Black & Blue escrita por oneslasher


Capítulo 1
Capítulo Único - Oneshot


Notas iniciais do capítulo

- Spoiler: logo após a finale da segunda temporada.
— Revisada em out/2015.
— Não é songfic, mas depois de ter postado a história, me contaram que a fic lembra "Black and Blue" da Christina Perri. Até o nome da fic é igual, então, se quiser ouvir a música pensando em Sterek, pode ser divertido.



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A madrugada ia alta. A lua cheia iluminava o céu, seu brilho azul entrava pela janela aberta. Stiles adentrou seu quarto, jogou as chaves do jipe ao lado do computador e atirou-se na cama abafando um gemido no travesseiro.

Deus, como ele estava cansado.

Não queria pensar em nada. Nem em lobisomens, nem em kanimas. Nem em Scott e principalmente Lydia… muito menos em Lydia. Ela estava, finalmente, outra vez com Jackson e ele não poderia pensar em outro alguém que faria a ruiva feliz. Ele amava Lydia, mas descobriu que seu amor por ela tinha mais a ver com admiração do que o amor que existia entre Scott e Allison, por exemplo.

Lydia não era para Stiles. Stiles não era para Lydia. Ele sempre soube. O sentimento ainda estava ali, ainda existia… mas não tão intenso como um dia fora, e não o machucava mais como pensou que machucaria.

Stiles estava cansado demais para deixar seus pensamentos fluírem por esse caminho. Ele só queria afundar-se em edredons e esquecer que todos os problemas do mundo existiam.

Estava quase adormecido quando ouviu passos dentro do seu quarto. Talvez seu pai estivesse de volta querendo saber como se sentia. É, a surra que levou de Gerard deixaria marcas feias no seu corpo e rosto. Mas ele estava bem, nada com que se preocupar e que algum tylenol não fizesse um bom efeito.

Voltou a fechar os olhos, resmungando algo incoerente que ele tinha a esperança que soasse como estou bem, pai quando um peso na cama ao lado de sua cabeça o fez quase pular de susto.

O quarto estava escuro, mas suficientemente claro para notar o outro homem sentado ao seu lado que definitivamente não era o seu pai. A camisa rasgada, o cheiro notável de sangue seco e um rosnar. Um rosnar de dentes afiados, a respiração rápida de quem esteve correndo, e suor.

Tão logo Stiles assimilou a presença do alfa em seu quarto, seu rosto foi agarrado por mãos de unhas afiadas e preso ficou. Ele abriu a boca para protestar, mas estava tão assustado com a atitude de Derek que não conseguiu articular nenhum som, o que, em si, já era muito de se conseguir.

Os olhos de Stiles pousaram sobre os de Derek. Vermelhos, intensos e bravos. Stiles engoliu em seco. Droga. Já não bastava todo o perigo por que passara hoje ainda teria que enfrentar um lobisomem alfa ensandecido?

O que diabos Stiles fez, afinal, para merecer tanta gente maluca atrás dele?

Derek estava mudo. Nenhuma palavra saiu de sua boca desde o momento que entrou em seu quarto. Seus olhos fixos não desgrudaram de Stiles um segundo sequer. Ele farejou o ar, sentindo o olfato do lobo nublar seus sentidos.

– O que você…? – Stiles murmurou

– Sangue… - Derek grunhiu.

– Oh meu Deus! Você não vai me atacar, não é? Não é fome de sangue que te fez sair de sei lá onde para vir aqui, certo? É sangue seco, não é nada demais é só um arranhãzinho bobo que ainda não limpei, então…

– Cala a boca, Stiles!

– Oh, ele fala! O lobo fala! Até que enfim! Tire essas mãos de cima de mim, eu não quero ter que responder perguntas constrangedoras sobre ter um homem em minha cama, se por acaso meu pai entrar por aquela porta. Sabe de uma coisa, Derek? Pessoas normais entram pela porta, não por janelas!

– Você quer, por favor, ficar quieto?

Por favor? Derek Hale não pedia por favor, ele simplesmente exigia. Mas Stiles, aparentemente, foi tomado por uma vontade súbita de jogar toda a adrenalina que ele tanto tentou canalizar no sono em palavras. Derek dizendo por favor ou não ele tinha despertado a sua verborragia. Dane-se, era problema do alfa, não dele!

