Impensável escrita por TheBlackWings


Capítulo 2
Second Chapter




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Aquele momento era surreal e assustador. Era seu irmão, mas também não era. Não mais o reconhecia naqueles olhos sem emoção. Estava parado no mesmo lugar, fitando os mesmos olhos, que agora pareciam rir dele.

– Não, não é. – Deixou escapar, mas sem querer. A expressão no rosto de Shun não se alterou.

– Tudo bem então. – Falou simplesmente, se virando em seguida para ir embora, mas Ikki o segurou pelo braço.

– Já chega disso – Disse, sem saber o que mais dizer. No mínimo deveria ser uma brincadeira de mau gosto. O sorriso irônico se desfez.

– Não sei por que esta fazendo isso, mas não estou achando graça. – Sua voz se impôs sobre o irmão menor. Queria saber o que ouve, por que estava fazendo aquilo. Seguiu com os olhos a fumaça do cigarro recém aceso, arrancando ele de entre os dedos de Shun e o atirando longe. – Como me achou?

A face do menor agora era séria novamente. O encarava com os mesmos olhos de antes. Ikki começou a desconfiar que ele estivesse o analisando. Segundos depois da pergunta, tirou os olhos dele.

– Por que acha que eu estava procurando você? – Disse de repete, e em seguida levou o cigarro a boca e o tragou devagar. Ikki não soube dizer como o cigarro voltou a sua mão, nem como ele soltou o próprio braço sem que notasse. Em seguida o encarou novamente, dando a volta e começando a andar em seguida. – Achar isso foi bem arrogante da sua parte.

– Espere – Furioso, o cavaleiro berrou atrás dele antes que sumisse novamente. – Onde você pensa que vai?

...

Escureceu. Lá estava Ikki andejando pelo porto. Este que já foi muito agitado no passado, com a entrada e saída de mercadorias para a cidade, agora era um estacionamento para lanchas particulares, na sua maioria de pescadores. Do outro lado do cais, em frente aos navios, se amontoavam uma série de estabelecimentos de fama duvidosa. A iluminação precária vinha das janelas escuras e lâmpadas chamativas. Não era um local que alguém vem sem procurar problemas.

Parou um segundo, olhando em volta e pensando. Teria se enganado? Encontrou o nome que ouviu o irmão dizer quando nem se virou. Ele estaria lá depois de escurecer. Uma fachada escura de um bar, não gostava nada daquilo.

Um bar escuro e com um clima horrível, as luzes do local eram arroxeadas e indiretas, e parecia menor por fora. Não conseguia ver quase nada naquele covil. A fumaça ali dentro era tão concentrada que era quase sólida. Adentrou o lugar passando por um bar repleto de pessoas sentadas no balcão, e seguindo por cubículos individuais com mesas e bancos acolchoados dos dois lados da mesa. Do outro lado no que parecia uma pista de dança havia muitas pessoas, e era muito escuro. Nos cubículos havia jovens, bebendo ou usando drogas. Não era um lugar onde ele gostaria de encontrar irmão.

Shun estava no último cubículo. Era terrivelmente escuro, e a luz indireta por baixo da mesa distorceu sua visão dele. Seus olhos pareciam brilhar no escuro. Quando se sentou no banco a sua frente, se questionou novamente se aquele era o irmão mais novo. Ele segurava um copo com um resto de bebida que a luz também distorcia a cor. Estava recostado na parede do fundo, com as pernas por cima de todo o banco. O olhou apenas quando se sentou.

Ficaram em silêncio. Havia musica no local, mas ali ela parecia não ressoar tão alta. Resolveu esperar ele começar a falar, mas ele continuou em silêncio. Bebeu o resto do conteúdo do seu copo, o largando em cima da mesa. Ikki sentiu um calafrio com o olhar do irmão sobre ele. Do nada um garçom entrou e deixou dois copos, sem falar nada, saindo em seguida.

– Faz muito tempo. – Falou, simplesmente tomando um gole generoso do copo cheio.

– Foram três anos – Fênix completou.

– Não – Falava tão baixo, era difícil entender como se ouviam naquele barulho. – Foi bem mais.

