Você Pertence a Mim escrita por Katherslyn


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Sobre esse capítulo : você devia ter dito não, baby

Ps : leiam as notas finais depois



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"Você devia ter dito "não", ido pra casa
Devia ter pensado duas vezes antes de botar tudo a perder
Devia ter recusado, mas o que fez com ela
Chegou aos meus ouvidos
Eu devia ter estado nos seus pensamentos"

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Mais algumas semanas se passaram, e eu estava ficando entediada. Tia Guida agora só aparecia a cada 15 dias por questão de logística, segundo ela eu passei no teste e tenho responsabilidade o suficiente pra me virar sozinha. Não tinha certeza sobre o que pensar. Eu era independente desde pequena, sem meus pais eu tive que aprender a me cuidar. E estava sentindo que perdia minha tia umcada vez mais, e não sabia se isso era bom.

Marcus ainda parecia constrangido de ficar perto de mim. Era um "oi" e um "tchaw" ocasionalmente, e alguns olhares trocados que diziam "estou desconfortável com isso".

A minha vida toda eu me dediquei aos estudos, e não deixaria nada me atrapalhar, muito menos um garoto. Quando eu era mais nova, eu via garotas falando de festas e namorados e todas essas besteiras. Jurei nunca ser uma dessas cabeças de vento. Eu iria em frente.

Eu sabia que Marcus e Ângela estavam saindo, e eu agradecia internamente por nunca ter presenciado nada demais dos dois.

O único lugar que eu os via era na escola. Como quando fui entregar as provas de quem não tinha terminado ao Ricardo, meu professor de biologia. Vi os dois rindo perto do bebedouro, mas assim que me viu, Marcus se afastou dela e ficou me encarando. Dei um sorriso a ee, ignorei o olhar desafiador dela e continuei andando.

Era quase como se ele entendesse como aquilo doía em mim. Não ia negar, algumas vezes eu sentia vontade de deixar cair algumas lágrimas. Mas nada, nada me derrubaria. Era melhor assim, no fim das contas. Ele foi um fraco, trocou os livros por bebidas.

Eu soube que ele tinha se candidatado para entrar no time de futebol da escola. Trocou a biblioteca por uma bola.

E Daisy, Daisy era minha distração não opcional. Eu lia sobre blocos econômicos e ela me contava de um capítulo novo de alguma novela. Eu assistia sobre a independência americana e ela me falava de moda. Era bom ter aquela abelhida zumbindo no meu cérebro, faltava pouco pra me acostumar com aquela companhia que me foi imposta.

Então, a coisa mais triste que eu via sobre o fim de Marcus e eu era as nossas janelas. Era quase como um acordo : só abro a minha se a sua estiver fechada.

Eu sentia falta dessa nossa comunicação. Sentia falta das maratonas de filmes e séries, e das piadas e das referências. Por que raios ele estava saindo com a Ângela?

Eu contei a ele o quanto detestava ela. Contei da vez em que ela cuspiu num copo de refrigerante meu, da vez que ela prendeu meu sutiã na antena da escola e até da vez em que ela colocou catchup na minha cadeira e saiu dizendo que a mancha na minha calça era... Ah. Eu detestava lembrar dessas coisas.

Aquela garota tinha sido o motivo de eu ter me trancado no quarto e chorado até dormir por anos. Ela me colocava pra baixo dia após dia e me humilhava. Ângela podia ter parado de pegar pesado, porém, aquilo tudo nunca saiu de mim.

Eu ainda tinha vergonha de sair na rua de shorts porque ela fez todo mundo debochar das minhas pernas e rir da forma que eu andava. Que tipo de amigo namora com a garota que te destruiu?

E que tipo de cara te troca sem mais nem menos, sem pensar nos seus sentimentos? Eu tinha abrido meu coração pra ele e me quebrei. O que houve com a gente?

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Eu sabia que ela ou alguém do seu grupinho tinha feito uma vítima. Quando você andava pelos corredores da escola e via todo mundo cochichando, era porque uma pobre alma caiu em uma cilada da Ângela. Eu sabia bem disso, já que eu era a vítima favorita dela até recentemente.

Eu geralmente procurava pela pessoa que havia sofrido bullyng pra ajudá-la. Eu sabia como era ser a isca da vez, por isso, sempre que alguém era usado por ela eu ia até essa pessoa consolá-la. Mas essa foi a primeira vez que não tive coragem de ir

– Pois é, fiquei sabendo que ela perguntou se ele queria e ele disse sim.

Não demorou muito pra eu entender sobre o que estavam falando.

