Different Worlds escrita por myla


Capítulo 30
Segredos Revelados




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POV´s Annabeth

Meu sonho era tão real e tão assustador ao mesmo tempo.

Eu estava parada em um beco sem saída, encostada na parede gelada.

De um lado estavam duas pessoas, as quais não consegui identificar os rostos, e do outra lado estavam três pessoas, que eu também não conseguia identificar.

– O jogo acabou. – Fala uma das vozes.

Penso que ele estava falando comigo, mas logo uma voz feminina vinda do outro lado responde.

– Pense no que você vai fazer, eu não tenho culpa disso.

– Você tem mais culpa que todos aqui, você nunca foi confiável. – Fala a outro voz no escuro.

– Você vai fazer a mesma coisa que fez comigo. – Fala outra voz.

– O jogo acabou para todos os três, vocês não tem para onde irem. – Fala a primeira voz.

– Você não mais é essa pessoa. – Responde uma voz masculina vinda de onde havia três pessoas.

Como se numa passe de mágica as nuvem se dissolvem e posso ver o momento exato em que Percy e outro homem atiram em Kelly, Calipso e Lee.

A cena era horrivelmente real, o sangue o escorria pelo beco e eu não podia fazer nada, queria gritar, chorar, fazer algo, mas minha voz não saia, meu pés não obedeciam minha ordem de correr.

Acordo assustada, demoro um pouco até perceber que meu celular estava tocando.

Alcanço minha bolsa e vejo o nome de Calipso no visor, logo um arrepiou percorre meu corpo. Era apenas um sonho, Annabeth, digo a mim mesma.

– Onde você está? – Pergunta ela logo de cara.

– No galpão. – Respondo ainda sonolenta.

– Ok, você quer que eu passe aí?

Eu podia ter milhares de dúvidas e perguntas, mas única coisa que veio a minha cabeça foi isso.

– Você sabe onde fica o galpão? – Pergunto confusa.

– Claro que sei. – Responde ela e eu quase posso ver seus olhos se revirando.

– Então passa aqui por favor e para qualquer coisa eu dormi na sua casa, certo?

– Não, para qualquer coisa nós dormimos na casa de Piper, eu estou saindo da festa agora.

– A menina certinha saindo de uma festa de manhã? – Falo rindo.

– Cala a boca, Annabeth. – Fala enquanto ri do outro lado da linha.

– Que palavreado é esse?

– Daqui a pouco estou aí. – Fala ela desligando.

Levanto-me do sofá tentando tirar da cabeça o sonho bizarro que eu tive.

Demoro um pouco para processar que eu estava sozinha. Acho estranho, onde estaria Percy?

Disco o número que eu havia salvo novamente na noite de ontem e tinha feito questão de decorar. No terceiro toque ele atende.

– Percy? – Pergunto confusa.

– Já estou indo Annabeth. – Algo na voz dele me dizia que alguma coisa havia acontecido.

É apenas isso que ele fala antes de desligar. Fico preocupada, onde ele podia estar?

Conto cada segundo, cada minuto. Até que a porta do galpão finalmente se abre e por ela passa um Percy completamente machucado, ele mancava e tinha arranhões e hematomas por seus braços expostos, sua camisa estava em pedaços.

Levanto e vou correndo o ajudar assustada com seu estado.

– O que aconteceu? – Pergunto um tanto histérica.

– Eu estou bem. – Fala ele com a voz falhando, logo em seguida que senta no sofá tosse um pouco de sangue.

Onde ele havia estado?

Não tenho tempo de falar mais nada, Calipso entra correndo no galpão, ela anda até nós e se espanta ao ver o estado de Percy.

– O que eles fizeram com você Percy? – Pergunta ela.

Eu não entendi mais nada, como eles se conheciam?

Quem era eles?

Minha cabeça girava e minha língua estava travada, eu estava assustada pelo pesadelo, por meu namorado estar nesse estado, por tantas perguntas que rondavam minha mente.

Sento-me de um lado de Percy e Calipso se senta do outro.

– Achei que só iriam me ameaçar, me pressionar. – Fala ele forçando a voz entre uma crise de tosse e outra. – Calipso o que você fez pra eles?

