Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 7
Próxima vítima


Notas iniciais do capítulo

Heeey
segue mais um cap como prometido
Boa leitura



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Depois que voltamos para o acampamento recém-desmontado, Dimitri contou para os homens quem eu era de verdade. As reações foram variadas.

Mason não poderia estar mais surpreso e tão chocado que ficava repetindo que ele havia dividido uma barraca com a filha do senhor Mazur e que agora era um homem morto. Mas ele ainda fez uma piada que preferia Rose a John.

Sr. Nagy sorriu para Tiro Certeiro, ele havia me avisado que o homem era esperto. E de certa forma parecia aliviado por não ter que esconder a verdade do seu chefe.

Christian não expressava nenhuma reação na verdade, a única coisa que ele me perguntou foi sobre a Lissa. Adrian foi um pouco diferente, quando eu apareci vestida com meu vestido de algodão bege seus olhos se iluminaram e ele veio se sentar ao meu lado. Tiro Certeiro não parecia feliz e se colocou ao meu outro lado.

Os outros homens me deixavam incomodada com seus olhares. Eu não me sentia confortável agora que eu era uma mulher no meio de tantos homens, eu tinha certo receio com o que eles poderiam estar pensando.

E claro que agora todos estavam discutindo qual seria meu futuro.

– Ela deve ser levada agora mesmo para casa. Mazur terá a nossa cabeça quando souber. – Christian dizia.

– Nós não podemos voltar agora, temos três dias para chegar a Guadalupe ou toda a nossa viagem estará perdida. Eu preciso entregar esse gado. – Tiro Certeiro parecia estressado.

– Um de nós pode leva-la. – Um homem troncudo, com uma barba de aparência suja e uma berruga no nariz, sugeriu. Eu prendi a respiração.

– Não. – Tiro Certeiro disse imediatamente. – Eu preciso de todos e vocês e, além disso, não sei se confio em nenhum de vocês com ela por três dias. – eu suspirei de alívio. Eu não tinha nada para me defender caso algum homem resolvesse me atacar nesse lugar deserto.

– Deixe que ela volte por conta própria. – outro homem sugeriu. Então uma discussão começou.

Alguns achavam um absurdo deixar uma mulher vagar sozinha por essas terras, outros achavam que era a melhor solução para não causar a fúria do meu pai.

– Calem-se. – a voz forte e grossa do Tiro Certeiro encerrou a discussão. – Isso é minha culpa, eu deveria tê-la impedido de vir desde o primeiro dia, eu não achei que ela viria tão longe. Ela virá conosco até Guadalupe, de lá podemos contatar o senhor Mazur para enviar alguém para busca-la, ela pode ficar na casa da sua família Christian. – Todos acenaram em concordância. Mas eu estava completamente insatisfeita.

– Minha opinião não importa? – protestei.

– Vamos ouvir qual o desejo da senhorita. – Adrian disse em meio apoio, ou a meu ver, para ganhar alguns pontos comigo.

– Eu já tomei a minha decisão. – Tiro Certeiro se manteve firme.

– Você não pode mandar em mim. – eu joguei de volta me levantando. – Eu não vou voltar para El Passo antes de fazer o que eu vim fazer.

– Você é livre para ir. – ele apontou para o horizonte. – mas não se esqueça de que há bandidos, cascáveis, coiotes, sem falar nos índios selvagens. E eu também aposto que você não tenha água e comida com você. – eu engoli meu orgulho e me sentei de volta, o encarando com olhos furiosos.

– Nós podemos ajudar a moça, Kaluanã. – Sr. Nagy falou pela primeira vez.

– Não. Ela estará voltando para casa em segurança. E eu não quero mais ouvir nada sobre isso. – Tiro Certeiro deu fim à discussão e começou a dar ordens antes que eu pudesse protestar novamente.

– Não se preocupe pequena Rose, eu vou dar um jeito de ajuda-la. Às vezes Tiro Certeiro pode ser um pouco cabeça dura. – Adrian disse com um sorriso simpático.

– Eu também posso ser, e se ele acha que eu vou desistir tão fácil ele está enganado. Ele não conhece Rose Hathaway Mazur.

Quando íamos sair, Tiro Certeiro sugeriu que eu viajasse na carroça com o Sr. Nagy por enquanto. Até minhas dores passarem. O senhor bondoso passou uma espécie de pomada com cheiro pungente nas minhas costas e perna, minha dor parecia melhorar no mesmo instante, mas eu ainda estava completamente dolorida, por isso aceitei a proposta e acompanhei Sr. Nagy até a carroça.

