Tempestade em Profusão ( One) escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 1
Tempestade em Profusão


Notas iniciais do capítulo

Assisti o filme frozen algum tempo e a primeira vez que vi o shipp Jelsa foi recentemente no Tumblr, decidi ler fanfics em inglês antes de publicar essa, fiquei feliz em saber que existe em português, é a primeira vez que escrevo algo parecido.
Obrigada por ler.



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Com passos firmes a rainha adentrava cada vez mais naquela floresta, usava uma das mãos para desviar de galhos ou qualquer obstáculo inoportuno, a tempestade crescia como uma tormenta pronta para destruir tudo ao seu redor, o espírito dela se rebelava contra o perigo eminente, trovões e raios gritavam no céu de nuvens negras, o vento pesado e ocioso despenteava o cabelo solto, desmanchando a trança lateral, de soslaio notou que perdera uma das sapatilhas brancas, ainda assim continuou.

Escutou a voz de Jack Frost, familiar e preocupado, ergueu a cabeça, o espírito flutuava entre as enormes árvores a sua procura, negou a responder, seguiu o caminho, apoiou a palma em uma gigante raiz e pulou com certa dificuldade, nesse ato, houve um rasgo no vestido alvo que usa, decidiu retirar o pedaço de tecido deixando-o mais curto, gostaria de estar usando uma calças, contundo não poderia, a regra da realeza é clara, mulheres usam vestidos.

Precisamente no instante em que sua consciência viu o penhasco, dissera à coisa irracional em que ela parecia haver-se transformado. Limpou a face borrando a maquiagem, fechou o olhar ligeiramente, a dificuldade de enxergar fazia presente, devido à chuva intensa, parou para recuperar o fôlego, a respiração descompassada igual ao coração, as gotas de suor invisíveis em sua face pálida.

Estando prestes a retomar o andar, o guardião do inverno flutuou desajeitado, ficando em seu caminho, irritada, tentou avançar, todavia teve o pulso agarrando por ele, não havia calor, nada para derreter isso, frustrada ela segurou seu olhar. Ele estava realmente aqui, mesmo depois dizer para ir, franziu o cenho rancoroso, as sobrancelhas quase tocando o centro da testa, a luz brilhante em seu toque aumentava ligeiramente, em um gesto rápido desvencilhou da sensação.

Elsa era incapaz de dizer quaisquer palavras, defronte a sua fisionomia, Jack é como uma testemunha, alguém para ver seus medos e fraquezas, considerava-o até pouco tempo um estranho, mesmo agora ela o fazia ser, o medo sendo o responsável por querer afasta-lo.

Não tinha nada a temer nele, conhecia o poder dele porque também era seu poder, foi esse pensamento qual fizera tê-lo por uma semana na primavera de Arendelle, em seu castelo, enquanto dançavam no ar, voando nas montanhas mais frias e geladas.

Elsa não estava mais olhando para ele. Seus olhos escondiam um temporal apenas esperando para libertar, as lágrimas nunca viriam, jamais deixaria vê-lo. Após mais uma respiração pesada, com a postura firme e seria ordenou a ele para ir.

— As horas se tornam minutos, os

minutos se tornam segundos, e estamos aqui, enquanto algo terrível se aproxima. — começou a alteza. Seu tom de voz embargado por melancolia reproduziu o sentimento de dor incapaz de decifrar. — Ordeno que vá, ajude Anna e Kristoff, precisamos tirar todos de Arendelle, vou atrasar o mar para que o tempo seja maior. — acrescentou, o zumbido do vento e os trovões dificultam de ser entendida.

Como se houvera cometido um crime, Jack abaixou o capuz azul, estremeceu e fixou as pupilas na bochecha da mulher, um corte a fluía o sangue no contorno da maxilar, o líquido escarlate lhe trouxe uma sensação de redemoinho ao estômago.

— Todos estão indo para o monte, chegaram em breve, sei que iram. — respondeu esperançoso, fez um gesto de agarrar seus ombros, mas ela desviou do contato.

