Lightning Hunter escrita por LauC


Capítulo 25
Capitulo 25 – Alguém morre – Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Voltei galera, ainda estou viva, viu? Peço milhões de desculpas pela a demora, estava sem criatividade para escrever esse capitulo, até porque são muitas cenas de ação e cenas que devem ser explicadas. Fico feliz que algumas pessoinhas tenham falado comigo no privado, pedindo pelo capitulo e por noticias de vida e aqui está. Espero que gostem do capitulo, como podem ver pelo o titulo esse é a parte 1 do final. Tive que dividir-lo, por que se não ele seria muitoooooo grande e de certa forma acho que entendiaria vocês. Enfim, acho que é só isso que tenho para falar, aproveitem e boa leitura ♥



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A pele de Artos agora era feita de diamante, justo quando pensei que não podia piorar. Ele deu um sorriso de uma ponta a outra e uniu os punhos a sua frente.

─ Agora sim a diversão vai começar.

Abri minha boca para protestar dizendo que a diversão já havia começado, quando ele desapareceu de onde estava e ressurgiu a minha frente, meus instintos gritaram para se mover rapidamente e consegui dar um passo para trás bem a tempo de esquivar do seu soco. Minhas botas fizeram um ruído no asfalto quando arrastei a perna desviando de um cruzado, quando vi um vulto a minha esquerda, levantei uma barreira de eletricidade para impedir o que quer que fosse.

E senti uma pontada nas costelas, minha respiração falhou por um segundo e punhos acertaram o meu rosto. Rolei no asfalto com o ataque e soltei um gemido de dor. Coloquei uma mão na costela e outra no chão e fiquei de pé lentamente, meu inimigo estava parado no mesmo lugar e olhava para suas mãos com uma expressão admirada.

Eu havia levantado uma barreira de eletricidade, será que eu já estava fraca para não conseguir se quer impedir um ataque dele? Ou será que havia algo relacionado a sua pele? Lambi o sangue do canto da boca, respirei devagar e fiz uma careta quando senti a costela quebrada voltando para o lugar.

─ Doí, não é? ─ Perguntou ele dando um olhar divertido para mim. Fiz que sim com a cabeça. ─ Espere até eu quebrar todos os seus ossos.

─ Foi mal, mas não vai rolar ─ Meu corpo ficou inteiro novamente e estalei os dedos, lancei eletricidade na sua direção, barulho de estática invadiu meus ouvidos e dei um sorriso de canto, que logo foi arrancado quando ouvi uma gargalhada.

Artos estava sem nenhum resquício do meu ataque.

─ Guarde seus esforços, eletricidade não vai funcionar.

Merda, diamantes eram ótimos isolantes elétricos.

Ele avançou na minha direção e dei longos passos para trás para sair da sua linha de alcance, mas ele era rápido, o que tornava as coisas mais difíceis para mim. Abaixei-me quando vi seu punho vindo, e bati o joelho no chão quando meus pés escorregaram, olhei para baixo apenas para ver o asfalto congelado e levantei uma barreira a minha volta, apenas para ter meu rosto ser atingido.

Caí no chão com um baque e olhei para cima, chamas vieram na minha direção e levantei as duas mãos, eletricidade impediu que as chamas me queimassem. Então, punhos brancos passaram pela minha barreira e segurei as mãos de Artos, meus ombros foram para trás com o súbito contato  e cerrei os dentes.

Suas pele ainda era de diamante, mas eu podia sentir o frio emanando de suas mãos, minhas luvas parcialmente inteiras ficaram esbranquiçadas e envolvi eletricidade em minhas mãos, o gelo começou a derreter e a escorrer pelo o meu braço, olhei para a gota que caiu no meu peito e engoli em seco.

Meus ombros ruíram com o peso do seu corpo sobre o meu, até que vi que não daria para ficar muito mais tempo naquela posição, levantei as duas pernas e dei um chute no seu peito, nossas mãos se separaram e eu aproveitei aquele momento para rolar para trás e começar a correr.

Escutei passos atrás de mim e não precisei olhar para trás para descobrir quem era que estava me acompanhando. Normalmente, eu não corria de uma luta, mas não era burra a ponto de não ver que estava em desvantagem. Olhei para minhas mãos e tentei visualizar as chamas da minha fogueira imaginaria aumentando, fechei os olhos e deixei o poder fluir pelo meu corpo, um calor me envolveu e escutei metais se movendo.

Olhei em volta, precisava de um lugar fora do alcance dele e que desse para ataca-lo ao mesmo tempo, olhei para a direita e vi um prédio de 3 andares. Corri na sua direção e ao chegar no pé da parede, coloquei minhas mãos sobre ela e comecei a escalar, meus pés ficaram presos a parede com a eletroestática e no segundo seguinte, estava correndo pela parede, dei um pulo quando cheguei na borda da cobertura e virei de frente para a rua.

Abri os braços e dei um longo suspiro, Artos havia parado a alguns metros para ver o que eu estava planejando, respirei fundo e abri as mãos. Placas de metais e barras começaram a flutuar a cima do chão e a ganhar altura.  Observei a quantidade de materiais flutuando e acenei com a mão na direção de Artos, os objetos voaram rapidamente na sua direção e ele deu passo para trás e começou a defender os meus ataques com chamas e gelo, e os poucos metais que não conseguiu defender, bateram contra as suas costas e braços, mas nada se quer arranhou a sua pele de diamante.

Merda. O quê eu podia fazer para passar por essa couraça?

Levantei as mãos e continuei atacando ele a distancia, lancei barras de metal, joguei até a porta de um carro e eletricidade, mas nada funcionava. Ele deu um sorriso e começou a andar na minha direção, virei de costas para ele e corri para o lado oposto do prédio, pulei da borda da cobertura e quando estava chegando ao chão,  dobrei meus joelhos e rolei pelo chão absorvendo o impacto da queda.

Foi neste momento que captei barulhos de algo sendo destruído, mal tive tempo  de ficar em pé, quando vi Artos atravessando a parede do prédio e batendo de frente comigo. A próxima coisa que sei era que estava sendo esmagada contra uma parede e logo em seguida atravessando ela. Levantei uma barreira ao meu redor para absorver qualquer impacto que viesse, mas como  havia acontecido anteriormente, a barreira se tornara inútil.  Senti a pressão de algo no meu estomago e meu corpo foi para trás, bati contra alguma coisa e pisquei rapidamente para ver o que estava acontecendo quando um vulto apareceu a minha frente e minha cabeça foi para trás. Sangue escorreu pelo meu nariz e testa, coloquei minhas mãos no chão e forcei meus corpo a voltar a funcionar, fiquei em pé e virei para ver o meu inimigo.

Minhas cabeça ainda estava latejando do ataque e mal consegui desviar de um soco, quando sentir seu joelho acertar minhas costelas, escutei um estalo vindo delas e cerrei os dentes. Me inclinei para a frente com a dor e peguei um soco no maxilar, meus pés deixaram de tocar o chão por um momento e então caí de costas sobre algumas coisa que se quebrou abaixo de mim.

Meu corpo ficou leve por um momento e senti mãos fortes me tirando do chão, abri os olhos e me deparei com olhos dourados escuros, o dono deles andou comigo por alguns segundos e pressionou minhas costas contra uma parede e depois me deu um murro no peito.

Atravessei a parede e rolei no asfalto, dor percorreu o meu corpo e respirei profundamente, tinha que sair dali, colocar distancia. Movi minhas pernas e me coloquei de joelhos, escutei passos atrás de mim e não hesitei um segundo, me pus a correr o máximo que podia.

Cruzei uma rua e dobrei em uma avenida, notei de imediato que o lugar já havia sido palco de uma luta, coloquei a mão no maxilar e o empurrei de volta ao lugar, meus ferimentos começaram a se curar após 4 segundos. Pisei sobre cacos de vidro e olhei para trás para ver se estava sendo seguida e me arrependi de ter virado.

Artos estava correndo a toda a velocidade atrás de mim, ele estava usando fogo como um impulsionador e aquilo estava dando muito certo para ele. Bosta. Concentrei eletricidade nas minhas botas e aumentei a velocidade ainda mais, atravessei a avenida que tinha uns 8km de comprimento em menos de 15 segundos e quando cheguei ao seu fim peguei uma rua a esquerda. Entrei na parte do centro comercial, vi lojas com vitrines quebradas e algumas pegando fogo e parei na frente de um pet shop que estava com uma parede quebrada, não havia animais lá felizmente, mas havia um relógio na parede.