Ela olha para o chão nervosa.

Finalmente acho minha voz.

– Quem são eles? – Pergunto eu.

Calipso olha para Percy e como se num impasse de olhares eles chegam a uma decisão unanime.

– Está na hora de eu explicar para você. – Fala Percy depois de uns bons minutos.

– Explicar o que? – Pergunto não entendendo nada.

– Preciso que você cuide de mim primeiro. – Fala ele fazendo bico e deitando a cabeça no meu ombro. – Depois juro que explico tudo.

– Eu quero saber tudo, como vocês se conhecem, como conhece Lee, quem são eles. – Falo de braços cruzados encarando ele.

– E você vai saber. – Promete ele.

– Então eu vou embora, depois você leva ela? – Pergunta Calipso para Percy.

– Sim. – Responde ele. – Tome cuidado.

Ele se levanta e vai mancando até um baú no fim do galpão. De dentro do baú ele tira algo que eu nunca imaginaria que ele possuísse, muito menos que fosse ver ele segurando. Percy pega um revólver e se dirige até Calipso que estava parada ao lado do sofá.

– Ainda sabe atirar? – Pergunta ele.

– Claro. – Responde ela.

– Escute, você tem que ir embora, mas antes preciso saber o que você fez e porque eles me querem morto, o que eu fiz?

– Longa história Percy, eles também querem Kelly. – Fala ela guardando o revolver dentro da bolsa. – De noite apareça na casa de Annabeth eu estarei lá.

Ele se limita a assentir, eles se abraçam e ela vai em bora.

Era como se eu fosse uma peça avulsa ali, eu não me encaixava, um mundo novo se abria para mim. Nesse mundo Percy guardava revólveres no galpão, Calipso conhecia Percy, eles tinham segredos, alguém queria os matar e Kelly também estava nessa história.

– O que está acontecendo? – Pergunto completamente confusa.

– Você vai saber, mas primeiro vai cuidar de mim, lembra? – Pergunta ele tirando sua camisa rasgada mostrando o peito cheio de ferimentos.

– Vou ser sua enfermeira particular. – Falo sorrindo fraco e indo buscar o kit de primeiros socorros na dispensa.

Ele estava realmente machucado, com certeza tinha levado uma surra das feias. Mas por que?

Depois de limpar seus machucados ele toma banho e eu termino de enfaixar os mais graves.

– Ter certeza que não quer ir ao médico? – Pergunto mais uma vez.

– Claro que não, estou bem. – Responde ele. – Já levei surrar piores.

Ele pega sua jaqueta de couro a veste e pega a chave do carro.

– Onde vamos? – Pergunto confusa.

– Vamos para um lugar mais calmo, vou te contar tudo, prometo. – Fala ele pegando minha mão. – Confia em mim?

– Sempre. – Respondo sorrindo

Durante a viagem de mais de 2hrs conto sobre o internato, sobre as amigas que fiz lá, como foi horrível ficar sem ele, como foi saber que ele estava com Rachel. Ele conta como foram ruins os últimos meses sem mim.

Depois disso não podíamos negar como era notável a falta que um fazia no outro. Eu tinha que ficar, tinha que convencer Atena de que eu estava melhor aqui.

Chegamos a um penhasco que dava para o mar, era uma linda paisagem, o pasto a nossa volta, a praia um pouco a baixo do penhasco, tudo se encaixava.

Nos sentamos em silêncio um ao lado do outro.

– Eu vou contar tudo de uma vez. – Fala ele. – Não me interrompa por favor, se nunca mais quiser me ver depois disso eu entendo, se eu pudesse nunca mais me ver eu também faria isso.

Apenas concordo.

Ele desvia os olhos para o grande mar a nossa frente e começa.

“Eu te contei sobre fugir do meu padrasto e tudo mais, contei sobre morar nas ruas por esse tempo todo, mas eu contei apenas uma parte disso. Quando você não sabe o que fazer, não sabe como são as coisa você não mede as consequências. Eu tinha catorze ano quando conheci Walter, ele recrutava adolescentes que tinham propensão a ser “jovens delinquentes”. Eu não sabia o que ele queria dizer com isso.”

