Melodie de la mort escrita por DreamerMoon


Capítulo 3
Megumi




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O quanto egoísta eu posso ser ?
– Que ele esteja lá. Que ele esteja lá!
Gritava com toda a sua para si mesma enquanto corria pela floresta olhando para o chão para não perder a trilha mais acabava por bater em galhos, se arranhando em várias partes e o vestido aos poucos ia se destruindo, mais ela não tinha tempo de se preocupar com isso. Tinha que encontrá-lo antes que mais alguma coisa a impedisse. Sentiu um galho se enroscar em sua perna a fazendo parar por um momento, ja estava ficando sem folego, mais não podia perder tempo, por causa do filho do líder da cidade e os desejos idiotas dele, tinha perdido muito tempo e agora o sol já estava se preparando para ir embora do céu. Se perguntou, por que tinha deixado aquele garoto ficar a seguindo, podia ter gritado aquilo para ele a 3 meses atrás quando tinha descoberto. Mais ele era a única pessoa que estava perto dela ja que seu pai buscava trabalhar o dia todo, sua única companhia. Sem ele, ela seria uma garota solitária e não teria alguem para dar nem um bom dia naquela cidade.
Mais agora ele não importava mais, respirou fundo e voltou a correr dizendo para si mesma que sua vida dependia disso. Não podia viver sem ele. Precisava encontrar ele e os quatro gatinhos. Eles tinham que estar lá. Sentia que ja estava perto e buscou acelerar ainda mais o passo. Ele estará lá a esperando. Ele abrira um sorriso. Não importa o que tinha acontecido no dia anteriores. Poderiam continuar a conversar e se divertir como faziam desde o começo da semana. Seria sempre assim, queria acreditar nisso. Enxergou o lago e deu um pulo para fora das árvores caindo no chão sem folego, levantou a cabeça procurando qualquer sinal de vida ao seu redor. Mais não havia ninguém.
– Espoir. - Ela esperando poder sentir o gatinho branco se enroscar em sua perna mais isso não aconteceu. - Passé ? Présent ? Avenir ? - Ela continuou esperando poder ouvir os miados dos três gatinhos negros e suas caudas sacudindo ao longe, mais não pode ver nada.
Não havia nada, um sinal de vida, se podia ouvir apenas o barulho do vento nas arvores e do lago e se mexer. Não havia nem um som de pássaros ou qualquer outro animal e muito menos do garoto que devia estar ali para recebê-la
– Hanter! - Ela gritou se levantando e continuou a olhar para os lados na esperança de ver alguém aparecer entre as árvores. - Hanter! Voce esta ai ? Apareça! - Ela gritou indo para mais perto do rio e se virou para a floresta podendo assim a ver melhor. - Hanter! Eu não ligo de voce ser um morto! Apareça! Não me deixe sozinha... - Ela sussurrou para si contornando seus braços sobre si mesma na tentativa de se abraçar. Agora que tinha gritado com Arthur, não tinha ninguém além de seu pai viciado em trabalho. Precisava de Ghost, se ele não aparecesse, ela não teria motivo para fazer mais nada assim como todas as pessoas naquela cidade. - Hanter... - Ela falou e neste instante pode ouvir um barulho entre as árvores e dela saiu os cabelos castanhos que ela desejava ver olhando para ela assustado e ela correu ate ele sem pensar duas vezes.
– Pensei que nunca mais a viria.
– Hanter! - Ela gritou pulando em cima dele e interrompendo qualquer palavra que ele pudesse dizer. - Voce me esperou. Eu nunca deixaria de vir.
Falava embaralhando as palavras por causa do desespero. Não podia o perder de novo. Ele tinha se tornado o motivo de ela continuar a querer viver desde o começo da semana. Sem ele ela voltaria a ser mais uma aldeã daquela cidade de vivos que ja deviam estar mortos. Não precisava de mais nada se ele estivesse ali. Poderia viver tranquilamente se estivesse com ele. E desde que a sua mamãe tinha sido levada por uma hakamori, seu pai não ligava mais para ela. Não tinha mais necessidade de voltar.
– Eu não preciso voltar. Vou ficar aqui com voce. - Exclamou e Hanter a empurrou para trás a segurando pelos ombros voltou a olhar para ela assustado. Não se importava, se ele estava ali agora, é porque também queria estar junto dela mesmo depois de tudo. Poderia ter uma vida feliz se vivesse ali na floresta com ele. Tudo daria certo se fosse assim.
