Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 11
Ações precipitadas


Notas iniciais do capítulo

Oi todo mundo
Post duplo hoje !!!
espero que gostem e boa leitura



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Capítulo 11 – Ações precipitadas

A pequena despedida que Moira organizou consistia em algo comum aqui nas pradarias texanas. Uma fogueira foi acesa no quintal dos fundos, mesas de cavalete continham comidas, sendo a maioria feita de milho e muito apimentadas. Era diferente do que eu comia nos últimos cinco anos, mas não deixava de ser gostoso do mesmo jeito. E mesmo que eu não gostasse da Moira, eu tinha que admitir que ela cozinhasse muito bem.

Os cowboys tinham trazido três tonéis de cerveja e já bebiam mesmo antes de o sol se pôr. Os tocadores de banjo se sentaram na roda quando uma grande lua cheia e amarela iluminou o céu.

O ambiente estava alegre e tranquilo. E eu estava aproveitando meu último dia em Guadalupe na companhia daqueles que gostavam de mim.

Tasha estava ao lado do Dimitri o tempo todo, eu gostava de lembrar que eu era a única que sabia seu nome, mas o monstro verde do ciúmes estava trabalhando muito bem em mim. Eu não gostava disso, ter ciúmes significava que eu tinha sentimentos por Dimitri Belikov e era exatamente isso o que eu queria evitar. Eu não queria me machucar como todas as outras moças.

– Você deveria falar com ele. – Sr. Nagy se sentou ao meu lado com um sorriso simpático.

– Do que você está falando? – eu me fiz de boba e bebi um gole do meu conhaque.

– Kaluanã, e você sabe disso.

– Eu não tenho nada para falar com ele. – Desde que ele tinha me dito seu nome ele havia evitado ficar sozinho comigo. Eu o pegava várias vezes olhando para mim, pensativo, depois ele forçava um sorriso torto e desvia o olhar.

– Ele me disse a mesma coisa há alguns minutos atrás.

– Você falou com ele? – isso era no mínimo constrangedor.

– Sim, e ele não está pensativo assim por conta do trabalho que há pela frente. – ele sorriu me dando um tapinha no braço e saiu para buscar mais cerveja.

Quando a música passou para um ritmo mais animado, todos se levantaram para dançar. Menos Dimitri que ficou em um canto, assistindo divertido e brincando com a pequena Lucy.

Todos os cowboys pediram para dançar comigo, e Adrian que era mais para frente do que os outros, conseguiu no mínimo umas cinco danças.

Eu tinha bebido um pouco a mais e estava me sentindo alegre nesse ponto da festa. Eu estava acostumada a sair para beber na Geórgia, mas a bebida aqui parecia ser mais forte e concentrada.

– Você dança como uma mulher. – eu provoquei o Adrian em um momento em que dançávamos ao lado da fogueira crepitante.

– Ah é. – ele me puxou pela cintura, colando nossos corpos enquanto nos movíamos ao som do banjo. – Você não deveria ter dito isso pequena Rose.

– Você não gosta de ouvir a verdade? – ele jogou meu tronco para trás em um movimento rápido e depois me puxou de volta nos girando e beijou meu pescoço exposto. Eu ria divertida.

– Eu sei do que eu gosto e o que eu quero. – ele disse lambendo os lábios com desejo.

Eu olhei para ele e me surpreendi com o quão bonito e sedutor ele estava nesse momento.

– E o que você quer Adrian? – eu sussurrei com a voz rouca, minhas mãos estavam no seu ombro, o puxando. Eu estava paquerando de volta como eu sempre fiz nessa última semana, mas dessa vez havia algo mais sério. Ou era apenas a bebida fazendo efeito.

– Eu quero você. – ele puxou meu pescoço enquanto eu fiquei na ponta dos pés para ter melhor acesso. Sua respiração rápida batia nos meus lábios. – Eu quero tanto você pequena Rose. – eu mordi os lábios enquanto ele acariciava minhas costas e nuca.

