Fuckin'Perfect escrita por Anny Taisho


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo



Olá pessoas, aqui estou eu como um Linzin para minha mokona favorita Jeen!!! Eu não sei se consegui escrever dentro do tema que ela me pediu, mas se não, acho que posso tentar outra vez. Eu tinha um plano para essa fic, mas bem no meio ela criou vida e terminou assim como vocês verão. Uma boa leitura a todos!

Boa leitura!







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FuckingPerfect

Porque grandes amores não morrem, apenas se transformam.

Capítulo Único

Os sons da cidade ficavam do lado de fora dos muros da mansão Beifong, provavelmente esse foi um dos motivos que levou sua idealizadora Toph a construí-la daquela maneira. Já fazia quase dez anos que não punha os pés ali, não que desgostasse do lugar onde cresceu e viu até ter idade para morar sozinha, só o achava ostentoso demais. Sorriu lembrando-se da mãe. Ela gostava de grandiosidade.

O silêncio denunciava que os dois criados que ali mantinha para cuidar do lugar já haviam ido. Suspirou e foi caminhando pelo assoalho de madeira até o quarto que pertenceu a sua mãe. Ao deslizar a porta Lin deu-se conta que dentro daquelas paredes o tempo não parecia ter passado. Não mudou nada no lugar após a morte de Toph. Abriu um dos armários e pegou um dos roupões verdes que a mãe usava quando estava em casa sem fazer nada... Lembrava-semuito bem deles e de sua textura pois ela usava muito quando era pequena.

Tomou um banho relaxante na banheira de pedras, depois seguiu para a cozinha onde fez chá. Levou a bandeja até o centro do jardim de pedras e sentou-se sobre a luz do luar. Serviu-se tranquilamente e ficou ali em silêncio aproveitando a calmaria que não tinha nunca comandando a academia e a polícia de dobra.

Não era como se não gostasse dessa vida, mas às vezes, gostaria de ter algo além de um apartamento vazio ao voltar para casa. Aproveitou seu bom chá e abriu os olhos depressa ao sentir uma vibração surgir do nada. Antes que começasse a dobrar a terra que a rodeava sentiu uma mão quente cair sobre seu ombro:

- Desculpe assustá-la, Lin, mas não creio que abriria para mim.

A única coisa que um earthbender não pode ver com sua dobra é um airbender se movendo usando sua dobra.

- Tenzin. – disse sem expressão –

- Quando passei pelo seu apartamento e não a achei, imaginei que estivesse aqui.

- E por que me procurava? – indagou levando sua xícara de chá –

- Hoje é 28 de março, seu aniversário, não podia deixar de visita-la agora que reatamos nossa amizade.

- Essa coisa de aniversário é para os jovens, Tenzin, não comemoro mais um ano que passou. O tempo é ingrato, não importa quão bem esteja.

- Pois eu acho que deveria comemorar muito, lembra-se de como Toph sempre comemorava com grandes festas? – sorriu – Ou em bares bebendo com você?

- Minha mãe gostava de tudo grandioso... – um sorriso escapou dos lábios dela – Mas isso foi em outro tempo.

- Lin... – colocou a mão em seu ombro novamente – Por favor, vamos jantar em algum lugar, talvez seu restaurante favorito? Ou qualquer outro...

- Não sente vergonha de ser casado e estar chamando outra mulher para sair? – soltou calmamente tentando se livrar dele –

O monge fechou os olhos e suspirou.

- Lin, por favor, hoje não. Hoje é o dia mais importante da sua vida e não me diga que não é. Se não quer aproveitá-lo por você, aproveite por sua mãe, sabe que ela achava esse o mais importante dia do mundo. O dia em que ela deu a luz a pessoa que mais amou. Você deixa sempre clara sua opinião sobre nossa proximidade, mas apenas por hoje, esqueça isso. Não estou aqui para lhe fazer nenhuma proposta indecente, diga, deve haver algo que queira fazer.

A mulher Beifong olhou nos profundos olhos azuis de Tenzin, decidindo se o colocaria para fora dali a base de dobras ou aceitaria seu pedido. Com certeza aquela era uma noite nostálgica. Fechou os olhos e suspirou. Não era como se estivessem fazendo algo errado. Entretanto, não faria da vida do monge mais fácil.

- Tudo bem, Tenzin. Não vamos discutir nossos problemas passados, não hoje, pelo menos. Entretanto, algumas regras. Não me toque, não tente usar essa sua dobra para criar alguma situação, não falaremos em absoluto de nossas vidas atuais.

- Tudo bem, Lin, como queira. Então, onde quer ir?

