Estou inteiramente ferrada e envergonhada. Estamos dentro da sede do camping a mais de uma hora, recebendo os olhares incrédulos da diretora Quarter. Elenina fica rindo em um canto, enquanto Diamond está mais vermelha que uma pimenta. Eu só sei ouvir e olhar tudo quieta.

— O que deu em vocês? — Quarter falava assustada observando cada movimento nosso.

— Estávamos tentando ensinar Diamond á... — como eu diria aquilo? — a.... a..... — gaguejei, mais um pouco quando Nina me interrompeu.

— A dar. — ela foi direta e recebeu um olhar indiscreto da diretora. — Nossa, como se nunca tivesse feito, diretora Quarter! Nem imagino como seu filho nasceu. — Nina revirou os olhos e voltou a mexer no celular. Ela tinha deixado a Quarter vermelha. Ri daquilo, mas logo parei quando ela me olhou.

— Seu comportamento foi inadequado! Foi impróprio! Foi exagerado! — ela exaltou-se e Diamond se encolheu mais ainda na poltrona.

— Só queríamos ensinar a menina a dar e receber prazer. Não fizemos nada demais. Não ficamos com ninguém na cabana. Não estávamos nuas... — Quarter a interrompeu.

— Chloe está sem sutiã. — sorri sem graça ouvindo a diretora.

— Nossa, que crime! — Nina revirou os olhos novamente e se calou.

— Elas só queriam me ensinar. — Diamond pela primeira vez falou, bem quando a chuva voltou a cair fortemente. — Se for culpar alguém, culpe a mim.

— Querida Diamond... — a diretora parecia ter se amansado e se sentou em sua cadeira, suspirando. — Não sabe mesmo como funcionam essas... coisas? — falou sem jeito, eu e Nina rimos.

— Não tenho a mínima ideia. Ou acha que fiquei vendo o Senhor Gatinho bulinar a Chloe de graça? — Quarter se assustou e se calou por um tempo pensativa. Senti um vento passar por mim e os bicos dos meus seios se eriçarem. Ri sozinha, desconcentrando a diretora.

— Lia. — ela berrou, e ouvimos a porta do seu escritório abrir. — Sim? — perguntou a moça.

— Ligue para alguma ginecologista, palestrante, obstetra, sexóloga e peça para vir aqui amanhã pela tarde palestrar para os jovens. Aceite qualquer preço que ela oferecer. — Lia pareceu querer fazer muitas perguntas, mas afirmou e se retirou. Eu, Nina e Diamond coramos e começamos a falar sem parar.

— Não por favor. — Nina veio de onde estava e se apoiou nas nossas poltronas. — Não pode fazer uma palestra pra falar sobre sexo.

— Nunca! Nos prive dessa vergonha por favor. Já basta você ter visto um urso me comer.

— Eu vou ser ovacionada! Vou ser motivo de chacota, igual quando eu era ridícula! — Diamond embargava a voz quase chorando. Aumentamos o volume da nossa voz e Quarter parecia querer surtar ali mesmo.

— CHEGA MENINAS. — calamos-nos as três. — Chamarei quem for pra dar um pouco de juízo á vocês. E a presença é obrigatória. Se não, ficarão trancadas aqui comigo, ajudando-me a dar fim nessa enorme papelada. — nos mantivemos caladas. — Agora, se quiserem podem ir pra cabana!

— Mas está chovendo. E eu só estou vestindo uma camiseta. E sem sapatos. — tentei argumentar, abrindo a porta e sentindo o vento frio das janelas tocarem minhas pernas.

— Não se preocupou com isso quando estava com comportamento indecente. — ela pegou o telefone. — Agora por favor, se retirem. — bufei e seguimos até a saída. Gotas frias começaram a cair sobre todo o meu corpo, e antes de sairmos de perto da cabana estava encharcada. Nós três, aliás. Quando chegamos na cabana, a chuva diminuiu.

— Vá se ferrar. — fiz o dedo do meio em direção ao céu e entrei, trancando a porta.

Andrew

Caramba! A tarde de ontem realmente me derrubou. Saí de lá, me deitei, e apaguei total. Só acordei agora. No dia seguinte. O que essa menina tinha dentro do corpo? Calmante? Anestesia? Drogas? Sorri abobado e fui tomar banho, observando Josh todo sujo de pizza dormindo e como sempre, a cama de Marco perfeitamente feita. Acho que estava assim a uma semana.

Quando saí, Josh estava de pé arrumando sua cama.

— Bom dia querida. — disse debochado.

