Quarta-feira chegou, pude acordar mais tarde, tomei um banho, comi uma maçã e fui para o colégio, todos estavam se arrumando para a feira de ciências, que ocorreria no salão principal, Vinícius estava lá com uma cara de apreensivo, lendo um papel, eu cheguei perto e perguntei:

– E aí, tá preparado?

– Estou nervoso.

– Ah, nosso projeto está muito legal, tenho certeza que iremos ganhar.

– Obrigado. - Ele sorriu.

– Bom, vou indo, a gente se vê . -Nós dois acenamos e logo vi Alice chegando.

– Amy, porque chegou tão cedo? Você nem vai apresentar na feira de ciências.

– Ah sei lá, queria ver se ta tudo em ordem.

– Aham, sei, tem uma pessoa que você tava doidinha para ver não é? - Ela disse dando uma olhadinha na direção do Vinícius.

– Para de ser boba. - Saímos do salão principal, e fomos no sentar num murinho que tinha no pátio. - E você Alice, faz tempo que a gente não conversa né? Uma pena você ter ficado num outro time na gincana.

– Realmente, e... Na verdade eu tenho uma novidade.

– O que? - Arregalei o olho. -Conta conta.

– Eu conheci um menino na internet.

– COMO ASSIM?? CONTA TUDO AGORA. - Falei, na verdade meio que gritei.

– Ah a gente está se conhecendo ainda...

– Não é perigoso??

– Claro que não Amy! Que século você vive? Já vi ele diversas vezes na webcam, ele mora a uma hora daqui, e é um ano mais velho...

– E vocês já se planejam de se encontrar?? - Perguntei.

– Ainda não... Só nos falamos por 2 semanas, acho que é muito cedo.. Acho que ele que virá, já que trabalha de meio período e já tem um dinheirinho...

– Ah que máximo, pelo jeito eu sou a única encalhada aqui...

– Não por muito tempo, você está bem amiguinha no Vinícius não tá??

– Ah conversamos poucas vezes, ainda não sei nada sobre a vida dele...

Luly chegou e sentou do nosso lado, ela disse:

– E aí, qual o assunto?

– Alice tem algo a contar...

E ela contou toda a história do seu quase namoro virtual, e teve a mesma reação que eu, perguntando se não era perigoso. Mas enfim Luly disse:

– E você Amy, vai admitir quando para si mesma e para o Vinícius que gosta dele?

– Por enquanto nada. Ah e você não falou nada sobre isso com o Caio né?

– Não, quase dei uns bolas foras, mas não falei nada, juro!

– Ótimo, porque eles são primos e com certeza Caio contaria para Vinícius na hora!

– Não acho que Caio faria isso...

– Você só acha isso porque está apaixonada por ele!

– É, pode ser... - Nós três rimos.

[...]

Passou-se duas horas e o colégio foi aberto para visitações, qualquer um podia entrar para conferir a feira de ciências, uma menina do meu grupo pediu para que eu entregasse uns panfletos sobre o nosso projeto eu aceitei na hora, já que agora teria uma desculpa para ficar do lado do Vinícius o tempo todo.

Cada vez mais ele foi deixando a timidez de lado e apresentando cada vez melhor o trabalho, os professores vieram elogiar nosso trabalho e disse que com certeza teríamos nota máxima, esse ano decidiram não fazer os projetos em colocações de primeiro, segundo e terceiro lugar na gincana, porque sempre acaba dando briga, então cada projeto tem sua pontuação.

Logo não tinha quase ninguém perto da nossa bancada vendo nosso projeto, eu falei para Vinícius.

– Tiramos nota máxima! Parabéns você foi ótimo! Toca aqui. - Levantei minha mão, e ele tocou.

– Obrigado, parece que tirei um peso das minhas costas, fiquei com medo de errar em algo e nosso time ficar bravo comigo...

Enquanto ele falava isso, uma menina alta, de cabelo castanho liso e comprido, chegou, sorriu e falou “Oi Vini” correndo ao encontro dele enquanto ele dava um sorriso sem graça, ela o abraçou e disse: desculpa por ter vindo tão tarde, não consegui sair antes. E nisso ela deu um selinho nele. Sim. Um selinho. Na boca. Eu estava tendo um pesadelo, só poderia ser um pesadelo. Meus olhos começaram a encher de lágrimas e meu estômago a embrulhar. Eu tinha que ser forte, pelo menos por mais 2 minutos. Eu poderia desabar quando chegasse em casa.

Ele virou-se para mim e disse: “Amy, essa é a minha namorada.”