A mulher deu um sorriso que em muito lembrou o problemático sorriso que sua mãe ostentava ao fazer algo extremamente maldoso.

***

Tenzin queria atirar-se de uma janela.

Aquele lugar era um antro de perdição. Não acreditava que conhecendo-o como conhecia,Lin fizera isso de propósito. Entretanto, tentava relevar, era o dia dela. Faria o que fosse para deixa-la um pouco mais feliz.

No final do lugar haviam uma fileira de churrasqueira de alvenaria onde os mais diversos tipos de carne eram assados e grelhados. Garçons serpenteavam por entre as mesas com seus espetos sangrentos. Fechou os olhos tentando manter a calma. Fazia aquilo por um bem maior.

Lin parou um desses garçons e pegou uma generosa porção de carne que colocou num prato adjacente ao seu. Ele contou pelo menos sete tipos de animais mortos naquela mesa. Aprendeu com o pai que toda a vida era sagrada, mesmo a menor delas, por isso todos em sua casa eram vegans. Obviamente que Kya e Bumi acabaram por não seguir mais a dieta quando saíram das asas do pai.

A mulher muito educadamente cortou mais um pedaço e levou aos lábios.

- Um lugar incomum para virmos. – disse tentando puxar assunto –

Sabia que ela comia carne e não se importava, pensou em um restaurante comum, mas não um templo de adoração ao sacrifício de vidas inocentes em prol da gula. Estava terrivelmente desconfortável e Lin sabia perfeitamente disso.

- Minha mãe e Sokka costumavam me levar em lugares como esse. – disse tranquila –

- Oh sim... Toph e tio Sokka gostavam muito de lugares como esse...

Um garçom chegou com uma peça enorme e sangrando perto de Tenzin que apenas recusou com um gesto de mão. Voltou os olhos a seu prato com salada.

- Sempre me traziam em lugares assim, principalmente nas vezes que minha mãe viajava e o Sokka ficava comigo. Praticamente fazíamos todas as refeições em churrascarias. – mordeu delicadamente um pedaço de filé com um prazer que irritou o monge –

- Eu sei o que está fazendo, Lin. Não vai me tirar do sério.

- Oh Tenzin, a que me tira? Apenas aceitei seu inocente convite de fazer minha noite melhor! – mordeu a asa de uma ave – Não tenho culpa de não ser vegan como você.

- Não irá me irritar, assim como tenho minhas escolhas de vida, respeito a dos outros. Mesmo quando não concordo.

- Ainda bem, afinal, um monge deve ser pacifico. Não gostaria de ser a causa de desordem de seus chackras.

***

Depois da tortura no antro, foram caminham no centro antigo da cidade, um ao lado do outro, sem nunca tocar como ela pediu. Sem os velhos ressentimentos e julgamentos não era difícil conversar. Apesar de terem posições diferentes de diversas maneiras, sabiam como debater ideias.

O monge do ar olhou para a mulher ao seu lado.

Lin acabara de completar 50 anos e mesmo assim era uma mulher atraente. Obviamente que não tinha mais o viço dos 20 anos ou o auge dos 30, mas mesmo assim era bela. As pessoas atualmente supervalorizavam a juventude como se depois que os cabelos clareassem e as primeiras rugas aparecessem as pessoas perdessem o valor. Mas não ele, via além dessa fachada.

Olhava a vida pelos seus diversos tempos, cada fase tinha sua beleza e suas falhas. Na que estavam, as coisas eram mais calmas, olhava-se com mais serenidade para os acontecimentos e um pouco mais de saudade para o passado. As escolhas feitas começavam a pesar mais do que nunca. Os erros eram muito mais visíveis.

Lin tropeçou e logo o monge tratou de ampará-la, mas sentiu os olhos nervosos dela sobre suas mãos.

- Solte, Tenzin!

- Calma, só queria ajudar.

- Eu disse sem contato físico, principalmente em público. Não me venha com graças.

Deixou a pele dela com pesar, não gostava de ver o quanto aquele mulher ficou dura com os anos. Nem parecia a garota que amou na juventude. Apesar de muito cabeça dura sempre teve um jeito leve. Entretanto também não podia comparar a vida que tiveram depois. Teve uma família onde se apoiar, enquanto ela esteve solitária. A dor causada naquela mulher anos atrás doía em sua carne.

- Desculpe, não quis quebrar nossas regras.

- Acho que já chega. Fez sua parte, tivemos um jantar agradável, meus anos foram comemorados como se deve. Vou para casa e acho que deveria fazer o mesmo.

