Estava em meu quarto, se não fosse alto eu poderia pular pela janela não é porque não? Afinal, eu não queria participar desse jantar. Não que eu seja antipática, ta ok, eu sei que eu sou . Mas.. eu não estou pronta para encarar algo que talvez, repito TALVEZ possa ser verdade, mas que não é .

Ouvi minha irmã bater na porta do meu quarto e em seguida passar a cabeça na fresta da mesma.

– Está pronta? - ela perguntou animada.
– Até parece que estamos indo para uma super festa - falei revirando meus olhos.
– Não, mas estamos preparando uma jantar na sua casa, com seu futuro namorado e por esse motivo..
– Ei que história é essa de futuro namorado? Ficou maluca é? - perguntei olhando-a incrédula.
– Não vou discutir com você. Agora trate-se de terminar de se arrumar, deixei sua roupa em cima da cama, tudo bem? - vi ela sorrir e fechar a porta do meu quarto. Aí céus, minha irmã iria me matar. Ok, olhei pela cama e vi a roupa que ela havia escolhido.

Era um vestido branco, com algumas flores vermelhas e um casaquinho vermelho na cor das flores . Me vesti e coloquei a sapatilha branca com alguns detalhes.
Olhei para o espelho meus cabelos estavam soltos, suspirei. Eu só ficava assim a vontade com a minha família e bem ultimamente fazia tempo que isso não acontecia.
Saí do quarto e desci as escadas lentamente, minha irmã estava sentada no sofá folheando uma revista qualquer.

– Ai você ficou linda! - ela falou empolgada me fazendo rir. Minha irmã era hilária, ela parecia toda bonequinha, e forte ao mesmo tempo. Era empolgada e tímida, não dava pra explicar. - Eu adorei - ela disse me fazendo dar uma volta por meu corpo assim que cheguei a sala. - Ross vai amar! - fiquei séria e tentei não ser ingrata com minha irmã, afinal ela estava apenas querendo o meu bem, eu sabia disso.

– Er, Molly.. olha eu e Ross somos apenas parceiros ok? Eu não quero mais do que isso e sei que ele também não, então vamos fingir que estamos em um jantar de bons amigos ok? - ela me fitou séria e cruzou os braços.
– Você já perguntou isso a ele? Se ele não quer? - fitei ela e tentei disfarçar o máximo que eu poderia, minha irmã me conhecia muito bem, mas às vezes ela poderia se convencer com a minha resposta simples. Balancei a cabeça concordando com o que ela havia me perguntado e o olhar desconfiando parou em mim. - Nick..

Ouvi a campainha tocar, YES! Salva pelo gongo.

– A campainha - falei sorrindo e indo em direção a porta. - Olá Tyler, meu querido cunhado, entre - falei sorridente e fechei a porta logo em seguida.
– Oi meu amor - vi Molly dar um selinho em Tyler. - Ei e não pense que você vai escapar daquela conversa ta? - ouvi ela falar e ri divertida indo em direção a cozinha. Peguei alguns pratos e talheres, fui ajeitando tudo para levar para a sala de jantar.

Ouvi a campainha tocar novamente e senti o ar fugir de meus pulmões.
Respirei fundo, eu sabia quem era e não sei por qual motivo eu estava tendo ataque de nervos. Isso tudo era culpa de Molly, ela e suas idéias malucas agora ficavam me alucinando.

– Entre Ross - Ouvi a voz de Molly . - Nick está na cozinha - Traíra! Deixa ela. Antes que eu pudesse pensar em algo vi Ross e Molly parados na porta da cozinha.
– Ai que susto - falei rapidamente e Molly sorriu vitoriosa, ela sabia bem o motivo do meu susto. - Oi Ross - falei sem jeito. O olhar avelã de Ross parecia estar mais escuro, mais denso, eu não sabia explicar.

A propósito ele estava realmente lindo, a calça jeans escura, a camiseta preta com a jaqueta preta por cima, estava deixando-o sexy, muito sexy por sinal.
– Você está linda - ouvi Ross falar e senti minhas bochechas ruborizadas.
– Obrigada - falei sem jeito. Não sei porque mais as últimas frases de Molly começavam a fazer algum efeito sobre mim, sei lá, Ross me despertava sensações estranhas, boas mas, estranhas, desconhecidas até então.

– Nick? - ele me tirou de meus pensamentos e eu sorri .
– Desculpe - caímos na risada, uma risada leve e contagiante.
– Perdi a piada? - perguntou Molly entrando na cozinha com o olhar curioso. Acho que ela esperava ver algo a mais ali, só minha irmã mesmo.
– Não foi nada - falei e sorri. - Bem, eu vou pedir a pizza, alguma sugestão? - perguntei olhando os dois.
– Não, confiamos no seu bom gosto minha irmã querida! - revirei meus olhos e saí da cozinha, caminhando até a sala. Peguei o telefone e comecei a discar os números da pizzaria.

