(...)

(Ross narrando)

Finalmente havia encontrado Nick, eu não aguentaria ficar mais muito tempo sem aquela resposta em saber onde ela estava ou como estava.

Estávamos abraçados, sentir o perfume dela de novo, o calor do corpo me acalmava, era como tomar um tranquilizante. Quando ela estava comigo eu me sentia em paz.

Porém toda a paz passou rapidamente, quando ouvi a voz que eu mais odiava no mundo inteiro. Coloquei Nick atrás de meu corpo eu sabia que ele iria tentar fazer algo, tentar feri-la apenas para me atingir novamente.

– Que prazer lhe rever Detetive Ross – a voz asquerosa de David fazia meu sangue ferver por dentro. Senti Nick me apertar levemente como quem me pedisse calma.

– Pena que não posso dizer o mesmo – respondi ríspido.

– Nossa já vi que a delicia da sua namorada aprendeu bastante em como ser grosseira com você – ele falou tentando me provocar.

– Tire ela, o nome dela e tudo que faça referência a ela dessa sua boca imunda! – soltei em um rosnado. Eu estava tentando me controlar, mas cada olhar dele em direção a Nick ou qualquer coisa que ele falasse era o suficiente para me deixar uma pilha de nervos.

– Nossa, o namorado ficou com raiva – ele deu uma risada irônica.

– Ross. – ouvi a voz de Nick e respirei fundo eu sei o que ela falaria, mas, eu não iria aguentar, aquele babaca havia matado minha irmã, ele não faria mais nada de ruim nem que pra isso eu tivesse que mata-lo.

– Mas, não se preocupe amigo Ross, serei bem rápido no que eu pretendo fazer. Acabarei com ela e depois com você, final perfeito para os dois pombinhos! No inferno. – ele disse e apontou a arma em minha direção. Puxei a minha e engatilhei ele manteve-se do mesmo modo.

– Atenção! O prédio está cercado é melhor que você se renda! David, isso é oficial a polícia de NY está aqui, e você não sairá ileso disso. – ouvi uma voz masculina berrar no megafone do lado de fora. Era o Sr. Smithers só poderia ser ele.

– Não irei abaixá-la – ele falou certo e com um sorriso endemoniado nos lábios. Ele iria aprontar algo a qualquer momento, ainda mais sabendo que a polícia estaria ali.

– Então nos mataremos, porque eu vou apertar e vou acertar no meio de sua testa – respondi com raiva na voz.

– Ross, por favor. Não faz isso, ele só está querendo te provocar, lembra você não é assim. – Nick implorava, mas a única chance que eu tinha de tira-la com vida dali era matando ele.

– Teremos plateia, me divertirei bem mais matando vocês dois, com tantos policiais lá fora, o que acham? Lauren, já estará me esperando para fugirmos juntos e vocês dois estarão mortos.

– Lauren? – ouvi Nick perguntar estática. Então era verdade a vadia, se fez passar por policial e na verdade entregava todos os passos que nós dávamos, por isso David sabia sobre meu namoro com Nick, sabia que eu estaria na cidade, sabia quem eu era, ele sabia de tudo! Aquela vadia havia contado todos os detalhes a ele.

– Acho que você está errado, mataremos primeiro você e depois ela, Herthel, você irá para o inferno e ela para o purgatório. – respondi no mesmo sombrio dele que apenas sorriu mais ainda.

– Ross! - ouvi Collins gritar de longe e foi a minha deixa. David se distraiu e no mesmo instante acertei um tiro de raspão em sua barriga. Merda, eu era ótimo atirador, não poderia ter errado justo agora.

Nick pegou sua arma em seu coldre e aproveitou o escorregão de David para dar outro tiro apenas para assusta-lo.

– Nick! – gritei e agora foi a vez dele pega-la de surpresa. David jogou Nick longe, fazendo-a bater as costas na parede com força. O sangue me subiu nessa hora e não enxerguei mais nada. Senti algo quente atingir meu ombro, associado a um disparo. O maldito havia me acertado no braço, aquilo queimava, parecia corroer meus ossos.

Respirei fundo e não me importei com a dor, atirei mais uma vez e dessa vez acertei na perna dele, fui em sua direção, ele já estava caído. Comecei a deferir socos e mais socos por seu rosto. Eu estava domado pela raiva, estava cego pelo ódio. Eu só queria mata-lo, só queria acabar com ele ali e descontar toda a dor que ele havia causado a mim e a minha família.

– Ross para! – ouvi uma voz de fundo, mas continuei a soca-lo, o rosto já ensanguentando estava praticamente irreconhecível. Ele havia ficado mais monstro do que já era. Se é que isso era possível. – Ross, vai mata-lo para! – era Lee gritando. Collins e Sparks me seguravam enquanto outros policias entraram no prédio prendendo David no mesmo instante.

Eu não conseguia enxergar nada, eu não conseguia ver nada, comecei apenas a tomar minha consciência quando vi o estado que David havia ficado, minha mente começou lentamente a processar tudo o que estava acontecendo e então eu recordei a consciência : Nick, machucada, ajuda, David! Um estalo surgiu em minha cabeça e olhei em direção a Lee que tentava acordar Nick sem muito sucesso.