Engoliu um ‘para sua esposa e filhos’ amargamente, não queria quebrar com o trato. A essa altura de sua vida Lin não sabia o que doía mais, não terem permanecidos juntos ou o fato dele ter conseguido ter uma família sem ela, enquanto para ela apenas o que ficou foi sua profissão. Não que se arrependesse de suas escolhas, mas pensando hoje, sabia muito bem que as palavras certas poderiam tê-los feito ficar juntos.

No fundo o que mais machucava foi toda a felicidade que ele teve ao não estar com ela.

Passou a caminhar rapidamente, precisava de sua casa.

Foi um erro aceitar aquele jantar. Tenzin a tinha pego num dia difícil.

Estava quase numa pequena marcha quando sentiu a mão firme dele sobre seu braço esquerdo quase fazendo-a perder o equilíbrio com a força da parada repentina.

- Pare,Lin! – disse firmemente –

- Não me toque! – respondeu sentindo o coração acelerar –

- O que houve? Estava tudo tão bem, estávamos conversando... E de repente ficou irada!

- Eu só quero minha casa, Tenzin.

- O que foi? Me diga!!

- Não foi nada! Só foi um erro esse nosso jantar! Muito obrigada, anos que não tinha um aniversário especial, mas acabou. Vá para casa!

- Não vou a lugar nenhum sem entender o que houve!

Seus olhos verdes o encararam.

Tantos anos.

Tantos anos.

E mesmo assim sentia-se como a mulher que o amou tanto no passado. Será que Toph sentia-se assim ao olhar para Sokka? Sempre remoendo o que não pôde ser? Era errado! Ele estava afastado porque era casado. Não podia desrespeitar esse laço. Voltar a conviver com ele foi um erro.

- Por favor... – disse entredentes – Me deixe ir.

O monge reconheceu aquele timbre.

Lin estava em mais uma de suas lutas internas entre o certo e o errado, estava sofrendo. Sofrendo novamente por culpa dele. Odiava saber que a fazia sofrer. Odiava que suas escolhas tivessem sido feitas sobre o peso de responsabilidades que não eram suas. Gostaria de ter ficado com ela, esperado seu tempo, sabia que Lin lhe daria filhos assim que se estabilizasse emocionalmente.

Podiam ter tido tudo, mas agora não tinham nada.

E ela sofria...

***

Tenzin ou Lin não sabiam dizer pensando depois como ou quem começou aquilo. Era só uma noite. Estavam cheios de lembranças e culpas. Coisas que gostaria de ter dito e não disseram, coisas que poderiam ter feito, coisas que poderiam ter mudado a história deles.

Mas o passado não podia ser mudado. Os erros de ambos não tinham mais desculpas. Naquela noite fizeram um acordo silencioso de não falar sobre. Tinham saudades de um tempo onde tudo era mais simples, quando o amar não doía.

Não precisavam de palavras, mesmo tantos anos depois ainda sabiam perfeitamente como e onde tocar. Os corpos eram velhos conhecidos e as almas provavelmente se encontraram em outras vidas. A mansão Beifong era como voltar ao passado. Onde passos ligeiros tinham que se esconder de ChiefToph, tudo ali estava do mesmo jeito.

Naquele mesmo quarto onde se descobriram ainda tão jovens foi que os velhos amantes se reencontraram. Em cada beijo um gosto de saudade. Responderam um ao outro como se sua última noite tivesse sido a anterior. Não havia esposa, filhos, passado, responsabilidades, só havia eles sendo perfeitos. Horrivelmente perfeitos.

O amor sabe o que faz quando escolhe seus pares.

Naquela confusão de corpos, saudades e perfeição algo muito especial aconteceu, algo que um deles nunca jamais viria a saber. Aquela noite foi longa, talvez a mais longa de todas.

Mas nada que é bom ou mesmo perfeito dura para sempre.

Talvez seja por isso que devemos valorizar os momentos.

O sol estava par nascer quando Lin acordou novamente nos braços de seu primeiro amor e por incrível que pareça não sentiu-se culpada porque o que fizeram na noite anterior não podia ser errado. Só que a realidade é dura como uma rocha.

Qualquer coisa fora dali onde o tempo não passou era errado.

Porque fora dali, o tempo havia passado.

Aquela foi talvez a coisa mais difícil que fez em seu vida, mas preferia fazê-lo sozinha a ter que vê-lo relutando em fazer. Existem coisas que fazemos rápido para que doam tudo o que precisam de uma só vez.

Um beijo de despedida leve nos lábios e finalmente parecia que tinha acabado direito. Sem dor e sem ressentimento.

Não importava o quão idiotamente perfeitos fossem, não era a vez deles naquela vida.

***

Dez anos depois...