Aquelas palavras o aterrorizaram. E o sorriso irônico voltou ao rosto do outro. Não era mais ele. Sua face de repente parecia outra. Seus cabelos, poderia jurar que cresceram em um segundo. Aqueles olhos mudaram, perderam sua cor, ficaram profundos e... mortos.

– Você mentiu, não é ele. – Ikki queria sair dali naquele momento.

– Não era totalmente verdade. – O ar ficou rarefeito, ou a pressão ali tinha aumentado. Ficou insuportável. – Desculpe, você é...

Fez silêncio por um tempo, como se pensasse. Foram apenas alguns segundos.

– Ikki, irmão de Andrômeda. Cavaleiro de Bronze de Fênix. É claro que estaria preocupado. – Se endireitou no seu lugar – Não sei o que deu em mim!

– Só me diga quem é você.

Seu sorriso aumentou.

– Vamos ver se você entende. Meu nome é Hades. – Parecia apreciar as expressões de Ikki calmamente a cada palavra que falava. – e seu irmão é meu corpo.

...

Ele continuou explicando calmamente, mexendo o copo em sua mão fazendo o gelo tilintar. Mas para Ikki, a música parecia ter aumentado. Via boca do outro se mover falando, mas não ouvia. Sentiu seu sangue ferver. No inicio tentou questionar, mas a situação saiu de seu controle. As palavras saiam da boca daquele estranho e não lhe faziam sentido.

Não conseguia mais ver o rosto dele, agora estava escuro demais. O acompanhava com os olhos, mas sua mente não estava mais ali.

Viajou no tempo e lembrou-se de como para ele era difícil entender o bem e o mal em um mundo onde há tanto sofrimento.

Mas como cavaleiro, tinha o dever de lutar para proteger a terra, as pessoas, para que estas pudessem lutar em seus próprios meios contra sua própria maldade. Deveriam manter a salvo todos os humanos, essa era a missão de um cavaleiro. Esse era o certo. A qualquer custo.

Aquela pessoa a sua frente destruiu isso. Continuava a falar calmamente. Agora sua mão livre havia puxado o medalhão que levava no peito e mexia nele, gesticulava. Falou muitas coisas, as quais Ikki apenas pegava palavras dispersas: Deuses... Guerra... Destino... Predestinado. Ele agora citou o nome de Athena, mas Ikki não parecia estar presente.

Apenas sentia seus músculos se retesarem. Queria levantar naquele momento, pegar aquele indivíduo pela garganta. Mas não o fez, não se mexeu. Sentia que sua fúria era visível em seu rosto.

Quando voltou a si, ele não estava mais falando, apenas apreciava a expressão no rosto do cavaleiro de Fênix. Em seu peito Ikki agora reconhecia aquela joia. Uma estrela envolta em um círculo, que herdaram de sua mãe, embora alguns minutos atrás tenha ouvido sua origem verdadeira.

Quanto tempo havia passado desde que entrou ali? Já havia perdido a noção de tempo. Agora a sua frente Hades – era este mesmo o nome? – Falava novamente. Sua voz ecoava em sua cabeça. Seus punhos estavam cerrados.

– Parece subitamente exausto... cavaleiro. – Aquele sorriso irônico era perturbador. Ikki sabia que não era a música ou a fumaça, ou o clima do lugar que o deixou confuso. Era aquela presença. Precisava sair dali.

– Vá para casa. Nos vemos outra hora.

Por Athena... Que merda aconteceu?

Ikki sentia que não havia pegado alguma coisa ali. De repente o futuro mudou novamente, mas ao mesmo tempo em que uma ameaça surgiu frente à humanidade, nenhuma arma foi levantada contra ela. E não foi levantada por que estava resolvido. Sem ele saber, sem ter sido consultado, nem ele nem nenhum outro cavaleiro.

Naquele lugar horrível muita coisa foi dita sobre os humanos e sobre guerra, mas ali voltando para casa Ikki notou o que era mais absurdo naquela situação.

Não podia engolir aquelas palavras, aquilo estava errado. Não sobre a guerra, e sim sobre Shun! Seu irmão não era... Aquilo, seu irmão era uma pessoa boa, gentil, apenas isso! Um cavaleiro que não deveria ser, que nunca foi feliz.

Já estava em seu apartamento, mas ainda ouvia aquela voz em sua cabeça. As luzes ao seu redor ainda pareciam estar arroxeadas. Deitado em sua cama, parecia agora que subitamente voltava aquele lugar e ouvia tudo de novo.