— Jack…

Ele nunca se cansaria de ouvir seu nome em seus lábios, contudo, algo na maneira de pronunciar o incomodou, embora o sotaque norueguês, às vezes lhe custava entender, agora compreendia, não era uma ordem e sim uma súplica.

Via claramente no rosto de Elsa a bondade misteriosa que faz distinguir em face das demais, tornando-a única, especial.

Enquanto ambos entreolham-se, a chuva continuava a castigar o reino de forma atroz, as rajadas gélidas perturbariam qualquer outro indivíduo, exceto os dois, nascidos para suportar o frio intenso combinado.

Triste. A mulher de vinte um anos afastou o semblante da presença do amigo, passando ao lado esquerdo dele, os fios loiros e molhados atingiram levemente a sua bochecha, constantemente Jack sentira o desejo de detê-la, odiava que ela se dirigia a ele com tamanha simplicidade e de modo amistoso e autoritário; fazendo-o recuar, jamais seria contra a ela, se isso fosse machucá-la.

Eles amavam a geada, a neve que fazia cócegas em seus narizes, o frio nunca os incomodou de qualquer maneira.

O espírito do caos e da diversão conseguia congelar quase todas as coisas, exceto o tempo, um tipo de maldição qual permaneceria congelado para sempre, é o preço da imortalidade, não ser visto ou ser tocado, o frio é a escuridão, é a morte silenciosa da alma, imutável eterna. Convivia com esse fardo até atravessar o enorme espelho de Elsa, pela primeira vez uma pessoa o via, o respondia e o tocava.

Foi a uma semana. Tivera um pesadelo profundo, a imagem de uma mulher loira sendo morta pelas ondas do mar, assim como o reino e os seus súditos, tão destruidor e avassalador é a força das águas, que pudera sentir o desespero e agonia, acordara assustado, vagando o olhar ao redor do quarto, certificado de algo existencial, foi assim por três dias consecutivos.

Em certo momento investigou. As imagens tornaram mais nítidas, vislumbrou um reino, descobriu que havia sido destruído por um maremoto, mas alguns objetos do castelo real sobreviveram, incluindo um espelho, localizados em um museu.

Analisou o próprio reflexo, a pele tão alva quanto a um floco de neve reflete a aparência fantasmagórica, se os visitantes daquele local o vissem saírem correndo.

Tocou a superfície delicadamente, analisando os desenhos esculpidos na madeira, flores raras, surpreendeu-se, seus olhos viram através do espelho uma mulher, essa olhando-o com espanto, em seguida o espírito atravessara para o outro lado em um baque, caindo sobre ela.

Essa lembrança lhe trouxe um sorriso, substituído logo após a um semblante sério, enquanto as rajadas de vento e o temporal continuava, Elsa encarava o oceano agitado, a poucos centímetros da borda do precipício, vendo-a assim lhe causou novamente um aperto no coração, se realmente tivesse um, um gélido e congelado órgão qual morreu há trezentos anos, a morte tinha um jeito de destruir a essência da felicidade, como seria tocar uma vela acesa e sentir o seu calor? Um ser frio poderia der amado? Quem amaria uma pessoa gelada? Um cadáver?

O vento flutuou através do cabelo de Elsa, sussurrando em seu ouvido. Era hora de deixar este lugar, ir de encontro a morte.

Julgava que um “tsunami” jamais aconteceria vindo do mar, pois, os fiordes eram as razões dessas catástrofes, as montanhas com placas instáveis em constante movimento, e capazes de provocar desabamentos que podem ser fatais para o reino.

Jack Frost a alertara. Disse e repetiu para si mesma que aquilo era uma loucura, antes de conseguir controlar suficientemente os próprios nervos para suportar sem incômodo a realidade.

Fechou as pálpebras sentindo a presença de Jack Frost atrás de si, suspirou, manteve a vista para o mar agitado, recordou-se do dia que seus pais morreram, a cada instante a culpa crescia e a consumia.

