Tentando não te amar escrita por Nana Roal


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Bom... É minha primeira história (postada) do Fandom Saint Seiya! Espero que esteja boa.

Eu gostei de escrever e espero que vocês gostem da leitura!^^


Dedicado a minha amiga secreta! *.*



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Eles foram grandes amigos. Cresceram na mesma rua e os cinco eram conhecidos como os “malditos pirralhos baderneiros destruidores de vidraças”. A velha senhora – que nem era tão velha assim –, vizinha deles, não tinha um excelente tino para nomes.

Mas nem todos eram tão odiados pela velha senhora, pois Shun sempre conseguia convencê-la a perdoar os outros quatro. Ele era seu preferido e sempre ganhava doces e brinquedos dela, os quais ele dividia com o resto da turma.

Quando eram adolescentes, o destino quis que eles fossem separados; Hyoga foi o único que permaneceu morando naquele lugar e jamais esperou que os outros voltassem, mesmo que desejasse que isso acontecesse ao menos com Shun.

Naquela época, mesmo não tendo mais que quinze anos, ele já sabia o que sentia por Shun. Tentou lutar contra aquele sentimento, tentou não amá-lo a cada sorriso e cada gesto, tentou impedir que o coração disparasse sempre que estavam próximos e tentou afastar-se.

No final nem conseguiu despedir-se de Shun. Ikki, o mais velho dos irmãos Amamiya, não permitiu que ele se aproximasse, afinal, tanta negação o fez destratar o mais novo, e Ikki era extremamente superprotetor.

Com Seiya e Shiryu ainda manteve contato, mas não tinha nem notícias dos dois irmãos. E, por mais ridículo que pudesse parecer, ainda sentia-se morrer aos poucos, de arrependimento por não ter tentado, pois guardava o mesmo sentimento há dez anos. Shun agora, provavelmente, estava casado com uma bela mulher, com lindos filhos e nem se lembrava dele.

Suspirou. Já estava cansado de ficar preso àquelas velhas lembranças, contudo não tentava mais lutar contra aquilo. Lutar não o tinha levado a lugar algum, então, só lhe restava aceitar e seguir em frente.

Escutou a campainha tocando e franziu o cenho. Quem iria visitá-lo tão cedo em uma manhã de domingo? Caminhou calmamente até a porta, mas sem conter a expressão de enfado. Todos sabiam o quanto ele “adorava” ser visitado nas manhãs de folga, e torcia para ser muito urgente.

— O qu... — começou em tom seco, mas as palavras morreram ao se deparar com aqueles olhos verdes. — Shun... — sussurrou.

— Oh... É... Eu estou atrapalhando? Desculpe, Hyoga... Posso voltar outra hora — o mais novo soltou rapidamente, parecendo muito envergonhado, e deu um passo pra trás.

— Não! — o loiro se apressou e segurou o punho do outro rapaz. — Não está atrapalhando! Entre, por favor... — deu um passo para lado, abrindo espaço.

Shun lançou um olhar rápido sobre a mão pálida que o segurava e depois se desfez do contato. Como sempre, seus gestos eram suaves e sem nenhuma sombra de agressividade. Hyoga sentiu os batimentos cardíacos acelerarem e uma inesperada ansiedade o dominou.

— Tudo bem... — entrou na casa, olhou em volta e um pequeno sorriso nasceu no rosto delicado e maduro. — Tudo parece exatamente igual nesta casa...

Hyoga não respondeu nada. Seus movimentos foram automáticos ao fechar a porta, pois toda sua atenção estava voltada para o homem diante de si. Seus cabelos estavam maiores, os ombros um tanto mais largos e estava mais alto também, porém ainda era esguio e menor que ele próprio. Ainda era tão belo quanto se lembrava.

— Hyoga? — Shun franziu levemente as sobrancelhas e lhe dedicou um olhar curioso.

— Desculpe... Perguntou alguma coisa? — Hyoga ficou um tanto sem-graça pela desatenção.