Senti meu braço arder e coloquei minha mão por cima tentando sem chance estancar o sangue que escorria.

Corri em direção a Nick e me abaixei olhando-a com um desespero imenso tomando conta de mim.

– Nick, acorda princesa! Nick! – falei rapidamente e tentei sacudi-la porém ela nem se quer se mexeu.

– Ross, você precisa ver esse tiro que tomou, precisa estancar isso – Collins falava e eu apenas queria saber de Nick.

– Chamem uma ambulância, rápido! – eu gritei e Sparks correu para fora do prédio. Provavelmente já haviam bombeiros e tudo mais do lado de fora, esse era o padrão quando havia um sequestro.

Nick abriu os olhos devagar e o mesmo alívio de alguns minutos atrás tomou o lugar do desespero que estava em meu peito.

– Graças a Deus, princesa! – falei e abri um grande sorriso. Ela se sentou com ajuda de Lee e levou a mão a cabeça.

– Cabeça, latejando – ela dizia poucas palavras, apenas afirmei com a cabeça e passei meus dedos lentamente por seus cabelos.

– Calma, Sparks foi chamar uma ambulância. Só se mantenha acordada até os paramédicos chegarem – falei ainda atordoado com tudo, sentia uma culpa imensa por vê-la daquela maneira.

– Meu tornozelo – ela falou agoniada e levou as mãos até o mesmo. Merda!

(Nick narrando)

Se me perguntassem o que aconteceu eu não saberia explicar, só lembro de Ross estar frente a frente com David, que eu tentei assusta-lo de todas as formas para distrai-lo e que no final acabei levando um belo Strike. Apenas isso.

Eu sentia meu corpo formigar, eu sabia que estava deitada em algum lugar e sentia alguns olhares sobre mim. Ouvi a voz de Ross ecoar lentamente em meus ouvidos e fui recobrando minha consciência.

Abri lentamente meus olhos e vi Ross preocupado na minha frente. Me sentei com dificuldade e logo vi também Lee e Collins.

Eu estava com uma dor muito forte na cabeça e um sono horrível eu queria deitar e dormir, mas Ross, me pediu para que não fizesse isso, eu precisava me manter acordada até a equipe médica chegar. Aliás pra que equipe médica? Que exagero!

Bem, não demorou muito para a sensação do sono passar, pois meu tornozelo resolveu latejar. Ah era só o que faltava, torção a essa hora do campeonato, só poderia ser brincadeira uma coisa dessas.

– Eu quero sair daqui – falei um pouco zonza. – Eu consigo levantar, estou bem, preciso sair daqui de dentro. – Lee e Ross me ajudaram a levantar da onde eu estava. Senti meu corpo querer amolecer, porém me mantive de pé, além do cansaço todo que eu estava sentindo, as dores não estavam colaborando.

– Nick, fique sentada, os paramédicos já vão te atender – Ross falou e fitei sua mão segurando seu braço. Meu Deus! Arregalei meus olhos em direção a ele, que parecia um garotinho envergonhado quando se machuca depois que a mãe fala pra ele não fazer aquilo. Claro que eu era a mãe.

– Você tomou um tiro? – perguntei ainda chocada e ele apenas negou com a cabeça.

– Não é nada . – ele falou desviando o olhar do meu.

– Como não é nada? Você toma um tiro e diz que não é nada? – falei e ele bufou.

– Já disse que não é nada – ele falou irritado.

– Que bom que não é nada – respondi mais irritada ainda. Poxa, tudo bem nossos nervos estavam a flor da pele. Era bem difícil manter a paciência depois de tantos acontecimentos. Estávamos abalados, estávamos com dor e completamente exaustos. Mas, eu não era saco de pancadas caramba! Eu não era.

– Vem, vamos ver o que foi esse tiro. – Collins falou e já caminhou com Ross para fora do prédio.

– Consegue andar? – Lee me perguntou e eu fiz uma cara de dúvida.

– Estou com muita dor no tornozelo – falei espremendo os olhos e respirei fundo.

– Vem, consegue se apoiar? – ouvi Lee perguntar e logo Sparks também entrou.

– Os paramédicos estão chegando, vamos, vou ajudar vocês – ele falou e me apoiei nos dois.

Chegamos próximo a porta e assim que a mesma se abriu senti uma pequena claridade invadir o ambiente. Respirei pela primeira vez com tranquilidade, afinal eu estava vendo de novo a luz do dia, e isso era maravilhoso.

Sparks me ajudou a sentar dentro de uma ambulância que já estava no local. Ross deveria estar na outra que estava virada para o outro lado. Eu queria saber notícias dele, mas, talvez agora não fosse a hora certa para isso. Vi o paramédico entrar e começar todo o interrogatório.

Ele me deitou lentamente na maca e colocou o soro na minha veia. Que ótima notícia, eu teria que ir ao hospital realizar alguns exames. Logo, ele me ajeitou na ambulância e senti o carro começar a sair. Foi aí que finalmente meus olhos se fecharam, o peso foi maior e o sono começou a tomar conta de mim.

(...)