Distance escrita por Gustavo Henrique


Capítulo 7
Capítulo 7 — Oi. Meu nome é Elsa. E o prazer é meu.




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"Snow drifts build up and enfold us

As we wait out this winter storm

So we snuggle close in the darkness

And keep each other so warm"

Jack Frost não suportava mais.

Depois de passar o dia todo refletindo sobre as implicações que conhecê-la de fato teria, decidiu que se manter distante não era uma opção. Cada segundo que passava longe da garota era angustiante.

Elsa não suportava mais.

Passara a vida toda sozinha, sem nunca poder tocar uma pessoa livre do medo de machucá-la. Nunca antes trocou carícias com a pessoa que amava. Nunca deu seu primeiro beijo. Nunca viveu uma paixão.

Eles já não suportavam mais.

Era uma bela noite, poderiam dizer os moradores do reino. Por algum motivo, as estrelas brilhavam mais que o comum e a lua fazia uma aparição ainda mais triunfal no grande céu escuro. Jack sobrevoava as casas, decidido, e tinha um único destino.

Ao alcançar a janela do castelo, Frost entrou cuidadosamente. Apesar de ninguém poder vê-lo, queria evitar bagunçar o lar de Elsa. Caminhou por entre os corredores, à passos largos, observando de longe a movimentação real.

Elsa vestiu-se bem. Encarava o espelho, que mostrava quão bem o vestido azul lhe servia. Os cabelos loiros, soltos, faziam-na se sentir livre, e, por consequência, bem. Tinha os ombros à mostra, talvez a única pele, além do rosto, que a roupa permitia que outros vissem. Observou no reflexo a própria expressão. Os olhos azuis enxergavam algo quase inédito: um belíssimo sorriso. Estava feliz.

Abriu a porta do quarto e rumou até o salão principal, de onde sairia à procura do garoto. O castelo ainda tinha algum movimento, apesar da maior parte dos funcionários já estar em seus aposentos. Andava, ansiosa, enquanto o coração batia tão rápido que Elsa teve medo que saísse pela boca.

Jack abriu a porta do Salão.

Elsa, do outro lado, também o fez.

Estavam sozinhos, um em cada extremo do cômodo. As portas fecharam-se e ambos se entreolhavam, esperando que algum deles fizesse algo.

— Oi — disseram, em uníssono. Elsa se desconsertou e começou a ficar vermelha. Jack achou engraçado e começou a rir, baixo. Usou seu cajado para alçar voo e aterrissou próximo à ela.

— Oi. Meu nome é Jack Frost. É um prazer conhecê-la.

Estendeu a mão e Elsa a segurou firme. Frost esbanjava um largo sorriso, mas a rainha exibia um sorriso tímido, sem dentes, e o olhar fugia para o chão. O espírito esticou o pescoço para baixo e seus olhos encontraram os dela. Ela se assustou, de início, mas voltou o olhar até ele.

— Oi. Meu nome é Elsa. E o prazer é meu.

— Isso é incrível, não acha?

Elsa estranhou, mas perguntou o porquê.

— Você é a primeira pessoa, em toda a minha vida, que consegue me ver. Deve ser o destino.

— Destino?

— É, destino. Eu acredito que algumas coisas acontecem porque tinham que acontecer. Eu tinha que te conhecer. Simples assim.

— Simples assim. — ela respondeu, sorrindo.

Havia tantas coisas que queria dizer a ela. Tantos lugares que queria que ela visse. Tantas experiências que gostaria de compartilhar.

Decidiu começar pela mais interessante.

— Sabe uma outra coisa que eu também nunca fiz? — Jack perguntou.

— O quê?

— Eu nunca beijei alguém.

Jack observara o comportamento humano por décadas. Admirava a sua capacidade de crescer, aprender e, principalmente, amar. Percebeu, depois de muito indagar sobre o assunto, que a prova maior de amor entre duas pessoas era um beijo. Quando os lábios de um casal se tocavam, significava que estavam apaixonados.

E ele estava apaixonado.

Talvez por destino, Elsa também nunca beijara alguém, pelo menos não no sentido que Jack esperava. Sempre imaginou que, se o toque de suas mãos era capaz de congelar uma parede, o que um beijo faria em uma pessoa?

E, bem, ela estava apaixonada.

Frost viu que Elsa estava demorando para dizer algo, que encarava o vazio enquanto brigava com os próprios pensamentos.

— Que tal se fizermos um trato?

Jack conseguiu a atenção da garota.

— Eu vou te dar um beijo.

— E qual a parte do trato?

— Bem, o trato é, se você não gostar do beijo, você me devolve.

Elsa achou divertido a malícia que o espírito adquirira ao longo de sua existência e riu do pequeno acordo que fizeram. Era o que Jack precisava. Avançou e a beijou, como sempre sonhara em fazer com a garota que amasse. Trouxe-a para perto, abraçando-a carinhosamente. Os dois se perderam um no outro e, depois de alguns momentos, separaram-se, não desviando o olhar por nenhum segundo.

— E então, o que achou?

Elsa mostrou um sorriso de canto de boca e respondeu:

— Eu odiei.

E ela o beijou novamente, mas, desta vez, segurou-o forte. Não queria que ele se distanciasse nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Pessoas, fim! Planejo ainda postar um capítulo extra, mas só pra descargo de consciência! Qualquer crítica, sugestão, comentário, estamos aí :)



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