– Voce está bem ? Sabe o que está dizendo ?
– Sei muito bem o que to dizendo. Eu não preciso de nada que aquela cidade tenha.- Só preciso de você. Ela pensou mais preferiu não fazer esse comentário. - Podemos conseguir outro meio de alimentar os gatos ?
– E quanto a você ? Você não disse que tinha um pai um outro dia ? Vai abandoná-lo assim ? - Ele exclamou enquanto cruzava os braços, ela já conhecia aquele movimento, ele estava confuso e aquela era a maneira dele de se defender disso.
– Eu te disse que meu pai não vai se importar de eu sumir enquanto ele tiver o trabalho dele. - Respondeu e o viu colocar a mão na cabeça, estava pensando em outra pergunta ou resposta, mais nada do que ele dissesse poderia mudar sua cabeça. Estava decidida a nunca mais voltar aquela cidade e não tinha nada que poderia faze-la mudar de ideia.
– Por agora, vamos a minha cabana. Já está escurecendo e os gatos estão lá.
Ao ouvir isso, agarrou no braço dele todo enfaixado e o abraçou de modo que ele não tivesse como se soltar. Um passo tinha dado. Nada agora poderia separar ele dela. Já o conhecia bem em menos de uma semana. Enquanto ele estivesse ali nada mais importava. Ouviu ele soltar um suspiro e seguiram para dentro da floresta.
– Voce sabia então que eu era um morto ? - Ele falou sem olhar para ela, devia estar se lembrando da cena que ocorrera no dia anterior e ela ficou observando ele.
– Sim. Sabia.
– Desde quando ? - Ele falou olhando para ela agora e mantiveram se encarando.
– Desde o começo. Eu vi minha mãe e várias pessoas sofrerem desses problemas pós-morte. Eu sei identificar. - Ele não falou nada, então ela continuou. - Ai você pergunta: como alguém daquela cidade poderia conversar com um morto tranquilamente ? Para começar, sou uma forasteira e nunca gostei do sistema desta cidade e pensei que você poderia se tornar minha desculpa para fugir da cidade. - Ela parou vendo ele apenas a observar e ela olhou para a frente sorrindo, tinha ido apenas uma vez na cabana abandonada onde ele ficava mais pelo que lembrava já estava perto e abriu um sorriso. - Mais não tinha imaginado que poderia me sentir tão feliz de vir a floresta.
– Resumidamente eu sou apenas uma desculpa para você fugir de tudo. - Ele interrompeu enquanto já se podia ver a cabana e ela abriu um sorriso. Dependendo do que diria a partir de agora. Ele a deixaria ficar ali.
– Só no começo. Agora você é um amigo.
– Voce não sabe o que está fazendo. Devia voltar para casa e pensar. - Ele interrompeu os pensamentos dela e se soltou do braço dela andando um pouco a frente dela.
– Certo! Acho um esforço inútil mais eu volto amanhã em casa e penso no assunto já que você insiste. Mais por hoje eu posso ficar aqui né ? Não posso andar na floresta nessa escuridão e você não vai me levar até lá né ? - Ela comentou enquanto ele tocava na porta da cabana de leve e virou para ela.
– Creio que não vou conseguir mudar sua opinião mais do que isso. - Ele falou e ao abrir a porta, Espoir, o gatinho branco saiu correndo ate as pernas dela que o pegou no colo e seguiu até a porta sorrindo até ser barrada por ele. - Já sabe. Amanhã você volta.
– Tá bom! Voce é chato. Agora posso entrar ? - Resmungou, ele mudaria de ideia até de manhã, ela nunca mais voltaria para aquela cidade e viveria com ele até os seus corpos aguentarem. E nada no mundo era capaz de mudar sua decisão. Quando Hanter tirou o braço da frente ela entrou na cabana vendo Passé, Présent e Avenir perto de uma janela enroscados um no outro brincando e ela foi até a mesa surrada que tinha no centro e se sentou na cadeira que havia do lado e ficou observando local.
Ela já tinha ido ali uma vez durante aquela semana e mostrava nada ter mudado nem do lugar depois disso, até a caneca que havia utilizado ainda estava na pia enferrujada que havia. Teias de aranha cobriam o local por completo o fazendo parecer mais antigo do que já era.