– … e se meu pai entrar aqui, agora? Se te ver me agarrando desse jeito? Olha, eu não sei o que ele pode pensar de você, não sei como poderia ter que explicar isso. Meu pai não acredita que eu seja gay e sinto muito em lhe dizer que ele tem certeza disso…

Derek não estava prestando atenção. Voltou a grunhir enquanto uma avalanche de palavras o tomava de súbito e optou por fechar, mentalmente, os ouvidos. Não podia acreditar que Stiles não parasse sequer para respirar entre uma sentença e outra.

Ele tentou, porém, ignorar o máximo que conseguiu. Stiles tentou se livrar de suas garras. Derek não permitiu. Stiles estava preso e Derek não o soltaria. O garoto tinha o lábio inferior cortado e começando arroxear, um pouco abaixo dos olhos a ferida era maior. O corte pegava a parte superior das maças do rosto dele. Ficaria um machucado bem feio.

Era obra de Gerard, aquele crápula filho da puta. Era uma pena que ele estivesse morto agora porque Derek se certificaria de matá-lo outra vez por machucar Stiles desse jeito.

Aquela noite tinha sido uma bagunça total, ele nem poderia começar a descrever. Não era bom em palavras como Stilinski, que até agora ainda tagarelava sem fim. Ele notou que aquilo era uma maneira de escape e sendo Derek conhecedor de todos os fatos daquela noite, ninguém melhor que ele para ouvir o surto de Stiles.

Afinal, Derek entrou no quarto de Stiles por livre e espontânea vontade.

– Você pode ser o lobo alfa que quiser – Stiles continuava falando – mas vou te dizer uma coisa, se meu pai entrar por aquela porta você vai deixar de ser um lobisomem para virar um cachorrinho ganindo.

Sem retirar as mãos em garras do rosto do Stiles, Derek retrucou.

– Parece uma donzela em perigo resmungando por socorro, Stiles. Isso me faz ser o seu lobo mau?

– Haha, muito engraçado. Até parece. Não sou nenhuma garota da capa vermelha! O que quero dizer é que você está fedendo a sangue e eu estou ferido. É só juntar dois mais dois. E de tudo o que aconteceu hoje a última coisa que quero é arranjar mais encrenca. Sim, Stiles Stilinski fugindo de problemas. Nem parece que sou eu falando. Droga, eu estou cansado! Você, seu lobo idiota, o que quer aqui afinal de contas?

Derek piscou. Devagar, recolheu suas garras e os olhos voltaram para sua cor humana. Stiles fingiu um suspiro dramático quando foi solto. Ele correu os dedos pelo rosto pensando que encontraria marcas a mais, mas se surpreendeu. Derek usou as poderosas unhas lupinas e, no entanto, não o feriu.

Stiles voltou os olhos para Derek e o lobisomem tinha os olhos fora de foco, forçando-se a se concentrar. Um momento depois que pareceu longo demais ele voltou a olhar diretamente para Stiles.

– E então? – Stiles tinha uma careta no rosto.

– Quero saber o que Gerard queria de você.

– Oh. Não é muito difícil de adivinhar. Ele queria saber onde você estava. Boyd e Erica estavam pendurados no teto por fios desencapados. Tentei soltá-los e Gerard apareceu. Avô doido de pedra aquele da Allison…

– E por que mesmo assim você não contou onde eu estava? Você poderia ter dito…

Stiles abriu a boca para responder e percebeu que não tinha resposta para aquilo. Sim, ele poderia ter entregado, mas não quis. Não era o certo, não era o que ele queria fazer. Tendo apanhado ou não, não mudaria o fato da resposta que Gerard procurava nunca sairia dos lábios de Stiles Stilinski.

Mas dizer isso em palavras não era fácil. Principalmente para o motivo da razão de Stiles ter apanhado. Ele simplesmente sabia que nunca poderia ter delatado o alfa para o inimigo.

A única resposta que Stiles conseguiu dar foi uma imitação frustrante dos grunhidos de Derek. Ele deu de ombros e jogou-se de volta na cama, com um braço cobrindo os olhos.

Alguns segundos depois ele voltou a sentir o ondular do colchão sob seu corpo quando Derek deitou-se ao seu lado.

– Não precisa me agradecer…

– Eu não ia.

– Eu sei.

Os dois suspiraram. O silêncio tomou conta do quarto, nenhum dos dois querendo quebrá-lo. Os acontecimentos da noite ainda eram muito recentes e qualquer sinal de tranquilidade era bem vindo. Stiles voltava a sentir o sono dominá-lo quando Derek falou.

– Você deveria cuidar desses machucados, vão estar piores amanhã.

– Amanhã é outro dia. Hoje eu só preciso dormir.

– Durma depois que limpar os machucados e tomar algum remédio.