Eram 20 horas, o que significa que já estava lutando com ele 50 minutos, faltava meia hora. Dei um suspiro cansado. Como supostamente eu iria aguentar mais 30 minutos? Parabéns Sora, você definitivamente se lascou.

Escutei os passos e o barulho de fogo se cessando e inclinei a cabeça para o lado, Artos respirou fundo.

─ Cansou de correr?  ─ Perguntou abrindo as mãos, eu estava cansada, lutar por tanto tempo drenava mais energia do que imaginava, mesmo o meu corpo curando rapidamente os ferimentos, a fadiga continuava. E bem, se continuava em mim, nele provavelmente era o mesmo.

Afastei os pés e levantei os braços em posição. Trinta minutos. Estalei os dedos e eletricidade atingiu o seu corpo sem efeito, continuei atacando ele de novo e de novo, ele lançou gelo contra mim e a eletricidade fez o gelo descongelar,  então ele mudou para o fogo. Acho que ele estava gostando de ver meus esforços em vão para derrota-lo, visto que ele estava mantendo uma distancia mínima entre nós.

Não que eu estivesse reclamando, quanto mais longe ele estivesse melhor era para mim. Levantei minha mão esquerda e uma barra de metal voou na sua direção, ele levantou o braço e a barra bateu no seu antebraço, o metal retiniu quando caiu no asfalto e fiquei distraída com aquele som por um segundo. E durante esse segundo Artos pensou que seria muito interessante quebrar a distancia entre nós dois.

Inclinei o corpo para trás a tempo de esquivar de um golpe e dei um salto para o lado. Envolvi minha mão direita em eletricidade e usei o braço esquerdo para defender o seu soco, senti o impacto no meu antebraço e empurrei o seu braço para trás, a sua guarda ficou aberta e eu avancei, trouxe minha mão direita em encontro com o seu peito.

Ele deu um passo para trás com a força e me aproximei, acertei o seu rosto com a esquerda e senti meus punhos se cortando. O rosto dele virou com o impacto, mas se manteve em pé.  Olhei para o chão a procura de algo para usar e achei um fuzil embaixo de um carro, corri até lá e Artos veio atrás de mim, dei uma rasteira e peguei a arma, puxei o engate a destravando e apontei para o peito de Artos.

O som dos tiros ecoaram pelas ruas vazias e o barulho do mesmo me deixaram surda por alguns segundos, as balas bateram contra o seu peito uma atrás da outra, o que o fez dar vários passos para trás e me coloquei de pé, continuei segurando o gatilho até que a arma clicou indicando que estava sem munição, olhei para a boca do fuzil que saia fumaça e o joguei no chão quando vi Artos correndo na minha direção.

Senti mãos agarrando minha cintura. Merda. Tive vislumbre da lua por um segundo e então bati com força no asfalto, Artos se colocou acima de mim e levantei os braços criando uma barreira a minha frente,  apontei a mão esquerda na direção do carro que tinha visto antes e o capo voou em nossa direção e entrou na minha frente. A mão de Artos bateu contra ele e deixou um grande amassado, girei meu corpo e fiquei em posição para correr, quando ele segurou o meu cabelo.

─ Aonde pensa que vai? ─ Disse com uma voz sombria a minhas costas.

Merda, merda, merda.

Sua mão me puxou para trás e senti um pé se encontrando com a minha coluna. Soltei um chiado de dor quando o meu corpo foi para frente e logo em seguida fui puxada de volta, minhas botas se arrastaram no chão e movi minhas mãos a procura de algum metal para usar, mas o que ganhei foi um chute no cotovelo, o osso do meu braço foi para frente ficando exposto e dei um mini grito de dor.

Logo em seguida foi o meu joelho, caí de lado no asfalto e agarrei meu braço que estava sangrando. Precisava botar eles no lugar e rápido, flexionei o maxilar e pressionei a palma da minha mão sobre o osso.

─ Não vou dar oportunidade para se curar.

Deu um chute nas minhas costelas e o ar escapou do meu peito, segurou a gola da minha camisa e me tirou do chão, dei um chute no seu peito com a perna que estava inteira e ele deu um sorriso.

─ Foi mal, mas é você ou eu ─ Disse me tacando contra a parede de um supermercado. Tijolos vieram abaixo quando atravessei a parede e trombei em uma prateleira de comida, beijei a cerâmica cinza do lugar e saliva com sangue escorreu pelo meu queixo. Olhei pra minha perna e empurrei o osso para o lugar certo sem hesitar. Mexi o pé para ver se estava tudo ok, quando algo pisou sobre o meu pé.

Dei um grito de dor ao escutar os ossos do meu pé se quebrando e fui acertada no rosto, caí novamente no chão. Minha cabeça estava ruindo, tinha que me afastar de Artos e rápido, pois não podia regenerar enquanto ele não parava de quebrar um osso atrás do outro.

Tentei rastejar para longe, mas a tentativa foi em vã quando o mesmo segurou minha perna e me jogou contra outra prateleira.  Escutei o som de latas de comida se espalhando pelo o local e dei um sorriso de canto. Latas.  Não me decepcione corpo. Levantei a mão esquerda e acenei rapidamente, as latas flutuaram ao meu redor e lancei-as contra Artos. E felizmente eram muitas, o que me comprou tempo para levantar e  começar a correr.

Passei por um corredor de refrigerante e encontrei a entrada do supermercado, abri a porta mancando e saí para a rua. Respirei o ar frio da noite e senti minhas costelas voltarem para o lugar, continuei correndo com o pé quebrado e empurrei o braço para o lugar  certo. 

 ─ Ok, falta o pé ─ Sussurrei.

─ Quer saber de uma coisa? Eu não me sinto mal ─ Disse Artos saindo do supermercado, havia feijão no seu peito e confesso que a cena me arranco um sorriso. ─ E eu vou acabar com você!

Com essa ameaça, ele veio correndo atrás de mim, eu não havia ido muito longe com o pé quebrado de forma que rapidamente me alcançou. Me abaixei desviando de seu soco e trouxe minhas duas mãos cheias de eletricidade e bati contra o seu peito de diamante sujo de feijão. A energia se dissipou no seu corpo e ele chutou minha perna, perdi o equilíbrio e coloquei minhas mãos no chão, joguei meu corpo para frente com um salto e fiquei em pé, mas não previ a bola de gelo que me acertou e bati contra uma moto.

Moto é igual a metal, então...

─ Acho que não, hein ─ Disse Artos lançando chamas na minha direção, demorei um segundo para perceber que estar do lado de algo que usava combustível em plena batalha de chamas era uma péssima ideia. Envolvi meu corpo em eletricidade bem no momento da explosão e meu corpo foi jogado para o lado com a força de impacto. Rolei no asfalto até bater contra uma lixeira e dei um gemido de dor.

Meus ouvidos estavam zumbindo e minhas vista embaçada, olhei para baixo para ver a situação do meu corpo, felizmente apenas minhas roupas estavam queimadas e possivelmente um pouco do meu cabelo. Coloquei minhas mãos ao lado do corpo e fique em pé.

─Tenho que dizer que fiquei empolgado com a moto explodindo, você não? ─ Artos estava dando um sorriso divertido e abanando as mãos, olhou para baixo e inclinou a cabeça. ─ Suas roupas viraram churrasco.

─ É o que parece ─ Respondi olhando para as roupas e depois para ele. ─ Não que você se importe.

─  É, eu não me importaria nem se estivesse nua, então...

─ Uau, agora me senti ofendida ─ Falei colocando a mão no peito em defesa.

─ Naaa, já vi mais bonitas que você ─ Disse dando de ombros.

─ Aposto que do jeito que você era feio antes, você ameaçava as meninas para sair com você ─ Digo sarcasticamente ─  Não que esteja muito melhor agora...

Artos cerrou os dentes com raiva e meu corpo ficou tenso com aquilo, senti a temperatura cair e suor escorreu pela minha nuca e costas.

─ Não que você...

Uma veia apareceu na sua testa e ele bateu com o pé no chão, dei um passo para trás e minhas pernas congelaram. Olhei rapidamente para minhas botas ou o que sobravam delas, e antes que eu tivesse a chance de liberar eletricidade para descongela-las, fui atingida no rosto. Minhas costas bateram contra uma parede e me movi ficando de joelhos, juntei toda a energia que tinha e corri.