– Voce não faz muita coisa aqui né ? Eu poderia ajudar a arrumar.
– Não é necessário. Fico aqui mais por causa dos dias de chuva. - Ele retrucou ficando perto da janela, não havia nenhum lugar para ele sentar, e nem uma cama tinha ali, podia se lembrar que mortos não precisavam dormir como vira a sua mãe durante um tempo. Os únicos objetos que haviam ali eram a mesa, a cadeira que estava, uma pia e o instrumento de corda que havia criado largado pelo chão. Espoir miou em seu colo e logo começou a dormir. Logo ela também poderia começar a ter sono. Tinha que pensar num plano para convencê-lo a não forçá-la a voltar para a cidade. Não precisava voltar para lá. Precisava apenas dele e nada mais. Se o convencesse que precisava apenas dela também. Tudo estaria perfeito se ela começasse a falar as coisas certas durante aquela noite.
– Por acaso. Aquela música que estávamos compondo no outro dia. Eu a terminei hoje de manhã. Podíamos tentar canta-la. - Ela comentou enquanto acariciava o Hope em seu colo. Durante aquela semana o que mais havia feito era cantado junto dele. Não gostava tanto de sua voz até o começo dessa semana quando ele havia elogiado sua voz. E quando há dois dias haviam começo a brincar de compor uma música. Não pode deixar de manter um sorriso em seu rosto durante aquele dia.
– Voce terminou aquela música boba ?
– Eu não achei boba. Tinha alguns detalhes mais eu também dei uma editada. Quer escutar ?
– Não tenho nada a perder né ? Vai querer que eu toque o inicio né ?
Não pode deixar de abrir um sorriso quando ele disse isso e se levantou enquanto ele pegava o instrumento e sentava no único banco do local. Pelo que parecia, ele conseguia tocar melhor se estivesse sentado. Queria pode aprender a mexer naquele objeto, mais também não queria tirar aquele espaço dele. Acabou por chegar mais perto ficando com o rosto em cima dele o que fez ele olhar para cima confuso.
– O que está fazendo ?
– Só te observando, ignore. - Ela falou e pode ver ele ficar corado por um instante e isso fez ela segurar uma risada. Ele bancava o arrogante mais era uma pessoa boa até demais. Pode ver ele começar a tocar o que ele dizia ser notas, uma de suas mãos ficavam na parte de cima do instrumento e a outra na parte do meio. Se perguntou se mais alguém poderia saber tocar aquilo como ele. Se pudesse ficar a escutá-lo durante o resto de toda sua vida não se importaria. Se sentiria a pessoa mais sortuda do mundo. Depois de ele tocar durante um tempo, comecei a cantar sem prestar muita atenção. Estava a se perguntar se ele sentia-se sortudo por poder escutar a voz dela. Se não sentia nem um pouco o desejo de ter ela sempre ao seu lado. Podia ter certeza de que ele tinha isso em mente, podia notar os olhares dele para ela e quanto ele ficava vermelho nas vezes que ela tocava nele. Não podia ser uma ilusão sua, ele a queria por perto. Talvez se ele tivesse um empurrão ele assumisse seus sentimentos. Ela podia fazer isso. Ele nunca conseguiria a recusar, pensando nisso ela parou de cantar e deixou o gatinho dormindo na mesa e ele olhou para ela confusa.
– O que foi ? Voce nunca para no meio de uma - Ele disse mais parou antes de terminar a frase ao perceber ela se aproximar e tocar os lábios dele com os seus e ficou parada nesse movimento segurando o rosto dele com as mãos e por perceber que ele não reagia então ela fez o segundo movimento aprofundando o beijo de forma apaixonada, os lábios dele tinham gosto de nada, como se ela estivesse beijando o vento, mais podia sentir que estava conectada a ele e isso a fez feliz, mais, ainda não teve reação nenhuma, o que fez ela se afastar dele esperando ver uma cara surpresa ou envergonhada que ela já conhecia, mais a face dele mostrava algo que ela não tinha visto antes nele. Ele mostrava estar com pena dela o que fez ela recuar assustada enquanto ele virou a cara olhando para além da janela o que fez ela se irritar.
– O que significa isso ?
– Melhor você dormir um pouco. - Ele disse se levantando e ia se afastar mais ela o segurou pelo braço.