– Me mostra o quanto você me quer. – eu mal terminei a frase e senti seus lábios nos meus, se movendo de forma rápida e desesperada.

Eu me agarrei a ele enquanto sentia sua língua me explorando e me acariciando. Eu ouvi assovios e palmas ao fundo, mas isso não nos fez parar. Na verdade, o que me fez afastar foi que eu percebi que eu não estava verdadeiramente beijando o Adrian, na minha cabeça eu via um cowboy alto sussurrando que me queria com um sotaque.

Eu me afastei e vi que ele tinha um enorme sorriso e cara de satisfação. Os cowboys faziam barulho e gritavam coisas como “se deu bem Adrian”, ou “mostra pra ela como que se faz”.

Eu me sentia tonta, mas não era por conta do beijo. Eu estava tonta por conta da bebida.

No canto ainda ao lado da Tasha eu observei Dimitri, ele estava nos olhando com cara de poucos amigos e parecia chateado com algo. Ele teve a chance de me beijar e não beijou porque não quis, eu pensei. Quem o mandou ser um cowboy arrogante?

– Vamos pegar algo para beber pequena Rose. – Adrian tentou me encaminhar pela cintura, mas eu não queria beber mais. Algo sobre o olhar do Dimitri me incomodava.

– Estou bem por hoje, pode ir beber eu vou me sentar um pouco. – eu tentei sorrir.

– Eu volto já. – ele piscou.

Eu me afastei do barulho e da bagunça na esperança de melhorar da bebedeira, então fui até a cozinha conseguir um chá ou algo forte.

Eu encontrei uma jarra com chá gelado e tomei um copo cheio. A bebida gelada fez minha cabeça doer, mas estava curando o efeito do álcool. O que você fez Rose? Beijar o Adrian na frente de todo mundo? O que estava acontecendo comigo?

Eu me apoiei na mesa enquanto esperava minha cabeça parar de rodar, eu devo ter ficado um longo tempo assim, até que alguém entrou pela porta.

– Noite agitada? – uma voz me assustou. Dimitri estava ali, encostado no batente da porta e vestindo seu longo casaco de couro marrom.

– Nem me fale. – a cozinha de repente pareceu abafada e cheia de tensão. Um fraco som de banjo e conversas vinha do lado de fora.

– Eu deveria responsabilizar o Mason por ter te dado bebida? – ele não parecia bravo.

– Ele só me deu porque eu pedi. - eu me abanei da melhor forma que pude, me sentindo sufocada.

– Aqui dentro está quente, vem, vou te mostrar uma coisa. – ele me chamou e foi na frente, passando pela porta dos fundos.

Eu o segui na escuridão e vi que ele estava se encaminhando para os estábulos.

Ele acendeu uma lamparina e me chamou quando entramos pelo portão alto de madeira. Ali tinha um cheiro forte de feno e cavalo.

Ele parou em uma das baias, sem seguida entrou e se ajoelhou ao lado de um cachorro marrom. Ele era muito grande e se me recordava bem era um daqueles que se usava para caça.

– O que estamos fazendo aqui? – eu me abaixei ao seu lado e vi que o cachorro não era macho, mas uma fêmea que tinha acabado de dar a luz há pelo menos oito cachorrinhos.

– Ela está cansada. – ele disse passando a mão na cadela gentilmente. Então ele pegou uma vasilha de leite e começou a ajudar os cachorrinhos a beber. – Ela não tem leite o suficiente e os filhotes precisam se alimentar, eu achei que talvez fosse quisesse fugir um pouco da bagunça e me ajudar. – ele parecia incerto.

– Você leu meus pensamentos. – eu realmente queria fugir um pouco de tudo e todos.

Ali, sentados no chão coberto de feno, nós dois cuidamos dos filhotes. Dimitri era tão cuidado e atencioso com os pequenos animais e muito paciente comigo. Eu nem reconhecia mais o cowboy arrogante e mulherengo que me provocou a semana inteira.