O espírito do inverno preocupado, caminhou até ela, ambos olhando para a tormenta.

— É imenso, profundo, tempestuoso e turbulento. — disse a rainha em um fio de voz.

— Eu sei. — respondeu o guardião abaixando a vista para as águas que batiam violentamente nos rochedos.

Houve silêncio.

— Meus pais acreditavam que Arendelle seria mais forte se eles fossem capazes de proteger e representar o povo. — pausou a voz. — Mais do que nunca quero ser como eles foram.

Jack lançou um olhar para a rainha, concentrando atenção para aparência cansada e arrasada, diferente da mulher feliz e alegre que encontrara, não é o efeito do medo, é efeito de pensar em perder todos que ama.

O cheiro da lama evadiu as narinas da alteza, fechando novamente os olhos, inalado o ar e o soltando pela boca, franzira o cenho, voltou a encarar a tormenta, mais do que um desafio, vencer o mar tornaria a cicatriz feita da morte dos pais um tranquilizador, a cura tão pouco viria.

— Tenho que ir. — disse ela diretamente, com muita clareza, como se não fosse a primeira vez que ela falara aquilo.

Prestes a sair, o braço do guardião a bloqueou, segurando-a pela cintura, a rainha observou a expressão no rosto dele, de pálpebras fechadas e a testa franzida, ele soltou um suspiro doloroso, ali Elsa percebeu a luta dele contra a sua.

— Irei com você. — afirmou o espírito, vagando atenção na figura dela.

— Essa luta não é sua. — respondeu com dificuldade, as palavras enterradas no fundo da garganta.

— Como não? Existe um propósito para tudo isso rainha Elsa, o espelho, os pesadelos, é algo maior do que tudo isso, mais que nos dois. — foi o raciocínio dele. E antes que ela o interrompesse continuou: — Acredito em você, assim como você acredita em mim, pois, eu tinha medo de nunca ser visto, agora tenho medo de te perder.

Ela piscou de repente, as mãos geladas de Jack permaneciam em seus ombros, embora o toque glacial, sentia quente, parou e ficou olhando com curiosidade. Uma expressão familiar e pensativa.

Um relâmpago cortou sua mente, um poder, assustador em sua intensidade, céu escuro, espesso com nuvens negras.

Jack se permitiu um sorriso, mesmo nessas situações, ele tentava vê-la sorrir.

Sua franja loira esvoaçou sobre os olhos e ela sorriu de volta para ele, a confissão do guardião lhe trouxe uma nova sensação, o amor, diferente do da irmã, algo inexplicável, queria responder, mas falsas promessas a essa altura é uma mentira.

"Um coração ainda se parte quando se torna congelado?”

Sem respostas, o espírito abaixou a vista em direção dos pés dela, sorriu ligeiramente, faltava lhe uma sapatilha, olhando uma última vez para o semblante curioso, agachou, os joelhos sobre a lama, à medida que fazia isso, a curiosidade de Elsa aguçou.

— O que faz? — indagou.

— Quer combater um maremoto só com um sapato, é mais fácil se ficar descalça. — alega de repente, sem querer, realmente significando muito mais do que palavras simples poderiam transmitir.

Ele trata de tirar o calçado, mas Elsa o impede, depositando os dedos em sua maxilar, obrigando-o fixar o rosto ao seu, ele franziu a testa, pensativo.

— Você sabe, posso fazer outro sapato. — iniciou a fala, suas mãos foram de encontro no cabelo grisalho do guardião, distraidamente massageando. Compreendeu ser um escape para o seu silêncio, pois, Jack tinha medo de ser rejeitado. — Vai ficar tudo bem, prometo.

O adolescente olhou para a majestade com olhos grandes e redondos, na altura qual está, possuía a visão das pernas machucadas, levantou da posição, e com a ponta dos dedos acariciou a maçã do rosto da jovem mulher, um rastro de geada formando na região, causado cócegas na pele dela, ela sorriu, fechando as pupilas, indo de encontro a essa sensação terna.