– Era o destino dele... Foi para isso que ele nasceu [...]

– [...] Athena sabia o que tinha que fazer. [...]

Quando finalmente pegou no sono, sua visão turva podia jurar que estava vendo aquela pessoa parada a frente de sua cama.

A luz entrava pela persiana mal fechada. Já era quase meio-dia. Ikki se revirou um pouco, acordando devagar com a impressão que teve um pesadelo estranho noite passada. Ergueu o corpo e esfregou os olhos. Seu apartamento era pequeno, não havia sala, apenas uma divisão para uma pequena cozinha e a porta do banheiro. Agora sentado na cama. Levantou os olhos e encarou diretamente o intruso do outro lado do quarto.

Não havia sido um sonho, nem uma parte. Afundado em uma poltrona velha e confortável, apoiando o rosto no punho, estava seu irmão. Seu irmão, pois não parecia mais com aquela figura de ontem à noite, cujos olhos brilhavam no escuro e não mais reconhecia. Era apenas sua face, seus cabelos curtos. De olhos fechados, parecia estar dormindo, mas mesmo assim sentia que o observava.

Quando se moveu para se levantar, fazendo as madeiras da cama rangerem, notou o olhar do visitante sobre si.

– Esta um belo dia lá fora. – Sua voz, tão familiar para Fênix. – E você desperdiça aqui, dormindo.

Ficou pensando o que responder, mas não sabia sequer o que pensar. Queria estar sozinho, mas notou que agora não era a presença que o atordoava e sim os acontecimentos. Ele estar ali era o melhor, precisava encarar a situação. Passou um tempo refletindo observando a luz entrar pela janela.

– Eu não entendo. – Disse simplesmente, olhando para o chão. Ouviu o ruído do couro da poltrona se mexendo, mas não ouve resposta. Cerrou os punhos novamente, queria obrigá-lo a dizer a verdade. Notou que se lembrava de tudo que ele havia falado de noite. "Deus do mundo dos mortos", "hospedeiro predestinado", "Guerra santa", "Athena fez a coisa certa"... – Por que Shun...?

– Já te expliquei isso.

– Não... Não é possível – A fúria o tomava outra vez. Novamente a poltrona rangeu. O outro se inclinou para frente, se apoiando em seus joelhos. – Isso esta errado. Shun é apenas uma pessoa, não pode ser... não pode ter nascido para ser usado por um deus...

– Não há nada que você possa fazer. Ninguém. Nem a deusa da terra. – Interrompeu calmamente. As palavras atingiram Ikki, que encarou o rosto de seu irmão novamente.

– Athena... Não poderia permitir isso. – Com um pulo levantou-se da cama.

– Athena não tem escolha – Falou, espontaneamente. A face de Ikki exibiu uma mistura de surpresa e pavor. Antes que perguntasse, Hades continuou. – Ela está ciente, cavaleiro.

Fênix ficou parado, perplexo. Observou em silêncio enquanto o irmão, não, aquele intruso se recostava novamente na poltrona, esfregando os olhos com as mãos.

– Podemos dizer que ela esta em minhas mãos. – Disse o intruso, gesticulando. – Entenda cavaleiro: Se eu quiser, nesse momento eu infestaria este mundo com meu exército. Eles destruiriam cada casa, torturariam e matariam cada ser vivo. E Athena não tem poder para me impedir. Ela esta agora sentada em um trono inútil, num santuário vazio. Meia dúzia de cavaleiros de ouro não podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Nesta era, não há nada no meu caminho.

– Não nos subestime! – O sangue lhe ferveu, Ikki sentia vontade de abrir o peito de Shun e arrancar aquele demônio de dentro de seu irmão.

– Seja realista, cavaleiro – A forma com que dava ênfase a "cavaleiro" era irritante. – Defrontar meu exército com um punhado de cavaleiros e soldados não faz sentido. A deusa foi sabia em aceitar as minhas condições. Deveria louvá-la por isso, por pensar em todos e não em apenas um verme.

