The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene


Capítulo 13
Capítulo Treze - Novo Lar


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é um pouco lento; não há cenas de ação como o anterior, mas é necessário para o desenvolver da história.

Espero que Gostem!!!



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Ninguém falava. Ninguém se mexia. Todos os integrantes do grupo formulavam seu próprio sentimento em relação à perda. Lutavam silenciosamente contra as duas visões que tinham de Silas. O louco psicopata e o homem que nos tirara vivos da escola. Nenhum de nós falava. O som dos corações batendo era a única coisa audível tirando o rosnado dos mordedores trazidos pelo vento.

– Devemos finaliza-lo. – falei.

Todos os outros me olharam. Nenhum deles se atreveu a fazer um único som. Ainda formulavam se aquilo diante deles era algo bom ou ruim.

– Eu faço – informou Clara.

Nenhuma objeção foi ouvida. Ela levantou o braço com se estivesse carregando meia tonelada e mirou o cano na testa do corpo. Depois de tanto silêncio, o tiro soou como uma bomba explodindo. Bernardo se ajoelhou e tampou os ouvidos. Lágrimas escorriam pelo rosto machucado do menino.

– Foi minha culpa... Foi minha culpa – murmurava ele – Eu matei o tio Silas...

Gabriel me olhou como se perguntasse: O que eu faço?!

– Não foi sua culpa – tranquilizou Gabriel – Ele estava lelé...

Júnior deixou escapar uma risada triste.

– Foi minha culpa – falei para Bernardo.

Ele me fitou com os olhos cinzentos. Estava em choque.

– Mas eu ajudei – continuou ele.

Clara se ajoelhou do meu lado.

– Ele me bateu – disse ela com a voz meiga – E você apenas me protegeu. Obrigada.

Bernardo concordou com a cabeça e ficou calado.

– Para onde vamos agora?! – perguntou Júlia em um canto – Não podemos voltar ao prédio e nem à escola.

Pedro se adiantou.

– Temos que decidir rapidamente – disse – Felipe está perdendo muito sangue.

Houve um silêncio geral.

– Teatro Municipal – sugeriu Bruno.

Gabriel se levantou.

– Tem o mesmo estilo daqui – respondeu – Não vai aguentar uma invasão.

– Forte de Copacabana - citou Júnior.

– Não há para onde escapar se formos encurralados – respondi.

– Algum shopping – sugeriu Clara.

Gabriel balançou a cabeça.

– São muitas portas e nenhuma proteção – disse – Seremos alvo fácil.

Um mordedor avançou pelo rompo feito pelo carro. Bernardo gritou e correu para perto de mim. Clara mirou a pistola e espalhou o sangue nos vidros do Lincoln blindado. O barulho atrairia outros, era só questão de tempo.

– Temos que sair daqui – falei – Nosso cheiro irá atrair mais deles.

Todos pensaram por um momento e ficaram paralisados.

– Não temos um motorista – comentou Júnior.

Bruno se adiantou.

– Eu tive algumas aulas na autoescola – respondeu – Posso dirigir.

Clara fitou Bruno com surpresa.

– Você só tem dezesseis anos! – comentou.

Ele deu de ombros. Júnior se aproximou a irmã.

– É o melhor que temos – afirmou – Vamos!

Bruno e Pedro sentaram nos bancos da frente enquanto nós ocupávamos os seis lugares restantes do espaçoso carro. Bruno puxou a marcha para trás e o Lincoln deslizou pelo buraco de ré, saindo para a rua. O Sol ainda não havia levantado, mas o céu já estava claro o suficiente para enxergar o caminho. A cidade parecia que nunca mais acordaria.

– Como você se arranhou?! – perguntou Clara limpando o rosto de Pedro – Não foi um mordedor?! Foi?!

Pedro deu um sorriso.

– Não – respondeu – Estávamos todos sentados atrás da porta de vidro. Quando a multidão escutou o barulho, vieram todos para o mesmo lado. Os cacos atingiram a mim e ao Bernardo.

