For the Last Time escrita por Killer Q


Capítulo 1
O pesadelo se manifesta


Notas iniciais do capítulo

Personagens escolhidos:
Kyle Hyde
Rachel
Mila Evans
Jeff Angel
Brian Bradley



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PARTE I

Se ele te desse a verdade, ela lhe manteria vivo?

Há anos em busca da resposta certa e com a consciência de que estava trilhando pelo caminho errado.

As sombras conhecidas fecharam o cerco. Não há mais onde se esconderem.

Ele gira rosto lentamente para o vulto às margens do píer.

E se a verdade estivesse o tempo todo bem à sua frente? Era essa a suspeita que o mantinha vivo? O tempo todo ele estava ali, só não deu ouvidos ao que nunca quis acreditar.

O outro continuava às margens sem demonstrar sua feição. Apenas suas costas largas por baixo de um longo casaco preto iluminado pela lua, davam dicas de sua existência.

Finalmente se aproxima do tal homem misterioso. Seu silêncio pétreo fazia o coração daquele que estava agora de frente para a verdade, saltar de seu corpo.

Os olhos fitavam os arranha céus de Nova York. Em plena madrugada as luzes cintilavam, mas por que raios não iluminavam a identidade deste homem?!

Em questão de instantes, o homem de costas largas e feição escondida pela escuridão, vira seu rosto lateralmente, apenas o rosto, sem qualquer movimento dos ombros.

Sua identidade é revelada.

As centenas de duvidas que antes mantinha, resumiram-se em apenas uma.

Por quê?

Seu impulso foi maior, a vontade eclodiu, sua cabeça mais do que confusa junto à visão toldada pelas lágrimas... E o dedo posicionado no frio e oleoso gatilho.

O coração parecia se fechar em um punho até ser esmagado, o ódio, a incerteza...

Por quê?!

O silêncio, contínuo, frio, manipulado que lhe invadia, e a verdade que sempre desejou, mas que nunca suspeitou. Seu instinto de detetive nunca lhe prepara para aquilo.

Como fora acontecer? Como nunca imaginara?

Finalmente o som ecoado e o baque seco da bala que atravessara o peito de seu pesadelo, sua procura, sua realidade... Seu melhor amigo.

Os pingos d’ água pularam sobre a madeira do píer, o corpo atingira o mar e uma vida inteira veio à tona como uma mentira.

Por quê?! POR QUÊ?!

-Kyle! – Uma voz familiar interrompera mais um de seus pesadelos, ou melhor, mais uma de suas lembranças. A voz doce e centrada que atendia todos os dias as ligações frenéticas de Red Crown, e que podia reconhecer em qualquer lugar, agora soava em tons de preocupação.Talvez não tanta como a das primeiras noites em que seus gritos durante o sono a faziam saltar da cama assustada.

Desde que seus encontros começaram a ser mais frequentes, ele já não podia disfarçar que sempre teve algo errado em si. Não podia mais evitar esconder seu pesadelo dela.

As mãos delicadas da moça passavam suavemente sobre os ombros dele e em alguns momentos passando os dedos por trás do cabelo curto e cor de avelã.

O rádio relógio anunciava ser ainda quatro horas e trinta e cinco minutos da manhã.

Já se passara três meses desde que “saíra” de Red Crown. Arranjara o mesmo emprego em outra empresa. Ganhava praticamente a mesma quantia do salário, e sem dúvida, o fato de trabalhar para a sua antiga concorrente, não o abalava nem um pouco.

Recostou novamente a cabeça no travesseiro ainda sem fechar os olhos.

Nesse mesmo instante ouviram-se as batidas na porta.

Três rápidas e violentas batidas.

Kyle se levantou rapidamente e seguiu para a porta sem fazer ruídos.

Não era preciso ser detetive para saber que batidas na porta em plena madrugada, não podia ser coisa boa.

-Fique aqui. –sussurrou apontado para que ela ficasse atrás do balcão.

Deu mais dois passos até chegar à porta e então sem demora, a fim de surpreender quem quer que fosse do outro lado, girou a maçaneta o mais rápido que pôde, e assim que a porta abriu projetou o corpo para frente.

Um grito fino e abafado ecoou pelo corredor. As mãos fortes de Kyle seguraram os frágeis ombros de alguém que batia na altura de seu peito.

Seus olhos conseguiram penetrar nos dela mesmo na escuridão.

-Mila?

Seus dedos relaxaram, mas suas mãos ainda permaneceram nos braços dela.