Aquela foi a ultima gota para o cavaleiro de fênix: Ele avançou sobre o corpo do irmão, pegando-o pelo pescoço e erguendo ele de pé. Apertava a garganta com a força de sua raiva, mas não via reação por parte daquele demônio. Naquele momento, se deu conta do poder de seu inimigo. Até aquele momento não havia parado para pensar: Não é um cavaleiro de ouro, é um deus. Um deus com um cosmo tão grandioso quanto Athena, e tão sutil e assustador como a morte.

Mas ele não reagiu, sentia que seus dedos afundavam na pele branca de sua garganta, mas ele continuava o encarando com aqueles olhos, aqueles olhos que não eram dele! Um sorriso maligno surgiu em seu rosto.

– Você não quer fazer isso... – Disse tranquilamente, sem se importar com a pressão em sua faringe. Um calafrio passou pela espinha do cavaleiro, que soltou o corpo de Shun e se afastou alguns passos. De onde estava, podia ver as marcas vermelhas formando seus dedos no pescoço dele.

– Você vai entender quando voltar a raciocinar. – Disse o deus, sentando-se novamente, puxando um isqueiro e acendendo um cigarro entre os dedos. – Humanos se levam muito pelas emoções.

Uma vida normal. Foi isso que Athena disse ao fim das batalhas. Que era para nós seguirmos nossas vidas e recomeçar, como qualquer pessoa. Será que naquele momento ela sabia que isto iria acontecer? Que o destino da terra e de todos os humanos estava condenado por que os cavaleiros desta geração não tinham condições de defender a terra de algo que já estava predestinado a acontecer?

Será que ela sabia que um de seus cavaleiros mais fiéis, que havia lutado por ela e que mais se preocupava com as pessoas seria o escolhido para ser sacrificado pelo que tanto ama?

Será que Shun sabia? Toda a preocupação com as pessoas, o medo de causar sofrimento aos outros, mesmo sendo um cavaleiro. A compaixão pelo inimigo, mesmo pelo pior deles. A vontade de se sacrificar pelos amigos.

Agora fazia tanto sentido.

Não sabia se o irmão sempre esteve ciente, ou se era algo que sua alma carregava desde o inicio dos tempos. Jamais saberia se Athena tinha essa consciência, se sabia desde o inicio que seria assim ou que aceitou a última chance de evitar uma guerra desastrosa. Pensou se Shun teria tido opção, mas já sabia a resposta.

Sentado no chão da pequena sacada do apartamento – tão pequena que não caberia nada mais além dele – divagava, sozinho. O ar puro o fez bem naquele momento. Não sentia mais a raiva correr em forma de sangue em suas veias, agora apenas se sentia pesado. Não havia o que pudesse ter feito e não há o que possa fazer agora. Era inútil.

Olhou para dentro do apartamento por entre uma fresta da porta quase fechada. Viu o corpo de Shun caído na mesma poltrona. Agora estava totalmente recostado, de olhos fechados, o braço caído para o lado da poltrona quase deixando o cigarro cair da ponta dos dedos. Agora tinha certeza que ele estava dormindo. Respirava devagar, talvez com alguma dificuldade.

O ver assim o lembrou de que ainda era o seu irmão, que ele ainda estava ali.

Sentou-se na ponta da cama, de frente para o corpo de Shun que continuava dormindo. No mesmo instante ele abriu os olhos como se nunca tivesse os fechado.

– Quero saber uma coisa – Falou decidido. Hades recolocou o cigarro na boca calmamente.

– Você faz muitas perguntas. Talvez mais tarde. – Nem terminou e já estava se levantando da poltrona. Arrumou suas roupas e jogou o resto do cigarro no chão. – Vamos dar uma volta.

– Não vai a lugar nenhum até me responder! – Ikki se levantou atrás. O deus só o fitou de canto de olho.

– E quem vai me impedir?

Era difícil seguir os passos de Hades. Andava em meio às pessoas e quase desaparecia a todo o momento. Suas passadas eram largas para alguém com a estatura de Shun. Mas aquele não era Shun, Ikki passava o tempo todo se lembrando disso.

Pegaram o caminho inverso ao do cais, subindo uma ladeira até uma escadaria de pedra que levava a um mirante que ficava no topo de um penhasco. De cima dele, era possível ver o rio de um lado e uma bela vista da cidade do outro. Quando chegaram ao topo já era quase o meio da tarde. Havia muitas pessoas tirando fotografias e conversando, mas após a chegada dos dois elas debandaram escadaria abaixo. Ikki preferiu acreditar que era porque o céu havia ficado nublado, e não por causa da presença dos dois.