— Porque você é sempre o homem da relação? — ele entrou na onda.

— Nossa primeira DR. — sorri orgulhoso. — Sinto que cada vez mais nosso relacionamento amadurece. — fingi estar realmente muito feliz.

— Gay.

— Bichona. — ele fez o sinal do meio pra mim e entrou no banho. Logo ouvi o barulho da porta e vi Marco entrar.

— Quem é vivo sempre aparece.

— Desculpa se te causei saudades. — ele sorriu sem graça.

— Te perdoo. — ele sorriu.

— Não vim aqui pra ficar, vim avisar que ás três a Quarter quer todo mundo no ginásio. Parece que vai rolar palestra. — ele sorriu debochado.

— Sobre o que? — perguntei confuso.

— Sobre sexo. — sorriu malicioso e saiu. — Te vejo lá. — berrou lá de fora.

Josh saiu do banho enxugando o cabelo.

— Vai rolar palestra sobre sexo, ás três. — ri.

— Jura? — ele perguntou sem acreditar muito naquilo.

— Aham. — respondi rápido. — Te vejo lá, pra ver se você aprende a botar a camisinha direito quando for me pegar de jeito, amor. — pisquei pra ele e sai fechando a porta, ouvindo um "vai se foder". Corri para a cantina, encontrando Diamond, Elenina e Chloe acoadas em um canto, sem falar.

— Bom dia minhas graças. — sorri dando um selinho em Chloe.

— Bom dia. — apenas Nina respondeu desanimada.

— O que aconteceu com vocês três? — perguntei notando que cada vez mais as caras delas ficavam mais zangadas.

— Sexo. Dar. Vagina. Chloe. — Diamond disse lentamente. — Isso me ocorreu. E a você? — olhei incrédulo pra ela.

— Nossa! — disse me calando, quando Josh entrou e se juntou a nós.

— Minhas damas. — sorriu dando um beijo na bochecha de Nina, que apenas murmurou "oi". — O que aconteceu aqui?

— Perguntei isso e a Diamond, botou a culpa no sexo. — dei de ombros.

— Sexo. O culpado de tudo. O culpado do nosso nascimento aliás. Sabiam? — Josh disse mordendo a maçã que carregava.

— Cala a boca. — Chloe disse pela primeira vez alguma coisa.

— Então nos diga o que aconteceu. Maninha. — ele disse só pra provocar.

— Ahnnn. — ela bufou. — Estava demonstrando a Diamond como se... — ela ruborizou. — como transar. — olhei assutado pra ela, junto de Josh. — Sim. — ela disse referente aos nossos olhares. — E então, a diretora Quarter invadiu o quarto pra fazer não sei o quê, e me pegou de quatro com um urso grudado na minha bunda, enquanto Nina ria segurando ele e Diamond olhava tudo atenciosamente. E aí, agora vai ter uma palestra sobre sexo. — ela sorriu sem graça.

— WOW! — disse enquanto ria. Josh ria também.

— Então é por causa de vocês a palestra? — Josh chegou a isso.

— Sim. — Diamond respondeu.

— Se descobrirem vão linchar vocês. Porque a Quarter provavelmente vai avisar aos pais que alguns andam tendo relacionamentos e claro não vai dizer quem, então todos os pais vão suspeitar de seus filhos e aí ferrou. — Josh disse.

— Acha que não sabemos? — Elenina se pronunciou. — E com vocês dizendo isso, fica cada vez mais fácil. — sorriu antipática. — Vamos pro ginásio? — Nina disse.

— Vamos. — disse me levantando junto dela.

— Perguntei pra Chloe e pra Diamond. — senti doer a cortada que recebi, Josh riu da minha cara.

— Essa doeu. — Diamond disse a seguindo.

— Beijo. — Chloe me deu um selinho e saiu com elas. Josh ainda ria compulsivamente, até eu jogar o resto da sua maçã na cabeça dele. — Otário. — disse e comecei a comer o resto do lanche de Chloe.

Elenina

O ginásio estava lotado de pessoas obrigadas a estarem ali. Por um segundo não me desgrudei de Diamond e Chloe com medo de alguém saber que fomos nós as provocadoras disso e apanhar ainda. Montavam no meio um palco, com microfone e alguns objetos, a velha banana, uma camisinha e até alguns vibradores? Estranhei aquilo e me sentei na arquibancada ao lado das duas. Logo Andrew e Josh chegaram se sentando perto da gente.