“Eu entrei em uma gangue, que depois eu descobri ser uma máfia com uma proporção muito maior, que se espalhava por todo o mundo, que era mais perigosa do que eu achava. Eu me destaquei, matava sem escrúpulos, cresci ali dentro e trouxe Thalia e Nico para esse mundo, mas eles não se envolveram tanto com isso como eu.”

“Ganhei a confiança de Walter, com quinze anos eu já liderava um pequeno grupo, dentre aquele grupo um dos garotos era Lee, não me pergunte como ele veio parar ali. Como você sabe existem brigas entre máfias, e eu tinha a missão de me infiltrar em uma delas, eu tinha que matar um dos chefes dela. O Sr. Lenn se passava por empresário, era bem conhecido entre a elite da cidade.”

“Eu estava conseguindo rapidamente a confiança de Walter, não podia falhar. Armei um falso assalto onde conheci a filha mais velha dele, me envolvi com ela, eu realmente achei que estivesse apaixonado. Mas eu tinha que fazer o serviço. Depois de meses eu tinha plena certeza que a garota não tinha nenhum conhecimento sobre seu pai, o que me deixava cada vez pior, eu me perguntava o que estava fazendo da minha vida.”

“Chegou o dia de cumprir o que tinha que ser feito. Matar toda a família Lenn, eu sabia de todos os horários deles, sabia quando estariam em casa, tinha a chave de todas as porta, tinha a confiança de todos os empregados.”

“Naquele noite era como se eu soubesse que tudo daria errado, eu estava com o pior dos pressentimentos, mas eu fui. Entrei com mais cinco garotos, levamos todas até a sala, matei sua mãe e seu pai, Lee matou sua irmã. Mas eu não tive coragem de matar ela, eu não consegui, mandei darem tranquilizante a ela e quando estava apagada atirei de raspão em seu braço. As últimas palavras que eu disse a ela foram “Eu te amo”.”

“Voltei para sede da máfia, fui para meu quarto e preparei tudo, eu já estava com a corda pronta quando Lee chega, ele me impedi de me enforcar, lembro exatamente das palavras, “Você vai sofrer para sempre, não vou deixar morrer, seria fácil demais você morrer assim, agora.” Ele estava certo, eu tinha que sofrer eternamente pelo que fiz. Depois disso saí da máfia, larguei tudo que tinha conquistado. Thalia e Nico também largaram a máfia, assim como Luke e Ethan depois de um tempo, eu conheci eles lá.”

“Calipso também fazia parte da máfia, até onde sabia ela estava lá por dinheiro, não sei a história dela, ela também se tornou amiga de Kelly. A três semanas Walter me procurou, ele mandou eu matar Calipso, tenho até semana que vem.”

“Mas ele descobriu que eu contei a ela e estava a protegendo, era quase de amanhã quando ele me ligou pedindo que eu o encontrasse, achei que ele iria apenas me ameaçar, mas a acabei levando essa surrar. Além disso ele falou coisas estranhas, como “Seu destino está traçado” e sobre eu ser um idiota por ter saído da máfia. Está tudo tão confuso.”

Levo alguns belos dez minutos para processar tudo o que ele havia dito.

Percy fazia parte de uma máfia, Calipso também, Lee também, Luke, Ethan, Thalia, Nico, todos. Tinham tantos segredos que eu não sabia como lidar com todos.

Mas eu não sentia raiva de Percy, eu entendia ele.

– Se nunca mais quiser olhar na minha cara tudo bem, faça isso enquanto ainda tem tempo. – Fala Percy se levantando.

Ele começa a andar até o carro.

– Espera Percy. – Falo eu.

Ele se vira e seus olhos tinham um brilho de esperança.

– Eu não te odeio, não tenho raiva de você, nem nada, eu te amo e nada vai mudar isso. – Falo eu. – Quero ajudar você e Calipso quero saber o que está acontecendo.

Ele abre os braços e vou correndo para eles.

– Eu te amo mais que tudo Annabeth. – Fala Percy.


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