Na beira do penhasco havia apenas uma grade feita de barras de ferro com não mais de um metro e meio de altura. Hades havia seguido direto para a borda do lado da cidade e agora pendurava metade do corpo por cima da grade para olhar a cidade abaixo.

– Por que você fez isso...? – Ikki perguntou sem pensar, não havia mais nada para fazer ali, só queria respostas.

– Você é terrivelmente teimoso. – Nem se virou para responder, continuou onde estava.

– Não acredito que resolveu usar o corpo de meu irmão para viajar o mundo e olhar paisagens. O que pretende? – Tentou manter o tom de voz, não adiantava se exaltar e só iria diverti-lo mais.

Hades se virou e com um movimento ágil escalou as barras de ferro, passou as pernas por cima delas e agora estava sentado virado para o barranco com as pernas soltas no ar. Ikki soltou uma exclamação quando ele se inclinou para frente.

– Olhe cavaleiro. – Direcionou sua atenção para as casas logo abaixo e Ikki se aproximou da beira para ver o que ele apontava. As pessoas vistas daquela altura eram minúsculas, mal se podia ver o que faziam.

– Os humanos são seres curiosos. Vivem em um mundo perfeito e conseguiram criar meios de transformá-lo em um inferno. Roubam e matam uns aos outros para ter migalhas a mais. É de a natureza humana tirar proveito, buscar sua própria beneficiação. – Se virou para Ikki. – Eu os odeio muito por isso.

– É verdade, mas... – Pensou em como responder, mas aquele deus estava certo, as pessoas são assim. Mas ele sabia que não era só aquilo. Havia bondade naquele mundo, mas como explicar isso a um deus? Como se basear em exceções para argumentar? Naquele momento Ikki notou que seu entendimento sobre o bem e mal era reduzida a visão de um cavaleiro. Ele não tinha armas contra seu inimigo, e pior, o entendia.

– Pelo meu desprezo por esses animais egoístas pretendia destruir este mundo e transformá-lo em uma terra de fogo e sofrimento, e assim veria a todos em condições iguais, chorando e pedindo para voltarem a ter o que tanto desprezavam. – Continuou como se Ikki não houvesse se pronunciado. – E isso não mudou. Mas notei, nesses milhares de anos vindo a terra, que o ser humano esta tomando um rumo sem volta e não é por influencia dos deuses, eles mesmos estão se destruindo.

Aquelas palavras, vindas da voz sempre esperançosa de Shun, fizeram o cavaleiro de fênix estremecer.

– E é isso que me intriga. Talvez a visão de um deus seja limitada pela distância e pelos séculos. Por isso resolvi vir a terra, olhar esse mundo da mesma altura desses humanos e ver se entendo.

Fez-se o silêncio, Ikki não podia responder, não saberia como. Apenas continuou observando a cidade atarefada. Hades soltou as duas mãos da grade para acender um cigarro, fazendo Ikki resmungar. Depois de tragar calmamente, voltou a falar.

– Outra coisa. Deuses têm milhares de anos, e são anos muito chatos. O mundo dos homens tem inúmeras formas de se obter prazer. Para os deuses, todos os tipos de sentidos humanos podem despertar nossa atenção, pois são únicos. Claro que já experimentei os sentidos humanos antes. Mas resolvi aproveitar esta época de caos, onde não existem mais limites ou regras e desfrutar de tantas novidades que a liberdade aflorou no ser humano. De todos os tipos – Tragou o cigarro outra vez, com um sorriso malicioso. – Esse talvez seja o principal motivo de vir a terra.


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Notas finais do capítulo

Dia de postagem definido. Como prometido, um capítulo bem maior. Aqui entramos na historia realmente. Agradeço a todos que leram e espero que gostem e continuem.

Eu gostaria de pedir algo.

Gostaria que vocês, ao lerem um capítulo, copiassem e colassem no review uma frase que tenha chamado vossa atenção (ou trecho, ou apenas algumas palavras). Isto é meramente para mim, eu gosto muito de analisar o que as pessoas estão pensando e sentindo, e isso me faria bem. Eu agradeceria muito.



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