Chell estava sentada no salão de visitas. Ele estava completamente vazio. Ela devia ficar no salão das mulheres, mas aquele lugar lhe dava lembranças de todas as amigas que perdera. Agora o palácio estava muito vazio e ela sabia de cor o nome de todas as Selecionadas, o que não era bom sinal.

Ela suspirou e passou a página da revista de fofoca que estava lendo. Na verdade nem estava prestando atenção a leitura. Sempre tinha que parar e reler o que havia acabado de ler, pois não havia fixado nada. Porém, por mais que lesse e relesse, sua mente sempre voltava para um lugar específico: Sua casa.

Apesar de ser de uma casta alta, Chell não vivia com luxo. Na verdade ela levava uma vida simples com direito a orçamento a apertado e algumas vezes no vermelho. Ela vivia assim fazia quase dois anos. Antes disso ela vivia com seus pais em uma mansão com tudo o que um três tem direito. Até que eles a expulsaram de casa por fazer amizade com um rapaz da casta Seis. Jack Felt fora o melhor amigo de Chelsea e ela só conseguira suportar os longos anos de negligência dos pais por que ele sempre estava lá. Jack era um ótimo pintor, porém pintura não era algo que fizesse parte da sua casta de modo que ele nunca perdera muito tempo com isso.

“Talvez,” pensou Chelsea. “Ele tenha investido mais nisso depois que eu me afastei”. Ela não tinha notícia de Jack desde que ela fora espancada e expulsa de casa. Depois daquilo encontrou Matt, um bibliotecário que a ajudou. Graças a Deus ela havia conseguido continuar com a casta se não teria se tornado uma Oito e tudo teria sido ainda pior. Mas mesmo assim longe dos pais ela nunca mais viu Jack de novo.

Com a Seleção ela não havia feito nada a não ser aumentar a distância entre os dois. Mas o destino é algo engraçado...

Enquanto Chell estava ali na sala de visitas um empregado entrou com uma bandeja de chá. Ele a deixou na mesinha de centro.

_Mais alguma coisa senhorita?

Chell tomou um susto tamanho. Não pela pergunta (todos os empregados estavam acostumados a tratar as selecionadas como se estas fossem suas patroas), mas pela voz.

Ela olhou para rosto do empregado.

_Jack!_ Ela correu para abraçá-lo. Era o Jack o seu Jack! Ele estava ali! Era ele! Jack havia cortado o cabelo e estava mais alto e mais forte, porém sem duvidas era ele.

Chell achou que ele também iria correr para abraçá-la, mas ele apenas se encolheu. Ela parou antes de tocar-lhe. Ele não sorria nem demonstrava sinais de conhecê-la.

_Jack?_Perguntou ela sentindo um frio na barriga. _ Você não se lembra de mim?

Ele olhou-a.

_Lembro-me. Você é Chelsea Mason, a Selecionada representante da Flórida._ Disse ele em um tom formal. _ Senhorita, deseja mais alguma coisa?

Chell abanou a cabeça incapaz de falar. Jack fez uma vênia e se retirou. Mal ele saiu lágrimas escorreram pelo rosto de Chelsea. “Ele tem raiva de mim. Ele tem raiva de mim...”.

↢❇♕❇↣

Eveline e Cloe estavam no quarto. As duas estavam totalmente informais. Vestidas com calça e camiseta. Eles riam e fofocavam. Papeavam até que Eveline tocou no assunto nada agradável para Cloe.

_E você e o príncipe?

_Como assim eu e o príncipe? Não há nada entre nós. Meu santo não bate com o dele e pronto!

_Ah tá sei..._ Disse Evy em tom sarcástico. _ Deve ser por isso que vocês se beijaram na noite do Baile não é?

_Ah, Evy não enche tá. Foi ele que me beijou e eu não pude simplesmente recusar, afinal é suposto eu estar competindo por ele. Eu não gosto dele. Você também não acha ele meio reclamão? Sabe, fica reclamando de barriga cheia. Dizendo que tem muitas responsabilidades. Ora ele é o príncipe! Ele deve saber como lidar com isso.

Eveline pensou um pouco.

_Na verdade Cloe, ele nunca reclamou ou disse nada como isso para mim. Na verdade eu até acho que parece ele bastante confortável. Também nunca vi nenhuma outra menina comentar algo parecido. E mesmo se ele dissesse, eu não tenho como culpá-lo. Imagine como é viver aqui em tempo integral. Se nós que estamos há pouco tempo aqui já ficamos desesperadas por uma brecha para usar calças, imagine ele que viveu aqui a vida toda.

Cloe ficou calada. Ela não tinha percebido, mas Andrew havia confiado nela ao contar que estava cansado daquilo. Ele não havia dito isso para mais ninguém. E ela só havia julgado ele. Ela não era muito melhor que os jornalistas que haviam difamado a Melissa. Julgando as aparências.

Cloe suspirou. Ela tinha que pedir desculpas.

↢❇♕❇↣

A tarde esvaia-se pelos ponteiros do relógio, como água entre os dedos. Mas uma coisa que Lewis não podia dizer era que não a havia aproveitado. Ele e Brie tomaram café. Depois ele a convidou para andar à cavalo. Eles ainda fizeram um passeio pelo Jardim antes de voltar para o palácio pouco antes do pôr do sol. Havia sido uma tarde maravilhosa e cheia de lembranças. Mas ela havia acabado. Lewis e Brie agora estavam de volta à varanda.

Brie virou-se de frente para Lewis. Ela tinha um sorriso que o fazia se lembrar dos tempos de criança. Ao mesmo tempo tinha uma expressão determinada.

_Lewis, tem algo que eu quero falar com você.

Ele sorriu curioso.

_Eu nunca te esqueci. Em todos estes anos eu nunca esqueci você. E eu não sei se você sente o mesmo. Caso você sinta, podemos nos casar. Não há nada que nos impeça. Caso não seja recíproco, eu então vou poder te esquecer e seguir em frente. Me entenda, eu não quero que você diga sim. Eu quero saber se nós temos uma chance.

Ela sorriu.

Lewis estava surpreso com a declaração repentina.

_Brie e-eu a..._ Brie pôs um dedo sobre os lábios de Lewis.

_Não precisa responder agora. Quando eu vier daqui a algumas semanas você responde.

Ela sorriu novamente. Ela aproximou-se ligeiramente dele, e Lewis atravessou os últimos centímetros que os separavam. Eles se beijaram. Na mesma sacada. Na mesma situação.

↢❇♕❇↣

Cloe atravessou o corredor ainda se perguntando por que estava fazendo aquilo. Ela estava arrependida de ter chamado Andrew para um encontro. Na verdade ela havia decidido pedir desculpas para ele, mas ela agora ela tinha medo que ele não a desculpasse. Mas era tarde de mais. Ela já havia convidado ele. Não podia simplesmente não ir ao encontro.

Eles haviam combinado de se encontrarem em frente à saída do jardim. Ela parou no local indicado. Andrew já estava no jardim. O vento balançava seu cabelo.

_Olá. _ Cumprimentou ela timidamente.

Ele assentiu.

_Você queria falar comigo?_ Perguntou ele e apesar de ele disfarçar, Cloe percebeu um tom frio por trás da voz.

_É. Eu queria. _ Ela sorriu um pouco sem palavras. _Eu vim pedir desculpas. Eu estava nervosa e joguei toda culpa em você.

Andrew suspirou. Ele sorriu.

_Eu entendo. Eu também não deveria ter sido tão grosso com ela.

Cloe sorriu aliviada.

_Então? Amigos novamente?

Ele sorriu para ela.