Uma mulher com aparência de trinta e nove anos entrou, com o barulho do seu salto todos a perceberam. Ela vestia um vestido preto, poá, bem infantil na minha opinião. Seu salto era branco e alto. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo e ela tinha uma cara de abobadinha com aqueles olhos azuis.

— Que o show comece. — Josh disse debochado quando ela se posicionou no palco, parecia nervosa.

— Olá. Sou Túlia. — quando ela disse todos pensamos "UAU", ela tinha a voz de fuinha e não era brincadeira. Era baixo e agudinho. Todos riram em silêncio, sem grandes algazarras, mas riram. Eu fui um deles. — Vim aqui para palestrar a pedido da diretora Quarter, pois alguns jovens pareciam ter problemas com a arte do sexo. — ela sorriu. — Sou sexóloga, ginecologista e obstetra formada. — ri mais uma vez da sua voz de fuinha.

— Essa gosta das partes baixas. — Andrew disse e Chloe o deu um tapa, o fazendo se calar.

— Passo meu tempo estudando pra não ter que falar e mostrar isso. — ela disse envergonhada. — E sei que muitos também passam por isso. Com medo de demonstrar seu corpo. Suas partes íntimas. Os meninos tem medo que o pipi — ela pegou uma das bananas e cortou. — Seja pequeno. E as meninas de que tudo dê errado e que não saibam fazer direito. — ela soltou a banana no lixo. — Mas garotas, o sexo não tem regras. E meninos, o que importa é a potência. — ela parecia muito saidinha pra uma mulher tão estudiosa e parecia também não saber as palavras certas a se falar. Estranhei.

Ela falou mais centenas de palavras e enfim pegou os objetos. Começou explicando como colocar a camisinha na "bananinha", como ela dizia. E quando os meninos começaram a levantar as mãos e fazer perguntas, ela se envermelhou de tal forma que parecia que iria explodir e deu dois berros mais agudos que sua voz em si.

— CHEGA. ACALMEM-SE. TODAS AS DÚVIDAS SERÃO RESPONDIDAS. — ela suspirou e sua cor voltou ao normal e todos os meninos abaixaram as mãos. Logo ela pegou o vibrador e o ligou, demonstrando com um círculo do tamanho do buraquinho que tinha o hímen, como ela também dizia. Ela introduziu ele lá dentro e ficava explicando com aquilo se mexendo. Motivo de piada total. Em um momento quando falava, não conseguia ouvir a si mesma, com tantas risadas e deboches, e começou a berrar descontroladamente.

— EXIJO RESPEITO. — ela deu pulinhos histéricos. — SOU MAIS VELHA E ESTOU AQUI PARA AJUDÁ-LOS. ENTÃO CALEM A BOCA E ME ESCUTEM SEUS PIRRALHOS DE PINTO PEQUENO E MENINAS SUJAS VADIAS SEM HÍMEN. — todos se chocaram e várias meninas juntas ameaçaram ir pra cima dela, quando os zeladores foram chamados e a protegeram jogando as meninas pra longe.

— Vou quebrar o pescoço dessa cadela. — uma dizia exaltada. — Quem ela acha que é pra vir aqui e me chamar de vadia.

— Se não te pegar aqui, te pego na rua ridícula. — outra dizia.

— Te pego no meio das árvore, escrota e quero ver tu dizer tudo isso. — outra chegava berrando isso. Algumas conseguiram dar uns tapas e beliscões na tal Túlia que berrava histericamente atrás dos zeladores. Tudo isso até a diretora Quarter invadir o ginásio nervosa.

— O QUE INFERNOS É ISSO? — ela berrou e todos se calaram e as meninas se amansaram. Quarter posicionou o olhar sobre nós três e fez um olhar como se dissesse "ainda bem que estão aí sentadas". — O que aconteceu aqui, Dra. Swedish? — ela observava o estado do palco.

— Estas loucas tentaram me agredir.

— Depois que ela chamou a gente de vadia. — uma apressou-se em dizer.

— Disse isso, sobre minhas campistas? — Quarter a fuzilou com o olhar.

— Disse, mas...

— Sem mas! Pegue suas coisas e saía daqui agora. Antes que eu deixe que rasguem sua cara. — a doutora se retirou correndo sem nem recolher as coisas. — Ninguém fala assim dessas meninas comigo por perto e sendo responsável por sua integridade. — ela dizia para Lia que a acompanhava. — Agora todas vocês — ela se referia as meninas de pé. — Me acompanhem. — antes de se retirar lançou um olhar para nós de "estão livres". Logo todo mundo se retirou dali.