Mason se disponibilizou a levar meu cavalo e nenhuns dos homens me deixavam fazer mais nada, eu era completamente paparicada.

A carroça seguia afastada da movimentação de bois e cavalos, longe da poeira vermelha. Então era só eu e o Sr. Nagy.

Ele assoviava baixinho uma canção enquanto eu olhava a paisagem devastada e vermelha. O céu era completamente azul hoje e o balanço da carroça me dava sono e o assento duro já estava me incomodando, eu resolvi puxar assunto com o meu companheiro.

Eu descobri que o Sr. Nagy era um homem muito sábio. E gostava de uma boa conversa, mas o que eu mais gostava nele é que ele evita fazer as perguntas que eu não queria responder. E isso inclua o porquê da minha viagem inesperada.

– O que você fazia antes de seguir Tiro Certeiro? – passava do meio dia e o assunto entre nós não parecia acabar.

– Bem, eu sempre fui um cowboy menina Rose. Desde os meus quatorze anos, mas quando me casei eu passei a trabalhar para um rico fazendeiro. Mas eu sempre tive meu coração na estrada.

– Eu não acho que um homem de família viveria uma vida assim, você nunca sossega em um lugar só.

– Realmente não viveria. Mas eu sou o mais velho aqui, os jovens cowboys não pensam em casamento. Eles estão aqui em busca de aventuras.

– Então é verdade o que dizem sobre os cowboys serem mulherengos arrogantes? – perguntei mal humorada.

– Você não está se especificando em certo cowboy minha querida?

– Não. – falei depressa. – Minha tia sempre me disse para ter cuidado com eles.

– Sua tia pode ter razão, mas isso você não deve generalizar. Alguns dos meninos aqui têm um ótimo coração, melhores que muitos homens ricos da cidade.

– Sim, eu gostei bastante do Mason e do Adrian. – sorri.

– Mason é um dos mais novos, ele deve ter a sua idade e está aqui em busca de dinheiro para ajudar a sua família. Adrian já não precisa da fortuna, seu pai é um rico banqueiro, ele está aqui pelos méritos de ser conhecido como cowboy e se diz um espírito livre.

– Cada um aqui deve carregar a sua própria história. Mas não estou surpresa que o Adrian seja rico, basta olhar para suas roupas. – eu ri com o senhor ao meu lado. Adrian andava com roupas sempre limpas e de tecidos caros, sem falar que ele tinha sua própria barraca.

– Mas e você querida, me conte a sua história.

– Eu não tenho tanto o que contar, eu não sou nenhum vaqueiro viajante. Mas eu acabei de me mudar de volta para o Texas, eu vive cinco anos na Geórgia com a minha tia e agora que as economias dela estão acabando voltamos para viver com o meu pai. - concluí.

– E a sua mãe? Ela... – ele parecia relutante.

– Minha mãe não morreu, ela apenas nos abandonou por uma carreira de sucesso. – minha voz saiu mais amarga do que eu pretendia.

– Sinto muito, nenhuma mãe deveria abandonar seu filho. – ele deu tapinhas nos meus ombros como forma de conforto.

– Eu não me importo, ela nunca foi do tipo maternal. E eu tenho o meu pai.

– Eu tenho certeza de que ela sente sua falta. – eu ri sem humor.

– Eu não teria tanta certeza, o senhor não a conhece.

Sr. Nagy mudou de assunto depois disso. Ele me contou várias de suas aventuras e me ensinou várias formas de sobrevivência que me ajudariam muito, inclusive uma massagem na sola do pé que me deixou relaxada.

Logo o sol começou a cair novamente e era hora de montar o acampamento. Tiro Certeiro já estava dando ordens quando nossa carroça parou.

Eu comecei a ajudar no descarregamento, mas os homens não me deixavam fazer nada. Por fim eu me vi sentada ao lado de um saco de batatas doces, tentando descascar algumas para o jantar.

– Tiro Certeiro colocou você na cozinha definitivamente? – Adrian se sentou ao meu lado, ele já estava bebendo algo forte pelo seu cheiro de álcool.

– Parece que sim, mas eu não me responsabilizo se o jantar não sair como costumava ser. – ele riu.

– O ensopado de ontem estava delicioso.

– Isso porque eu não fiz nada dele. – eu estava com grande dificuldade para descascar essas coisas e a faca sem corte não ajuda.