Stiles apenas abriu um olho para ele.

– Anda logo. – Derek comandou antes mesmo do outro abrir a boca. - Tire o traseiro da cama e vá tomar um banho.

– O que…

– Agora, Stiles!

Stiles só fez abrir a boca ainda mais. Não quis pensar muito no porque de estar cedendo, principalmente quando já estava a meio caminho do chuveiro. Derek tinha razão, afinal. Um banho o ajudaria a relaxar.

A água era quente, mas ardeu um pouco sob os machucados. Escovou os dentes, lavou o cabelo. Desligou o chuveiro um momento mais tarde e logo em seguida um braço lhe estendia uma toalha seca e macia através da cortina do box.

Stiles não gostaria de tentar analisar as razões de Derek para estar ali em seu banheiro. Era quase impossível, porém. Estaria Derek sentindo-se culpado por Stiles? Ele franziu a testa detestando a ideia. Não gostaria disso. Se Derek estava ali Stiles queria que fosse por vontade própria.

Por querer e não obrigação.

Era estranho o suficiente que Derek estivesse fazendo tudo isso. Ajudar alguém de boa vontade não era feitio do alfa. Então o quê?

Stiles voltou para o quarto vestindo uma calça de pijama.

–Sente-se de volta na cama. Eu achei alguns curativos que vão te ajudar.

– Sabe de uma coisa, Derek? Quando era criança sempre assistia Os Animaniacs e a minha frase preferida era uma que acho que se encaixa muito bem agora: Olááá, Enfermeira!

A careta de Derek estragou toda a piada e Stiles fingiu que não tinha dito nada. Realmente, aquele lobo não tinha senso de humor. Ele deixou Derek seguir adiante. Observou ele dispor os curativos na cama e limpar o ferimento do rosto. Logo cobriu o machucado com uma gaze pequena. O lábio cortado seria mais delicado e Stiles percebeu então a estranheza da situação.

Ele tentou tomar os curativos da mão de Derek, mas foi impedido.

– Fique quieto e tente não se mexer. Não faço isso há muito tempo, não tenho prática.

– Por isso mesmo que eu deveria fazer. É da minha saúde que estamos lidando aqui. Sou estabanado, mas não tanto quanto você.

– Não sou estabanado!

– É, sim senhor! Dê-me os curativos!

– Não!

– Oh, não. Não vamos brincar disso. Olha, eu não vou ceder, está bem? Cuido dos machucados eu mesmo. Obrigado por se preocupar.

Preocupação? Era isso então o que estava acontecendo ali? Estava Derek preocupado com ele? E estaria Stiles gostando dessa atenção? Sim, com certeza. Mesmo que esquisito, era bem vindo. Era diferente de toda a história deles até ali, mas era reconfortante também.

– Está me mandando embora, Stiles?

– Bem… é que...

– Não importa se está ou não. Eu não vou embora e não deixarei que faça o curativo. Você vai deitar nessa cama agora e vai ficar quieto até que eu tenha terminado.

Derek Hale era um grande, grande idiota! Stiles engoliu alguns palavrões bem caprichados e rudemente acatou as ordens do outro. Tão logo deitou a cabeça no travesseiro Derek tinha um pano úmido sobre os lábios de Stiles.

O toque era nada daquilo que Stiles estava esperando receber. Era suave, era cuidadoso, ele poderia se atrever a dizer que era carinhoso. Ele suspirou com a descoberta. Não tinha reparado que fechou os olhos até abri-los novamente e dar de cara com o lobisomem praticamente debruçado em cima dele.

Um aroma diferente no ar. Cheiro de folhas verdes, o agridoce do sangue na camiseta de Derek, da floresta viva e suor combinada com uma fragrância levemente distinta. E quando Stiles respirou novamente ele arqueou levemente as costas para fora do colchão completamente embriagado por aquele perfume.

Derek estava atento a cada movimento de Stiles. Seus olhos voltaram a cor vermelha sem que ele pensasse duas vezes. O suspiro de Stiles aqueceu os dedos de Derek que estavam tão próximos a boca dele.

– Está dolorido? – Derek sussurrou.

– Não muito, só estou…

– Está…?

– Sentindo… – ele suspirou. Sentindo demais, pra ser bem sincero. Derek estava perto, e era um calor morno. – Sentindo uma vontade enorme de beijar você…

– Ah, é? E por quê? – Derek sorriu discretamente, mas sentiu um solavanco em seu corpo quando Stiles socou-o levemente no ombro.