Vá em frente, pensou Jack, inclinando-se para a frente em antecipação, passou a mão sobre o queixo dela, feliz por essa nova sensação depois de tantos anos, os dedos nos lábios entreabertos traçaram linhas em geadas, assemelhando a um beijo gelado.

— Se continuar a fazer isso senhor Frost, terei que ficar. — falou Elsa em um murmúrio, o olhar ainda fechando.

— Seria uma má ideia? — questionou em um sussurro curto, sorrindo.

— Morreríamos afogados. — contrabateu, entre abriu a vista, lembrando o porquê de estar ali, a razão. Salvar seu reino, sua irmã. Tristeza lhe conduziu em fio de incertezas e inseguranças.

— Desculpe. — pediu desajeitadamente, sentindo a estranheza recém descoberta entre eles.

Tirando a palma, antes de mais um trovão rugir no céu negro, suspirou.

O medo é algo terrível e atroz.

Com um ultimo aceno, a rainha de Arendelle, deu-lhe as costas, a morte a esperava, se isso fosse o ponto, o mar atingiria a parte leste do reino, destruindo primeiramente o castelo real, esteve nesse precipício para tomar coragem, por fim Anna seria uma rainha melhor, atrasaria o mar, afinal o medo estava ao seu lado sempre, estaria agora para fugir? Não desta vez.

— Elsa. — veio a voz de Jack, suave e repreensiva.

— Adeus Jack Frost. — disse ela em voz baixa, honestamente, com seriedade grave e cuidadosa.

Seu nome, dito em seus lábios, e o modo como ela não olhava para ele, percorreu um calafrio na espinha, diferente de tudo.

Viu sua figura sumir pela floresta, um aperto no coração, vagou a mirada na direção de uma pedra, onde seu cajado foi apoiado, caminhou até ele, agarrando o objeto de madeira, o som do vento crescia, os topos das árvores balançavam com mais força, indicado a aproximação da tormenta, apertou os lábios, deveria ir até Anna e assegurar a segurança de todos até o monte, mesmo sendo invisível a ela a todos. Todavia a outra parte da consciência do guardião dizia para ir ajudar Elsa, seus poderes seriam suficientes? Ela foi capaz de lançar um inverno eterno em Arendelle, mas derrotar uma onda gigante era demais.

“Você só sente falta da luz, quando vê a escuridão”.

Após a Rainha deixar a presença do guardião do inverno, refez o caminho pela floresta, no meio do caminho encontrou um dos lobos, que salvara de uma avalanche há um mês, desde então o animal tornou-se um segundo amigo.

A pelagem branca do canino tinha uma cor acinzentada devido à lama, os olhos azuis claros fisgaram os seus, as orelhas mexiam a qualquer som, notou a expressão do canino, sorriu ligeiramente, compreendendo seu objetivo, esperou ele agachar as partes traseiras e dianteiras, a fim de subir em suas costas, ao fazer, agarrou a pelagem com cuidado, como um apoio, e disse rente ao tímpano direito do animal:

— Obrigada Winter.

O lobo acenou olhando por cima do ombro.

Chegaram na zona leste de Arendelle em poucos minutos, até então, tudo estava normal, sem maremoto, mas Elsa quase se assustou ao constatar que as casas, a catedral e a biblioteca encontravam-se destruídos, o vento pode acabar com tudo.

Ela pulou das costas de Winter, fizera uma carícia na cabeça dele, esse fechando as pálpebras, agradeceu novamente e pediu que o mesmo fosse, apesar da relutância o lobo obedeceu.

Diante do mar, a herdeira de Arendelle deu alguns passos, avistou a enorme muralha de pedra, construída por seu tataravô para conter as águas turbulentas do oceano, suspirou, toda a tensão concentrada no corpo dela a impossibilitava de concentra-se, sacudiu levemente os ombros, esse gesto resultou em uma preparação, levando as mãos a frente, em rajada de gelo criou um meio para subir no topo, estando finalmente encima, desequilibrando por um segundo, apoiou as palmas nos joelhos, ofegante.

