Eu estava acabada. Transfomar a Diamond, não foi uma das coisas mais fáceis de se fazer. Eu tive que acordar exatamente as três com o despertador da Elenina para colocar a máscara para pele na Diamond, o que foi uma luta, porque a pele ficou vermelha e descobrimos que ela tinha algum tipo de alergia ao produto. Elenina arrumou outra máscara, que não grudava de jeito nenhum até que eu consegui arrumar de uma forma que ficasse. Dormimos. Acordamos as quatro pra tirar a máscara, limpar o rosto dela, fazer sua sobrancelha e depilar suas pernas, o que não foi muito legal.

Depois disso a gente acordou as cinco pra lavar o cabelo dela e dar um jeito, Elenina acabou optando por cortar as pontas e passar alguma mistura de cremes que nem doido faria, mas segundo ela, era o melhor pra um caso tão perdido quanto aquele. Depois jogamos as roupas dela na cachoeira e escolhemos novas. E depois disso não dormimos. E pra ajudar a primeira atividade do dia é: vôleiball.

Mas acho que todo o sacrifício de uma noite de sono, valeu quando eu vi o brilho ruivo, apelido que eu dei pra ela, entrar por aquela porta e simplesmente pisotear as inimigas e ser convidada pra sair pelo meu irmão. Êta, que essa não veio pra brincadeira! Me senti até mais animada depois disso e fiz uns cinco pontos.

...

Era pelo menos a décima vez que algum menino pedia o número de celular da Diamond na cantina. Meu café até esfriou por eu me distrair por cada gato que parava ali, falando com ela.

Ela ficava toda vermelha e boba, enquanto anotava os números no celular. Josh, que hoje havia resolvido sentar com a gente, assim como Andrew e Elenina, simplesmente suspirava e continuava a conversa quando isso acontecia.

— Nunca tive tanta gente nos meus contatos. — Diamond deslizava o dedo pela tela do celular, abismada.

— É só o começo, baby. — Elenina falava desfrutando do seu suco verde, que parecia sem gosto.

— E que o fim esteja próximo, por favor. — Andrew disse. — Não aguento mais a cada gole que eu dou nesse suco, vem um.

— Também não estou muito feliz. — Josh disse olhando Diamond, que mantinha a cabeça abaixada. Senti o olhar da Elenina perder um pouco do brilho, durante um instante. — Mas, não posso fazer nada. Por enquanto. — ele deu certa ênfase nessa frase.

— Deixem a menina ser feliz. — o tom brabo da voz da Elenina parecia nos repreender e todos ficamos quietos. — Ela não aproveitou nada dos dezesseis anos de vida que ela teve até agora.

— Eu aproveitei alguns momentos. — ela disse, tentando não se minimizar tanto. — Fui a praia, conheci países incríveis.

— Resumindo; nada. — Elenina tinha um dom pra te fazer sentir inferior, talvez todos gostassem dela por isso, ou não. — Você vai passar um tempo comigo, te mostrarei o que é se divertir.

— Não! — dissemos eu, Andrew e Josh em coro. — Não a leve pro mal caminho, Nina. — Josh continuou.

— Mal caminho? — ela sorriu pervertida pra ele. — Achei que o caminho fosse maravilhoso. — Josh virou o rosto pra ela e a encarou, senti o brilho dos olhos dela voltarem.

— O caminho não é o problema. — ele disse. — O local para onde estamos indo que pode trazer problemas. — senti que era uma frase com sentido interno, quando nenhum de nós três, Andrew, eu e a brilho ruivo entendemos.

Elenina sorriu e bebeu um gole do seu suco.

Elenina

O clima entre mim e o Josh estava bem diferente desde que nos beijamos de manhã. Nós nos olhávamos com outros olhos, de desejo talvez, com certa malícia. E o que, diabos, ele quis dizer com "o local para onde estamos que indo pode trazer problemas"? Ele pode ter se referido ao Andrew e o que isso causaria a amizade deles, não penso em nenhum outro motivo aparente.

— Elenina. — Diamond berrava. — ELENINA! — ela me puxou de volta a realidade.

— Sim? — disse parando meus olhos sobre ela.

— Estamos falando sobre o que usar hoje a noite. — percebi que Josh e Andrew não estavam mais ali.

— Aonde?

— Na noite da pizza, Elenina. — pela primeira vez, Chloe dirigiu a palavra a mim.

— Ah, sim, claro. — pesquei todas as minhas lembranças de volta, esquecendo um pouco dos lábios do Josh que insistiam em ocupar cada canto da minha mente.

— Eu virei de short jeans e uma camiseta mesmo. — Chloe disse. — Afinal, só vou vir aqui pra engordar uns dois quilos.

— Eu acho que vou vir... — eu interrompi a brilho ruivo, apelido que a Chloe deu pra ela.

— De você, cuido eu. — Diamond sorriu, se calando. — E você, Chloe, nós, mulheres fomos feitas pra chamar atenção. Não afaste, atraia.

— Mas eu já atrai quem eu queria. — pela primeira vez em uma semana percebi não me abalar quando Andrew foi mencionado.

— Atenção demais nunca é problema. — sorri maliciosamente. — Agora vamos, são quase sete horas. — olhei para o relógio da parede, para confirmar. — E eu ainda tenho que cuidar da Kaila e da Melanie. — falava lembrando do estado das duas hoje de manhã. Nos levantamos e seguimos para a nossa cabana.

