The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene
Notas iniciais do capítulo
Este capítulo é um pouco lento; não há cenas de ação como o anterior, mas é necessário para o desenvolver da história.
Espero que Gostem!!!
Ninguém falava. Ninguém se mexia. Todos os integrantes do grupo formulavam seu próprio sentimento em relação à perda. Lutavam silenciosamente contra as duas visões que tinham de Silas. O louco psicopata e o homem que nos tirara vivos da escola. Nenhum de nós falava. O som dos corações batendo era a única coisa audível tirando o rosnado dos mordedores trazidos pelo vento.
– Devemos finaliza-lo. – falei.
Todos os outros me olharam. Nenhum deles se atreveu a fazer um único som. Ainda formulavam se aquilo diante deles era algo bom ou ruim.
– Eu faço – informou Clara.
Nenhuma objeção foi ouvida. Ela levantou o braço com se estivesse carregando meia tonelada e mirou o cano na testa do corpo. Depois de tanto silêncio, o tiro soou como uma bomba explodindo. Bernardo se ajoelhou e tampou os ouvidos. Lágrimas escorriam pelo rosto machucado do menino.
– Foi minha culpa... Foi minha culpa – murmurava ele – Eu matei o tio Silas...
Gabriel me olhou como se perguntasse: O que eu faço?!
– Não foi sua culpa – tranquilizou Gabriel – Ele estava lelé...
Júnior deixou escapar uma risada triste.
– Foi minha culpa – falei para Bernardo.
Ele me fitou com os olhos cinzentos. Estava em choque.
– Mas eu ajudei – continuou ele.
Clara se ajoelhou do meu lado.
– Ele me bateu – disse ela com a voz meiga – E você apenas me protegeu. Obrigada.
Bernardo concordou com a cabeça e ficou calado.
– Para onde vamos agora?! – perguntou Júlia em um canto – Não podemos voltar ao prédio e nem à escola.
Pedro se adiantou.
– Temos que decidir rapidamente – disse – Felipe está perdendo muito sangue.
Houve um silêncio geral.
– Teatro Municipal – sugeriu Bruno.
Gabriel se levantou.
– Tem o mesmo estilo daqui – respondeu – Não vai aguentar uma invasão.
– Forte de Copacabana - citou Júnior.
– Não há para onde escapar se formos encurralados – respondi.
– Algum shopping – sugeriu Clara.
Gabriel balançou a cabeça.
– São muitas portas e nenhuma proteção – disse – Seremos alvo fácil.
Um mordedor avançou pelo rompo feito pelo carro. Bernardo gritou e correu para perto de mim. Clara mirou a pistola e espalhou o sangue nos vidros do Lincoln blindado. O barulho atrairia outros, era só questão de tempo.
– Temos que sair daqui – falei – Nosso cheiro irá atrair mais deles.
Todos pensaram por um momento e ficaram paralisados.
– Não temos um motorista – comentou Júnior.
Bruno se adiantou.
– Eu tive algumas aulas na autoescola – respondeu – Posso dirigir.
Clara fitou Bruno com surpresa.
– Você só tem dezesseis anos! – comentou.
Ele deu de ombros. Júnior se aproximou a irmã.
– É o melhor que temos – afirmou – Vamos!
Bruno e Pedro sentaram nos bancos da frente enquanto nós ocupávamos os seis lugares restantes do espaçoso carro. Bruno puxou a marcha para trás e o Lincoln deslizou pelo buraco de ré, saindo para a rua. O Sol ainda não havia levantado, mas o céu já estava claro o suficiente para enxergar o caminho. A cidade parecia que nunca mais acordaria.
– Como você se arranhou?! – perguntou Clara limpando o rosto de Pedro – Não foi um mordedor?! Foi?!
Pedro deu um sorriso.