– Não preciso dormir nada! Que cara foi essa que você fez agora. Não é uma expressão que uma pessoa que acabou de receber o beijo de uma pessoa que ama devia fazer.
– Se acalme Megumi.
– Quer que eu me acalme ? Tá querendo que eu volte pra aquele lugar cheio de gente que já devia estar morta e quer que eu me acalme ? Ta de brincadeira né ?
– Pelo menos eles ainda estão vivos. Ainda podem viver dignamente e não ter que aguentar estar em um corpo morto pelo resto de sua vida. - Ele respondeu e ela ficou em silencio virando a cara para o lado vendo que tinha acordado Hope e chamado atenção dos outros gatos. Ela só estava o tempo todo pensando em proteger a si mesma, nunca tentando pensar nos sentimentos dele. Ele devia achar ela uma idiota egoísta que só estava abusando da bondade dele o tempo todo.
– Vou lá fora um pouco. Descanse.
Ele falou se soltando dela e saiu andando para fora e ela sentiu os gatos se enroscando na perna dela o que fez ela ficar com os olhos cheios de água. Ela só se importara com aqueles gatos antes de conhecer Hanter, depois, ele tinham se tornado uma desculpa para ela voltar.
– Desculpe. - Ela falou se agachando e acariciando a cabeça dos três gatinhos preto que ronronavam com a carícia dela e logo Espoir o único branco pulou em cima dela. Ele era o mais excluído, sempre ficava agarrado a ela, assim como ela fazia em relação a Hanter. O pegou pelo colo e colocou junto dos outros.
– Voce devia brincar mais com seus irmãos. - Disse e logo os quatro começaram a brincar na sua frente e ela sentiu lágrimas se formarem em seus olhos que ela tentou apagar com a mão. - Eu sou uma idiota vocês não acham. Chamei Arthur de lixo, mais sou tão lixo quanto ele. - Ela resmungou e logo os quatro ficaram em volta dela miando parecendo tentar falar algo com ela o que fez ela soltar uma pequena risada.
– Obrigada. Agora vão brincar. - Ela disse apagando completamente as lágrimas enquanto se levantava e os gatos voltaram a brincar entre si, e ela se sentou na cadeira encostando o rosto na mesa. - Talvez eu esteja com um pouco de sono. - Resmungou e logo havia sido levada pelo sono.
Quando abriu os olhos se recordava de ter tido um sonho bonito, onde pode escutar a música que havia composto junto de Hanter num ritmo um pouco mais rapido, mais acabou por esquecer completamente disso ao ver o garoto que queria poder estar sempre perto na porta a encarando o que fez ela levantar o rosto assustada e perceber que os gatos dormiam enroscados em seus sapatos.
– Creio que não dormiu bem. - Ele disse parecendo buscar demonstrar emoção nenhuma o que a deixou desconfortável e a fez lembrar da situação do dia anterior.
– Dormi o suficiente. - Ela respondeu de forma sonolenta e buscou se levantar tentando não acordar os gatos e quando conseguiu chegou perto dele segurando na ponta da blusa dele sem graça o que fez ele a olhar confusa.
– O que foi ?
– Desculpe por ontem. Creio que eu esteja sendo muito egoísta durante toda essa semana.
Ele não responde, apenas segurou o braço dela o soltando de sua blusa e ela olhou para ele sem saber o que esperar, mais o que viu, foi um rosto contorcido de dor que se virou irritado. Neste momento ela finalmente se perguntou como alguém que era para estar morto ainda demonstrava tantos sentimentos.
– Deixa isso pra lá. Já amanheceu. Voce deve voltar. - Ele falou soltando o braço dela o que fez ela corar e virar a cara. Não tinha gostado nem um pouco dessa cena, não conseguia saber o que dizer mais para sua surpresa ele tomou a iniciativa de continuar.
– E por acaso, vou te acompanhar até a cidade. E acho melhor a gente levar os gatos.
Ela arregalou os olhos enquanto ele se moveu indo até os gatos e ficou parada até ele voltar com Passé e Présent na mão e os outros dois vinham atrás.
– O que voce esta pensando ? - Ela disse evitando olhar para ele.
– O que está pensando que vou fazer ? - Ele respondeu e ela se virou vendo um pequeno sorriso se formar na face dele. - Vamos andando ?
