MOLLY

Molly estava cansada de tentar esquecer Sherlock mas dessa vez estava decidida a fazê-lo. Não suportava mais ser tão bruscamente rejeitada e queria seguir em frente e ser feliz, tinha direito de ser, apesar de acreditar só poder encontrar felicidade plena nos braços dele. De SEU Sherlock. Mas se estava decidida a esquecer-lo tinha de parar de pensar assim.

Ela tinha tentado seguir em frente antes, tinha namorado caras do trabalho e ate mesmo ficado noiva de Tom mas nada disso a fazia se sentir melhor.

Tom, ah o Tom. Se ela não fosse obcecada pelo Holmes talvez até tivesse realmente começado uma família com Tom, mas tudo nele lembrava-a de Sherlock e isso não melhorou apos começar a dar roupas similares as do detetive de presente ao cara que estava disposto a fazê-la feliz, coisa da qual o Holmes nunca tinha demonstrado estar.

Mas ali, acordada, às 4h de uma madrugada de sábado ela decidiu mudar. Decidiu que não deveria ficar presa a coisas que nunca sairão de sua imaginação e de suas ilusões.

Mais do que qualquer outra vez ela estava disposta a sair de casa no dia seguinte e olhar para o mundo sem pensar em Sherlock Holmes.

Foi pega de surpresa pelo toque no celular, era de madrugada e não existia ninguém no mundo que pudesse querer falar com ela no momento, ela havia se dedicado demais à Holmes e esquecido de criar um ciclo de amizades. Talvez Mary, mas mesmo assim era tarde e não tinha motivo pra procurar Molly a essas horas. Provavelmente seria só a operadora avisado de alguma promoção ou sabe Deus o que.. Mesmo assim decidiu ver o que era, não tinha nada de melhor para fazer no momento, afinal.

Se deslocou até a sua escrivaninha onde o celular piscava como sinal de alerta de uma nova SMS:

'Molly, eu realmente espero que esteja acordada. Tem um corpo esperando para ser analisado aqui e é urgente. Espero uma resposta. Lestrade'

Não ficou muito contente, gostava de seu trabalho, mas era um caso urgente e é claro que Lestrade também chamaria o 'detetive consultor' e vê-lo não ajudaria em nada com seus planos de começar uma vida nova.

Vamos lá Molly, é seu trabalho, ele talvez nem esteja lá.

Trocou de roupa, entrou no táxi e se encaminhou para o Hospital St. Bartholomew.

SHERLOCK

Era incrível como mais um dia sem casos interessantes podia mexer com seu humor daquela forma. O tédio o consumia de uma forma que era difícil até dormir, e John nem estava mais lá para ter com quem falar.. Ou alguém para ouvir suas reclamações.

Sherlock nunca chegou a admitir mas sentia cada vez mais falta do medico. E de todas as noites depois do casamento de Watson aquela estava sendo a mais difícil de encarar.

A falta de casos interessantes, a falta do amigo (ele tinha que admitir que John não poderia ser considerado menos que isso), a falta de seus adesivos de nicotina e o armário sem nenhum chá o deixavam cada vez mais inquieto.

Ele desejava poder agir como a maioria das pessoas, ligar a TV e passar a madrugada assistindo um filme qualquer mas não tinha paciência para isso, não tinha nem vontade de atirar na parede ou ler algum livro.

Pegou-se pensando nas pessoas que o rodeavam, depois de John ele acabara se tornando um pouquinho mais sociável e agora pensava nos nomes que eram importantes pra ele. Senhora Hudson sempre estava ali, poderia brigar com ele ou ajuda-lo em um plano, assim como Lestrade que o proporcionara vários casos excitantes e nada entediantes para resolver. Tinha também Mary, a 'problemática' esposa de John, mas que apesar de tudo também tinha se tornado mais que só uma conhecida. E é claro, tinha molly.

Apesar de conseguir analisa-la e normalmente constrange-la com isso, havia a algo nela que Holmes nunca conseguiu decifrar. Algo que estava ali, mas que o detetive não sabia dizer o que era.

Ele sabia que ela gostava dele, pelo menos era isso que John resaltara tantas vezes. Notava como ela se arrumava quando tinha a oportunidade de ve-lo, mas não era esse o segredo de Molly, e naquele momento ele decidiu que deveria descobrir o que a garota escondia dele.

Foi pego de surpresa com o toque que indicava uma mensagem:

'Sei que tem esperado por um caso interessante, e tenho um agora mesmo. Te espero no Barts Hospital. Lestrade'

Sherlock se levantou rapidamente, trocou de roupa e saiu na noite fria de Londres, esperando um pouco de diversão.