respondi olhando para trás. As três meninas vinham em minha direção e sorriam maldosamente. Quando ia desviar de Austin ele segurou meu pulso.

– Vai fugir? – perguntou rindo e olhou as três garotas atrás de mim.

– Vou – concordei tentando me soltar.

– Medrosa – acusou.

– Sou mesmo – falei estreitando os olhos.

– Bom saber – riu – Elas estão a poucos passos de você – ele narrou e eu revirei os olhos.

– Se você me soltasse elas estariam a metros longe de mim – falei olhando para trás novamente.

As três já estavam praticamente atrás de mim. Tudo isso porque eu molhei ainda mais seus cabelos, como se já não estivessem molhados. Aposto que armaram isso. Austin me soltou e eu corri para trás dele.

– Pode sair daí – Molly gritou rindo divertida. Antes que eu fizesse qualquer coisa Austin se pronunciou.

– Tenho uma surpresa para Molly – falou e todas nós o olhamos confusas para ele.

E do simples nada, três garotos surgiram. Eles eram muito fortes. Realmente fortes, como Austin. Cada um segurava um pratinho com algo, um garoto passou um prato para Austin. Como nós éramos muito lerdas fomos entender apenas depois.

– Desculpa, vocês fazem parte da surpresa – Austin disse e eu senti algo contra meu rosto. Algo gelado e doce.

Era um pedaço de bolo, com muito chantilly. Fiquei cega por uns bons minutos. Gritei de surpresa e passei a mão no rosto. Minha mão se encheu de bolo. Meu corpo foi suspenso no ar e eu gritei mais uma vez. Não fui a única. Mais três gritos ocorreram então eu ouvi muitas risadas.

Mesmo cega decidi arriscar. Levantei minha mão passei em algo sólido. Com nariz, olhos e boca. Sorri cegamente quando ouvi Austin xingar.

– Droga – ele disse e eu gargalhei sentindo bolo entrar em minha boca.

– Olha a água – alguém gritou e eu previ as coisas. Prendi a respiração ao mesmo tempo em que meu corpo se chocava com a água.

Em momento algum a mão que segurava meu pulso se soltou. Como eu fiquei ainda mais cega e foi preciso Austin me puxar para cima. Essa água era bem diferente da piscina.

Fiquei boiando apenas tentando tirar todo aquele bolo e água da frente de meus olhos. Foi me entregue um pano macio e eu usei-o limpando todo meu rosto. Quando abri os olhos a primeira coisa que vi foi a imensidão azul. A segunda foi um loiro divertido na minha frente

Austin estava sem camisa, talvez o pano em minha mão seja sua camisa. Apenas talvez. As duas ruivas e Molly estavam não muito distantes na mesma situação que eu. As três tinham os rostos brancos e batiam sem parar em três garotos.

Além deles muitas pessoas também entraram na brincadeira na água. Algumas ficaram apenas assistindo na areia, onde havia um cartaz enorme escrito “PARABÉNS MOLLY”.

– Seus idiotas, só ela se formou – Amber gritou irritada enquanto batia em um garoto que apenas ria.

– Vocês faziam parte da brincadeira – o menino tentou se explicar.

– Até eu? – perguntei brava para Austin e ele sorriu. Usei sua camiseta para algo além de limpar meu rosto. Bati com toda a força que tinha a camisa em seu peito (muito bem definido).

– Ai – ele reclamou e todos em volta riram.

– O grande Austin Moon apanhando de uma garota – um menino ao lado de Rosie gritou fazendo todos gargalharem.

Austin revirou os olhos enquanto eu ria.

– Vamos lá, sobrou bolo – um menino falou nadando para fora da água. Nós quatro o olhou, bravas.

– Vem – Austin pediu pegando minha mão me ajudando a nadar para fora.

Quando todos nós saímos várias pessoas riram e algumas até mesmo tiraram foto. Nós todos saímos correndo para dentro da casa tentando fazer com que ninguém nos visse nessa situação. Quando corremos todos nós já estávamos no quarto de Molly, bati em Austin novamente.

O loiro agora apenas apertou os olhos, já sabendo que eu era um pouco agressiva. Molly nos encarou e depois caiu na gargalhada repentinamente. Franzi a testa e ela continuou rindo.

– Isso tudo foi muito engraçado – ela explicou entre gargalhadas. Revirei os olhos e Austin sorriu.

– Obrigada, porque fui eu que tive a ideia genial – Austin disse recebendo tapinhas nas costas dados por seus amigos.

– Realmente muito boa – falei sarcasticamente – Mas, agora eu quero tirar esse bolo da minha cara – falei apontando para eu mesma. Austin riu, mas logo parou quando viu meu olhar mortal.

Nós quatro ficamos um bom tempo tirando toda aquela sujeira, bolo e areia. Os garotos também tinham ido trocar de roupa. Coloquei a roupa que eu estava anteriormente e logo depois descemos. Algumas pessoas já haviam ido embora, mas muitas ficaram por toda a casa, divertindo-se.

Molly se desculpou e foi com as duas irmãs falar com alguns convidados. Fiquei olhando todos conversando e rindo. Já eram mais que cinco horas da tarde. A festa parecia que ia durar bastante ainda.

– Oi – pulei de susto e vi Austin rir atrás de mim. O garoto estava pedindo para morrer ainda hoje.