A porta se abriu mais ela demorou a seguir ele, antes disso olhou para trás vendo a cabana uma última vez, pois nunca mais voltaria ali e viu o instrumento dele largado no chão, correu até ele e o pegou antes de sair correndo atrás dele com o Espoir e o Avenir atrás dela. Quando ela se aproximou dele desacelerou e ele pareceu surpreso ao ver a criação dele na mão dela.
– Por que pegou isto ? - Ele comentou olhando para a frente.
– Achei que devia, só isso. - Ela falou vendo ele continuar a andar e olhar para frente, sem nem ao menos prestar atenção nos gatos que estava no seu colo. - Por que está fazendo isso ?
– Só acho que vivi o suficiente não acha ? Tem uma hakamori na sua cidade né ? Já devia ter ido até ela a muito tempo.
– Não devia não! - Ela gritou fazendo os gatos no colo dele se assustarem e arranharem o peito dele, mais da ferida não saiu nada. - Voce sempre fugiu da morte e agora mudou de ideia ? O que aconteceu pra voce...
– Megumi. - Ele a interrompeu, mais continuou a andar sem olhar para ela, mais ela viu um pequeno sorriso se formar na face dele. - Desculpe.
– O que ?
– Te tratei como uma pessoa egoista. Mais eu também não fico atrás. Usei voce para conseguir fazer o que não tinha feito enquanto ainda estava vivo. Eu ja fui uma pessoa naquela cidade. Já pensei e aceitei as coisas como as pessoas daquela cidade. Eu parei de viver desde que Deus abandonou esse mundo. Porem, agora graças a voce eu pude ter algumas experiências de vida mesmo sendo após a morte.
– Hanter ? - Ela o interrompeu e ele ficou em silencio por um tempo parecia tentar sorrir.
– Me pergunto quando sorrir se tornou uma tarefa tão difícil... - Ele falou. - Voce deve saber o que acontece com os mortos né ? Uma hora eles perdem os sentidos, os sentimentos, se tornam algo parecido com o que chamam de zumbi. A única coisa que falta para esse corpo é ser enterrado.
Ela parou e Espoir e Avenir pararam junto com ela se enroscando nos pés dela, Hanter continuou a andar em silencio. Percebeu que estavam perto do rio, em breve estariam perto da cidade, em breve sua alma deixaria esse mundo e ela não teria mais nada além de seu pai viciado em trabalho. Correu até ele o abraçando por trás e finalmente ele parou por um momento, estava no rio já e ela sentiu uma tremenda vontade de chorar mais se segurou.
– Então me deixa ser egoísta. Fica comigo até o último momento. Não me abandone sozinha neste mundo horrível. Fica comigo, fica. - Ela esperneava sem parar enquanto ele ficou em silencio, Passé e Présent pareciam pedir a mesma coisa também e ele ficava parado em silencio.
– Megumi! - Eles dois ouviram uma voz gritar de longe, ela reconheceu rapidamente a voz, era Arthur. Ele tinha feito o que tinha dito, deve ter contado a todo mundo sobre o morto e agora eles tinham vindo atrás dos dois. Ela precisava de tempo. Não podia deixar eles os acharem.
– O que voce fez Megumi ? - Hanter gritou o que fez ela se assustar e deixar ele se soltar dela se virando. - Voce me entregou! Traidora!
– O que está fazendo ? - Ela falou e ele jogou para cima dela os dois gatos que se remexeram nos braços dela confusos como ela.
– Hanter, o que pensa... - Antes que terminasse de falar ele a calou selando seus lábios aos dela, ela não conseguia reagir e ele não se movia, só ficaram parados, conectados por aquele toque ela não conseguiu pensar em nada até ele se soltar dela e novamente tentar abrir um sorriso.
– Se pelo menos eu pudesse sentir voce... - Ele resmungou se afastando dela e ela ficou sem reação, agora entendia o motivo de tanta rejeição em relação a ela.
– Megumi! Ali estão eles!
Ela ouvir eles gritarem, estavam do outro lado e vinham em sua direção. Dessa vez ao se virar para Hanter ele tinha um sorriso formado no rosto.
– Adeus. - Ele sussurrou para ela e logo começou a correr para dentro da floresta - Traidora! - Ele gritou mais ela soube que era mentira. Não, as coisas não podiam terminar assim. Viu dois homens, eram da estalagem correndo atrás dele para dentro da floresta.