O Amamiya soltou um riso leve.

— Eu só perguntei como você está.

— Eu estou bem, na medida do possível — silêncio. E Hyoga odiava aqueles silêncios pesados. — E você?

— Bem, também... — olhou ao redor, como se buscasse alguma coisa, até que seus olhos recaíram sobre o sofá antigo, mas bem conservado. — Posso me sentar?

— Claro, fique à vontade! — fez um gesto cordial e o mais novo se acomodou. — Quer beber alguma coisa? Tenho chá, café e suco.

— Não... Não quero beber nada — suspirou pesadamente e, pela primeira vez no dia, olhou diretamente nos olhos do mais velho. — Eu vim até aqui para conversar com você.

Hyoga sentiu um arrepio na espinha ao escutar o tom sério. Precisava se acostumar àquela figura adulta e altiva. Shun não era mais o rapaz franzino do qual se lembrava, entretanto, isso não fazia aquele sentimento recuar, pelo contrário; naqueles poucos minutos, parecia insuportavelmente maior.

O loiro se acomodou na poltrona à frente do mais novo e o encarou silenciosamente. Tantos anos longe dele, tantos anos sem nenhuma notícia, e agora lá estavam eles. Frente a frente.

— Ikki e eu decidimos vender nossa antiga casa. A vontade de morar naquele lugar foi enterrada com nossa mãe — falou calmamente, sem deixar de encarar os olhos do outro. — Mas eu não poderia deixar de vir. Provavelmente será minha última oportunidade e eu não quero deixar passar. Eu preciso entender.

Última oportunidade. Hyoga sentiu um aperto no peito.

— O que você quer entender, Shun?

— Quando éramos mais jovens você, de uma hora para outra, tornou-se frio comigo e me tratava como um estorvo. Aquilo me machucou tanto... — fechou as mãos no tecido da calça que usava. — Durantetodos esses anos me perguntei o que havia feito de errado e cheguei à conclusão de que você sabia a verdade.

— Verdade? — indagou, aparentando uma calma que estava longe de sentir.

— Não finja, Hyoga. Que outro motivo você teria? É claro que você descobriu e ficou com nojo de mim — aquela amargura não combinava com Shun. Aqueles olhos não deveriam estar opacos.

— Nojo? — se levantou, buscando uma nova forma de conter as intensas emoções. — Do que você está falando, Shun? Porque eu teria nojo de você? — não conteve o tom indignado.

O mais novo o encarou, verdadeiramente confuso, e também se levantou, parando em frente ao loiro.

— Você realmente não sabe — falou baixo, como se comentasse pra si mesmo. — Todos sabiam, até mesmo Seiya sabia. Como você não sabe? — a frase soou quase inaudível.

Hyoga ignorou a pergunta. Aquele não era o momento de saber os segredos de Shun, mas sim de dizer a ele o motivo de suas ações. Começou a andar de um lado a outro na pequena sala. Shun tinha uma grande facilidade em fazê-lo perder sua costumeira calma.

— Seja lá o que for: esse não é o motivo! — lançou um rápido olhar ao mais jovem. — Eu errei naquela época; era um adolescente estúpido, cheio de dúvidas ainda mais estúpidas.

Shun apenas o fitou sem esconder a confusão. Breve os passos ansiosos de Hyoga cessaram à sua frente. O loiro segurou em seus ombros, mas sem brutalidade e o encarou com intensidade.

— Eu errei em tentar suprimir o que sentia, fui um idiota em culpá-lo por algo que você nem sabia estar acontecendo. Que culpa você tem por ser você mesmo, Shun?

— Do que está falando, Hyoga?

— Eu fiz tudo aquilo porque estava tentando não te amar — sussurrou um tanto hesitante, mas sem deixar de encarar os olhos verdes. — E de nada adiantou.Tentei de todas as formas e mesmo após tantos anos, esse sentimento ainda permanece comigo — Hyoga sentiu-se aliviado por, finalmente, poder dizer o que guardava.