Andrew

— Percebi que rolou um climinha entre você e a Diamond hoje. — disse para Josh.

Ele sorriu.

— Ela é legal, Andrew. — ele me olhava arrumando a gola da camiseta. — E agora que está mais bonita, é totalmente maravilhosa.

— Lembrando, sem abusos, ela é minha irmã! — o repreendi pelo tom de voz. — Eu e Chloe, estamos bem, obrigado por perguntar.

— Seria estranho eu perguntar sobre o seu relacionamento com a minha irmã. Mesmo que vocês não saibam o que é. — ele trocava a camiseta.

— Nós sabemos o que é. — me virei para ele. — É uma ficada. Simples. — nesse momento eu me perguntei se realmente sabíamos o que éramos.

— Se você diz. — agora ele vestia uma camiseta bordo com uma gravatinha preta, ele recebeu uma mensagem. — Yuri quer saber se nós vamos pra festinha dele depois.

— Vamos. — ele começava a responder. — E diga que levaremos meninas. Três meninas. — sorri malicioso para mim no espelho.

— Ok. — ele soltou o celular na cama.

— Não é estranho a Elenina estar sem ninguém? — perguntei.

— É. — percebi ele se corar um pouco.

— Ela sempre desfila por aí com um novo namorado de tempos em tempos. Estou sinceramente surpreso.

— Ela deve ter ficado magoada com você e decidiu dar um tempo pra si mesma.

— Puxa Joshinha, que profunda! — afeminei minha voz.

— Você é um idiota, cara. — ele ria comigo. — Agora vamos, temos que pegar três donzelas indefesas em uma cabana afastada. — ele saiu correndo e eu logo fui atrás.

Josh

— Seus príncipes delivery chegaram. — sorri com meu melhor sorriso galã para Chloe que abria a porta.

— Você é muito tosco, Josh. — ela riu, e continuou com o sorriso estampado quando viu Andrew.

— Cadê minhas donzelas? — eu entrei na cabana e percebi que aquilo ali estava um caos; calcinhas e sutiãs por toda parte, cremes, bolsas, roupas.

— Uma delas está aqui. — Nina disse se encostando na parede, tentando me seduzir; conseguiu. Ela vestia uma blusa curta que mostrava uma fenda da sua barriga lisa, um shorts com aparência de acabado e coturnos. Sua maquiagem e cabelo estavam impecáveis como sempre. — E sinceramente a mais importante. — disse baixinho perto do meu ouvido, rindo.

— Você está linda. — sorri. — Como sempre. — sussurrei em seu ouvido.

— Obrigada, príncipe delivery. — sorri fraco.

— Sempre a disposição.

No mesmo momento Diamond saiu de dentro do banheiro, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, e ela vestia uma blusa comum e uma camiseta xadrez, com shorts e um vans nos pés.

— Está estonteante, minha querida. — de novo, o sorriso galã.

— Obrigada, príncipe. — ela soltou uma gargalhada que sinceramente era gostosa de se ouvir.

— Vamos! — Chloe berrou da porta, enquanto pulava na cacunda de Andrew e os dois saíam correndo rindo na nossa frente, eu ia ao lado de Diamond e Elenina.

— Esses dois combinam. — Elenina disse.

— Você jura? — os olhava com um olhar desafiador. — Acho que vai dar merda.

— Se já não deu. — Diamond completou.

Chloe caiu no chão e começou a xingar Andrew, que só sabia rir descontrolavelmente. Logo já estavam de bem e apostaram corrida até dentro da cantina. Mantivemos nossa caminhada em silêncio até dentro da cantina; que mais parecia uma grande rave.

Tinha uma extensa mesa, com todos os sabores de pizza possíveis em todo o país. E em volta as simples mesas de todos os dias, decoradas com toalhas, luzes e flores. As paredes receberam placas divertidas e cartazes decorativos de lanchonetes dos anos 80. Uma música animada tocava ao fundo, animando e fazendo dançar um grupo de pessoas em outro canto. Fomos nos servir e logo nos sentamos os cinco em uma mesa. Comemos em silêncio, pra grande surpresa.

A festa parecia bem legal, até a hora que cortaram o som, e todo mundo ficou com uma cara de bunda pelos cantos, porque a única bebida que era servida era refrigerante e um suco com cara de estar sem gosto. As pessoas começaram a ir embora e conosco não foi diferente, só que nós nos dirigimos ao salão mais distante do camping.

O salão era muito afastado da sede e da cantina, a cabana mais próxima era a de um zelador que passava o verão na casa de uma prima no Canadá. As paredes eram revestidas e nenhum som passava por elas. E para ser alugada, só precisava de um aluno com mais de mil reais no bolso, no caso Yuri, que dava as melhores festas do acampamento.

Chegando lá fiquei chocado, todo mundo estava jogando bingo e tocava uma ópera no fundo.

— Que diabos... — murmurei.

— Aonde eu fui me meter?! — Chloe dizia para si mesma.

— Hei, galera. — Yuri chegava perto de nós. — Se acalmem, a diretora tá aqui com uma galera, mas daqui a pouco vão embora e nós começamos a fiesta. — ele sorriu, já parecia alcoolizado. Nos sentamos em uma mesa e entramos no clima, esperando ansiosamente pra que a festa de verdade acontecesse.