– Eu vou ajuda-la, me dê a faca. – eu dei e Adrian se abaixou sobre uma pedra, amolando a faca da melhor forma possível. Suas longas mãos eram habilidosas. – Você ficaria a noite toda tentado descasar isso, tente agora. – seus olhos verdes me olhavam com diversão.

A faca escorregou sobre a superfície da batata de forma perfeita. Talvez eu não fosse um terrível desastre na cozinha afinal.

Ele se sentou ao meu lado e puxou sua própria faca da bota, e passou a me ajudar enquanto nos falávamos, eu tinha certeza de que ele odiava fazer esse tipo de serviço, mas continuaria ali apenas pela minha companhia. Era fácil conversar com Adrian, ele era divertido e relaxado.

– Agora que você é uma mulher novamente eu sugiro que procure uma barraca mais confortável. – seu sorriso me fez sorrir também. Já estávamos na metade do saco e os homens tinham acabado de montar o acampamento e a conversa zunia de todos os lados.

– Você quer dizer para eu procurar a sua barraca.

– Eu não disse isso, mas agora que você falou eu posso concordar que é uma ótima ideia.

– Eu não vou dividir a barraca com um pervertido como você. – eu tentei soar séria, mas havia diversão na minha voz. Adrian levou a mão ao coração se fazendo de ofendido. Mas a verdade era que ele não perdida uma única oportunidade de me paquerar, não que eu estivesse reclamando, eu gostava da atenção masculina.

– Pequena Rose você acabou de arrancar um pedaço do meu coração.

– Eu tenho certeza de que quando chegarmos a Guadalupe alguma garota vai reparar esse dano.

– Ou podemos repara-lo agora. – Uma sombra parou ao nosso lado. Tiro Certeiro apareceu ali com cara de poucos amigos.

– Adrian, termine de ajudar os homens com os cavalos. Eu preciso falar com a senhorita Mazur. – ele disse.

– Ele está me ajudando com as batatas agora. – protestei.

– Eu posso fazer isso. – Ele se sentou ao meu lado tirando sua própria faca. Adrian pareceu desapontado, mas seguiu as ordens mesmo assim, prometendo me procurar ao cair da madrugada e piscando antes de sair.

Quando nos sentamos ali em silêncio com apenas o piado de uma coruja e o barulho da faca, eu o encarei.

– Você disse que queria falar comigo? – perguntei impaciente.

–Eu menti. – eu o encarei com um franzir de testa. – Eu só queria ficar ao seu lado. – ele deu de ombros. Enquanto ele já tinha descascado três batatas, eu ainda estava na metade da primeira. Então eu resolvi deixa-lo terminar a tarefa por conta própria.

– Isso não vai funcionar. – falei com uma careta. Ele riu, como sempre. Parece até que ele gostava de me ver zangada.

– Isso poderia ser motivo suficiente, mas na verdade eu só queria afastar o Adrian.

– Eu estava muito bem na presença dele.

– Você vai me agradecer mais tarde, Adrian tende a ser um grande paquerador, eu não queria que você fosse incomodada pelos meus homens.

– Falou o homem que beijou todas as meninas de El Passo. – eu cruzei os braços o encarando.

– Eu suponho que essa informação veio da sua amiga.

– Lissa é o nome dela, caso tenha se esquecido. E sim, eu estou bem ciente da sua fama e acredite quando eu digo que seu charme não vai funcionar em mim.

– É a primeira vez que eu escuto isso, mas eu posso suportar. – até esse ponto já tínhamos terminado o serviço. As batatas já estavam prontas para irem para o fogo.

– Quem é você afinal? Você se faz de paquerador arrogante, mas no fundo eu sei que você faz isso para esconder suas verdadeiras emoções. – ele me olhou por um longo tempo, agora que ele estava sem o chapéu eu podia ver seus olhos completamente. Era como se eu pudesse enxergar sua alma, seus olhos eram tão intensos. O transe acabou quando ele respondeu desconcertado.

– Eu sou um homem.

– Eu posso ver isso. – eu disse exasperada. - Um homem que não tem passado, nome ou boas maneiras.

– Você se esqueceu de mencionar boa aparência e charme. – ele riu suavemente.

– Qual é o seu problema? Eu sei que você não pode ser assim. – isso pareceu enfurecê-lo.

– Você não sabe nada sobre mim.

– Exatamente, mas de qualquer forma eu não quero saber. Continue a quebrar o coração das suas vítimas inocentes.

– Deixe-me dizer senhorita Mazur. – seu rosto se aproximou do meu, nossos narizes quase se tocando. - Você é a minha próxima vítima.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? comentem muuuito =)
beijos