Flash Back on~

–Eu não entendo.-Murmurei para a loira ao meu lado, enquanto olhava para o enorme vidro a minha frente.-Não consigo progredir em nada com ele.-Sussurrei com minha atenção voltada ao jovem sentado na pequena sala branca.

–Talvez seja a hora de parar de tentar Mebuki.-Tsunade retrucou.

No último ano tentei a todo custo fazer com que Sasuke se tornasse um pouco mais civilizado, porém todas as minhas tentativas foram frustradas.

Abri a pasta em minhas mãos e folheei toda a informação que tínhamos conseguido sobre Sasuke.

Segundo os documentos, Sasuke havia sido enclausurado com uma alcateia de lobos cinzentos. Logo de inicio sofreu a rejeição do grupo, que costumava atacá-lo sempre que dormia, o que fez Sasuke aprender a escalar árvores para dormir sobre elas, já que os lobos viviam apenas no solo.

Aos 12 anos de idade conseguiu entrar para a alcateia, porém como ômega, que seria o que chamamos de “nerd no meio dos valentões”. Aos 15 o rapaz desafiou o alfa e acabou quase por morrer, mas devido a esse feito ganhou respeito dentro do grupo. Após a briga deixou a matilha e nunca mais foi importunado.

Passei todo o último ano pesquisando sobre a espécie que Sasuke estava acostumado, tentando encontrar qualquer brecha para ficar mais íntima do rapaz. Tudo em vão.

Desconfiava ser culpa do ambiente a sua volta, pois desde que chegou ao quarto branco não uivou sequer uma vez, mostrando que se sente em um território desconhecido e não no seu.

Também tentava imaginar se teria todos os comportamentos de um lobo comum, como abaixar a cabeça em submissão, passar toda a vida com uma só fêmea, ou se sentia o cheiro de uma fêmea que quer acasalar, ou ainda se parava de se cuidar quando se sentisse “apaixonado”.
Sasuke era um completo mistério para mim.

Flash Back off~

Sakura POV~

Assim que amanheceu o corpo de Sasuke deixou a minha cama, levando com ele todo o seu calor.
Observei-o saindo do meu quarto e fechando a porta atrás de si. Um minuto depois ouvi a porta do quarto da minha mãe se abrir e seus chinelos se arrastarem escada a baixo. Ela estava indo trabalhar.

Como ele sabia que ela havia acordado?

Levantei da minha cama, decidida a conversar com minha mãe durante o café da manhã.

_____________________________Quebra de tempo______________________

–Mas quanto tempo ele vai ficar aqui?-Indaguei enfiando um pedaço de panqueca na boca.-Minhas férias inteiras?-Perguntei entre mastigadas.

Minha mãe largou os talheres ao lado de seu prato e me encarou, enquanto terminava de engolir.

–Ficará por um ano aproximadamente.-Respondeu esperando minha reação.

Eu simplesmente não tinha uma reação. Não sabia o que pensar em tê-lo por perto por tanto tempo. Com toda a certeza ele atrapalharia minha vida.

–E depois disso?-Tentei mudar para uma notícia boa.

–Se não acharmos a família dele, seu pai irá levá-lo para morar com ele.-Sua voz mostrava alívio ao não receber reclamações da minha parte.

Meu a dois anos havia se mudado para Toronto. Achei injusto Sasuke vê-lo e eu não.

–Por enquanto quero apenas que você ensine ele a ser um adolescente normal, o ajude com a escrita e leitura.-Parou por um instante.-Além de ajudá-lo na sua escola.

–Ele vai estudar na minha escola?-Perguntei me levantando da cadeira.

–Vai.-Retrucou ríspida.-E eu espero que você o ajude a se enturmar com seus amigos.

Não respondi. Não costumava ir contra sua vontade, isso me dava certos benefícios.

–Tente fazer ele se divertir hoje, Sasuke precisa aprender a viver.

Antes que pudesse responder algo para tentar escapar desse compromisso Sasuke apareceu na entrada da cozinha.

______________________________Quebra de tempo__________________________

–E essa o que quer dizer?-Perguntou apontando para uma palavra de um dos livros que empilhei para que ele pudesse ler.

A quase uma hora ele estava sentado na minha mesa de estudo, concentrado nos livros mais infantis que pude encontrar no meu quarto.

Empurrei o notebook para o lado e levantei da minha cama, pegando o livro de suas mão para ler a tal trigésima palavra complicada.

–Celeiro…É como se fosse uma casinha rural para guardar grãos… Tipo isso entendeu?-Perguntei recebendo um aceno afirmativo.