– Megumi! - Ela ouviu e se virou assustada. Era seu pai que foi até ela e a abraçou.
– Pai... Ela sussurrou e tentou impedir que seu pai amassasse os gatos.
– Que bom que voce está bem. Ele não te fez nada né ?
– Voce está bem Megumi ? - Ela ouviu e atrás de seu pai estava Arthur sem folego e ao ver a cara dele, começou a chorar desesperadamente, caiu no chão, derrubando o instrumento e deixando os 4 gatos ao seu redor tentando a consolar.
– Desculpe Arthur! - Ela falou no meio do choro o que assustou o garoto que chegou perto dela.
– Do que está falando Megumi ? Voce devia agora gritar comigo não é ? - Ele comentou de modo sarcástico e ela olhou para ele. Ele estava pronto para levar um tapa na cara, ouvir ela xingar ele, gritar com ele. Fazer todo o mal que podia. Mais ela não conseguiu fazer nada contra ele. Apenas abriu um sorriso parecido com o do Hanter antes de sair correndo.
– Somos duas pessoas muito egoístas não acha ? - Ela falou e após falar isso, seu pai a pegou no colo e depois disso ela só pode ver a cara de susto de Arthur e só ouviu o miado dos gatos e o grito de alguém que não reconheceu dizendo que tinham pego Hanter antes de apagar completamente.
Quando acordou, estava na sua cama, na estalagem. Levantou correndo, e viu os quatro gatos numa cesta de frutas e do lado o instrumento do Hanter. Saiu pela porta e deu de cara com Arthur que a olhou com a mesma cara que tinha feito antes dela apagar.
– Megumi...
– O que aconteceu ? Quanto tempo eu dormi ? - Ela falou de forma desesperada e ele virou a cara.
– Devem estar o enterrando agora. - Ele falou e ela saiu correndo o largando ali. - Não devia se trocar ?
– Vigia os quatro pra mim! - Foi a única resposta que ela deu antes de sair pela porta e correr pela cidade sem notar que estava de pijama, correu de forma desesperada até chegar a área onde a Hakamori, fazia seu trabalho e enterrava os mortos. Um morro que tinha na cidade. Quando estava perto ela pode ver seu pai e os dois que tinham ido com ele a buscar na floresta. E logo viu a mulher que ela odiava, sem expressão nenhuma como sempre, em frente a um buraco no qual ela jogava terra para dentro.
– Hanter! - Ela gritou e ao chegar perto foi segurada pelo pai que não a deixou passar.
– Filha se acalme. Agora está tudo bem.
– Me deixa passar! Hanter! Sai dai agora. Eu te disse que não ligo. Eu só quero voce do meu lado. - Ela gritou desesperada. Enquanto via a mulher jogando cada vez mais terra. - Eu te amo Hanter! Não ligo se voce não pode dizer isso. Só não me deixa! Hanter!
– Filha! Voce não está se sentindo bem. Tem que voltar para casa.
– Não. Me solta! Hanter! - Ela continuou a gritar até seu pai conseguir jogar ela dentro da estalagem, quando ela colocou os pés no local se deu conta de que não podia fazer mais nada. A sua alma ja devia ter partido e seu corpo degastado já devia estar debaixo da terra se preparando para se tornar um só com a terra. Acabou. Agora a única coisa que tinha era um pai viciado em trabalho que lhe dava atenção só nesses momentos. Não tinha mais nada.
– Acabou. - Ela falou para si mesma mais seu pai pode ouvir.
– Filha...
– Estou cansada. Vou para o meu quarto. - Ela disse subindo as escadas devagar pode ver no corredor Arthur que olhou para ela de forma triste.
– Eu fiz algo muito ruim né ? - Ele falou e ela não conseguiu se virar para ele.
– Voce só acelerou o processo de morte dele. Deve estar com pena de mim agora né ?
– Megumi, escute.
– To cansada disso. - Ela disse o interrompendo e foi para seu quarto e ao trancar a porta viu os gatos se aproximarem dela e se sentou no chão e com eles ao redor. Começou a chorar e a gritar como uma criança mimada. Deixando tudo do lado de fora como estava. Nada mais a importava.
O sol e a lua sumiram várias vezes no céu e ela continuou trancada no quarto e jogada na cama, todo dia seu pai colocava comida na porta e tentava conversar com ela, mais nunca ela respondia e comida sempre ia toda para os gatos. Não se importava com a situação, não teria nada de interessante para fazer lá fora, já que Hanter não estaria lá fora e Passé, Présent, Avenir e Espoir estavam ali e ela podia ficar os observando correr pelo quarto.
