Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 12
Capítulo 12 - Previsões sangrentas




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A frieza do olhar do cavaleiro de Cisne parecia ser maior do que a do local onde foi treinado. Graças a isso, os outros cavaleiros costumam ter atritos com sua personalidade forte. Ele por sua vez procura não interagir com pessoas que lhe fariam perder seu tempo. Arrogante seria a palavra que os outros preferiam usar para descrevê-lo.

 

Diferente dele, Shun parecia ganhar a confiança de todos. Tanto pelo seu jeito educado, quanto com a paciência para agüentar a bobagem alheia. Os mais observadores admitem que o próprio seja rodeado por uma aura de segredos e mistérios, mas seus assuntos são cativantes, e fazem as pessoas simpatizarem com ele.

 

Ambos se encontravam na biblioteca da mansão Kido, Hyoga se sentou em uma das poltronas, e Shun continuava andando em frente à grande estante. Um clima tenso se instaurou no local. O cavaleiro de cisne olhava para a janela, em silencio, como que se esperasse o outro puxar o assunto, embora não esperasse que isso acontece-se.

- Estou curioso... – A voz de Andrômeda cortou o silencio, para espanto do cavaleiro sentado e pensativo. Sem se virar, Shun continuou a falar. – Por que está tão desconfiado de mim?

 

A pergunta pegou Cisne desprevenido, mas a forma direta do outro não o intimidou.

- Você mesmo deveria saber. – Cada um olhava um ponto diferente do local. – Qualquer pessoa que apareça de repente merece desconfiança.

- Achei que havia explicado a todos essa historia... – O cavaleiro pareceu se interessar por um título na estante. 

- Digamos que não sou facilmente convencido por histórias milagrosas. – Shun deu um sorriso ao ouvir aquilo.

- É você tem razão. Mas o que queria que eu dissesse? – Com o livro que lhe chamou atenção, o cavaleiro se sentou em uma poltrona que ficava a alguns metros do outro cavaleiro. – Que sou um fantasma?

 

O silencio novamente tomou conta do lugar. Hyoga agora observava mais intrigado ainda o cavaleiro. Suas respostas não faziam sentido aos seus “métodos” de julgamento. Já Shun não demonstrava preocupação. Folheava distraidamente o livro em sua mão, lendo trechos, observando as ilustrações.

 

- Creio que não seja apenas o que falei que te deixa intrigado. – Shun falou sem tirar os olhos do livro. Hyoga não mudava a expressão, não importando o que o outro falava. Continuava firme e convicto.

- Realmente, tem que admitir que suas atitudes são no mínimo diferentes. – Shun não mudou a sua expressão, apenas respondeu.

- De fato, nesse mundo atual ser educado com as pessoas é motivo para desconfianças não é? – Hyoga sentiu que aquilo era uma insinuação para sua discussão com Saori Kido. Aquela conversa estava prometendo muito mais do que esclarecimentos.

- Claro que devemos separar educação de influencia. – Ambos pareciam estar mais agressivos na conversa, embora Shun continuasse sereno como sempre.

- Está achando que estou influenciando alguém? – A paz com que o jovem falava folheando o livro era perturbadora.

- Talvez... – O cisne não estava disposto a perder aquele embate de palavras.

- E por que eu faria isso?

- Boa pergunta. – Hyoga voltou a se sentir confiante. O outro cavaleiro apenas sorriu levemente de canto de boca.

- Parece que está realmente convencido de que sou uma ameaça. – Folheou novamente o livro. – E por que me teme tanto?

 

A pergunta pegou Hyoga de surpresa. Já havia pensado nisso varias vezes. Por que temê-lo? Ele era apenas um cavaleiro igual a qualquer outro ali.

- Afinal... – Continuou Shun. – Eu sou apenas um cavaleiro de bronze, como você. – Hyoga continuava pensando, encarando o outro, que se mantinha concentrado no livro. Ele tinha razão, alem do mais ninguém sentia um cosmo poderoso vindo dele. Não entendia por que tinha aquele pressentimento. Logo sua atenção se desviou novamente, e foi novamente nas mãos enfaixadas do outro cavaleiro. Faixas negras, surradas, que pareciam ter vindo do século passado. Virava a pagina com apenas um dedo.