Entreguei-lhe o livro e voltei para a minha cama.

Antes de me deitar a voz de Sasuke me interrompeu.

–E essa?-Apontou para uma linha abaixo.

Bufei e andei em sua direção, retirei de sua mão e o joguei sobre a mesa. Eu não era a melhor pessoa do mundo para ensinar algo a alguém.

–Vamos sair.-Ordenei me retirando do aposento.

Sasuke me seguiu sem questionar.
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Não me sentia segura em levar Sasuke para um lugar onde houvesse qualquer sinal de aglomeração. Então escolhi um parque repleto de árvores que ficava a alguns minutos da minha casa.

Para minha surpresa, assim que chegamos o lobo correu na minha frente e começou a escalar uma enorme árvore, sumindo entre seus galhos em pouco tempo.

Sorri e me deitei sobre a grama.

Parece que eu havia conseguido com que ele se divertisse. Não da maneira que minha mãe esperava.

Vinte minutos depois e eu ainda encarava o céu. Sasuke começava a me preocupar.

–Sakura!-Ouvi uma voz gritar e o som de passos vir em minha direção.

Me levantei já esperando o que vinha a seguir.

–Ino!-Respondi na mesma intonação abrindo meus braços para receber o abraço que certamente receberia.

–O que está fazendo aqui, sua mal acabada?-Perguntou se afastando, segurando em meus ombros.

Ates de responder percebi que duas pessoas vinham na companhia de Ino.

Senti-me desconfortável em ver o olhar de Hinata pousar sobre mim.

Meses atrás éramos melhores amigas, e hoje… Ela mal fala comigo. Tudo mudou sem qualquer explicação.

Olhei para a outra pessoa e percebi ser Neji, primo próximo de Hinata. Aquilo me deixou um pouco mais desconfortável.

–Você vai na festa do Gaara?-Ino chamou minha atenção, parecendo notar meu desconforto.-É nessa sexta.

–Talvez eu vá. Tenho que resolver algumas coisas.-Murmurei me lembrando de Sasuke.

Droga, Sasuke!

Olhei nervosa ao meu redor, procurando qualquer sinal do moreno. Seria ruim para minha imagem se ele viesse correndo ao meu encontro ou decidisse me abraçar como na noite passada.

Naruto não era um dos mais amigáveis quando estava com ciúmes. Já tinha experimentado uma amostra em relação ao Sai.

–Tudo bem.-Respondeu sorridente.-Vou te fazer companhia já que não tenho certeza se vou te ver essa semana.-Disse se preparando para sentar.

–NÃO!-Retruquei mais alto do que o necessário, fazendo os três me olharem com o cenho franzido.-É que…-Tentava pensar em qualquer desculpa satisfatória.

–Na certa esta esperando o Naruto, sua safada.-Ino afirmou sorrindo, dando-me um forte tapa no ombro.

Achei que era uma ótima desculpa, porém mesmo assim não afirmei nada, apenas me despedi dos três e me senti aliviada quando se afastaram de mim.

Me virei para procurar Sasuke, mas antes de avançar um borrão vindo de cima passou na minha frente. Gritei assustada antes de perceber que era Sasuke pulando de uma dar árvores e caindo em pé na minha frente.

–Onde você estava?-Indaguei irritada.

–Não queria aparecer para seus amigos.-Respondeu dando de ombros.

Olhei melhor para ele e percebi que seu estado estava lastimável. Roupas sujas de lama, assim como parte do rosto, seu cabelo estava repleto de pequenas folhas, uma parte de sua camiseta branca estava rasgada e um pequeno corte havia ferido o final de sua sobrancelha esquerda.

–Olhe só para você, parece uma criança.-Murmurei suspirando.

Estendi minha mão para seu cabelo, no começo retirando folhinha por folhinha, porém como sou impaciente logo estava bagunçando seu cabelo, no intuito de cair tudo de uma vez.

Olhei-o por um instante e percebi como realmente se parecia com uma criança. Até seu cabelo agora desgrenhado.

Mal percebi e um sorriso se formou no meu rosto.

Estendi meu braço em sua direção e passei minha mão por seus fios rebeldes, na intenção de arrumá-los.

Sasuke pareceu gostar, pois abaixou a cabeça em minha direção, como um cachorro pedindo carinho.

–Quando chegarmos em casa você vai tomar banho.- Disse afastando minha mão da macies dos seus cabelos.

Me virei e senti Sasuke me seguir de perto.

Não sabia que olhos perolados nos observavam a algum tempo.