Corri o mais rápido que podia, estava exausta, lutar por tanto tempo e o processo de regeneração em sequencia estava me deixando mais cansada do que nunca antes.

Meus sentidos gritaram em alerta e me joguei no chão a tempo de ver uma lixeira de metal passando no lugar onde minha cabeça estava, a lixeira entrou na parede de uma casa e um cachorro saiu correndo de lá. Ele era preto, de tamanho médio e tinha uma espécie de lenço amarelo em volta do seu pescoço.

Olhou na minha direção confuso e começou a latir. Escutei passos pesados vindo em nosso caminho e me coloque de pé. Artos estava andando, o que parecia que não estava muito preocupado comigo fugindo.  O cachorro continuou a latir raivosamente para nós, o que estava se tornando um incomodo para nossos sentidos mais aguçados.

─ Cala a boca sarnento! ─ Gritou Artos lançando um jato de gelo na direção do cachorro.

E foi aí que me vi pensando e vendo tudo em câmera lenta: salvava ou não o cachorro?

Foda-se, é só um cachorro, iria aproveitar aquilo para fugir.

Mas ele era de alguém. Alguém que ficaria muito triste em saber que o cão havia morrido.

Dono esse que deixou o cachorro para trás quando a cidade estava em evacuação. Meus parabéns para essa pessoa.

Vi o gelo se aproximando dele. Salvo ou não salvo? Olhei para a casa e foi então que o tempo congelou. Havia uma senhora idosa em baixo dos destroços da casa que havia caído com o ataque anterior de Artos. Provavelmente ela era uma dessas pessoas que não saiam de casa mesmo se aparecesse um tornado, ou isso ou ela não conseguiu ajuda para sair.

Ahhhh, Merda!

Corri e me coloquei na frente do cão, levantei uma parede de eletricidade e o gelo bateu contra ela. Olhei para o cão que se encolheu atrás de mim e dei um suspiro exausto.

─ Saía daqui ─ Falei, ele virou a cabeça de lado sem entender. ─ Fuja, vamos! Não posso ficar com você.

E nada do cão se mover. Enquanto olhava para o cachorro, percebi que o lugar estava calmo, não havia mais passos, senti meus olhos dilatando e olhei para frente. Artos estava parado a minha frente, seu punho veio na direção do meu rosto e levantei meu braço. Fui jogada no chão de lado, Artos levantou a mão direita na direção do cachorro e chamas surgiram, fiquei em pé rapidamente e bati no seu braço com eletricidade, as chamas voaram para o céu e o cachorro correu desesperado rua abaixo.

Artos agarro o meu braço e me derrubou no chão com uma rasteira, pisou no meu ombro e se inclinou, levantei meus braços para defender os seus ataques e meus braços aguentaram uns 5 golpes antes de serem quebrados. O punho dele acertou o meu rosto e a minha cabeça quicou no asfalto, sangue escorreu do meu nariz quebrado, tentei sair de baixo do seu corpo, mas o seu peso e o meu cansaço não me permitiram sequer mover.

Ótimo, Cachorro salvo, Sora morta.

Seu punho bateu novamente no meu rosto, minha boca se cortou toda por dentro e senti uns dois dentes se soltando. Então o peso sobre o meu corpo diminuíram e Artos se colocou de pé, trazendo o meu corpo junto.

Minha vista estava turva e mal consegui ver os seus olhos dourados, quando fui atingida de novo na cabeça, senti meu pescoço dando um estralo e meu sangue congelou com o medo de ter  o quebrado. E fiquei levemente feliz quando consegui mover minhas pernas, chutei o seu peito varias vezes seguidas até que ele me jogou contra uma parede de alguma coisa.

Respirei lentamente a poeira que surgiu com os tijolos caindo e tremi quando senti os ferimentos do meu corpo, movi de lado e os destroços da parede caíram do meu colo, cuspi o sangue da boca e estiquei a coluna, senti as costelas quebradas e os braços ruírem de dor e engoli a saliva com sangue.

Uma sombra se colocou sobre mim e tentei me mover para fora do caminho dela, mas o meu corpo não respondeu.

Deitei no chão sobre um dos pés de Artos e senti o meu ombro se deslocando. A essa altura do campeonato não estava mais nem sentindo tanta dor quanto antes. Tentei usar meus poderes tanto para controlar metais quanto eletricidade, mas ele não deixava me mover ou sequer ter tempo para curar os meus ferimentos.

Senti cada osso do meu corpo quebrado, minha mente estava turva, minhas pálpebras pesavam e meus ouvidos não estavam captando nenhum som, não conseguia nem mesmo escutar as batidas do meu coração.

Por um longo minuto não consegui entender o que estava acontecendo ao meu redor, minha consciência estava indo e vindo, flashes de luzes e então escuridão. A sensação que eu sentia era engraçada, o meu corpo estava leve, mas ao mesmo tempo pesava um milhão de toneladas. Não lembrava o porquê de estar ali ou o que era que estava acontecendo. Se alguém perguntasse o meu nome naquele momento, provavelmente responderia com um “Hã?”.

Os flashes de consciência logo cessaram quando senti pontadas no meu peito e barriga, o meu corpo ficou molhado e frio, o ar se tronou mais rarefeito e a pressão na minha cabeça e corpo aumentaram, parecia que haviam colocado o mundo em minhas costas e que meu corpo não aguentava mais um segundo se quer aquele peso.

Não consegui manter as pálpebras abertas por mais tempo e com isso deixei a escuridão me abraçar.

 

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─ Beatrice! ─ Gritei ao vê-la sentada no chão suja de poeira e machucada, desci do carro e corri na sua direção.

─ Dana? O que você está fazendo aqui? A bomba já está pronta? ─ Perguntou ficando de pé rapidamente, dei um abraço nela e olhei para o seu rosto cansado.

─ Não, ainda não ─ Respondi, visto que ainda não haviam me  informado. Olhei para o resto da equipe.

Ice e Richie estavam sentando contra uma parede, havia sangue escorrendo de suas testas, as mãos de Richie estavam cortadas e as luvas de proteção que usava haviam sido destruídas, tanto ele quanto Ice pareciam que estavam prontos para desmaiar. Gaby era a que estava mais fisicamente acabada, havia sangue e cortes em todos os lugares.  Mika e Jake não estavam muito melhores, todos machucados.

Gaby estava com uma pistola de injeção ao seu lado no chão e notei que era a mesma pistola que tinha dado a Sora antes de virmos para cá. Mika e Jake estavam escorados em uma lata de metal e deram um aceno de cabeça quando olhei para eles.

─ Eu estava patrulhando a cidade, atrás de soldados e agentes feridos, acabei de levar os últimos para o abrigo. Vim ajudar vocês ─ Falei ao escutar os soldados e os médicos saindo da ambulância.

─ Graças aos deuses ─ Escutei Ice falando, um dos médicos correu até eles.

─ Dana, acho melhor eles darem uma olhada nela antes ─ Disse Beatrice apontando para um pedaço de concreto passos atrás dela. Havia uma garota sentada com as pernas esticadas e demorei poucos segundos para reconhecer os cabelos vermelhos.

─ Rei?! ─ Falei surpresa, corri até ela e me abaixei. Retiro o que disse sobre Gaby ser a mais acabada deles. Rei estava pálida, muito pálida, sangue escorria dos seus braços e havia cortes em todos os lugares. Toquei o seu queixo e levantei o seu rosto para mim, seus olhos castanhos estavam sem foco e cansados. Deus, se alguma acontecer com ela, Sora vai matar todos nós. Roku, venha aqui agora!

Um dos médicos correu até nós e se abaixou, tocou a testa dela e checou os batimentos cardíacos. Olhou os braços que estavam sangrando, dei um passo para trás e deixei-o trabalhar. Tirou um frasco com tapinha vermelha que eu sabia que era adrenalina e aplicou no braço que não estava sangrando dela.

─ Ela não está respirando ─ Disse antes que eu perguntasse alguma coisa ─ Os batimentos dela estão bem fracos. A adrenalina vai dar uma ajuda.

E era verdade, nos outros agentes e militares que resgatamos, tivemos que usar bastante adrenalina, pois aumentava as frequências cardíacas e a respiração permitindo que o paciente não morresse durante os cuidados. E felizmente o mesmo aconteceu com Rei, o seu peito se mexeu com o ar entrando em seus pulmões e ela piscou os olhos dando sinal de vida, virou o rosto na direção do médico.