– Quanto tempo será que eu já estou assim heim Espoir ? - Ela perguntou enquanto o gato branco passava pela sua cama e tentava subir, ela se sentou e o pegou no colo o acariciando.
– Espoir... eu não tenho nem uma gota disso... Esperança. - Ela resmungou e nesse momento pode ouvir uma batida na porta. Devia ser seu pai trazendo comida mais voz que ouvira era diferente.
– Megumi ? É o Arthur... queria saber se voce está bem.
Ela ficou olhando a porta em silencio, não queria responder, não queria ter contato com mais ninguém. Não precisava encontrar com mais ninguém.
– Voce ta comendo ? Como estão os gatinhos ? Voce ta tomando banho ?
Ele começou a fazer perguntas idiotas , o que fez ela se encolher na cama abraçando Espoir enquanto os outros 3 que estavam brincando foram até a porta e ela não entendeu, ou pelo menos não queria saber se eles estavam querendo o expulsar ou abrir a porta.
– Voce ta vendo o sol ? Dá pra ver a floresta do seu quarto ? Se sim, não devia ficar o tempo todo observando isso. Vai te fazer mal não acha ?
– Por que ele não cala a boca e vai embora. - Ela cochichou para Espoir.
– Megumi, voce esta vivendo ? - Essas palavras fizeram ela soltar o gatinho branco que desceu da cama e foi até os outros que estavam na porta. Viver, não tinha mais como ela viver, a pessoa que amava não estava ali. Por que ela viveria. Se perguntou, por que aquele garoto se preocupava se ela tava vivendo ou não agora que não queria mais saber disso.
– Megumi. Fala pelo menos um bom dia. - Ela se levantou e foi até a porta, fazendo os gatos se afastarem. Tava cansada de ouvir ele já. Só iria expulsa-lo dali.
Respirou fundo e abriu a porta depois de vários dias e levou um susto, Arthur estava na frente dela vestindo as roupas de sempre mais seu cabelo estava branco como uma neve e ele percebeu a surpresa dela, cutucando o cabelo de forma tímida.
– O que voce fez ? Esquece, isso não é da minha conta...
– Eu queria mudar, mais como não tem como pintar o cabelo eu só o descolori. - Ele respondeu por cima dela o que fez ela ficar em silencio por um momento mais logo voltou.
– Mais o que voce quer ? Já não destruiu partes de minha vida o suficiente ?
– Eu sei o que fiz e sinto muito por isso tá ? Mais voce não devia ficar trancada assim no quarto.
– O que faço ou não faço, não é da sua conta. Agora vai embora. - Ela disse começando a fechar a porta.
– Desse jeito voce vai acelerar sua morte. - Ela abriu a porta novamente.
– Isso não é da sua conta. Vai embora Arthur!
– Devia pelo menos levar os gatos para passear não acha ? - Na hora que ele disse isso, os gatos parecem ter ouvido e gostado da ideia, ficando sentados atrás dela abanando o rabo e com os olhos brilhando.
– Olha o que voce fez.
Em poucos minutos ela trocou de roupa, comeu algo, se despediu do pai que terminava de reformar a estalagem e saiu de casa com os quatro gatos a seguindo e Arthur do lado.
– O que está fazendo ? - Ela perguntou e ficou encarando o cabelo branco dele que a irritava.
– Te fazendo companhia ? - Ele respondeu de forma rápida.
– O que voce quer de mim ? Não tem outra garota para perturbar não ?
– Eu quero mudar. Acredito que voce pode me ajudar. -
Megumi olhou para ele confusa mais logo se viu seguindo para o centro da cidade que como sempre, estava vazio, se lembrou que quando cantava, aquele lugar enchia um pouco mais que o normal pela manhã e sentou no banco que normalmente ficava com os quatro gatos passeando pelo lugar como crianças que acabaram de chegar num parque enquanto Arthur se sentou do lado dela.
– Eu sei que o que fiz com voce foi muito egoísta de minha parte. Mais estou pronto para me redimir. Eu faço o que voce quiser, apenas, deixa eu ficar perto de voce.
– Fala como se quisesse se tornar meu escravo.