– Não – respondeu – Estávamos todos sentados atrás da porta de vidro. Quando a multidão escutou o barulho, vieram todos para o mesmo lado. Os cacos atingiram a mim e ao Bernardo.
Virei-me para Bernardo, mas ele estava cochilando no irmão.
– Olha, – disse Gabriel – Eu sei o que ele fez...
Clara fitou Gabriel com raiva.
– Ele me salvou – respondeu com frieza – Só isso.
Gabriel levantou os braços em um sinal de rendição.
– Mesmo assim – continuou – acho que...
Clara revirou os olhos.
– Acha o quê?! – repetiu.
– Não vou deixa-lo usar mais a arma – completou Gabriel.
Pedro se virou para olhá-lo.
– Acho que devia pensar melhor nisso, cara – disse – Eu sei que nenhum de nós pode de dizer o que fazer, mas ele precisa de proteção.
Gabriel ficou ofendido.
– Ele terá a mim – argumentou – Terá a nós!
– Não ficaremos para sempre com ele – falei.
Gabriel me fitou com surpresa. Ele sabia que eu sempre vencia.
– Tem razão – murmurou ele – Vou devolver o revólver que ele quer.
Gabriel me pareceu novamente aquele menino que acreditava em tudo da escola.
Felipe acordou com um sobressalto.
– Hã... Quê... – balbuciou – Onde estou?
Júnior e Júlia abafaram as risadas.
– Estamos em Copacabana – respondeu Bruno – O antigo bairro da Zona Rica.
Felipe olhou em volta.
– Onde está Silas? – perguntou – E aquele cara militar?
Fitei meus pés no escuro.
– Os dois faleceram – respondeu Bruno. Apenas faleceram.
O carro parou fumegando na rua. Do outro lado via-se a enseada da praia de Copacabana. Alguns mordedores andavam pela areia vestindo trajes de banho e biquínis apertados. Pareciam estar desfrutando de uma bizarra viagem de férias.
– Droga! – praguejou Bruno – Acabou a gasolina!
Abri a porta do Lincoln.
– Tem um caminhão ali – apontei – Deve ter sido abandonado com o tanque cheio.
Bruno concordou com a cabeça.
– Eu também vou – disse Clara.
Júnior se precipitou.
– Se você vai – disse ele barrando a irmã – Eu também vou!
Clara o fuzilou com o olhar.
– Não preciso de anjo da guarda! – caçoou ela.
– Não posso te impedir! – continuou ele – Mas não posso te deixar sozinha!
Ela murmurou um “tanto faz” e seguiu pela rua. Júnior fez sinal para mim e juntos, acompanhamos Clara pelo asfalto. Ela parecia estar mais decidida e raivosa depois do tapa que levara. Aquilo funcionou como um símbolo de que ela era uma garota, e garotas ficavam abaixo dos garotos no índice de sobrevivência. O que ela estava tentando provar era que sabia se defender, mesmo que Silas tenha provado o contrário.
Decidir ter em minha mente a visão do Silas como maluco. Aquela forma que ele assumiu depois da morte de Jannette expôs a todos de uma forma diferente. Fragilizou Bruno e Pedro com as mortes recentes, colocou Clara em uma crise de existência e traumatizou Bernardo colocando o menino em estado de choque.
O Sol já brilhava entre os prédios quando finalmente voltamos ao carro. Clara havia pego alguns galões de água de um caminhão e enchido de gasolina fedida. Sozinha, resolveu todos os problemas relacionados ao tapa de Silas. Para mim, provara ser tão forte quanto à maioria dos outros sobreviventes. Os outros haviam saído do carro e fitavam um prédio com sorriso abobalhado.
– Pessoal – disse Bruno olhando o prédio – Acho que merecemos algum luxo.
Ao longe, ainda dava para ver as luxuosas camas abandonadas do Copacabana Palace.
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Comentários;Recomendações;Favoritos
Fazem bem ao coração do autor e não faz cair o dedo!
Sr. Weasley