POV´s Annabeth

– Olá minha querida amiga. – Fala uma voz que eu conhecia muito bem.

– Oi Piper! – Falo olhando para o relógio, era cedo ainda.

– Três semanas, só faltam cinco.

– “Só”?

– Pense lado bom, já esteve mais longe.

– Com certeza.

Uma pergunta estava presa em minha garganta, mas era óbvia a resposta. Ele não tinha nem me ligado, será que tinha recebido a carta?

– Piper, você estregou a carta a Percy?

Ela demora um pouco, e não responde o que eu queria.

– Jason tem uma coisa a falar.

Do outro lado linha posso ouvir o que eles falam mesmo que ela tenha tapado o celular.

– Jason, fala logo.

– Por que eu?

– Porque sim!

– Oi Annie! – Finalmente ouço a voz de Jason do outro lado da linha.

– Oi Jason.

– Bem, eu vou falar tudo de uma vez. – Diz ele. – Eu conversei com Thalia ontem, ela me disse um coisa... Percy e Rachel estão namorando.

– Como?

– Ela disse só por cima, não explicou e eu não perguntei.

Eu realmente fiquei sem chão naqueles poucos segundos, até a realidade me atingir e o choro vir mais forte que tudo.

– Não chora Annie. – Dessa vez era Piper que falava.

Simplesmente atiro o celular na parede a minha frente. Ótimo. Dois celulares em menos de um mês. Mas agora não era hora de pensar nisso.

Eu achava que era especial para ele.

Lembro-me de cada segundo que passei a seu lado. Fecho os olhos e lembro instantaneamente de meu sonho, aquele que eu tive a muito tempo, um dia depois de ter beijado Percy pela primeira vez. Não era eu, quem se encontrava em meu lugar ela uma garota ruiva. Bem, o sonho estava certo. Lembro-me da noite que conheci Rachel, em uma das festas de Grover.

Eu sentia raiva de Percy, de Rachel, de minha mãe por ter me mandado para esse maldito lugar, sentia raiva de mim mesma por não lutado pelo meu amor, por ter desistido a primeira ordem dela.

Quando eu penso que nada pode piora Kelly aparece.

Era sábado de manhã e eu já estava acostumada com Kelly passar as noites de sexta e sábado fora.

– Olha que cena linda. – Fala ela com um sorriso sarcástico no rosto. – Você sabe chorar.

– Eu sou como você, choro, sou fraca. – Eu realmente não estava em estado para aturar ela.

– Eu não choro, eu não sou fraca. – Fala ela.

– Todos nós choramos.

– Eu já sofri demais para me importar com lágrimas. – Ela fala com um olhar triste.

Eu estava abalada, tinha acabado de descobrir que meu “namorado” agora tinha uma nova namorada, mas mesmo assim eu queria saber porque toda essa agressividade e frieza por parte de Kelly.

– Por que isso? – Pergunto.

– Isso o que?

– Esse seu jeito.

Ela desvia o olhar, mas posso ver uma lágrima escorrer.

– Por que me odeia tanto? Eu nunca fiz nada para você.

– Por que você me faz lembrar de quem eu era. – Fala ela me encarando.

– Como?

– Então aí vai: Eu era como você! O mundo é maior que essa redoma de vidro que você vive! – Ela praticamente gritava, seus olhos pretos eram intensos e lágrimas escorriam.

– Eu não acho...

– Cala essa boca que agora eu estou falando! – Berra ela. – Eu tinha uma vida perfeita, morava numa mansão em Nova York. Mas isso mudou. Eu sempre achei que meu pai fosse empresário, mas não era... – Ela não termina a frase e cai de vez no choro.

Kelly sentasse na cama e bota suas mãos no rosto.

Realmente o que estava acontecendo aqui? Eu deveria estar triste pela notícia que recebi sobre Percy, mas meu coração na verdade estava partido por Kelly estar chorando desse jeito. Ela geralmente tinha feições de raiva em seu rosto, sempre era grossa e tentava me humilhar das piores formas possível, mas agora ela estava chorando.

Sento-me ao seu lado e passo meu braço dos seus ombros.

– Não chora Kelly.

– Deixa eu terminar. – Ela respira fundo e retoma de onde parou. – Ele não era empresário, era traficante. Mas eu só descobri isso no dia que invadiram nossa casa. Eram rivais dele. Levaram meus pais, eu e minha irmã de 3 anos para sala da mansão. O primeiro a morrer seria meu pai, mas minha mãe interfere e atiram nela primeiro, depois em pai e por último minha irmã. Eu estava em choque, então dois deles vieram para cima de mim e... e... – Ela não consegue terminar a frase. – Foram os piores momentos da minha vida... Eu não sei o que aconteceu... Eles acharam que eu estava morta, mas estavam errado... Meus tios me trataram como uma desiquilibrada, me mandaram para cá para esquecer que eu existo.

– Você é uma guerreira por sobreviver a tudo isso. – Falo olhando em seus olhos.

– Não, eu sou fraca.

– Não, você não é.

Perto de todos os problemas de Kelly eu me sentia fútil por estar chorando por Percy.