- O que ouve? – Hyoga voltou a si. – Ficou mudo de repente.

- Estava pensando. – O cavaleiro continuava intrigado com ele. Fez se outro momento de silencio no local. Hyoga continuava observando as mãos do cavaleiro, como se tentando decifrar um enigma.

 

- Observar minhas mãos deve ser algo muito interessante para estar tão compenetrado... – Shun quebrou o silencio sem olhar o cavaleiro de Cisne, que em sequer entendeu como ele sabia que estava sendo observado.

- É que não é todo dia que vemos uma pessoa com faixas negras nas mãos. – Cisne esperava uma resposta coerente. Shun finalmente tirou sua atenção do livro e o encarou, frente a frente.

- Muito observador. - Andrômeda começou a observar uma de suas mãos. – Mas, não imaginava que fosse dar tanta ênfase em uma coisa sutil como essa.

- Eu diria que não é uma coisa que se vê todo dia.

- Creio que não deve ter usado faixas nas mãos durante o seu treinamento.

- Não negras. – Shun pareceu rir com a resposta do outro.

- E isso lhe faz diferença? – Hyoga ficou em silencio um minuto. – Acho que o importante seria o fato de que essas faixas são mais uma prova que realmente sou um cavaleiro.

- E por que deveria provar isso? – A pergunta do outro foi seca, como se tivesse saído de imediato, sem pensar, após a conclusão do outro. Este, por sua vez, continuou o encarando por um tempo.

- Responda você. – Se levantou, deixando o livro sobre a mesa ao lado da poltrona. – Foi muito bom conversar com você.

 

Hyoga se levantou logo atrás, enquanto o outro cavaleiro já seguia a passos lentos pelo corredor de estantes até a porta. Sem se virar para trás, Shun comentou.

- Mas não se preocupe se minha presença o incomoda tanto. Não pretendo ficar muito tempo por aqui.

 

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A tarde já caia e os cavaleiros não encontraram sequer um rastro de um cavaleiro negro. Divididos pela enorme cidade, os cavaleiros começavam a perder suas esperanças. Seiya andava encima de alguns prédios em direção ao porto. Depois de saltar alguns prédios, parou para tentar imaginar onde eles poderiam estar.

- Já andamos por toda cidade, será que alguém os encontrou? – Forçou a vista para baixo do prédio, mas não vistas nada além de pessoas.

- Já desistindo Seiya? – A voz de Jabu fez Seiya se virar. O cavaleiro de Unicórnio saltou no mesmo prédio que ele estava.

- Encontrou alguma coisa, Jabu?

- Nada. E acho que você também, não é?

- Pois é.

- E o que pretende fazer?

- Vou dar uma andada pelo porto, e se não encontrarmos nada, voltamos para casa.

- Eu vou com você.

 

Ambos os cavaleiros continuaram o caminho por cima de prédios, de onde poderiam ter uma visão melhor da cidade. Chegando ao porto, era possível ver enormes galpões para deposito de cargas dos navios atracados ali. Ambos os cavaleiros andavam em frente aquelas construções, olhando para os lados. Dentro de um dos galpões, escondidos nas sombras, dois cavaleiros negros espreitavam, aguardando os dois cavaleiros passarem. Distraidamente, os cavaleiros andavam direto para sua armadilha.

 

Encima do telhado do galpão, abaixado e apoiado nas próprias pernas, Youma continuava sua observação aos cavaleiros. Com seu cigarro na boca, ria da distração de ambos os cavaleiros de bronze.

- Esses dois idiotas não veriam um inimigo nem se ele estivesse debaixo de seus narizes! Hahaha mas isso será interessante! – Esperou os cavaleiros se aproximarem o máximo da porta do galpão, e logo que sentiu o movimento dos cavaleiros negros em direção aos dois, pois dois dedos na boca e assoviou alto, fazendo os dois cavaleiros voltarem seu olhar para o galpão, vendo assim o ataque dos cavaleiros negros. Num movimento rápido, ambos desviaram e logo em seguida se colocaram em pose de luta.

