KAYA, ESTRADA

Shane para o carro tão bruscamente que eu caio da Harley e minha cabeça bate com força no chão. Quando olho para cima vejo uma arma apontada para minha cabeça. Eu já estava esperando por isso.

— Atire – Falo sem demonstrar medo. — Vá, atire! Eu realmente quero que você faça isso. Livrar-me de tudo que está acontecendo, sem mais zumbis e pessoas morrendo, mas eles vão notar que eu e Otis não voltamos, Dale sabe que você tentou me matar.

Levanto-me, porém ele me empurra gritando:

— Eu disse para você não contar!

— Eu sei disso, mas eu contei, idai? - Me levanto e dessa vez continuo assim. Pego o cano da arma dele e o encosto na minha cabeça. — Atire, vamos lá, apenas mais uma morte.

Shane estava pronto para atirar e eu pronta para morrer.

Porém, ele não atirou, apenas entrou no carro e foi embora, me deixando sozinha comigo mesma. Caio no chão de tanto medo, a adrenalina da hora havia me deixado forte, meu corpo fica mole e eu sinto vontade de chorar, porém não deixo cair uma lágrima.

Sento e observo o local, calmo e quieto, bonito. Seria um bom local para morrer se Shane tivesse atirado.

Mas isso não aconteceu, então subo na Harley e logo o alcanço.

Isso ainda não acabou Shane, penso.

Eu ainda mato aquele filho da mãe.

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CYRUS. FLORESTA PERTO DA INTERESTADUAL

Eu, Daryl e Andrea andamos pela floresta silenciosamente depois de ouvir a pior história de infância que existe. Ou, melhor dizendo, uma das piores. Depois de um tempo ouvimos um barulho e vemos um zumbi numa forca.

Eu nunca me mataria desse jeito. Péssima escolha, cara.

Andrea começa a passar mal e depois de Daryl gastar uma flecha por causa dela, resolvemos voltar. No caminho ela pergunta a mim:

— Kaya é realmente mãe?

— Bom, o garoto não saiu do chão. – Respondo achando a pergunta meio idiota.

— Eu sei, porém ela não parece muito maternal. – Andrea tenta explicar-se.

— Kaya não tem esse jeito de mãe, porém Jake me tem e minha esposa, Richard e ela. – Lembro-me de quando nossa vida era meio que feliz. – O menino se deu bem, tem tudo que sua mãe pode não conseguir dar a ele.

— Como Kaya fica grávida e nem cuida do garoto. – Andrea resmunga e quando eu estou prestes xinga-la até implorar por perdão Daryl faz o mesmo para mim.

— Cale a boca, Andrea. – Daryl diz em tom baixo, mas eu já estava irritado.

— Você não a conhece, não tem direito de julgá-la. – Retruco irritado com a mulher, querendo enfiar uma faca em sua cabeça, porém sou civilizado e faço isso apenas com zumbis.

Andrea me encara por uns segundos e volta a andar rapidamente, deixando eu e Daryl sozinhos.

Uma curiosidade me domina como sempre, por que Daryl protege Kaya e mostra tanta curiosidade sobre ela?

— Você é amigo de Kaya? – Pergunto aproveitando que Andrea estava longe.

— Não sei se somos amigos, ou pessoas que convivem juntos. – Daryl responde secamente sem olhar em meu rosto.

— Vocês trocam mais de um “bom dia” e “boa noite”?

— Sim, muito mais.

— Então posso dizer que vocês são amigos, Kaya nem tem prazer de falar algo mais que isso com pessoas que não tem afinidade. - Rio e espero que ele faça o mesmo, porém nada, Daryl nem chega a mudar sua feição.

— Kaya realmente precisa melhorar seu humor.

— Vocês dois precisam melhorar o humor...

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KAYA, FAZENDA DE HERSHEL.

Chegamos e vemos todos saírem da casa, felizes, porém essa alegria se dissipa quando não veem Otis. Hershel é sensato e não diz nada para a sua mulher. Pegamos as coisas e começamos a nos arrumar para a cirurgia.

Porém, antes de entrar na casa, ouço de como supostamente Otis morreu. A única coisa que penso que Shane vai para o inferno, de ter matado um cara e de mentir sobre a morte do homem.

O observo com um olhar acusador e ele olha de relance para mim, consegui ver, mesmo que por cinco segundos, a raiva dentro dele, Shane vai tentar me matar novamente, mas dessa vez eu o matarei.

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CYRUS, INTERESDATUAL

Voltamos e eu entro no trailer, fico lá durante três segundos e já me irrito com a choradeira de Carol. Pego uma coberta que Dale me deu e vou para um carro, bem longe do meu. Vejo todos me observarem, mas não ligo, eles nem me conhecem.

Olho as estrelas e entro num estado de estar dormindo acordado, eu vejo tudo, mas meu cérebro descansa até Daryl me acordar.

— Amanhã iremos até a tal fazenda. – Ele diz se sentando ao meu lado. — Continuaremos a procura de sua família e da Sophia de lá, certo?

— Okay – Pergunto a mim mesmo em pensamento, o que ele está fazendo ali. – Você acha que os acharemos?

— Eu acho que se o Jake for igual à Kaya, ele sabe o que fazer. – Daryl diz rindo, a primeira vez que eu o vi rindo.

— Kaya tinha tanto medo de algo acontecer com ele que o ensinou o que fazer durante um roubo ou se alguém invadisse a casa deles. – Falo rindo muito, mas me corrijo lembrando que ela estava doente na época.

— Isso pode salvar ele nesses dias, concorda?

— Concordo... Ela poderia ter salvado a vida do garoto.

— Você fala muito no passado quando cita o Jack, acha que não vamos encontra-lo?

— Eu não sei, não quero ter esperança para não ter que perde-las. – Confesso para um completo estranho.

— Mas, é sempre bom ter esperança, mesmo não sabendo se vai ter que perde-las.

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KAYA, FAZENDA DE HERSHEL.

Patrícia não para de chorar.

Mas, quem fazer o contrário quando acaba de saber que o amor de sua vida morreu?

Queria ver sua reação quando souber que Otis foi assassinado, se ela um dia souber disso, ou morrer acreditando numa mentira.

Carl está estável, por enquanto. Não que eu seja pessimista, mas não espero que ele tenha uma recuperação boa, ficou muito tempo sangrando e não posso dizer que ele

está bem apenas com seu batimento cardíaco. Pode ter algum sangramento dentro dele e nós nem imaginamos isso.

Sento no chão da varanda e encosto meu corpo na parede, relaxo e tento esquecer-me de tudo.

Até de mim mesma.