– E você... você me lembra de como eu era, meus cabelos também eram loiros, eu usava roupas parecidas com as suas, eu me importava mais com a minha popularidade do que com as pessoas ao meu redor. Eu me apaixonei pela pessoa errada.

Sem querer uma lágrima escorreu de meus olhos. Eu havia perdido Percy por causa da minha popularidade.

Querendo ou não eu era parecida com Kelly.

– Não precisamos brigar... Podemos ser... amigas? – Pergunta Kelly.

– Claro. – Falo eu, não teria motivos para continuar brigando com ela depois de tudo o que ouvi.

– Por que você estava chorando? – Pergunta ela.

Conto toda história, desde o começo até o telefonema que eu havia acabado de receber, mas não consegui pronunciar o nome de Percy, doía muito.

– Acho que temos mais coisas em comum do que eu esperava. – Fala ela por fim.

– O que você quer dizer?

– Nada, apenas esqueça ele até as férias, são só mais algumas semanas, podemos pregar uma peça nas rainhas. – Fala ela mudando de assunto.

Começamos a conversar animadas sobre o que poderíamos fazer para acabar com a alegria das rainhas.

Eu seguiria o conselho de Kelly, esqueceria Percy até as férias.

POV´s Percy

Qual era porra do meu problema?

Eu era o maior idiota do mundo apenas por pensar que iria esquecer Annie namorando com Rachel.

Eu fui um bobo em cair no papinho de eu te amo dela. Ela não amava ninguém a não ser a si mesma.

– Eu quero que você venha aqui na festa e pronto! – Gritava ela histérica do outro lado da linha.

– Você não é minha dona Rachel, deixa de ser idiota.

Eu estava prestes a entrar no palco, por um milagre Nico havia conseguido uma casa de shows para tocarmos e eu não perderia essa oportunidade por nada nesse mundo, muito menos pelos caprichos de Rachel. É verdade, eu estava afundado no desespero, não aguentava mais esse tempo todo sem Annie, eu continuava sendo um idiota, mas eu ainda amava a música, acho que era a última luz no fim do túnel escuro onde eu mesmo havia me metido.

– Se você não vier eu vou ficar com o primeiro cara que aparecer na minha frente.

– Que fique! Que você se foda Rachel! – Grito desligando o telefone.

Thalia e Nico me olhavam incrédulos, eles não acreditaram que eu fosse tão burro ao ponto de namorar Rachel.

– Termina com essa idiota de uma vez. – Fala Nico.

– É, essa vaca nunca chegará aos pés de Annie. – Fala Thalia.

– Não precisa me lembrar dela.

– Como posso lembra-lo de alguém que você nunca esqueceu?

Ela estava certa.

– E agora a banda Nameless! - Anuncia alguém no palco.

Sim, nós fomos tão retardados a ponto de botar o nome da banda de sem nome.

Subimos no palco e a primeira música que tocamos é Different Worlds, a música que compus para Annie. Agora a música fazia mais sentido do quem quando a escrevi.

Ao sair de lá eu já estava bêbado, não via mais sentido em nada. Nico e Thalia tinham ficado, ela para jogar e ele para não deixa-la sozinha.

Saio cambaleando pelas ruas escuras sem rumo, era isso que eu fazia há três semanas toda noite.

Minha mente já confundia as imagens, duas loiras passavam por minha cabeça. Duas loiras diferentes, mas que tinham significados importantes na minha vida.

Droga, eu só queria pensar em Annie. Queria esquecer a outra para sempre. Ela não pertencia mais a minha vida.

Sem que eu perceba minha pernas já me levam a mansão barulhenta que eu conhecia.

Bem, Rachel não estava de brincadeira, entro na grande sala e ela estava se agarrando com um desconhecido. Não havia diferença, por mais que eu tentasse não conseguia sentir nada por essa vadia.

Apenas me sento em um canto e encho a cara.

Olhos cinza invadem a minha mente e novamente penso no que realmente aconteceu. O que eu fiz pra ela partir sem dar explicações? Não adiantava, seus amigos não diziam nada e ela havia mudada seu número. Não tinha como falar com ela.

Levanto-me e saio sem rumo novamente, eu não aguentava ficar lá dentro enquanto lembrava de alguns momentos felizes que passei lá.

Era um rua escura, não passava carro algum, um lugar propício para encurralar bêbados que ainda tinham que acertar contas com o passado.

– Percy Jackson. – Sussurra ele.

Viro-me espantado. E lá estava ele, encostado em uma entrado de beco.

– O que você quer?

Ele sorri cinicamente e responde:

– Seu passado sempre será motivo para chantageá-lo no futuro.

– Já faz quanto tempo?

– Quanto tempo que você resolveu que era mais fácil ser um idiota bêbado? Um ano.

– O que você quer? – Pergunto novamente.

– Tenho um serviço para você.

– Não faço mais os seus serviços.

– Não é um pedido. – Fala ele. – Mas tenho um recompensa se você fizer tudo certinho.

– O que?

– Um informação que você quer muito e de quebra também vem outra.

– Me diga o que é.

– A garota loira. – Fala ele. – Eu sei onde ela está.

– Annabeth?

– Eu disse a garota loira, basta você descobrir qual das duas é.

– Qual é o serviço?

– Você precisa matar Calipso.