- De onde eles saíram?? – Seiya perguntou a Jabu, sem deixar de encaras os inimigos.

- Não faço idéia! Tenho certeza que estávamos atentos! – O unicórnio também mantinha a guarda e olhar fixo nos cavaleiros negros. Logo aproveitou para perguntar a eles. – Onde esta seu chefe?

- Há! Acha mesmo que diríamos? – O primeiro avançou um passo.

- Nosso dever é apenas acabar com cavaleirinhos como vocês! – O segundo completou, iniciando o ataque a Seiya. O cavaleiro de bronze se protegeu do golpe, e logo depois revidou, jogando ele a certa distancia. Já o outro inimigo atacou Jabu, que conseguiu deter o golpe, e logo revidou com um chute. Ambos os cavaleiros vestiram suas armaduras, e a luta de verdade começou. Do alto do galpão, Youma continuava observando a luta.

 

Ambos tinham um poder equilibrado, embora os cavaleiros levassem vantagem na luta. Os socos de Seiya deixavam o cavaleiro negro sem defesa, e o mesmo acontecia quanto aos chutes de Jabu. Os inimigos contra- atacavam. Seiya acertou um soco no rosto do cavaleiro negro, mas este desviou e lhe revidou com um chute. Mesmo acertando em cheio, o Pégaso se recuperou rapidamente, e logo atacou outra vez. O segundo cavaleiro negro acertava Jabu, mas este não se deixava abater facilmente, revidando com chutes. Depois de alguns golpes, os cavaleiros negros se jogaram com mais força sobre ambos os cavaleiros. Estes, por sua vez, dispararam seus golpes Meteoros de Pégaso e Galope do unicórnio, pondo um fim na luta.

 

No chão, os cavaleiros negros ainda tentavam se levantar. Jabu se aproximou e tentou arrancar alguma informação de um deles.

- Fale!! Onde estão os outros cavaleiros negros? – Jabu levantou o outro pela gola mas este não respondeu nada. – Responda!!!

- Desiste Jabu, eles não vão dizer nada. – Seiya apenas observava do lado dele. O Unicórnio se irritou e soltou o outro, que caiu ao chão.  O outro, em precárias condições soltou algumas palavras, fazendo os cavaleiros voltarem sua atenção para ele.

- Isso não acabou... Vocês vão ver... – Antes que algum dos dois fizesse algo ele ficou inconsciente novamente. Ambos se desanimaram novamente e resolveram voltar para a mansão, pois já estava escurecendo.

- Que estranho, eu tive a impressão de que ouvi um assovio nos alertando do inimigo. – Seiya pensava alto enquanto saiam do porto.

- Deve ter sido um daqueles cavaleiros negros. – Jabu não se importou muito. Só queria voltar para casa.

 

Atrás deles, onde os cavaleiros estavam caídos, o homem de cartola e terno que assistia a luta desceu com um salto do telhado do galpão. Olhou para os cavaleiros que desapareciam na escuridão e deu um sorriso.

- Os cavaleiros estão cada vez mais inúteis! – Olhou para os corpos dos cavaleiros negros e se dirigiu até eles. – E esses aqui ainda mais, embora eu goste da idéia deles de não seguir regras. -

Olhou mais de perto o corpo de um deles.

- Mas o defeito de vocês... – Com um movimento, cravou o pé encima da cabeça do homem caído, dando varias pisadas. – É que são fracos!

 

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A noite já dava o ar de sua graça, e a lua já iluminava o céu. Na mansão Kido, um clima preocupado no ar. Todos os cavaleiros haviam voltado, menos Seiya e Jabu. Na sala de estar, todos os cavaleiros estavam sentados. Saori kido estava sentada em uma poltrona, com o rosto apoiado em ambas as mãos, visivelmente nervosa. Shun permanecia em pé do seu lado.

 

- Já chega! – Nachi berrou do meio da sala. – Eu vou procurar eles!