(Molly narrando)

Bem eu havia acabado de chegar em New York, e eu estava radiante : emprego perfeito, noivado perfeito, vida perfeita! Mas, a única coisa que eu queria deixar perfeita também era a vida da minha querida irmã. Ela apenas trabalhava, trabalhava e mais trabalhava. O problema não era esse, o problema era que ela tinha uma paixão por seu parceiro super gato !

Gente como minha irmã poderia ser tão lerda? Me diz! Ele estava tombado por ela, não era nem caído! E ela por ele. Então porque os dois simplesmente não se resolviam? A resposta é : não sei, mas eu iria reverter isso, afinal sou Molly Crawford, irmã e salvadora da pátria! Ok, menos.

Assim que Nick saiu da cozinha para pedir nosso jantar delicioso eu comecei a pegar os pratos e talheres para organizar a mesa :

– Quer ajuda? - Ross ofereceu prestativo e eu apenas neguei com a cabeça.
– Não, não com os pratos pelo menos - falei e ele arqueou a sobrancelhas, me fazendo sorrir. - Vou ser super direta e me desculpe se eu estiver sendo evasiva ok? - ele afirmou com a cabeça esperando que eu continuasse - O que está rolando entre você e Nick? - ok, acho que o choquei com a minha pergunta, ele me olhou um pouco, digamos er..perplexo.
– Bem, nada que eu saiba - se fazendo de bobinho pra cima de mim ? Não me conhecia mesmo.
– Ah qual é Ross, está nítido a troca de olhares entre você e minha irmã - falei sorrindo e ele ficou sem jeito. Ponto pra mim.
– Bem, sua irmã é linda, é determinada, é uma pessoa admirável. - ele falou me fazendo ter mais certeza de minhas suspeitas. - Mas, somos apenas bons amigos.
– Ross, não banque o lerdinho comigo por favor. Quero saber o que você sente por ela. - fiquei encarando-o.
Ele hesitou um pouco pensando se poderia realmente me responder aquilo, mas pela minha cara ele sabia que eu não desistiria tão fácil assim.
– Eu gosto de sua irmã, mais do que eu deveria - ele respondeu em um suspiro. Ponto! Era exatamente isso que eu queria .
– Eu sabia - falei sorridente.
– Sabia? - ele me perguntou sem entender.
– Sim, eu sabia. Vocês dois não sabem disfarçar nem um pouco sabe, isso é bem nítido e olha que eu te conheci apenas a algumas horas atrás na sala de minha irmã.
– Nossa. - ele respondeu com um sorriso tímido.
– Você deveria tentar, de verdade. Nick apenas aparenta ser a frieza em pessoa, no fundo é uma menina de 25 anos de idade, meiga e normal.
– Não acho que seja tão simples tratando-se da Nick. - ele respondeu sorrindo.
– Vou te ajudar. - falei saltitante. Ouvi os passos de Nick se aproximar da cozinha. - Depois do jantar, eu te ajudo, não se preocupe, sei exatamente o que fazer - falei sorrindo e vi Nick entrar na cozinha um pouco desconfiada.

– Bem, já pediu as pizzas? - perguntei sorridente.
– Sim, já sim, já já devem estar por aqui - ela continou nos olhando. Ross, precisava de aulas de disfarce, gente como ele era ruim naquilo . - Vocês estavam conversando sobre o que?
– Sobre a vida, sobre como pizza fica mais gostosa de manhã do que na hora, é uma delícia e todos gostamos! - falei sem pensar e queria rir. Minha irmã não iria cair nessa não é?
– Aham...sei.. - ela respondeu desconfiada e peguei os pratos que estavam em cima do balcão.
– Bem vou arrumar a mesa, beijos crianças e muito juizo! - falei rindo e saí deixando os dois sozinhos na cozinha.
(...)

(Nick narrando)

Bem o jantar seguia tranquilo Tyler e Ross pareciam terem se dado extremamente bem e ficaram o tempo todo animados conversando.

Após todos comerem muito por sinal, eu e Molly fomos lavar a louça e deixar tudo arrumado.