Passou um longo momento desafiando o mar antes azul, agora negro, uma característica da escuridão, escondida nos profundos pesadelos da majestade, o ar violento, salgado e congelante do mar flutuava por ela. Mais outro trovão escoou acompanhado de um raio, clareado e atingido as águas.

Imediatamente o estômago balançou um tanto doloroso, um arrepio traçou nos ombros rígidos, arregalou ligeiramente as órbitas oculares, a onda enorme apareceu, incrivelmente assustadora.

— Você consegue Elsa, é por Anna, por todos que ama. — disse suavemente, nem mesmo se incomodando em desviar para qualquer ponto.

De repente o tempo parou, a vida da rainha passara rapidamente em sua mente. Os dias de isolamento, a morte dos pais, a felicidade de estar livre, o sacrifício da irmã, a aparição de Jack, todas as possíveis lembranças em um flash rápido e eterno.

De olhos cerrados, um sorriso singelo nos lábios, agradeceu pela vida que levara, uma lágrima solitária contornou a bochecha direita, transformando-se em um cristal de gelo, qual caiu no oceano, o cabelo solto assemelhando a uma cachoeira congelada voavam ao vento, a chuva continua encharcava o seu, abrindo as pálpebras, com as mãos erguidas, enviou dois raios de gelo na onda gigante.

Os esforços para mantê-la assim durou por alguns minutos, as forças da alteza iam se dessipando, presumia que a irmã encontrava-se segura, os joelhos falharam, a magia de inverno cessou, encarou a metade do mar congelado, o fio de gelo rachando-se pouco a pouco, esse era seu fim.

A barreira rompeu, ela fechou novamente as pupilas, pronta para entregar-se a morte, no momento que nada aconteceu, percebeu a presença de Jack Frost, esse produzindo neve através do cajado, gerando um vão entre eles, como se partisse o mar em dois.

— Jack? — indagou surpresa.

Não respondera, os dentes firmemente apertados demostrava a força usada para deter a tormenta, as águas frias bateram contra o muro, enquanto outra parcela congelava, o controle sobre os próprios poderes ficaram descontrolados.

Assustada, Elsa tentou agarra-lo por meio do cajado, mas o espírito cairá antes no mar, um grito alto e forte saiu de sua boca, a muralha agora contia as águas turbulentas, assim como o gelo, devido a isso, a rainha presenciado o corpo dele afundar, pulou ao pelágo.

— Jack! — exaltou alarmada, a respiração dificultada pelo balançar ecessivo das correntesas turvas.

As ondas lhe atingiu brutalmente, tossiu inúmeras vezes, cuspindo a água salgada, mergulhou, apertou os olhos como se o gesto lhe permitisse enxergar, as bochechas inchadas de ar, a boca comprimida, indicando o esforço, retornou a superfície ofegante, notou o cajado de Jack preso entre duas rochas, nadou perto das rochas negras, gritou outra vez o nome dele.

Elsa foi capaz de sentir a mistura horrivelmente estranha de emoções girando no fundo da alma, não deixara de pensar nos momentos e sentimentos compartilhado com ele apenas em uma semana, tais recordações ativaram um mecanismo de defesa, os dentes doíam com uma raiva mal contida, por culpar a si mesma pelos acontecimentos.

de terra.

A sua natureza, daquelas para quem um sacrifício realizado em nome de uma necessidade maior foi essencial ao espírito, encontrou um meio para ajudá-la, o coração dela brilhou uma luz azul, semelhante ao almadiçoar da irmã em um ato de amor verdadeiro.

E assim, decidida, desliza para a profundidade do mar, preparada a ver o guardião, pela luz própria qual emana.