- Isso! – Geki concordou. A maioria dos cavaleiros se levantou animada com a idéia, quando ambos apareceram na porta da mansão.

 

- Finalmente!! – Ichi comentou. Todos observavam os dois. Suas espressões não eram muito alegres, peelo contrario, pareciam bastante preocupados. Suas roupas estavam com alguns rasgos derivados do pequeno embate.

- O que ouve? Vocês estão bem? – Saori se levantou, aliviada por vê-los, mas preocupada com suas expressões.

- Estamos bem sim. Tivemos um pequeno encontro com uns cavaleiros negros. – Jabu se sentou em um sofá, largando sua urna ao lado. Seiya permaneceu de pé.

- Vocês os encontraram?? – Nachi perguntou empolgado. Às vezes os cavaleiros pareciam bastante motivados por essa aparente ameaça. Hyoga achava uma grande infantilidade.

- Não, eram só dois. – Seiya ainda não havia se pronunciado. – Vocês não encontraram nada?

- Nada... – Ban falou desanimadamente. – Nem vestígios.

- Eles não eram de nada!! – O cavaleiro de unicórnio contou vantagem de sua vitoria.

- Estou preocupada... – Todos voltaram sua atenção para a jovem Saori. – Estou com um péssimo pressentimento. Sinto que iremos ter muitos problemas.

 

Todos refletiram por algum tempo sobre aquilo. Não era um bom sinal.

- Provavelmente irão atacar a mansão. – A voz do cavaleiro de Cisne só trazia mais desconforto. Principalmente por que todos sabiam que era a pura verdade.

- É verdade... – Geki teve que concordar. – O que faremos?

- Vamos lutar, oras!! – Seiya se irritou com aquilo tudo. – Não ficaremos parados!

Mesmo com o animo recém injetado, todos continuavam desanimados com a idéia de um ataque surpresa. Saori se sentou novamente.

 

- Parte disso é culpa minha. Não deveria envolver vocês nesses problemas da fundação... – A jovem se lamentou, mas foi interrompida por Jabu.

- Não diga isso! Esse é um problema nosso também, eles disseram que querem nos matar. Alem do mais não poderíamos ficar sem fazer nada.

 

A jovem sorriu desanimadamente para Jabu. Shun, que se manteve em silencio todo o tempo, apenas observando, se pronunciou.

- Não deve se preocupar tanto Senhorita. Tem um monte de cavaleiros aqui dispostos a lutar. – Todos voltaram a sua atenção ao jovem. – Foram treinados para isso, e não se deixariam abater por qualquer inimigo.

Todos sorrirão com aquilo, mesmo com aquele ar de cansaço mental no ar. Saori sentiu-se reconfortada com aquelas palavras.

 

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- Incompetentes!! – A voz daquele homem era grave e irritante. Todos os cavaleiros negros, reunidos em um galpão escuro e em roda dele ouviam em silencio a bronca pela derrota dos que encontraram Seiya e Jabu. Jango, um homem perigoso, temido pelos próprios seguidores. – Como podem perder para apenas dois cavaleiros??

- Mas senhor.. – O cavaleiro renegado tentou falar, mas foi interrompido pelo líder.

- Nem mais uma palavra!!! Eu irei comandar as suas ações agora, e espero que entendam isso!! Iremos atacar aquela mansão, e não sobrará um cavaleiro vivo!!

 

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Depois de mais algumas conversas deveras animadas, Saori sugeriu que todos desancassem. Seiya ficou na mansão, pois a Jovem herdeira achou melhor que ele se recuperar-se da luta, para desespero de Jabu. Ikki ninguém viu, mas aparentemente já estava em seu quarto.

 

Todos em seus devidos quartos, a noite seguiu seu curso tenso, mas revigorante para suas mentes exaustas. E isso era algo indispensável, considerando o dia longo que iriam ter futuramente.


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Notas finais do capítulo

Mais um capitulo curto, mas em compensaçpão estamos chegando em uma parte decisiva, e o proximo sera um dos mais importantes que ja escrevi. Espero que entendam!