─ Fique parada, preciso fazer curativos rápidos em você, parece que você fraturou uma costela, e por isso está difícil de respirar ─ Explicou Roku, tirando o kit de primeiro socorros da bolsa ─ Apliquei adrenalina em você, respire devagar. Dana pegue água para ela.

Ela olhou para mim e dei uma batidinha de leve na sua mão suja. Fiquei de pé e corri para o carro, peguei a grade de água mineral e saí entregando para cada um deles. Sentei ao lado de Rei e abri a garrafa. Ela se sentou direito contra o concreto e coloquei a garrafa em seus lábios, ela bebeu sem hesitar e tive que inclinar a garrafa para trás várias vezes para ela não se engasgar. Água escorreu pelo seu queixo e coloquei a garrafa vazia no chão.

Durante isso o médico já havia limpado e enfaixado o seu braço cortado. Ele se inclinou e limpou a testa dela que estava sangrando.

─ Você perdeu muito sangue ─ Disse ele olhando para o corpo dela que estava branco, ao menos agora ela não parecia que iria morrer. ─ Acho que ainda tem alguns doces no carro, Dana.

Ele olhou para os outros feridos e olhou para Rei novamente.

─ Pegue os doces lá no carro e distribua a eles, parece que eles vão desmaiar a qualquer momento ─ Disse.

─ Não só parece, como vão ─ Disse o outro médico, quando Mika apagou no chão. ─ Droga!

Fiquei de pé e corri novamente até o carro, subi na parte traseira e olhei para o isopor que estávamos usando para mantimentos. Abri e olhei que havia alguns doces sobrando, na maioria barras de cereais e chocolates. Peguei o resto que sobrava e voltei para eles.

Dei uma barra de cereal e uma de chocolate para cada um e quando cheguei perto de Rei, uma explosão aconteceu não muito longe de onde estávamos. Os dois soldados que estavam com a gente imediatamente levantaram as armas em direção a rua.

─ Merda ─ Falei olhando para o céu escuro.

─ Será que Sora está conseguindo? ─ Perguntou Gaby, olhei para ela que já estava com a cabeça enfaixada.

─ Espero que sim, ela já ganhou tempo demais para nós ─ Falei e me abaixei ao lado de Rei. Ela me deu um olhar que nem de longe era gentil e estendi a comida para ela. Os pegou da minha mão com o braço enfaixado e rasgou a embalagem com a boca, e comeu sem cerimonia. Não éramos amigas e nem tínhamos motivos para gostar uma da outra, mas acho que o cansaço era maior no momento. 

Os dois médicos se moveram de um lado para o outro ajudando e enfaixando a galera, enquanto eu observava, escutei vários barulhos de coisas sendo destruídas, notei que a rua que estávamos era uma das que estavam em pior situação. Lojas destruídas, vidro e cabos de energia caídos no chão, tijolos, carros em chamas e várias outras coisas. Abaixei o olhar para o meu uniforme que estava sujo de poeira e principalmente de sangue e dei um longo suspiro. Estava cansada, não tanto quanto eles que lutaram, mas ainda assim cansada. Havia carregado corpos, alguns vivos e outros não, durante os 50 minutos que se passaram.

Cerca de 8 soldados não resistiram aos ferimentos.

Espero que Sora consiga derrota-lo antes de toda a cidade vir abaixo.

Dei as costas para a rua e caminhei até Beatrice, ela estava sentada no chão perto do carro.

─ Como está se sentindo? ─ Perguntei já sabendo a resposta.

─ Acabada ─ Respondeu pegando a garrafa de água ao seu lado e dando um gole. Água escorreu pelo seu queixo e ela abaixou a garrafa, deixando-a sobre o seu colo, olhou para baixo e deu um suspiro cansado. ─ A nossa situação não está muito boa.

─ Concordo. Nós nos encontramos com Sora minutos atrás ─ Falei.

─ Ela está bem? ─ Perguntou Rei de repente, olhei para ela e para os outros que estavam escutando a conversa com interesse. Fiz que sim com a cabeça.

─ Até onde vimos sim. Artos tentou nos atacar quando estávamos resgatando um soldado, ela chegou bem a tempo de impedir ─ Respondi e passei a mão na testa tirando a mecha de cabelo que havia caído na frente dos meus olhos.  Olhei para Gaby que estava com a pistola de injeção no colo. ─ Suponho eu que Sora tenha dado isso?

─ Aham ─ Disse Gaby com um aceno de cabeça. ─ Ela deu outro para Ice. Disse que quando chegasse a hora era para aplicarmos nele.

─ O problema é que não temos ideia de quando e o que vai ser essa hora ─ Ice disse se esticando as pernas no chão. Ele e Richie tinham se aproximado dos outros do grupo, de forma que estavam quase sentados uns do lado do outro contra a parede, apenas Rei que permaneceu sentada no concreto.

─ É verdade mesmo que ela está trabalhando com a gente? ─ Perguntou Richie cruzando os braços sobre o peito.

─ Sim, ela fez um acordo com o Comandante ─ Falei e de um suspiro cansado em lembrar de toda a conversa que tivemos  no  CPT.

─ E a bomba? ─ Perguntou Ice novamente. ─ Como vamos explodir uma bomba na cidade? E o principal, como vamos acabar com ele com uma bomba se o cara se cura ridiculamente rápido?

─ Bem, quem fez o plano foi Sora ─ Respondi e cruzei os braços ─ A bomba em si tem que ser implantada no peito dele e se detonada logo em seguida, ela vai ser potente o bastante para dizimar qualquer coisa por perto.

─ Mas e a pele dele? ─ Interrompeu Beatrice.

─ Acredito que seja por isso que ela deu as pistolas, ela não deu detalhes sobre o que era e nem para o quê ela queria as pistolas quando me pediu, mas de acordo com ela, vai enfraquecer os poderes dele e com sorte ele não vai conseguir absorver mais substancias.

─ Hum, então pra usarmos a bomba, primeiro temos que fazer “isso” funcionar ─ Disse Ice balançando a pistola para fazer o seu ponto.

─ Exato ─ Concordei com um aceno. ─ Apesar de eu querer saber o que é que tem nessa injeção. Suponho que você tem uma ideia? ─ Falei virando o rosto para Rei, ela deu um leve balançar de ombros e um sorriso de canto.

─ Quem sabe?

─ Ao menos vai realmente funcionar? ─ Perguntou Gaby olhando pra ela.

─ Sim ─ Disse Rei com confiança. E escutamos alguma coisa sendo destruída ruas a nossa frente e chamas foram lançadas ao céu, provavelmente Artos queimando as coisas.

─ Como tem tanta certeza? ─ Perguntou Richie dando um olhar suspeito e voltando a atenção para ela.

─ Vai funcionar, acredite ─ Respondeu ela dando um aceno com a mão. ─ E tomaria cuidado com essas pistolas, esses são as ultimas amostras.

Ice e Gaby olharam para as pistolas com receio de fazerem alguma merda.

─ Serio? ─ Perguntei e ela fez que sim com a cabeça. ─ Que merda.

─ Então vamos ter que realmente esperar pelo sinal dela ─ Disse Ice colocando a pistola no chão ao seu lado.  Fizemos todos um sim silencioso com a cabeça, foi então que notei que não só a gente tinha ficado em silencio como a cidade toda estava. Não havia mais barulhos de lutas, o que era estranho. Será que Sora derrotou ele sem precisar das injeções? Ou será que foi justamente o contrário?

─ Gente ─ Falei com um certo receio na voz e olhei para a rua que tinha visto as chamas por ultima vez. ─ A cidade está quieta.

Então todos eles olharam para a rua a nossa frente, não havia nenhum barulho.

─ Será que...

─ Não sei ─ Sussurrou Jake para Mika.

─ JP ─ Disse um dos soldados para o outro. Apontou para um prédio de três andares com cobertura. ─ Vá até lá conferir a situação.

─ Certo ─ Confirmou o outro.

Vimos o soldado JP correndo para o prédio e subindo as escadas de emergência rapidamente, escalou a parede e pulou para a cobertura. E então ele sumiu da nossa vista ao ir para o outro lado do prédio.

─ O que você está vendo? ─ Perguntou o soldado para o rádio em uma de suas mãos. Olhamos todos apreensivos para ele, até que o radio deu um estalo e uma voz falou.

“ RT....”

Então escutamos barulho de estática interrompendo a comunicação.