O ruído ecoado, acordara o casal Perkens, que apesar da idade avançada, a apurada audição ainda era a melhor característica de ambos.

A porta da frente de número duzentos e um abrira repentinamente. A velho senhor –que já era reconhecido em todo o Caper West por sua paciência e tolerância extremamente limitadas- se posicionou frente à porta, junto a sua mulher.

-Mas o que diabos está acontec... – seu olhar se fixou na porta vizinha, na imagem de Kyle utilizando apenas sua calça xadrez do pijama, segurando os braços de uma garota e atrás do homem, uma mulher que vestia apenas uma camisa social branca que vinha pouco acima da dos joelhos, com os cabelos loiros escorridos por cima dela.

Uma imagem que lhe era pouco tradicional e que a seu ver não continha sinais de respeito por quem quer que fosse.

Observando a feição de completa desaprovação do velho casal –não que isso o incomodasse, muito pelo contrário, mas a última coisa que queria eram mais problemas sobre reclamações noturnas com Margaret-, ele solta as mãos dos ombros de Mila e pousa apenas a mão esquerda em suas costas, empurrando-a levemente para dentro da casa.

-Está tudo bem Mr. Perkens... –limpou a garganta- Pode voltar a dormir.

Não se preocupou em forçar um sorriso (nunca se preocupava) e então entrou novamente.

Mila pausou do lado de dentro do pequeno apartamento de dois cômodos. Seus olhos estavam marejados e sua pele era mais pálida do que nunca.

Sentou-se no sofá de dois lugares próximo à janela. Suas mãos estavam contraídas pousadas em seus joelhos.

Não pareceu se importar muito com a presença de Rachel –nem na maneira como estava vestida. Trocaram rápidos olhares, e a presença de curiosidade vinha da mulher que vestia apenas uma camisa.

Kyle pegara rapidamente uma camiseta cinza que estava jogada por cima da cadeira e vestiu-a.

-O que aconteceu? –sua voz soava preocupação naquele momento.

Desde seu último encontro, não tivera noticias dela. Apenas uma vez que ligara para sua casa em Seattle Washington e sua colega de quarto atendera. Dissera que Mila havia partido em uma viajem e não tinha noticias de seu retorno.

Sentou-se ao lado. Ele retirara uma mexa do cabelo loiro e liso que estava caído sobre os olhos dela.

Não importasse quanto tempo se passasse uma parte dele ainda senti-se ligado a ela. Algo que não podia explicar.

Nem mesmo para Rachel, que agora os observava do canto do balcão e sentia sua curiosidade dando lugar à outro sentimento.

Finalmente a garota cabisbaixa e feição de profundo medo, ergueu a cabeça e olhou de forma profunda para Kyle.

-E-Está acontecendo... De novo... –engoliu seco.

Kyle a olhou por alguns instantes com uma centelha de duvida.

Ela retirou um pequeno envelope de sua bolsa lateral e pousou no colo dele.

Abriu o envelope que continha letras recortadas de alguma revista.

“Não sei se as pessoas pensam que pra você, tudo acabou. Mas eu sim, sei o que passa nessa sua cabeça... Te conheço muito bem... Ah, você sabe disso.

Aposto que não pretende desistir, nunca pensou em desistir.

Bem, acho que te fazer perder as noites de sono e ver você fingir pra todo mundo que está tudo bem... É. Isso está sendo muito reconfortante...

Acho que já está na hora te dar o que você quer. Claro que sim...

Mas antes quero ver sua cabeça explodir, eu quero ver você perder a sanidade (ou talvez o pouco que resta, não é?)

Há essa hora a sua garotinha deve estar choramingando pra você tudo que ela “acha” que sabe...

Mas VOCÊ sabe como acabar com tudo isso. Sabe como conseguir a verdade e como colocar fim nessa história.

E tenho certeza que sabe em que lugar começar...

(diga a Rachel que ela deixou a porta do carro aberta.) “

Sua mão se contraiu amassando a lateral da carta. Saltou do sofá sem dizer uma palavra e correu em disparada pela porta.

Seus pés descalços passaram pelo piso frio do hall até chegarem ao asfalto morno.

Parou no meio da rua vazia e deserta onde os carros ficavam estacionados.

Mila chegou poucos segundos depois e parou ao seu lado.

-Dunning está... Morto...

Kyle ainda com carta em suas mãos fechou o punho.

Ele realmente sabia por onde tinha que começar


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