– Se quiser que seja assim eu não ligo.
Megumi olhou para ele de novo confusa mais ele mostrava estar determinado o que fez ela virar a cara se perguntando o por que dele querer fazer isso. O que depois de tantos dias, fez ela ter vontade de rir e uma pequena curiosidade surgiu em sua mente.
– Então beija os meus pés que eu vou pensar no caso. - Ela disse e antes que percebesse ele se levantou e ficou de joelhos na frente dela pegando um dos pés e o beijou de leve o que fez ela corar mais começar a rir depois de tantos dias. Talvez nem tudo estivesse perdido naquela cidade. Enquanto se ainda tá vivo, as pessoas podem mudar.
– Mais alguma ordem. - Ele falou parecendo estar com nojo o que fez ela voltar a rir. - Que bom que voce esta rindo que nem ria com ele.
Megumi olhou para ele e lembrou que nunca ria perto dele daquela forma tão natural
– Ordens ?
– Chega, chega! Voce não é mais meu escravo agora se levanta por favor. - Ela disse se encolhendo no banco e ele levantou confuso.
– Mais vou poder ficar do seu lado ? - Ele falou pela primeira vez mostrando insegurança. Ele tinha mudado .
– Se não tentar me levar pra sua casa. Podemos ser amigos. - Ela disse tentando ficar séria mais agora ele tinha aberto um sorriso o que a surpreendeu também. Nunca o tinha visto sorrindo e até que ele ficava bonito com esta expressão. O cabelo grisalho não ficava ruim nele.
– Com licença. - Os dois se viraram vendo uma senhora que mostrava ter mais de sessenta anos que olhou para ela com uma expressão surpresa. - Voce e a garota que cantava aqui né ?
– Sim.
– Esta sumida. Não vai cantar mais ?
– Bom... - Ela respondeu pensativa, não tinha mais um motivo para cantar.
– É uma pena. Gostava tanto de sua voz. Era um motivo para eu vir ao centro da cidade e dar uma volta como eu não fazia a um bom tempo.
Ela ficou em silencio por um momento, sua voz tinha chamado atenção da senhora e de várias outras pessoas que não tinham motivo para sair, e se lembrou do que Hanter tinha falado uma vez. Seja a primeira, viva. Ela poderia ser um exemplo de como ser feliz naquele lugar onde Deus não existia. Mostrar os outros como viver, esta poderia ser sua desculpa para continuar a viver.
– Bom, senhora, é que eu estava com a garganta estranha. Então eu não podia cantar. Mais faço uma apresentação especial para a senhora agora.
– Seria maravilhoso - A senhora falou.
– Arthur. Lembra daquele instrumento que Hanter tinha. Voce o viu né ? Pode ir lá no meu quarto pegar para mim ?
Arthur ficou pensando por um momento mostrando surpresa e saiu correndo e logo estava ele ali com o instrumento que Hanter tinha contruido, tinha visto ele tocar então se lembrava de algumas notas que ele fazia. Poderia tocar. Poderia continuar a viver como Hanter tinha falado para ela. Viu os gatos se aproximarem e fechou os olhos pensando em tudo que tinha acontecido naquela semana até chegar o momento que ele estava sendo enterrado. Não pode se aproximar dele mais por um instante ela pode ver a face dele uma última vez. Estava sorrindo igual como ela estava sorrindo agora.
Começou fazendo algumas notas e depois de um tempo respirou fundo antes de começar a tocar.
Me livrarei das mãos que estenderam a mim e avançarei, em um mundo de liberdade falsa. O mundo que passei são sem sentido e se parecem com o começo do fim. Aqui, até as verdades nas quais eu acreditava pararam de fazer sentido.
O que é a verdadeira felicidade ? Não tem ninguem aqui que saiba a resposta disso.
Sonhos quebrados e devastados dormem nestas terras, e me recuso a viver como se já estivesse morta. Minha hesitação tirou a luz do meu alcance. Deixarei o mundo ver minhas ultimas esperanças e correntes que me prendem.
Deixarei que vejam o meu esplendor!
Continuar a viver até o último segundo para no final poder ir embora sorrindo não é Hanter ?


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Notas finais do capítulo

A musica que ela canta no final é a abertura de Kamisama no inai nichiyoubu
Bom. Espero que tenha gostado e se não gostou, obrigado por ter lido.
Até um proxima vez.



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