Shun arregalou os olhos e deu um passo pra trás, afastando-se do toque.Ele balançou negativamente a cabeça e soltou um riso sem humor.

— Eu não acredito nisso...

Hyoga suspirou e abaixou a cabeça. Não estava preparado para receber uma rejeição. Há poucos minutos ele nem sonhava que iria reencontrar Shun, portanto, imaginar que seus sentimentos seriam correspondidos era ainda mais surreal.

O olhar e a fala descrentes do outro eram as únicas respostas que precisava e que, provavelmente, teria. Poderia se considerar sortudo até, afinal, se Shun fosse mais parecido com o irmão mais velho, ele agora estaria com um olho roxo ou o nariz quebrado. Talvez os dois.

— Acredite — disse por fim, tentando dispersar o silêncio tenso. — Eu sei que pode parecer loucura e que sou ridículo por sentir isso durante todos esses anos, mas...

— Chega — o Amamiya ordenou calmo, de costas para o loiro.

— Desculpe, Shun... Me perdoe por ter te tratado mal e por sentir isso... — o desespero começava a querer dominá-lo.

— Eu disse chega, Hyoga! — virou-se, e assim o loiro pode ver o rosto marcado por lágrimas. — Como você pôde?

Hyoga voltou a abaixar a cabeça, sentindo-se subitamente pequeno, perante o olhar ferido que o mais novo lhe lançava. Realmente... Como ele pôde?

— Todos esses anos longe de você, pensando que me odiava! — Shun segurou o rosto claro e o puxou, para que pudesse encarar os olhos azuis. — Eu sempre consegui notícias suas através de Seiya e Shiryu. Soube da morte de sua mãe e tive medo de vir confortá-lo... — levou as mãos até a nuca do mais alto e o puxou suavemente. — Eu não pude lhe abraçar, mesmo desejando o fazer... — envolveu completamente o loiro em um abraço apertado.

— Shun... — murmurou confuso, mas sem repudiar o gesto. Na verdade, ele passou os braços ao redor do corpo esguio e uniu ainda mais os corpos.

— Tantos anos tentando encontrar um motivo, tentando deixar tudo pra trás... — afastou-se minimamente para fitá-lo novamente nos olhos, mas não desfez o abraço. — Tantos anos tentando deixar de te amar e agora descubro que você sente o mesmo! — os olhos verdes ainda estavam marejados, mas ele não iria mais chorar.

— O... O que? — Hyoga arregalou os olhos e nem o sorriso que nasceu no rosto delicado do Amamiya desfez sua expressão.

— Eu pensei que você me odiava por te amar. Como eu poderia imaginar que era justamente o contrário? — o sorriso aumentou e suas mãos voltaram para a nuca do loiro. Ele forçou novamente a aproximação e eles encostaram as testas. — Você não é ridículo por continuar me amando, mas se você preferir nós podemos ser ridículos juntos.

Hyoga relaxou e, desta vez, foi a vez dele se permitir chorar. As lágrimas começaram a escorrer sem controle.

— Eu não acredito... — sua voz saiu embargada pelo choro, que estava contendo há tempo demais.

O menor começou a distribuir beijos pelo rosto do outro, secando-lhe cada lágrima, e logo os lábios se encostaram.

Não houve fogos de artifício; o tempo não parou e seus corpos continuaram intactos. Tudo o que aconteceu foi um beijo. Um beijo lento, com sabor de lágrimas e grandes cargas de saudade e amor.

Eles não sabiam o que aconteceria depois daquelas declarações e do beijo – na verdade, dos beijos. A única certeza que ambos tinham era a de que não deveriam mais tentar não amar um ao outro.


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Notas finais do capítulo

Uffa... A história saiu, mesmo não estando acostumada a escrever com eles dois, eu gostei muito da experiência.

Até uma próxima pessoas e deixem suas opiniões!

Posso começar a me arriscar por aqui ou é melhor deixar quieto? kkkkkkkkk

Beijos Beijos



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