KAYA, VOLTANDO PARA A INTERESTADUAL

Todos me observavam com curiosidade, com raiva e com tristeza. A volta foi bem quieta, com Cyrus atrás de mim e Daryl nos guiando, até que ouvimos um grito, era de Andrea. Corremos até ela e seguro meu machado fortemente, aproximo e decapito o andarilho. Caio de surpresa ao ver um cavalo gigante em nossa direção. Uma mulher montava nele:

— Lori Grimmes? – Ela pergunta para mim e Andrea.

— Eu! Eu sou Lori Grimmes – Lori grita vindo até nós.

— Venha comigo, Carl levou um tiro – Isso foi o suficiente para Lori ir até ela.

Todos começamos a questionar, não podemos sair por ai com qualquer quer um que fale algo, porém era o filho dela, Carl, que corria risco. Lori monta e antes da menina ir embora diz o endereço que ela estava indo. Todos observam-nas saindo, porém a única coisa que eu vejo era a cabeça do monstrinho se mexendo. Pego a minha faca e enfio na cabeça, mas lembro que essa faca não era minha. Jogo-a em direção de Cyrus, que a pega surpreso.

— Obrigada por guardar para mim – Ele diz ao perceber de quem era a faca.

Voltamos a caminhar em silêncio, Cyrus vem em minha direção e me abraça, fortemente. Me afasto e ele fica assustado, porém continuo andando, quieta no meu canto, mas ele puxa-me pelo braço para longe:

— O que foi, Kaya? – Ele pergunta irritado — O que está acontecendo com você?!

— O que está acontecendo comigo?! – Respondo no mesmo tom — Eu apenas fiquei sozinha por praticamente um mês, apenas eu, pensando que estaria tudo bem com vocês. Cyrus, você é inteligente, deveria ter ficado lá em segurança! Deveria ter cuidado deles! Por que você voltou por mim?

— Kay, eu vim porque eu penso em você, porque você é minha melhor amiga – Cyrus se acalma um pouco, porém ainda está irritado — Kaya, Jake não parava de perguntar onde você estava. Deveria responder o que? Que você estava cuidando do enterro do seu pai? Não, o garoto só ficaria mais irritado sabendo que o avô dele estava vivo. Ainda mais com essa coisa toda acontecendo, eu não podia te deixar sozinha.

— Mas, o que eu deveria fazer? Não tive escolha! Nunca quis deixa-lo sozinho! Eu também não sabia que o apocalipse zumbi iria acontecer, se soubesse nunca iria ter saído de casa! – Começo a abaixar meu tom.

— Kaya, nós precisamos se acalmar, isso não foi culpa de ninguém. – Cyrus muda de assunto — Kay, você está bem?

— Por que a pergunta?

— Em LA você estava estranha...

— Cyrus, cale sua boca – Respondo saindo de perto, todos que conhecem sabem que não podem falar isso para mim, tenho uma espécie de “piti” ao ouvir as frases “você está bem?” e “vocês está estranha” juntas.

Começo a andar de volta para o grupo, eles estavam bem a frente. Em pouco tempo os alcanço e penso no que aconteceu, antes dos mortos andar. Eu não sou uma mãe ruim, eu tive que deixa-lo com Richard por um bom motivo. Meu pai que havia me deixado com minha mãe drogada inventou de morrer e deixar a casa e sua motocicleta (a Harley) para mim. Um dia depois de eu chegar tudo aconteceu, muito rápido. Acho que a viagem foi uma escapatória, todos falam que eu não sou mais a mesma, meus amigos dizem que eu sou fechada e grossa, porém acho que eu tenho motivos suficientes para ser assim. E o hospital era a minha escapatória, era como uma escola, aprendia coisas novas todos os dias, mas começou a não ser o suficiente, precisava de algo que me tirasse da rotina. E do pior modo possível, eu consegui.

Nesse pensamento de hospital e médicos eu lembro de algo. Eu sou uma cirurgiã, Carl levou um tiro! Me aproximo de Daryl e faço uma pergunta:

— Quanto falta para chegarmos?

— 15 ou 20 minutos... – Ele responde sem olhar para a minha cara. Realmente não sei o porquê disso, Daryl é quem mais sabe sobre mim, apenas não quis contar um detalhe.

— Eu vou indo mais rápido – Falo voltando para Cyrus, porém Daryl segura meu braço.

— Você está bem? – NOVAMENTE ESSA PERGUNTA!

Tiro sua mão do meu braço a força e respondo seriamente:

— Sim.

Vou até Cyrus e falo o que irei fazer, ressaltando que ele tem que ficar para procurar Jake e sua família.

— Te vejo logo, Kaya – Ele diz demonstrando afeto.

— Tchau....

Seguro meu machado fortemente e começo a correr, rápido o suficiente para sentir uma dor intensa em meu torso, novamente havia esquecido que uns dias atrás eu tinha levado um tiro. Diminuo o ritmo, porém consigo chegar na estrada na metade do tempo.

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KAYA, INTERESTADUAL

Dale me entrega a minha mochila, me desejando sorte. Pego o óculos de sol que ele me deu e me despeço:

— Encontro vocês amanhã. – Falo e me direciono para T-Dog – Faça Gleen te levar hoje ainda, ouviu?

— Certo, Kaya – Ele responde — Tome cuidado.