─ JP?

“ O N2 .....”

─ O que tem o N2? ─ Perguntou RT.

─ O que é N2? ─ Disse Beatrice ao meu lado e RT levantou a mão para ficarmos quietos, então a estática no rádio parou e escutamos uma voz tremida vindo do rádio.

“ Está vindo, eu repito, ele está vindo”

─ Merda! ─ RT e eu dissemos ao mesmo tempo.

─ N2? O que é isso?─ Perguntou Ice ficando de pé e se aproximando de mim.

─ Isso é mal? ─ Disse Jake nos olhando preocupado.

─ É péssimo ─ Respondi passando a mão na cabeça, andei até RT e peguei o rádio da sua mão ─ JP, quanto a LH, você consegue vê-la?

─ Espera você está me dizendo que esse tal de N2 é Artos? ─ Disse Richie desesperado ao meu lado.

“ Sem sinal de LH” disse JP pelo rádio.

─ Merda, merda ─ Falei entregando o rádio de volta para RT.

─ O que vamos fazer? ─ Perguntou ele para mim.

─ Sora não está com ele? ─ Perguntou Rei se levantando do chão, ela fez uma careta de dor e um dos médicos ajudou-a ficar de pé.

─ Não ─ Disse RT.

─ Então quer dizer que ela....

─ Não! ─ Disse Rei novamente, escutei a negação e raiva em sua voz. ─ Sora não iria perder para ele. Não iria. Ela me prometeu.

─ Bem, não é o que se parece ─ Disse Ice olhando para a rua e depois para mim ─ O que vamos fazer?

Eu não acreditava que Sora estava morta também, provavelmente estava inconsciente em algum lugar, ao menos era isso que minha mente escolheu acreditar. Se Artos estava vindo em nossa direção era nosso dever lutar contra ele, Sora era a 1º em linha de combate, se ela caísse, sobrava a 2º linha para defender a cidade.

─ Vamos lutar contra ele ─ Falei e olhei para trás. ─ Gaby e Troy vocês vem comigo, não acredito que Sora esteja morta, provavelmente muito ferida ou presa em algum lugar, vamos acha-la e ajuda-la. Quanto ao resto tentem segura-lo até voltarmos, depois de Sora somos a ultima linha de defesa ─ Eles fizeram que sim com a cabeça e se prepararam para a nova batalha, mesmo com os seus corpos estando nas ultimas. Vi Rei esticar as costas e dar um longo respiro. Nem a pau que a deixaria lutar na situação que seu corpo estava, ela provavelmente seria morta no conflito, e ela morta não iria deixar as coisas mais fáceis quando Sora aparecesse. ─ Rei, Roku, JP e RT, peguem o carro e esperem na rua de trás.

─ Não, eu vou ajuda-los ─ Disse Rei me dando um olhar de raiva.

─ Não vai e ponto final ─ Falei me aproximando dela, olhei em seus olhos castanhos e coloquei a mão no seu ombro. ─ Você está muito ferida e cansada, tenho certeza que Sora está bem e também que ela vai preferir ver você são e salva depois de tudo isso. ─ Usei os meus poderes sobre ela ─ Por isso você vai junto com Roku esperar em um lugar seguro até segundas ordens.

─ Ok ─ Disse ela dando um aceno com a cabeça. Roku pegou o seu braço e a levou para o carro, JP e RT logo seguiram eles. JP deu partida do carro e saíram da rua.

─ Ainda bem que tirou ela daqui ─ Disse Beatrice para mim. ─ Se Sora visse como ela esta agora...

─ Eu sei ─ Concordei e olhei para Gaby. ─ Consegue teletransportar?

─ Sim ─ Respondeu ela.

─ Ótimo, a última vez que vi algum sinal de batalha foi cerca de 8 ruas depois daqui a esquerda, perto da rua do petshop ─ Falei para ela, acenei para o médico Troy se aproximar e ele veio correndo com uma mochila nas costas. Olhei para o resto da equipe. ─ Fiquem vivos até eu voltar, entenderam?

─ Pode deixar ─ Disse Mika dando um ok com o polegar.

─ Não pretendo morrer hoje de qualquer forma ─ Respondeu Richie e os outros deram um sorriso de canto.

─ Traga ela de volta ─ Disse Beatrice me dando um rápido abraço. Fiz que sim com a cabeça.

─ Pode deixar.

Troy e eu colocamos as mãos sobre o ombro de Gaby e ela nos teleportou.  Surgimos em frente a loja de petshop e olhamos em volta, havia sinal de lutas na rua, mas nada de Sora. Então vimos um cachorro correndo em nossa direção, ele havia um lenço amarrado no pescoço, o que mostrava que ele era de alguém. Levantei uma das mãos e assoviei para ele, as suas orelhas se levantaram e olhou para a gente com curiosidade, assoviei novamente e ele veio andando na nossa direção.

─ Dana, não acho que seja uma boa hora para brincar com cachorro ─ Disse Gaby ao meu lado. Me coloquei de joelhos no chão e acenei para o cão se aproximar, ele parou hesitante a minha frente e toquei a sua cabeça lentamente.

─ Eu sei ─ Falei para ela, acariciei as suas orelhas e o cachorro pareceu gostar, toquei no seu peito e o coração estava batendo muito rapidamente, como se ele estivesse correndo de alguma coisa. ─ Gaby, você já se perguntou exatamente o que são os meus poderes?

─ Sei que pode influenciar pessoas a fazerem o que você quiser ─ Respondeu ela, fiz que sim com a cabeça.

─ Na verdade, não é só isso ─ Comentei ainda acariciando as orelhas do cachorro, vi um pouco de sangue no seu lenço e continuei a falar. ─ É verdade que posso influenciar pessoas, mas também posso influenciar animais. Descobri isso alguns dias atrás quando achei um gato preso em uma árvore. Eu nunca tinha tentado usar os meus poderes em animais até aquele dia, e quando eu o fiz, percebi que controla-los é bem mais fácil do que tentar influenciar humanos.

─ Então você pode ...

─ Aham, vou perguntar a ele se ele viu alguma coisa ─ Dei um sorriso de canto e parei de acariciar a sua cabeça. Fechei os olhos para me concentrar e lancei meu poder sobre o cachorro. O meus poderes algumas vezes, dependendo muito da pessoa ou animal, funcionava como uma conversa, eu perguntava alguma coisa e eles respondiam em voz alta ou na minha mente.

Você viu uma garota de cabelos pretos longos minutos atrás? Se sim mexa a cabeça.

Falei transferindo o meu pensamento para o cachorro e senti sua cabeça se mexer abaixo da minha mão.

Pode me levar até ela?

Ele mexeu a cabeça novamente. E então escutei uma vozinha no fundo da minha mente.

“ Irá me proteger ?”

─ Sim ─ Respondi em voz alta e tirando a mão da sua cabeça, ele piscou os olhos cor de mel para mim e virou de costas. Gaby e Troy me olharam sem entender. ─ Ele vai nos levar até Sora.

─ Sério? ─ Perguntou Gaby em duvida.

─ Uhum, só segue ele ─ Falei e o cão começou a correr, e nós o seguimos.

O cachorro correu por uma rua inteira e parou na frente de uma casa, corri até ele e vi que ele estava cheirando uma poça de sangue no chão, engoli em seco e toquei na sua cabeça.

─ É dela?

Ele mexeu a cabeça dizendo que sim. Levantou o focinho para cima e cheiro o ar.

─ Consegue achar ela pelo cheiro? ─ Perguntei e ele mexeu a cabeça novamente. ─ Ok, nos leve até ela, por favor.

─ Dana, você tem certeza disso? ─ Disse Troy parando atrás de mim.

─ Sim, não se preocupe ─ Falei dando uma batidinha nas costas do cachorro. ─ Blake aqui sabe o que está fazendo, certo garoto?

Ele deu um latido dizendo que sim e Gaby balançou a cabeça. Dei uma batida no seu braço e corremos atrás do cachorro novamente. Passamos por umas três ruas depois daquilo, vimos o supermercado do bairro destruído, havia latas de comida e comida espalhadas por todo o canto. Blake deu um latido não muito longe a nossa frente e entrou em uma loja de brinquedos, que estava com um belo buraco na parede. Gaby e eu nos entreolhamos e Blake latiu novamente.

─ Vamos com cuidado ─ Sussurrei para eles, os dois fizeram que sim com a cabeça.