Nós ficamos um pouco em silêncio e depois eu me virei para ele.

– Você não tem que ensaiar hoje, nem nada assim? – perguntei curiosa e ele suspirou.

– Não sei. Estava pensando em mudar a Setlist de alguns shows – ele falou pensativo – E eu preciso estudar os palcos, para a coreografia dar certo – completou suspirando.

– Tudo isso para daqui três dias? – perguntei. Afinal, a turnê começava em três dias.

– É – ele falou também assustado.

– Posso te ajudar? – perguntei e ele sorriu sem me olhar.

– Com certeza. Amanhã – ele falou e eu assenti.

– Quer comer aqui, ou podemos comprar alguma coisa no caminho? – Austin perguntou.

– No caminho – respondi e depois o puxei em direção a Molly, Rosie e Amber.

– Nós temos que ir embora – Austin chamou atenção delas. As três fizeram ficaram desoladas instantaneamente.

– Ah, não – Rosie reclamou e nós dois rimos.

– Temos que cuidar de alguns bêbados – lembrei e Austin concordou.

– Mas, vocês nem comeram – Molly falou tristemente.

– Nós vamos passar em algum lugar, pode deixar – Austin falou e ela fez um bico.

– Não vou ver mais você até a turnê. Então boa sorte. Prometo ver você durante a turnê – falou fungando e eu sorri. As duas irmãs concordaram e depois nos abraçaram.

Conseguimos sair da festa quando as três depois de um longo tempo pararam de nos abraçar. Percebi que tinha criado uma amizade com elas, mesmo que muita rápida. Mas, com certeza teremos outras chances para nos conhecer.

Austin e eu saímos correndo para o carro, para que nenhum dos fotógrafos que estavam lá na frente nos visse. Nós entramos no carro rapidamente e eu agradeci por aqueles vidros serem muito escuros.

Comecei a perceber algumas coisas sobre Austin. Ele não dirigia muito rápido e respeitava absolutamente tudo. Sua mania era ficar batendo um ritmo sobre o volante o cantarolar com a voz em um tom muito baixo. Ele às vezes sorria do nada, como se lembrasse de algo.

Franzi a testa, mas continuei o observando. Em um momento, Austin me olhou confuso e depois sorriu.

– Sei que sou lindo, mas isso já está estranho – ele disse enquanto eu me afundava na cadeira.

– Você é estranho – falei. De um jeito bom, completei mentalmente. Austin me olhou ainda mais confuso, mas não falou nada.

Poucos minutos depois nós paramos em um Café perto do hotel. Nós dois saímos e Austin colocou o capuz de sua blusa. Esperei ele arrumar todo o cabelo loiro de forma que não aparecesse.

Nós entramos no lugar e Austin parecia mais um criminoso. Reprimi uma risada enquanto pedíamos cafés e uns negócios de chocolate, que eu não fazia a menor ideia do que seria.

– Obrigada – falei quando uma mulher entregou nosso pedido minutos depois. Ela sorriu e nós saímos rapidamente do lugar.

Quando entramos no carro Austin finalmente tirou aquela toca. Eu ri e Austin estreitou os olhos.

– Seu cabelo está bagunçado – falei rindo e ele revirou os olhos. O loiro não se preocupou e apenas voltou a dirigir.

Voltamos ao começo. Eu o observava enquanto bebia café. Austin pareceu não se importar dessa vez. Era legal ficar observando.

– Ok, chegamos, então pode parar – ele disse divertido enquanto estacionava na frente do hotel.

Senti meu rosto esquentar e saí rapidamente do carro, eu segurava algumas sacolas com comida. Austin saiu do carro logo depois e jogou a chave para o segurança dele. Os dois se cumprimentaram sorrindo e eu entrei no hotel. Tinham poucas pessoas no saguão, então fui direto para as escadas.

Pouco depois Austin me alcançou e nós terminamos de subir juntos. Fiquei em dúvida em qual quarto entrar primeiro, mas por fim decidi ver se Carter já havia acordado. Abri a porta com cuidado e Austin veio atrás de mim.

Apenas uma luz do quarto estava acesa e todos estavam “acordados”, na verdade, pareciam mais zumbis. Carter estava com Rydel na cama dele. Os dois estavam deitados e conversavam em sussurros. Já Trish e Dez estavam discutindo também deitados, mas na cama de Dez.

Austin acendeu a luz repentinamente e eu sorri quando todos reclamaram em conjuntos.

– Apague isso – Dez reclamou e eu revirei os olhos.

– Vocês já dormiram por um bom tempo – observei enquanto ia até uma gaveta do armário de Carter. Meu irmão estava com uma ressaca tão grande que nem mesmo lembrou que tinha remédios para dor de cabeça.

Peguei os comprimidos e entreguei para cada um. As reclamações pararam quando entreguei comida logo depois. Austin e eu sentamos junto com eles e começamos a comer.

– Vocês não tinham acordado então fomos para a festa da Molly, sozinhos – Austin informou. Rydel sorriu e se virou para mim.

– Gostou delas? Faz tempos que não as vejo – ela falou um pouco triste.

– São muito legais. Prometeram nos ver durante a turnê – avisei e a menina quase pulou de felicidade.

Nós seis continuamos ali, apenas conversando e comendo. Nada surpreendente, por um tempo era tudo normal.