Acabara por indentificar o espírito, preso pelo capuz, em uma parede rochosa, o buscou com rapidez, segurando a respiração o máximo que pudera, a qualquer instante as orbitas oculares poderiam saltar, o cérebro parar. Seu cabelo loiro e as roupas flutuavam igual a um dança, desprendeu o capuz e agarrou sua mão, o levando-o para a superfície, com dificuldade apoiou as costas do guardião em um rocha, mantendo as mãos em seus ombros.

— Jack! — chamou-lhe a todos pulmões, balançando corpo desacordado dele, o brilho do seu coração sumindo ao poucos. Abaixou o ouvido em seu peito checando os batimentos cardíacos, mas lembrou que ele sempre esteve morto. — Por favor, acorde! — Acariciou a bochecha direita do espírito, esperando qualquer reação, uma onda impenetrável de esperança acabando em suas veias, desabou o rosto na curva do pescoço, as lágrimas caíram em profusão, os trovões e raios acompanhavam a melancolia.

De repente o som de um engasgo, a água repelida, a fez ter atenção a ele, esse desviou os olhos para sua figura desacreditada.

— Estou morto, mas seria ruim ser comida de tubarão. — afirmou ele, os lábios formando um sorriso terno.

Elsa finalmente estava olhando para ele de novo, sem dúvida observando o sorriso que estava bagunçando seu rosto, porque seu olhar fixo causou alívio e felicidade. O Abraçou com força, soluçando.

— Idiota. — sussurrou.

Ele riu, um riso de alegre, enquanto rodeava o corpo dela ao seu, girou o olhar em busca do cajado, o viu preso em duas rochas, voltou atenção para a mulher agarrada em seus ombros, suspirou aliviado, fechando as pálpebras, ela estava bem.

Não se moveram, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, fundindo-se, sérios, fitaram os olhos, convidando-os. O silêncio estava sob ação das emoções, os corpos movendo-se no ritmo das águas agitadas, abriram a boca, essa sensação de dizer quaiquer palavras foi obscuro e rápido, ambos tiveram o momento interrompido, olharam para a muralha de pedra e e o gelo congelado.

— A tempestade continua. — expôs Elsa, o braço direito flutuando, em um equilíbrio naquela posição.

Jack Frost, a princípio, não respondera. Recolheu o olhar em si e deixou estar com as pupilas vagas, aturdido, o medo de perdê-la, principalmente a fisionomia assustada, lhe atingiu igual a uma adaga de gelo no peito.

Refletiu.

— Olha Elsa. — Observava com ombros pesados ​​enquanto a rainha sorria com os olhos cansados ​​e exibia uma figura tão impressionante quanto trágica. Tudo por causa de Anna e do reino.

— Fique calmo. — disse ela, adivinhando seus pensamentos. — Estou aqui, não irei a lugar nenhum.

Num ofuscamento mental provocado pelo medo e assombro, o guardião encostou a testa na dela, suspirou, a palma da mão indo nos fios loiros, perto da orelha.

"Qual o preço da eternidade?"

— Eu sei… — suspirou ele. — Você viu a luz em mim, quando eu só via a escuridão, pensei que ficaria invisível para sempre, eu te agradeço por isso. Você é minha melhor metade, o que foi 300 anos sozinho? Se tenho você aqui agora, ao meu lado.

As respirações misturam-se como o ar rarefeito de uma montanha, risadas curtas são ouvidas.

— Sr. Frost, escreveu essa declaração a quanto tempo? — indagou rindo.

— Devo dizer vossa majestade, sou péssimo com as palavras, foi o melhor que consegui — respondeu com ironia divertida.

Com essa última fala, Elsa depositou um beijo gelado na ponta do nariz de Jack, surpreso a encarou incrédulo, para muitos seria um gesto pouco avassalador, ainda sim, sorriu.

" Uma tempestade em profusão".


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Notas finais do capítulo

Fiquei feliz com que escrevi aqui, gosto de pensar como seria a relação de ambos, embora não tenha rolado um beijo, acredito que há mais do que isso em um relacionamento.
Obrigada por ler.



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