Entramos na loja pela o buraco na parede, lá dentro estava escuro e nos movemos devagar por entre os brinquedos e prateleiras caídos no chão, minha vista foi se acostumando com a escuridão e consegui ver as coisas mais definidas. Havia muitos brinquedos quebrados, poeira, uma outra parede estava caída nos fundos e olhei em volta a procura de Blake.

─ Blake? ─ Chamei, ele deu um latido e percebi que ele estava depois da parede caída nos fundos, Gaby e Troy andaram atrás de mim com cuidado e passamos pelos destroços da parede caída, e a primeira coisa que vi foi os olhos amarelos de Blake brilhando no escuro e depois alguma coisa presa na coluna que estava quebrada, mas não consegui ver o que era. ─ Troy você tem alguma lanterna?

─ Tenho ─ Respondeu puxando a sua mochila e tirando de lá uma lanterna, me entregou e acendi a luz. Apontei na direção da coluna da sala e senti um nó se formando na minha garganta. ─ Aí meu Deus.

─ É ... ela? ─ Disse Gaby engolindo em seco.

Agora sabíamos o porquê de Sora não estar lutando.

Ela estava presa entre as vigas da coluna quebrada, duas das vigas atravessaram a sua barriga e outra o seu peito, a quarta viga havia errado o ombro direito por alguns centímetros. Seu maxilar e nariz estavam quebrados, e posso dizer que uma das pernas dela estavam também por causa da esquisita posição que seu joelho estava. Para piorar toda a cena, sangue se espalhava por todo o chão, suas roupas estavam rasgadas e sua cabeça estava pendendo para o lado.

Troy correu até ela e segurou o seu pulso, observei ele mudar de posição e tocar o seu pescoço, e não deixei de notar que o seu corpo ficou tenso mesmo sobre a luz da lanterna.

─ Ela está sem pulso ─ Disse e arrancou o resto da camisa a deixando somente de top, minhas mãos tremeram ao ver que uma das vigas tinha entrado no seu peito esquerdo.

─ Deus, o que vamos fazer? Dana o que vamos fazer?  ─ Disse Gaby entrando em pânico. ─ Se ela realmente morreu, estamos lascados. Troy você acha que ela...

─ Sou médico á 20 anos e nunca vi alguém sobreviver a um ferimento desses ─ Disse ele apontando para o peito dela ─ O seu corpo ainda está quente, mas não sei se.... consigo trazer ela de volta.

─ Você tem que tentar ─ Falei quando finalmente consegui fazer minha mente trabalhar, os dois olharam para mim sem esperança. ─ Você TEM que tentar ─ Repeti com mais força.

─ Ok ─ Disse Troy dando um suspiro tremido. ─ Ok. Primeiro temos que tirar ela daí, se ela estiver viva, não podemos deixar perder mais sangue.

Coloquei a lanterna no chão e andei até o corpo de Sora, parei ao seu lado direito, Gaby do lado esquerdo e Troy atrás da cabeça dela. Coloquei uma mão no seu ombro e outro na sua cintura, Gaby fez o mesmo e Troy colocou uma das mãos no seu pescoço e outro por trás das costas.

─ No 3 ─ Disse ele e concordamos. ─ 1...2...3!

Puxamos o corpo dela para cima com toda a força que tínhamos, e me surpreendi com o peso do seu corpo, seus cabelos negros caíram para trás e continuamos puxando-a até que as vigas começaram a desaparecer abaixo dela .

─ Mais... um... pouco ─ Falou Troy. Suor escorreu pelo o meu pescoço e puxamos ela com mais força até que seu corpo saiu totalmente das vigas, Troy passou para o meu lado e colocamos Sora no chão, sangue saia dos buracos da sua barriga e peito. Troy limpou o suor da testa e puxou a mochila que havia colocado no chão. ─ Agora a parte difícil.

Tirou uma injeção de adrenalina e aplicou nela. Pegou gases, água oxigenada, tirou o equipamento de sutura, tirou soro e mais outras coisas.  Quando terminou de tirar tudo, tocou o pulso dela novamente e as suas sobrancelhas se curvaram, moveu as mãos para o pescoço e checou o pulso dela novamente.

─ Mas que... diabos?! ─ Disse sem entender o que estava havendo.

─ O que foi? ─ Perguntei olhando assustada com a sua reação.

─ Ela... morreu? ─ Perguntou Gaby tocando o outro pulso dela, seus olhos se cerraram e ela abriu a boca, já ia perguntar o que estava acontecendo quando meus olhos foram atraídos para o peito de sora, não estava mais saindo sangue e o buraco já estava se curando. Troy e Gaby notaram isso logo em seguida. ─ Ela está se.... curando?

─ Isso é... impossível ─ Disse Troy sem acreditar que alguém que supostamente era para estar morto, se curar assim. Lembrei do interrogatório na prisão. Se não me engano, Sora havia dito que todas as suas cicatrizes haviam desaparecido depois que havia tomado o tal soro misterioso. Então era realmente verdade que os poderes de cura dela eram tão bons quanto o de Artos? Mas trazer alguém de volta a vida assim, era ridículo. Se ela conseguia fazer isso, o que Artos poderia fazer? A bomba realmente daria certo? ─ Eu nunca vi alguém se curar assim.

Peguei a lanterna no chão e apontei para o seu peito para ver se estava realmente vendo as coisas do jeito que eram. O buraco estava totalmente curado e a única prova de que tinha acontecido algo ali, era o buraco no seu top. Abaixei a lanterna para os outros buracos na sua barriga e notei que Gaby e Troy estavam observando também. 

Olhamos os ferimentos diminuírem lentamente até se fecharem por completo. O processo todo, desde que a tiramos das vigas, aplicamos a adrenalina e depois ter os seus ferimentos curados, não demorou mais do que 2 minutos. Aquilo era surreal.

Encaramos o corpo dela sem reação, sua garganta fez um barulho estranho e então o seu peito se mexeu com o ar entrando em seus pulmões, sua respiração estava pesada e lenta, e dava para escutar um chiado quando o ar entrava e saia. Mas o mais importante era que ela estava viva e respirando.

─ Deuses meus ─ Sussurrou Troy deixando as mãos caindo ao lado do seu corpo.

─ Acho que quase dei uma parada cardíaca segundos atrás ─ Disse Gaby dando uma respiração profunda e limpando o suor da nuca, fiz que sim com a cabeça e forcei os pulmões a fazerem o seu trabalho, ao lembrar que tinha segurado o folego por algum tempo.

─ Acho que ─ Senti minhas pernas tremerem e me sentei no chão perto das pernas de Sora ─ Vou me sentar um pouco.

Gaby fez o mesmo do outro lado, sentou com as pernas cruzadas e colocou as mãos ao lado do corpo e inclinou as costas para trás. Fechei os olhos e dei um longo respiro. Graças aos deuses que ela estava viva.

Track!

Gaby e eu olhamos na direção do estalo e vimos Troy inclinado sobre o rosto de Sora, suas mãos estavam tocando os dois lados do seu maxilar. Ele sentiu que estávamos olhando para ele e deu um balançar de ombros.

─ O corpo dela curou os ferimentos, mas parece que tem dificuldades para colocar os ossos nos lugares ─ Disse ele apontando para a perna dela e vimos que era verdade, o osso ainda estava quebrado. ─ Vamos colocar eles nos lugares corretos.

Colocou uma mão no seu nariz e puxou para o lugar, uma linha de sangue escorreu pela sua bochecha. Troy se levantou e parou ao lado de Gaby, observou a estranha posição da perna dela e fez uma careta.

─ Isso vai doer um pouco ─ Disse se abaixando e tocando a perna dela, deu um suspiro rápido e esticou os braços. ─ Ao menos ela não vai sentir tanto já que está inconsciente.

─ Falando nisso, se ela está se curando tão rápido assim, já não era para ela... ─ Track! Fechei os olhos ao escutar o barulho de ossos voltando ao lugar, aquele som me fez ter um arrepio na espinha ─ ... ter acordado?

─ Bem, isso é verdade, eu não sei qual pode ser o motivo visto que eu nunca vi ... algo... assim...

─ Humm, a perna direita dela tá sangrando ─ Comentou Gaby e nos dois olhamos para onde ela estava apontando. E de fato estava sangrando, na parte da frente da sua perna não havia nada, então segurei a sua cintura e a virei de lado, havia um grande  pedaço de vidro na sua coxa.