– Você não tem que fazer perguntas, idiota. Só faça o que está com vontade de fazer…

Derek pensou em retrucar, mas percebeu que o melhor jeito de calar a boca de Stiles era fazendo o que ele tinha sugerido. Ele não poderia reclamar, queria isso tanto quanto ele.

A verdade era que Derek ágil por impulso. Ele viu quando Stiles voltou para a casa e o seu rosto machucado. Algo dentro de Derek gritava de raiva por Gerard, seu desejo de morte e vingança e justiça atingiram um estagio até agora desconhecido por ele. E Derek conhecia bem os sintomas de tais sentimentos. Não somente por tudo o que ocorreu hoje, afora o plano de Peter e de Scott… nada, nada chegou perto da crueza que Derek sentiu ao ver o rosto marcado de Stiles.

Queimou-o por dentro.

E mesmo que os machucados não tenham sido nada sérios não diminuía a fúria de saber que Stiles teve de aguentar aquilo para tentar defendê-lo.

Todos esses pensamentos vieram em sua mente e Derek não quis pensar uma maneira de pará-los que não fosse seguir a ideia que Stiles sugeriu.

Francamente, era o que Derek queria também.

Ele baixou o rosto e no caminho encontrou o de Stiles que tinha ido ao seu encontro. As bocas se encontraram em um encaixe que nenhum dos dois achou possível ser.

Stiles prendeu a nuca de Derek puxando-o para baixo permitindo Derek seguir a deixa e deitar-se ao seu lado na cama. Não desgrudaram os lábios e a proximidade dos corpos só permitiu que a ânsia do beijo aumentasse. Derek pediu passagem com a língua e Stiles correspondeu com um gemido.

Pareciam que os dois tinham todo o tempo do mundo. Era Derek e Stiles e o som do beijo entre os dois. A mão de Stiles no pescoço de Derek e as dele prendendo Stiles pela cintura tão apertado que incomodaria se qualquer um deles estivesse prestando atenção.

Dos toques experimentais Stiles sentiu confiança para juntar a sua língua com a de Derek. Era estranho beijar um homem com a barba por fazer, ela pinicava seu rosto, mas excitava. Stiles queria mais e Derek não negaria o que quer que fosse.

Suspiros saíram da boca de Stiles quando Derek experimentou tocar a pele de seu pescoço, os dedos deslizando vagarosamente na pele desnuda. Ele queria mais de Stiles. Sentiu-se perdidamente sem foco no momento que provou do beijo dele. Era viciante, era intoxicante, era… calmante.

Não que nenhuma das experiências de Derek tinham se mostrado desse jeito, mas com Stiles? O garoto encaixava-se perfeitamente bem em suas mãos, em sua boca, o seu cheiro de seu corpo recém saído do banho, o gosto, o toque nublavam seus sentidos o que fazia com o Derek aprofundasse o beijo buscando mais do sabor que Stiles tinha.

Derek Hale só queria mais e cada vez mais de Stiles Stilinski.

E sabia que Stiles devolvia tudo igualmente.

Derek deslizou a língua pelos lábios de Stiles incapaz de conseguir largá-lo por um segundo sequer. A única coisa coerente que ambos pensavam era o quanto gostariam que o ar não fosse tão necessário.

A luz fraca do dia amanhecendo iluminava o quarto. Derek tinha os dentes deslizando leves pelo pescoço pálido de Stiles. Ele só fazia gemer e agarrar a camiseta regata do lobisomem com força, quase rasgando o tecido.

Stiles não se lembrava de mais nada antes daquele beijo. Sua mente era uma nuvem, ele só pensava em beijos, em olhos vermelhos e no sabor embriagante de Derek.

A mente de Derek era uma imitação exata da de Stiles. Aquele garoto sabia beijar. Percebeu, enfim, que o seu fator x, sua âncora, para manter-se em foco durante as luas cheias não seria mais a raiva.

Compreendia o que Scott fazia com Allison.

As mãos de Derek voltaram-se para os ombros de Stiles. Ele apartou o beijo. Os dois olharam-se nos olhos. As respirações desiguais e um brilho nos olhos que prometia muito mais.

Stiles limpou a garganta e disse em um meio sorriso.

– E então, você vai me ajudar a cuidar dos outros ferimentos também?

– Sim…

– Começando por onde?

Derek devolveu o meio sorriso. Sua mão desceu do ombro de Stiles para um pouco mais abaixo.

– Começando pelo seu coração…

FIM


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Notas finais do capítulo

Eu acho esse final brega, mas eu gosto.
Reviews = chocolate!