Virei-me para Bernardo, mas ele estava cochilando no irmão.

– Olha, – disse Gabriel – Eu sei o que ele fez...

Clara fitou Gabriel com raiva.

– Ele me salvou – respondeu com frieza – Só isso.

Gabriel levantou os braços em um sinal de rendição.

– Mesmo assim – continuou – acho que...

Clara revirou os olhos.

– Acha o quê?! – repetiu.

– Não vou deixa-lo usar mais a arma – completou Gabriel.

Pedro se virou para olhá-lo.

– Acho que devia pensar melhor nisso, cara – disse – Eu sei que nenhum de nós pode de dizer o que fazer, mas ele precisa de proteção.

Gabriel ficou ofendido.

– Ele terá a mim – argumentou – Terá a nós!

– Não ficaremos para sempre com ele – falei.

Gabriel me fitou com surpresa. Ele sabia que eu sempre vencia.

– Tem razão – murmurou ele – Vou devolver o revólver que ele quer.

Gabriel me pareceu novamente aquele menino que acreditava em tudo da escola.

Felipe acordou com um sobressalto.

– Hã... Quê... – balbuciou – Onde estou?

Júnior e Júlia abafaram as risadas.

– Estamos em Copacabana – respondeu Bruno – O antigo bairro da Zona Rica.

Felipe olhou em volta.

– Onde está Silas? – perguntou – E aquele cara militar?

Fitei meus pés no escuro.

– Os dois faleceram – respondeu Bruno. Apenas faleceram.

O carro parou fumegando na rua. Do outro lado via-se a enseada da praia de Copacabana. Alguns mordedores andavam pela areia vestindo trajes de banho e biquínis apertados. Pareciam estar desfrutando de uma bizarra viagem de férias.

– Droga! – praguejou Bruno – Acabou a gasolina!

Abri a porta do Lincoln.

– Tem um caminhão ali – apontei – Deve ter sido abandonado com o tanque cheio.

Bruno concordou com a cabeça.

– Eu também vou – disse Clara.

Júnior se precipitou.

– Se você vai – disse ele barrando a irmã – Eu também vou!

Clara o fuzilou com o olhar.

– Não preciso de anjo da guarda! – caçoou ela.

– Não posso te impedir! – continuou ele – Mas não posso te deixar sozinha!

Ela murmurou um “tanto faz” e seguiu pela rua. Júnior fez sinal para mim e juntos, acompanhamos Clara pelo asfalto. Ela parecia estar mais decidida e raivosa depois do tapa que levara. Aquilo funcionou como um símbolo de que ela era uma garota, e garotas ficavam abaixo dos garotos no índice de sobrevivência. O que ela estava tentando provar era que sabia se defender, mesmo que Silas tenha provado o contrário.

Decidir ter em minha mente a visão do Silas como maluco. Aquela forma que ele assumiu depois da morte de Jannette expôs a todos de uma forma diferente. Fragilizou Bruno e Pedro com as mortes recentes, colocou Clara em uma crise de existência e traumatizou Bernardo colocando o menino em estado de choque.

O Sol já brilhava entre os prédios quando finalmente voltamos ao carro. Clara havia pego alguns galões de água de um caminhão e enchido de gasolina fedida. Sozinha, resolveu todos os problemas relacionados ao tapa de Silas. Para mim, provara ser tão forte quanto à maioria dos outros sobreviventes. Os outros haviam saído do carro e fitavam um prédio com sorriso abobalhado.

– Pessoal – disse Bruno olhando o prédio – Acho que merecemos algum luxo.

Ao longe, ainda dava para ver as luxuosas camas abandonadas do Copacabana Palace.


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Notas finais do capítulo

Comentários;Recomendações;Favoritos

Fazem bem ao coração do autor e não faz cair o dedo!

Sr. Weasley



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