─ Vixe, vou pegar o alicate ─ Disse Troy se esticando para pegar o alicate que estava junto com os outros materiais que ele havia retirado da mochila. Voltou para perto de mim e cerrou os dentes. ─ é, ela definitivamente não desejaria estar acordada para isso.

Colocou o alicate no pedaço de vidro e começou a puxar para fora de sua perna, sangue escorreu e pingou no chão, continuou puxando até que todo o vidro saiu da perna dela e eu pressionei gazes sobre o ferimento.

─ Continuei pressionando ate parar de sangrar ─ Disse o médico, fiz que sim com a cabeça. ─ Gaby me ajude a ver se tem outro lugar ferido.

─ Ok.

No próximo minuto os dois continuaram a procurar ferimentos no corpo dela e no meio disso percebi que a respiração de Sora não estava mais tão pesada quanto antes. Toquei sua mão devagar, seus dedos estavam gelados nas pontas, mas quente em todo o resto. As luvas que havia dado a ela estavam rasgadas e queimadas, como todo o resto das suas roupas. Estava faltando uma de suas botas e uma de suas luvas, sua calça estava rasgada em várias regiões.

Merda, deve ter sido muito difícil aguentar todo esse tempo de luta.

Dei um suspiro cansado. Quem já estava cansada de toda aquela merda era eu. Ver a minha cidade ser destruída e ter os meus amigos e civis feridos. Resgatar e evacuar todas essas pessoas e ainda ter que lidar com o fato de que uma de suas amigas era uma das criminosas mais procuradas da cidade, estavam acabando comigo. Vai ver por isso que meus cabelos estão caindo mais do que antes.

Meus pensamentos reclamantes foram interrompidos quando senti um dos dedos de Sora se mexer, logo em seguida, sua mão se fechou segurando a minha. Meu coração começou a bater descontroladamente e olhei para o seu rosto. Os seus olhos se mexeram por debaixo das pálpebras e lentamente ela foi abrindo os olhos.

Ela piscou varias vezes seguidas tentando clarear a vista e virou o rosto para o lado, olhou primeiro para Troy que parou de guardar as coisas na mochila, depois para Gaby ao seu lado que a encarava em choque, mas que havia um certo brilho de alegria em seus olhos. Por fim ela olhou para mim, dei um aperto na sua mão para mostrar que ela não estava vendo coisas. E não consegui resistir ao sentimento de felicidade ao ver os seus olhos cinzas me encarando de volta.

─ Hummm ─ Sora resmungou colocando uma mão sobre o peito, enquanto se sentava lentamente. ─ O que.... o que aconteceu? Por que estão aqui?

─ Calma ─ Disse Troy colocando uma mão no seu ombro ─ Você estava bem machucado minutos atrás.

─ Yeah, eu posso sentir isso ─ Disse ela soltando a minha mão e esfregando os olhos. ─ O que aconteceu?

─ Você estava lutando contra Artos e de repente notamos que não escutamos mais barulhos ─ Falei observando ela dando um aceno de cabeça.

─ É, aquele desgraçado me pegou de jeito ─ Sora disse dando um riso nervoso.

─ Nem me diga ─ Gaby disse cruzando os braços ─ A encontramos parcialmente morta.

─ Serio? ─ As sobrancelhas de Sora se curvaram em duvida.

─ Uhum, pensei que não conseguiríamos a tempo ─ Disse Troy se sentando ao lado dela. ─ Como se sente?

─ Me sinto o Mufasa depois de ser pisoteado por uma manada de gnu ─ Disse ela colocando as mãos ao lado do corpo e virando o tronco de um lado para o outro.

─ Bem, isso é bem especifico ─ Disse Gaby dando um sorriso de canto.

─ Nem me diga ─ Comentou Troy com um sorriso. ─ Mas ao menos está bem melhor do que antes.

─ Onde está Artos? ─ Perguntou Sora olhando diretamente para mim.

─ Ice e os outros estão comprando tempo para nós ─ Respondi e percebi que a minha garganta estava seca, provavelmente de nervosismo. Seus olhos me observaram por um longo momento e como se alguém tivesse clareado os seus pensamentos, as sobrancelhas dela se curvaram com raiva.

─ Você deixou Rei lá, para lutar com ele? ─ Ela se colocou em pé com um salto e agarrou a minha camisa, seus olhos brilharam e mudaram de cor para o seu grande característico azul. ─ Você tem ideia do quão machucada ela está? Ela vai morrer se lutar com ele novamente!

─ Eu sei, eu sei! ─ Gritei segurando as suas mãos sobre a minha camisa. Pelo o pouco que eu a conhecia, Sora tinha um temperamento muito curto, principalmente quando alguma se referia a Rei. Minha garganta estava seca e segurei suas mãos com mais força. Tinha que acalmar ela de alguma maneira, liberei o meu poder e forcei o meu caminho na sua mente. O cérebro tinha vários setores, como emocionais, memoriais, de movimentos e etc. Foquei-me na área de emoções e tentei transmitir sensações calmas para ela, mesmo estando nervosa. Mas ao ver os seus olhos ainda focados em mim com tamanha intensidade e os cabelos dos meus braços se arrepiando, notei que meus poderes não funcionaram como deveriam. ─ Ela não está lutando, ok? Ela não está lutando!

─ Sora, se acalme ─ Disse Troy colocando uma mão no seu ombro, ela olhou para ele de canto e cerrou os dentes. Soltou a minha camisa com força e tive que dar dois passos para trás para me equilibrar.

─ Calma, ok?  Rei está fora de conflito, Dana usou os seus poderes para Rei não se envolver na luta ─ Disse Gaby se aproximando e ficando a minha frente, deu um olhar de canto para mim e levantou uma mão fechada pra mim, entendi imediatamente o que ela estava querendo dizer.

Após o primeiro conflito com Artos, Ice tinha inventado um sinal de retirada de emergência em situação de vida e morte. O sinal era um punho fechado na direção de alguém do grupo, assim, o que receber o sinal deve se retirar imediatamente sem hesitar. Não tínhamos tido a oportunidade de usar o sinal ainda, mas se Gaby estava usando ele, queria dizer que ela considerava Sora no momento uma grande ameaça e se Sora fizesse um movimento em falso, Gaby iria nos teletransportar para outro lugar.

─ Rei está bem, Sora ─ Repetiu ela levantando uma mão aberta para a Lightning Hunter. Sora olhou para ela com suspeita e após uns segundos deu um longo suspiro, o ar ficou mais leve a medida que Sora se acalmava.

─ Ok ─ Disse ela com os olhos fechados e a cabeça baixa. Ficamos um longo minuto em silencio, até que ela voltou a falar. ─ Quanto tempo ainda tenho?

─ Faltam 10 minutos para completar o limite ─ Falei olhando no meu relógio de pulso. O corpo dela relaxou ao ouvir isso, prova de que ela realmente estava exausta.  Mas como iriamos usar a bomba se nem Sora estava conseguindo derruba-lo ao menos para aplicarmos as injeções?

─ Então tenho ainda 10 minutos ─ Disse ela esticando as costas e abrindo os olhos, percebi que agora estavam cinzas novamente. Fizemos que sim com a cabeça. A expressão no rosto dela mostrava fadiga total, mas ela deu um longo suspiro como se tivesse limpando a mente. ─ Ok. Temos que usar as injeções.

─ Sim, mas como? ─ Perguntou Gaby.

─ Por acaso, vocês não saberiam como quebrar um diamante, saberiam? ─ Perguntou ela olhando para cada um de nós. Troy tirou uma garrafa de água da mochila e entregou para ela, Sora abriu a garrafa e tomou a água sem parar.

─ E diamante quebra? ─ Disse Gaby querendo saber a resposta.

─ Já ouvi falar que sim ─ Respondeu Troy, mas abriu as mãos em sinal de que também não sabia. ─ Mas nunca vi.

─ Dana? ─ Sora olhou para mim, enquanto limpava o queixo molhado de água.

─ Diamantes são formados por vários carbonos contraídos ligados uns aos outros, possui a maior dureza da natureza, só pode ser riscado por outro diamante, mas arranha e corta qualquer outra superfície ─ Falei lembrando de uma pesquisa de geologia que havia feito para a escola, Sora estava me olhando atentamente a espera de que eu disse algo que a ajudaria, seja qual for o seu problema. ─ Mas dureza não é sinônimo de resistência. Diamantes são rígidos e não apresentam características elásticas e assim não tem resistência contra compressão ou golpes.