Quando terminamos os filhotes estavam bocejando e se acomodando onde achavam lugar. Um deles, o único preto, subiu pela minha saia e se deitou no meu colo, ele rodou e cheirou antes de se acomodar ali.

– Ele gostou de você. – nós dois compartilhamos uma risada.

– Isso porque eu nem gosto de cachorros. – eu acaricie suas orelhas macias, me apegando ao filhote.

– Você é encantadora senhorita Mazur. – Dimitri me olhava com um pequeno sorriso.

– Eu não sei o que você quer dizer, ele apenas está cansado e achou um colo confortável.

– Não é apena pelos cachorros. – ele continuou. – eu tenho quase certeza de que cada um dos meus homens está apaixonado por você. Sem falar no Sr. Nagy, ele tem você como uma filha. Vai ser difícil para ele quando você nos deixar.

Eu olhei para o cachorro no meu colo, evitando falar. Eu percebi que essa era a primeira vez que nós dois conversamos como pessoas normais, sem brigar ou discutir. Erámos apenas duas pessoas aproveitando um bom tempo juntas. Eu descobri que Dimitri era um homem bidimensional, sob sua superfície havia várias camadas para ser descoberta. Ele não era apenas o homem arrogante que eu tinha conhecido.

– Eu vou sentir falta de tudo isso também. Eu nunca vou me esquecer de qualquer um de vocês. – eu disse por fim.

– Eu achei que você fosse querer esquecer todo o sol, poeira e o bando de homens te olhando com admiração. Você sabe, isso não é vida para uma mulher como você.

– Eu não me importo com nada disso. – deu de ombros.

– Você realmente é uma mulher singular Roza.

– Roza? – perguntei, ele estava me xingando? Eu achei que tínhamos melhorado nosso relacionamento. Ele deve ter percebido minha cara de desgosto, porque ele riu.

– Roza é o seu nome em russo. A Rússia é o meu país de origem.

– Eu gosto de Roza. – a palavra não saiu como deveria e ele voltou a rir. – E estou surpresa, você me contou mais um dos seus segredos. Então quer dizer que você é russo? Eu deveria ter conhecido o sotaque.

– Eu passei apenas minha infância na Rússia, eu moro aqui há muito tempo. Quase não tenho lembranças da minha terra natal.

– Estou feliz por você estar aqui, caso contrário eu não acho que chegaria a Santa Helena com vida. – ele riu suavemente.

– Você sabe Roza, eu gosto de você. Você é diferente de tudo o que eu já conheci.

– Eu aposto que existem muitas garotas como eu por ai.

– Que fugiriam com cowboys? – ele sorria divertido.

– Bem...- nos dois sorrimos um para o outro, mas não com a boca e sim com os olhos. E mais uma vez eu vi um olhar diferente cruzar suas feições, era algo ardente e que fez meu coração pegar fogo.

– Uma coisa eu sei que você não vai esquecer quando voltar.

– O que? – perguntei.

– Do Adrian, é claro. – sua voz estava em branco.

– Ah! Nós não somos um casal nem nada, é só que... – ele tinha evitado muito bem o assunto até agora.

– Você não precisa me explicar, você é livre para estar com quem quiser. Mesmo que a minha primeira escolha para você não seja o Adrian. – ele disse com desgosto.

– Quem seria a primeira escolha? – o olhei.

– Ninguém importante. – ele me deu um sorriso triste e se levantou. – Vamos voltar, Sr. Nagy deve estar perguntando por você e eu não quero levar um sermão.

Eu acenei e subi na minha perna, colocando o filhote confortavelmente ao lado da mãe.

Eu não pude deixar de sorrir para mim mesma, terminamos uma conversa sem brigar pela primeira vez, isso com certeza tinha que ser um avanço. E conhecendo esse outro lado dele me fez ver que talvez eu não o odiasse tanto assim.


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Notas finais do capítulo

Então? alguém arrisca um palpite do que vai acontecer agora? ou o que vocês esperam?
Beijos e até o próximo



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