"The snowflakes fall gently to the ground

The temperature drops and your shivers freeze all the rivers around

But I keep you warm"

Elsa e Anna saíram, descendo as escadarias do portão principal. Jack voou ao redor do castelo, pousando ao lado das duas. Tentou chamá-las, como sempre fazia, na esperança de que alguma delas o visse, mas não houve resposta. Elas continuaram a caminhar, conversando e rindo. Bem, Anna ria. Elsa abria um sorriso tímido e o espírito do inverno estava começando a ficar incomodado.

Ao alcançarem um terreno aberto, sem árvores, Frost apanhou um pouco de neve do chão e moldou uma bola, que, sem querer (ou pelo menos ele diria isso à quem perguntasse), foi parar no rosto da moça loira. Seria apenas uma brincadeira sem sentido, não fosse sua magia fazer Elsa abrir um grande sorriso, trazendo atona o espírito brincalhão que Frost instigava em suas vítimas. A rainha levou as mãos até o solo e fez o mesmo que Jack havia feito, acertando o nariz da irmã. Anna não deixou barato e revidou, deixando ambas cobertas de neve. Uma pequena guerra foi criada, fazendo as duas se acertarem e rirem, divertindo-se como crianças. Tudo estava indo conforme ele havia planejado.

Até que Jack se surpreendeu.

Elsa criou, a partir do nada, pequenos homens de neve, que se juntaram à brincadeira. Frost ria e pulava, analisando até os menores detalhes daquela criação. Que magia esplêndida! A garota controlava o frio!

Após muita correria e cansaço, ambas desabaram no chão sentadas, gargalhando do estrago que haviam feito uma na outra. Anna olhou para a irmã e disse:

— Isso foi divertido. O que deu em você?

— Eu... não sei — Elsa respondeu, confusa. — Só tive vontade.

Anna sorriu, aliviada. A irmã não parecia feliz nos últimos dias e a brincadeira lhe proporcionou leveza na alma. Percebeu que estava com sede e viu, com o canto dos olhos, uma pousada logo acima delas. Ficou bem feliz com a ideia de um chocolate quente, então avisou Elsa que já voltaria e a deixou a sós.

Jack viu uma oportunidade de fazer contato.

Sentou-se ao lado da garota, agarrou seu cajado e fez pequenos flocos de neve caírem sobre o rosto dela, acariciando gentilmente sua pele. Ela riu, colocando as mãos nos olhos incrivelmente azuis que tinha, limpando o que atrapalhasse sua vista. O garoto observou cada um de seus movimentos. Que garota peculiar. Não somente era linda, na melhor definição da palavra, mas compartilhava de sua vocação mágica. Era um mistério a parte que Jack gostaria de desvendar. Queria poder conversar, tocar, sentir. Queria que ela pudesse vê-lo.

Foi aí que Jack percebeu que não importava o quão perto chegasse, estaria sempre à distância.

Anna retornara com duas canecas grandes que emanavam calor. Entregou uma delas à Elsa e, juntas, apreciaram a bebida. Quando terminaram, levantaram-se e continuaram sua caminhada.

Frost enfrentava agora um dilema moral. Como espírito do inverno, tinha deveres com as crianças e não podia perder muito tempo com uma pessoa. Mas ela era diferente, especial. Não sabia o porquê, mas sabia que era.

Precisava que ela o conhecesse.