─ Não era de se esperar menos da aluna que tem as notas mais altas do High School ─ Disse Gaby dando um sorriso sarcástico para mim com a minha pequena aula.

─ Então basta eu bater com força? ─ Sora perguntou me dando um olhar mais animado do que antes. Fiz que sim com a cabeça, ela olhou para as suas mãos abertas e deu um suspiro cansado. Blake, o cachorro, andou lentamente até ela e parou na sua frente. Sora olhou para ele e balançou a cabeça. ─ O que você está fazendo aqui?

─ Ele nos ajudou a achar você ─ Disse Gaby mudando o peso de uma perna para outra. Sora olhou para ela esperando por alguma explicação mais detalhada. ─ Dana usou os poderes dela para ele ajudar a acha-la.

─ Humm, não sabia que podia fazer isso ─ Sora me deu um olhar de surpresa e tocou a cabeça do cachorro.

─ É, descobri que podia fazer isso uns dias atrás ─ Falei tirando uma mecha de cabelo que havia caído no meu rosto.

─ Então, o que vamos fazer? ─ Perguntou Troy colocando as mãos na cintura e nos três olhamos para Sora. Ela fechou os olhos para pensar em alguma coisa, fechou e abriu as mãos, olhou para baixo e escutamos a sua respiração ficar pesada. Quando abriu os olhos novamente, notei que havia um novo brilho em seus olhos, um de desafio, um que chamava para a luta, um que não desistiria tão fácil de uma batalha. O seus olhos diziam isso e apesar de todo o meu corpo se arrepiar com aquele olhar, não deixei de perceber que o seu corpo não tinha reagido da mesma forma. Ela estava exausta.

Foi então que meu comunicador tocou, enfiei a mão no bolso e tirei o comunicador que Carter havia me dado para notificar sobre a bomba e a sua posição. Apertei o botão na lateral e um barulho de estática surgiu.

─ Alô? ─ Perguntei em duvida.

─ Sra. Flint? ─ Disse uma voz masculina, Sora levantou uma sobrancelha e deu um sorriso de canto ao escutar eu sendo chamada de senhorita, que hora mais estranha para ser tratada de forma formal.

─ Sim ─ Respondi ignorando a sua reação.

─ Aqui é o soldado do setor de bombas ─ Disse ele rapidamente, balancei a cabeça ao lembrar do soldado loiro da sala de reuniões. ─ Completamos a bomba e estamos levando-a para a sua atual localização.

─ Pensei que teríamos mais alguns minutos ─ Falei ao ouvir que a bomba já estava a caminho, Gaby e Sora se mexeram nervosas a minha frente.

─ Sim ─ Respondeu o soldado e então ele ficou em silencio por alguns segundos. ─ Permissão para  entregar a bomba na sua atual localização?

─ Humm ─ Olhei para Sora a espera da sua resposta.

─ Mande ir para a localização de Rei ─ Disse e olhei para ela sem entender, por que ela queria a bomba perto de Rei? Mas ela deu um aceno com a mão dizendo para fazer o que estava mandando.

─ Não, vá para avenida 304, tenho uma equipe a espera junto com uma ambulância ─ Falei rapidamente.

─ Certo, avenida 304 ─ Repetiu o soldado, escutei o barulho do motor do carro no fundo. ─ Nos vemos em 2 minutos, cambio desligo.

Olhei para o comunicador e guardei-o no bolso da calça, Sora se pôs a andar, passou por mim e o buraco na parede, Gaby e eu nos entreolhamos e a seguimos. Entramos na área onde os brinquedos estavam espalhados e vimos Sora parada na frente da loja olhando para o céu.

─ Por que mandou a bomba para lá? ─ Perguntei olhando para as tatuagens nas suas costas, seus cabelos negros balançaram com a brisa noturna e ela deu de ombros.

─ Qual o plano? ─ Perguntou Gaby colocando as mãos na cintura.

─ Dana, aquele garoto, o da chuva ─ Começou Sora a dizer e se virou para olhar para mim, levantei uma sobrancelha e esperei ela terminar de dizer o que ela pretendia com o Dennis. ─ Ele está no abrigo?

─ Você diz o Dennis ? ─ Falei e ela fez que sim com a cabeça. ─ Acredito que sim, todos da cidade estão lá.

─ Você tem como contata-lo?

─ Sim ─Respondi. ─ Mas o que você quer que ele faça?

Sora olhou para o céu novamente. A noite estava clara por causa da lua e algumas nuvens vermelhas podiam ser vistas, provavelmente por causa da fumaça dos lugares e carros que pegaram fogo. Ela deu três passos a frente e girou o corpo 360 graus, olhando para cima a procura de algo.

─ Gaby, você consegue me levar para a torre de comunicação? ─ Sora apontou para a torre de Tv mais alta da cidade e olhamos para onde ela apontou, a torre era feita de ferro pintado de vermelho e branco e tinha por volta de 240 metros de altura.

─ Acho que sim ─ Respondeu Gaby olhando na direção da torre, estávamos uns dois bairros de distancia dela. ─ O que você pretende?

─ Dana, ligue para o Dennis, mande-o criar a maior tempestade que ele conseguir ─ Sora disse se virando para mim e olhando nos meus olhos, fiz que sim com a cabeça e puxei o celular do bolso. ─ Quero que voltem para avenida 304 e esperem pelo o meu sinal.

─ Que vai ser?? ─ Gaby perguntou acenando com a mão para Sora explicar melhor.

─ Vou pensar ainda, mas vocês vão saber quando virem ─ Disse Sora dando um sorriso de canto.

Disquei o numero de Dennis e rapidamente ele atendeu, para a minha alegria.

─ Dennis?

“Dana?” Disse ele. Sua voz estava preocupada, bem, eu também ficaria preocupada se recebesse uma ligação minha no meio de uma batalha.  “O que está acontecendo?”.

─ Dennis, quero que você saia do abrigo ─ Falei rapidamente.

“Quê?! Por quê?”.

─ Preciso que você faça uma tempestade, a maior que puder ─ Continuei a falar, Sora fez que sim com a cabeça e escutei barulho de vozes no fundo da ligação. ─ Principalmente em volta da torre de Tv.

“Mas...” Escutei a voz tremida dele e dei um suspiro.

─ Dennis, escute, saia do abrigo e crie essa tempestade, os soldados vão deixa-lo sair, basta dizer que eu ordenei, ok? Depois que fizer isso volte para dentro.

“ Hummm...”

─ Dennis? ─ Perguntei depois que a linha ficou silenciosa.

“Certo, entendi” Disse ele finalmente. “A maior tempestade, saquei”.

─ Bom, vou estar esperando ─ Falei e desliguei o celular, fiz um ok com o polegar para Sora.

─ Então, eu vou levar você a torre ─ Falou Gaby apontando para ela e depois apontou para mim e Troy ─ Depois disso vamos para 304.

─ Quando vocês chegarem lá, avise aos outros que estou a caminho e que se protejam.

─ Ok, mas por que a torre? O que você pretende fazendo lá? ─ Perguntei, aquilo para mim não estava fazendo o menor sentido.

─ E pra que precisa de uma tempestade? ─ Perguntou Troy de repente ao meu lado, já havia me esquecido que ele estava ali.

─ Tempestades atraem raios ─ Explicou Sora olhando para o céu novamente e seus cabelos se mexeram sobre suas costas. ─ E eu preciso me recarregar.


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Notas finais do capítulo

Cachorro : https://image.freepik.com/fotos-gratis/cachorro-preto_19-138377.jpg
Torre de Tv :http://www.metropoles.com/wp-content/uploads/2015/10/FL_5841.jpg



Então o que acharam? Acredito que dei um belo susto em vocês com o título não foi? kkkkkkk Não me matem, mas confesso que gosto de brincar com os sentimentos de vocês. Quero saber se vocês gostaram de saber mais sobre os poderes de Dana, sempre achei interessante os poderes dela e explica-los é meio complicado, então, se alguém quiser que eu explique melhor nos comentários, sinta- se a vontade, e para os outros coleguinhas se tiverem a mesma duvida, chequem os comentários para ver se eu respondi. Agradeço por continuarem a lerem as minhas fics, mesmo que tenha parado algumas kkkk ( prometo que volto). E é isso, comentem, discutam, podem reclamar pela minha demora, recomendem. Cada palavra de vocês é uma alegria para o meu coração. LauC ama vcs