– Eu não queria te contar, mas você vai acabar sabendo mesmo. A Ângela pediu o Marcus em namoro e ele disse sim, e isso significa que ele é propriedade dela agora. E tem essa garota, May. Ela é asiática, até onde eu sei, e entrou recentemente na escola. May eo Marcus foram vistos juntinhos, e sabe como a Ângela é. As duas tinham aula de física no 4° tempo na mesma sala. A Ângela se sentou atrás dela, como era de se esperar. O cabelo dessa May é enorme e estava preso num rabo de cavalo. A recalcada pegou a tesoura e cortou tudo.

Uma das vantagens de ter uma pessoa fofoqueira ao seu lado, é que ela sempre sabe de tudo. Eu não estava afim de ajudar a garota, confesso. Não queria me envolver com nada mais que tivesse o Marcus, e a ironia é que no final das contas, ele que me convenceu a ir.

Era o fim do período de aulas, e enquanto eu guardava os livros no armário ele apareceu.

Por um momento, meu coração acelerou e eu fiquei sem fala. Respirei fundo, tentando não demonstrar o efeito que ele tinha sobre mim. Aposto que falhei miseravelmente.

Marcus tinha as mãos no bolso da calça, usava lentes de contato. Desde quando tinha parado de usar os óculos que davam tanto charme a ele?

– Não ta usando óculos. - eu disse, meio que sem querer. Foi um pensamento que saiu em voz alta.

– Não. O treinador disse que seria melhor eu me acostumar com lentes. - ele respondeu, sem olhar nos meus olhos.

– Hum... Certo. - eu segurava o resto dos livros que faltava guardar com força, o nervosismo era muito alto. - Você veio falar comigo?

– Ah, eu vim sim. É sobre uma garota nova, a Melinda. Conhece ela?

– May? Ouvi falar. - respondi enquanto terminava de guardar meus livros e fechava o armário. - O que tem ela?

– Uma vez você me disse que gostava de ajudar pessoas, principalmente vítimas da Ângela. - ele falou, em tom de acusação. - Essa garota precisa de uma amiga, por que não foi até ela?

Naquele momento, eu senti vontade de empurrá-lo. Eu era uma pessoa quieta e geralmente tímida, não falava mais que o necessário. Mas andava muito irritada nos últimos dias. Quem ele era pra dizer aquilo pra mim?

– Eu não tenho nada haver com esse assunto. - eu disse, ríspida demais e me arrependi.

Nos encaramos, e aquele silêncio que estava virando rotina entre nós não foi tão constrangedor. E pela primeira vez, não senti necessidade de ser a primeira a desviar os olhos.

– Eu só estava mostrando a escola pra ela, tentando socializar. Sei como é difícil chegar em um lugar novo e se sentir perdido.

Quase me senti culpada. Ele parecia tão arrependido, tão sincero. Mas uma coisa presa na minha garganta quis sair, e quando me dei conta, eu estava colocando pra fora.

– Ela é má. Como você pode ficar com alguém como ela? - eu o acusei, e me senti chocada com essa minha reação. Ele também.

– Alguém precisava segurar ela. Pensei que fosse dar conta. - ele respondeu, dando de ombros.

– Se arrependeu? - eu perguntei.

Outra "primeira vez", eu estava conhecendo a fundo o termo "lavando roupa suja". Daisy ficaria orgulhosa.

– Eu realmente não gostei do que ela fez com a May, vi essa garota chorar. Parece que na cultura dela, cortar o cabelo é mal presságio. Se eu soubesse que Ângela era assim, eu nunca...

– Mas você ainda ta com ela. - eu sussurrei, triste.

Marcus passou as mãos na cabeça, parecia nervoso e perdido. Ele deu um passo na minha direção, e eu me afastei.

– Não fica muito perto. - eu pedi.

– Eu termino com ela agora, Taylor. Eu ligo pra ela agora e coloco um ponto final, e a gente volta a ser o que era antes. Eu e você, Taylor. Se você voltar pra mim...

– Eu chorei, Marcus. Naquela noite. - eu disse, me virando. Eu só queria sair dali o mais rápido possível. Como ele tinha a coragem de fazer isso comigo? - E só pra que você fique sabendo, nós poderíamos ter sido algo grande. Só que você disse sim pra ela, droga. Vá a merda.

Passei pelos corredores e me dirigi até a saída, pronta pra pegar o ônibus. O que eu tinha acabado de fazer? Eu não tinha certeza. Eu estava surpresa, ele provavelmente estava.

Dei um sorriso sincero pela primeira vez em tanto tempo. Não via a hora de contar pra Daisy. Só que ele tinha razão, eu devia ter dado uma mão amiga ora Melinda. Então voltei pra escola e fui procurar por ela.


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Notas finais do capítulo

Galera, a fic não será mais postado em dias de terça, ta? Será no sábado. Terça agora vai pra Garota Imperfeita, minha outra fic



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