Saio de lá o mais rápido possível, dando a volta e seguindo as instruções da garota misteriosa. Não sei se serei útil, mas acho que indo até lá e tentando ajudar servirá para algo.

Chego em uma meia hora ou mais, saio o mais rápido possível e vejo a menina na varanda de uma linda casa de fazenda.

— Quem é você? – A garota pergunta.

— Bom, você é a garota que apareceu do nada na floresta, então acho razoável você falar o seu nome – Respondo desmontando da Harley — Porém é a sua casa, mas espero que você fale seu nome depois. Kaya Singer é meu nome – A verdade pela primeira vez, estou indo bem.

— Maggie Greene – Ela diz e abre a porta — Eles estão lá dentro.

Entro na casa e vejo duas mulheres, uma com cara de preocupada e a outra a consolando. Entro numa sala e vejo Rick e Lori chorando. O policial olha para mim surpreso e se levanta, a esposa dele grita nervosa:

— O que você está fazendo aqui? Onde estão os outros?

— Lori, acalme-se. – Rick diz e me observa com seus olhos brilhando de tanta alegria — Acho que sei o porquê.

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CYRUS, FLORESTA PERTO DA INTERESTADUAL

Kaya nem sempre foi assim, eu sou a única pessoa viva que conhece quem ela foi, os outros seriam Richard e nossos colegas do Afeganistão, e, claro, o marido dela, Charles, aquele filho da **** que a deixou. Desde que ela voltou do exército, depois do que aconteceu com a sua base, Kay ficou bem fechada, acho que ela viu muitas coisas.

Um homem com uma besta vem em minha direção, quando estávamos quase chegando:

— O que Kaya foi fazer? – Ele pergunta grossamente.

— Ela é cirurgiã, foi ajudar. – Respondo no mesmo tom.

Foi só isso, e ele conseguiu ser grosso na nossa primeira conversa. Chegamos e vemos um senhor e um homem negro, eles me observam curiosos. Eles chamam para perto o caçador com a besta:

— Daryl, quem é ele? – O senhor pergunta e eu descubro o nome do grosso.

— Cyrus, amigo de Kaya – Ele responde e vai embora.

O homem velho de cabelo brancos vem até mim, sorrindo. Ele estende a mão ao chegar perto de mim:

— Dale Horvath – Ele diz — Sorte da Kaya te achar, curioso também. Você veio desde LA?

— Sim, eu vim aqui seu filho, para pro...- Não consigo nem terminar a frase.

— Filho, como assim? – Ahh, esqueci, Kaya não contou sobre Jake.

— Esqueci que ela não contou para vocês isso... Kaya, foi casada e tem um filho, eu... – A tristeza volta em mim de novo – Os perdi, minha família e seu filho. Eu estava os procurando quando a achei.

— Kaya é uma garota misteriosa – Dale diz sorrindo — Forte, posso até dizer indestrutível.

— Ahh, não...Kaya é uma garota quebrada – Comento lembrando dela – Kay passou por muita coisa, o marido a deixou no pior momento possível. Jake foi criado por quatro pessoas, eu, Kaya, Richard e minha esposa. Se não fosse pela aquela criança Kaya estaria acabada.

— Bom, ela é misteriosa e forte – Dale olha para o chão e fixa nos meus olhos — Nunca vi uma garota acabada e um dia depois estar voltando a ativa.

— Kaya não gosta que pensem que ela é fraca, isso eu tenho certeza.

— É, mas sendo assim uma dia ela vai acabar caindo.

Concordo com a cabeça e vejo o asiático e o homem negro, que de perto parecia bem acabado, indo embora.

— Eles são Gleen e T-Dog, estão indo para a tal fazenda. – Dale diz percebendo que não sei o nome de ninguém aqui.

Daryl vem em minha direção, ele parece bem irritado, para na minha frente e fala:

— Vamos dormir aqui e procurar por mais pela Sophia. E sua família – Ele completa. – Amanhã iremos ir para a tal fazenda e procurar por lá. Certo?

— Certo.

Saio andando por ai, procurando conhecer o local, quando acho duas coisas, duas mochilas, uma rosa e a outra azul.

Jake e Julie

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KAYA, FAZENDA DE HERSHEL

Observo o ferimento de bala de Carl, não deveria ter perfurado nada importante, se não estaria sangrando loucamente, mas estava sangrando e não poderíamos conter isso sem tirar os fragmentos, e para fazermos isso precisávamos de uma cirurgia, porém não temos os equipamentos aqui.

— Você é uma cirurgiã? – Lori pergunta enquanto eu observava.

Colo o curativo novamente e me levanto:

— Sim, estou no meu último terceiro ano de residência. – Respondo olhando seriamente para ela.

— Então você não é formada? – Lori começa a ficar histérica.

— Me formei em medicina e já fiz esse procedimento, já ajudei em coisas piores – Me aproximo dela – Eu sou competente, e quem vai fazer essa cirurgia no seu filho não vai ser só eu, vai ser Hershel e eu, ele com certeza já fez isso.

— Em animais! – Ela grita chorando.

— Sabe, quando precisamos treinar, treinamos em animais, pois é a mesma coisa. – Respondo abaixando meu tom percebendo o sofrimento dela – Vai ficar tudo bem.

— Tem certeza?

— Sim, só precisamos que Shane volte.

Shane, o idiota que tentou matar Rick agora está ajudando o mesmo.

Que ironia.