– Então, já pensou no que sente? - Molly insistia nessa pergunta difícil, mas que raios! Será que alguém poderia entender que não era tão simples assim?
– Não.. - respondi enquanto enxaguava um dos copos.
– Então deveria, pois ele gosta muito de ti e muito mais do que você imagina. - ouvi Molly falar e um calor pareceu aquecer meu coração, mas que diabos era aquilo.
– Molly acho que você bebeu muito vinho.. - falei rindo e voltei a fitá-la em seguida.
– Céus, não se faça de tolinha comigo tudo bem? - ouvi o tom sério dela e respirei fundo.
– Não estou pronta ta? - falei terminando de ensaboar as últimas peças da louça.
– Porque não? Você é solteira, é linda, é extremamente simpática. Tem tudo pra ter ele contigo, ele gosta de você de verdade então porque não viver isso? - ouvi sua pergunta suspirei.
– Não podemos ter um relacionamento, somos do mesmo departamento e o Sr. Smithers não aprova isso, aliás nenhum departamento aprova - falei me sentindo cansada, acho que finalmente meus sentimentos estavam vindo a tona.
– Quem disse? E você vai deixar de ser feliz por isso? Cadê a Nicolle que enfrenta tudo e todos? Onde está a minha irmã, que lutou até o fim para chegar onde ninguém acreditou que pudesse? Vai desistir de ser feliz porque o Sr. Smithers não vai gostar? Eu me entendo com ele se você quiser, o que você não pode é deixar sua felicidade passar. - desviei meus olhos - Nick, olhe para mim e só ouça mais uma coisa, depois disso eu prometo que ficarei quieta ok? - voltei a fitar os olhos de Molly, os meus estavam cheios de lágrimas, acho que a consciência finalmente havia batido de frente pra mim, a consciência ou o nome dela Molly Crawford. - Sua chance de ser feliz está ali na sala, não a deixe passar, ele pode não esperar pode achar que você não gosta dele como ele gosta de você. Então.. por favor, lute pelo que você quer, pelo que você deseja como sempre foi. Se hoje eu tenho tudo que eu consegui devo a ti, pois você me ensinou a nunca desistir, então vai lá e não desista, se é ele por quem seu coração bate mais forte, lute. Pelo menos se não der certo você tentou - ouvi cada palavra de Molly me invadir por completo. Vi o sorriso dela e logo depois ela saiu da cozinha indo se juntar com os rapazes.

Fiquei um tempo pensando em tudo que ela havia me dito, tudo aquilo fazia um certo sentido. Ok, talvez eu gostasse de Ross, o jeito protetor, a voz, os olhos, o corpo, tudo nele era atraente, era como se eu fosse a presa e ele o predador perfeito. Ok, isso ficou um pouco feio. Mas, era mais ou menos isso.

– Nick? - ouvi a voz de Ross ecoar pela cozinha, me assustando . - Desculpe, não quis te assustar - ele sorriu em seguida, me fazendo sorrir.
– Tudo bem - falei dando uma risada leve. - Desculpe eu estava distraída.
– Hum..estava pensando no que? - ele apoiou-se na bancada da cozinha de frente pra mim. Senti as borboletas em meu estômago darem sinal de vida.
– Só pensando na vida - sorri e senti nossos olhares se conectarem. Ficamos por alguns segundos assim, olhando nos olhos um do outro, parecia que queríamos descobrir algumas respostas, só não sabíamos quais as perguntas, ou apenas não queríamos perguntá-las e sim senti-las.

– Bem..eu preciso ir - ele interrompeu me tirando de meu transe.
– Ah, é.. mas, já? - perguntei sem jeito.
– É temos muito trabalho a fazer amanhã - ele respondeu desviando o olhar do meu. Ai que droga, porque o amor era tão complicado em?
– É verdade.. bem, eu te acompanho então - sorri e Ross despediu-se de Molly e Tyler. Desci até o térreo do prédio com ele, assim que cruzamos o portão pude ver seu carro.

– Bem então.. até amanhã - falei timidamente.
– Nick..- ouvi a voz aveludada de Ross causar um arrepio em meu corpo. - Até quando vamos fingir que nada acontece quando estamos juntos? - Oi? Como é que é? Em?
– Não entendi - falei encarando-o com um pouco de receio, droga se ele tivesse descoberto eu simplesmente estava ferrada, sim ferrada, não é sempre que você começa a gostar de seu parceiro de investigação. Ops..

Notei Ross se aproximar mais um pouco e pudia jurar que meus pulmões haviam parado de funcionar naquele momento. A mão de Ross, tocou minha face, fazendo nossos olhares conectarem novamente. Os olhos avelãs, a boca bem vermelha, esse foi o caminho que meus olhos desenhavam, da boca para os olhos, dos olhos para a boca.

Ross foi aproximando-se devagar e pude sentir sua respiração bem perto de minha boca. Os lábios de Ross tocaram o meu com suavidade, com ternura. Era uma sensação inexplicável! Eu poderia descrever que as borboletas em meu estômago estavam borbulhando, que minhas pernas estavam completamente bambas, que meu coração parecia querer fugir do peito e que meu corpo parecia não responder a nenhum dos meus sentidos. Mas, eu preferia ficar com a seguinte palavra : Fantástico! O encaixe da bocas e a medida que fui dando espaço para que nossas línguas se encontrassem, causando arrepios em meu corpo.
Paramos depois de alguns segundos por conta da falta do oxigênio. Ross encostou sua testa na minha.
Abri meus olhos lentamente fitando a expressão dele, um sorriso enorme estava em seu rosto, o que me fez sorrir também.

(...)