Se Tudo Fosse Diferente escrita por Sad Mermaid


Capítulo 1
O trauma. O beijo.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, estou tentando fazer a narrativa o mais parecida com a Morte possível. Capítulo temporariamente único. Leiam as notas finais.



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A menina que roubava livros escrevia sobre sua vida, que eu considerava uma vida nada fácil, e talvez até injusta, se é que eu mesma poderia me dar ao luxo de dizer isso, já que a maioria das injustiças na vida de Liesel foi minha culpa.

Uma coisa que eu admirava nessa menina, é que apesar de tudo, apesar de todas as injustiças que eu cometi contra ela (a começar por seu irmão, Werner), ela nunca desistiu, nunca se esqueceu que ainda estava viva. Ela sempre tinha um motivo para lembrar. Nunca se quer pensou em me chamar.

Logo ali, naquele porão, onde tinha todas as suas lembranças com Max, o qual eu ainda não tivera em meus próprios braços. Um judeu de coragem, aquele. Mas prestar atenção nele me levaria tempo, e na atual situação em que nos encontramos, estou trabalhando demais para oFührer.

Liesel sentiu o primeiro tremor. Pude ler seus pensamentos, serenos, mas ao mesmo tempo em um certo desespero.

Uma coisa sobre mim:

Cansei de tentar entender os humanos

Não teve avisos, não poderia ser um bombardeio. Eles avisariam, não avisariam?

Os pensamentos de Liesel foram para Hans. Ele estava lá em cima, não poderia saber o que estava acontecendo. Depois, foram para Rudy. AqueleSaukerl.

Sobre Liesel:

Ela amava Rudy

Estava difícil até para mim, acompanhar os pensamentos da ladra de livros. Estavam muito rápidos, pensando em muita gente. Até Tommy Müller.

Continuou escrevendo. Tremor. O teto balança. Mais pensamentos. Talvez o momento mais angustiante da vida de Liesel Meminger, sem entender nada, e querendo saber o que estava acontecendo lá em cima.

Um tremor mais forte. Curiosidade humana.

Por um instante, Liesel vê as coisas em câmera lenta. Com a maioria dos humanos é assim, eles começam a ver as coisas em câmera lenta. O que pra mim não é uma coisa normal, já que quando busco suas almas estou no tempo normal. Quer dizer, no tempo que é normal a Morte estar.

Então o teto desaba. Liesel fecha os olhos, e tem tempo de ter um último pensamento.

Cabelos da cor de limões.

Rudy realmente pensava que tinha morrido. Ele tinha seus sonhos, enquanto dormia. Eu os lia, os sonhos dele, que basicamente se resumiam em Jesse Owens, futebol, e Liesel. Ah, Liesel! Como ela estava agora?

Acordou com o barulho das bombas, ainda ao longe, mas cada vez chegando mais perto. Rudy se encolheu, esperando que eu viesse até ele.

Tive vontade de dizer:

Não é agora, Rudy

Abriu os olhos. Estava vivo? Mas como assim? Será que todos de sua família também viver...?

Então ele vê os corpos dos irmãos.

Em meio aos entulhos, a céu aberto.

A Rua Himmel completamente destruída.

O menino Steiner perdera sua família toda. Sua única esperança era que seu pai voltasse da guerra.

Bem, quase a família toda

- Liesel! Liesel! - se levantou com esforço, e continuou procurando - Liesel!Saumensch!

Então ele a vê, no chão.

Se aproxima da menina que roubava livros.

- Saumensch! Você está viva!

-Saukerl. Você... você está bem.

- Estou. E você também.

Liesel tosse, e lembra de seu irmão.

- Rudy... Meus pais... pode, vê-los?

- Claro,Saumensch. Não saia daqui.

Rudy foi procurar Hans e Rosa Hubermann. Não foi uma coisa legal tê-los visto.

Seus corpos, um do lado do outro, imóveis e gelados.

Eu já tinha pego a alma deles.

Como vou dizer isso à Liesel? O menino pensava. Tinha que ter um jeito. Ele voltou para o local que estava a menina.

- Liesel...

Ele não a chamou deSaumensch. Ela percebeu. Chorou.

O corpo de Liesel Meminger ficou pálido. Ela tossia, assim como Werner.

- Saumensch, por favor, fica! - Rudy estava chorando. Liesel era a única pessoa no mundo para ele.

Ele a amava.

- Liesel! Não, Liesel!

-Saukerl. Eu lhe...

- Liesel, eu te amo. Eu te amo,Saumensch.

- Eu lhe devo um beijo, Rudy. - Liesel conseguiu falar, e Rudy ficou atordoado um instante. Então se aproximou e juntou seus lábios com os da menina.

E ficou um tempo assim. Esperou isso por anos, sempre gostou dela, sempre a amou, na verdade.

- Eu também te amo,Saukerl.

- Então fica aqui. Alguém! Ajuda aqui!

Nessa hora, pela primeira vez, eu dei uma ajuda. Cheguei perto da pessoa mais próxima do local. Acho que só a minha presença assusta um pouco os humanos. O nazista logo foi na direção em que se encontrava oSaukerle aSaumensch.

Receberam os devidos cuidados que se podia receber em meio ao desespero.

E eu posso falar:

Eu não vi as almas deles.

Não naquele dia. Na verdade, foi muitos anos depois. Mas isso não vem ao caso.

Os dois ficaram, ali. Sentados nos entulhos do que era a Rua Himmel.

ASaumensch, e oSaukerl.

A menina que roubava livros, e o menino do cabelo da cor de limões.


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Notas finais do capítulo

Apenas este capítulo. Se voces comentarem, eu faço um epilogo!!!!!!!! Comentem, por favor!!!!!!