Tenzin olhava para sua filha mais velha que agora já era uma adulta. Cabia a ela agora passar para frente a dobra do ar. Era um homem velho, um monge que passou a viver em um dos antigos templos do ar. Conforme aqueles anos foram se seguindo, foi sentindo que aquela vida que levava não era mais suficiente.

Conforme aprofundava seus conhecimentos, acabou se distanciando vagarosamente das condições terrenas. Não deixou suas obrigações como pai de lado, mas conforme as crianças iam tendo suas próprias vidas, não precisavam mais dele. Pema foi muito compreensiva entendendo seus estudos e afastamento.

A jovenJuun era tudo o que seu pai sonhara para um dobrador de ar.

Seus cabelos negros presos numa trança longa e uma franjinha cobria a seta azul símbolo dos monges do ar. Ela era quase como o próprio Aang na dobra de ar. Notou como seus outros filhos olhavam a irmã e prima meditarem. Ouviu risadas infantis tão gostosas que perdeu sua atenção das duas jovens dobradora.

Uma pequena de olhos verdes e mortos entrou correndo nas terras do templo sendo seguida por Lin e Bumi. Shen era cega e dobradora de terra, ainda infantil, mas era quase como uma cópia de sua avó Beifong. Levaria o legado das fortes mulheres de metal para frente.

Juun e Jinora deixaram sua meditação dela e todos foram ao encontro dos visitantes. A mais nova dobradora de ar abraçou a mãe, tinha ficado aquele mês todo em ensinamentos com sua filha na ilha do templo. Viu toda aquela juventude efervescente se encontrar. As próximas gerações estavam encaminhadas. Bumi desapareceu para cozinha com a pequena Shen nos braços atrás de comida junto com Meelo e Rohan. Lin aproximou-se e sentou ao seu lado na posição de lótus.

As duas gestações tardias lhe fizeram bem.

Foi como rejuvenescimento pela geração de novas vidas. Os cabelos estavam mais cinzas e provavelmente já não podia estar a frente da polícia de dobra. Isso era para os jovens e ela fez um bom trabalho treinando-os.

- Veio conferir se Jinora está dando conta do recado?

- Não, não... Só vim ver as crianças que não são mais crianças... Sei que Jinora faz um bom trabalho. Juun é um prodígio, meu pai teria muito orgulho dela.

- Sim... Jinora me disse...

- E Shen? Eu ouvi as risadas dela de longe.

- Shen é um caso perdido, os genes de Bumi foram dominantes ali... Tirando é claro a habilidade quase inata dela de dobrar. Isso é da minha mãe.

- Esses dez anos lhe fizeram tão bem Lin, quase parece outra mulher...

- Eu acho que finalmente aceitei as coisas como elas são. E as meninas me fizeram bem, confesso que às vezes não entendo como foi o Bumi o pai delas, mas... Essas coisas acontecem...

E ela riu.

Tenzin não podia ficar mais feliz por vê-la tão feliz e plena.

- Kya comentou que ele se mudou para mais perto da mansão.

- Bumi é um caso perdido, devia se mudar logo para mansão, quartos não faltam para instalá-lo. Tenho tido muito trabalho com as turmas especiais da academia, nunca vi uma quantidade tão boa de futuros metalbenders... Shen fica melhor com ele, do que com alguma babá.

Ficaram conversando como os velhos amigos que eram até que toda a tropa apareceu novamente. Era hora ir. A filha mais velha veio até Tenzin se despedir e os olhos azuis dela o fizeram lembrar de alguém... Ou talvez fossem somente coisas de velho.

Viu a Beifong se afastar com a pequena pela mão e a mais velha ao seu lado. Bumi tentou um abraço lateral mas ela o afastou com uma dobra esperta de terra. Causando risos.

Com o tempo os outros foram fazer alguma coisa e somente a filha mais velha ficou consigo. Sentada ao seu lado.

- Sabe pai... Acho que você e a Beifong teriam sido muito felizes juntos.

- Talvez, Jinora, mas isso já faz tanto tempo que não vale mais a pena pensar.

- Eu gostaria que tivesse sido feliz com ela, mas de alguma forma acho que vocês nunca se separaram.

- Grandes amores nunca morrem, apenas se transformam.

A garota sorriu.

Tenzin se levantou e retirou para seu quarto, a viagem do templo do ar do oeste até ali o cansou muito. Ia descansar, em poucos dias seria 28 de março novamente, mas desta vez Lin não precisava de cuidado.

Owari...


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Notas finais do capítulo



Então? Mereço que me digam o que acharam ou pedras? Deem sua opinião! E logo teremos muito mais fics aqui... Kisskiss!

PS: E ai mokona? Ficou perto do que esperava?

Kisskiss