Por toda a minha vida escrita por Elle Targaryen


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Mil perdões pela demora.
sem enrolação, boa leitura. :)



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O pé fundo no freio seguido da sensação de desespero por não sentir a resposta do carro. Um baque violento corta, precocemente, os planos de uma grande família feliz.

– Daniele! - Regina grita em desespero. A cabeça meio zonza, a testa batida no volante do carro sangrava. -Daniele! - sai do carro apressada. Dá a volta. Abre a porta do passageiro. Tenta reanimar o corpo desacordado da outra enquanto liga desesperada para emergência.

– Daniele, por favor...! – As lágrimas corriam em desespero. Aquilo não podia estar acontecendo.

– Dan..., Desculpe! - Chorava agarrada ao corpo da outra. As mãos em cima da barriga da mulher. Nove meses. Estavam a caminho do hospital.

– Regina... - fala numa voz rouca, delirante. - cuide dele..., cuide dele...

– Dan..., não feche os olhos, não feche os olhos, Dan!!!!!!

Sirenes são ouvidas ao longe e a imagem é cortada para um corredor de hospital.

– Senhora, você não pode passar daqui, os médicos farão o possível. - Lhe dizia uma voz, uma mulher, uma enfermeira? Tanto fazia. – Vamos cuidar desse ferimento na sua testa. – Pouco lhe importava se estava machucada, queria apenas seguir com Daniele, mas não podia: - Cuide dele, cuide dele, cuide dele.

Ecoava em sua cabeça. Aquilo não podia estar acontecendo. Era um pesadelo. Não, ela não podia morrer, ela não iria morrer. Queria acordar daquilo, usava de todas as suas forças para sair daquele lugar, e a imagem é cortada uma segunda vez.

Os passos do médico ecoando pelo corredor do hospital vinham em sua direção. Uma roupa toda azul, uma touca da mesma cor na cabeça em seus olhos uma falta de brilho já anunciava a noticia. Por Deus, ela não queria ver aquilo, nunca mais.

– Senhorita Mills?

– Sim? Me diga alguma coisa!!! – A voz sai cortada pelo choro.

– A criança está bem. Apesar das condições o parto foi um sucesso.

– E a mãe? - o médico abaixa a cabeça de leve, como se quisesse consolar o quem não tinha consolo.

– Infelizmente ela não resistiu. Um coágulo muito grande se formou na cabeça, mais a complicações do parto apressado...

Já não ouvia mais nada. Não podia. Não conseguia. Seu mundo inteiro havia desabado de uma única vez enquanto ainda ouvia ao longe: “cuide dele...”.

As paredes tremiam. Ao fundo uma névoa começava a cobrir toda a cena. Vozes se misturavam. Uma batida forte, um corredor de hospital, braços agarrando seu corpo por todos os lados, camisa de força e uma corrente elétrica. Como havia parado ali? Quem a colocara ali? Quem a separara da única coisa capaz de lhe manter viva?

Se contorcia na cama. As lágrimas se confundiam com o suor do seu rosto. Era nítida a expressão de desespero. Estava tendo um pesadelo? Neal não sabia como reagir, mas precisava acordá-la.

– Regina!!! – Fala cutucando o braço da irmã, sem sucesso. – Regina, acorda!!!! – Fala mais alto quase gritando.

A morena abre os olhos de súbito sentando-se como se sua intenção fosse sair correndo quarto a fora sabe Deus pra onde.

– O que foi? - responde sonolenta ainda abalada com o sonho que na verdade mais parecia um pesadelo. Há quanto tempo não sonhava com a morte de Danielle e com a época mais sombria de sua vida? Aquela conversa com Cora havia realmente mexido com sua cabeça.

– Henry..., acho que ele sumiu de novo.

Música <)

O lugar não era tão ruim quanto havia imaginado. Mesas espalhadas em frente a bancada do bar. Muitos homens bebendo como se não houvesse amanhã e mulheres rodando de um lado a outro procurando companhia e uma garrafa de cerveja. Algumas luzes de neon espalhadas pelos cantos. A direita um pequeno salão com mesas de bilhar a esquerda um outro onde algumas pessoas dançavam uma música country, a intenção do dono dali parecia ser fazer parecer um bar perdido no interior da Lousiana, daqueles que Emma só havia visto em filmes e séries, não era de todo ruim, até lembrava um pouco. A única coisa que deixava Emma desconfortável era o fato de Killian ter ajudado ela e Ruby a entrarem ali. Ficaria com uma dívida com o garoto, tinha certeza disso, ele cobraria, Killian era do tipo de adorava se aproveitar de todos o quanto podia.

Passa os olhos por toda a extensão do lugar enquanto Ruby puxa Killian até a pista de dança. Emma caminha de olho em todos os detalhes: “Devia ter trazido minha maquina fotográfica, faria ótimas fotos aqui”, pensa quando finalmente avista o motivo de fazê-la entrar ali.

–Então aqui você é Lacey? – Pergunta se aproximando de mesa de bilhar.

–Sou. – a ruiva responde sem tirar os olhos do taco. Ensaiava uma jogada. A garrafa de cerveja quase vazia nas bordas da mesa. – E você quem é?

–Swan, Emma Swan. Vi você, ou melhor, Bella, hoje na biblioteca.

–Hum..., e o que uma adolescente estaria fazendo no aqui? Seus pais sabem que frequenta esse tipo de lugar senhorita Swan? - Diz ainda sem prestar atenção na garota. Olhava fixamente a jogada de seu parceiro de bilhar.

–Emma, por favor. – Pede olhando para a mulher. Ela era completamente diferente da bibliotecária. Usava uma maquiagem pesada no rosto, um vestido azul escuro muito curto, meias pretas, saltos e os cabelos compridos soltos atrás da orelha que deixavam a mostra um brinco comprido cheio de pequenos brilhantes. Os olhos carregavam uma expressão completamente diferente, algo entre despojada e sensual.

–Ok, Emma. O que quer comigo? – Pergunta direta finalmente levantando a cabeça e olhando a garota.

–Conversar.

–Qual o assunto?

–Regina Mills.

Lacey parece não se importar. Vira as costas para a garota e dá sua última tacada. Certeira. Olha seu companheiro de jogo e sorri com o canto da boca; havia acabado de ganhar mais uma rodada de cerveja. O homem se afasta da mesa com uma expressão decepcionada enquanto a ruiva volta a encarar a garota que continuava parada esperando uma reação.

–Não quero falar sobre Regina. – Fala enquanto pule a ponta do taco: - Mais alguém quer me pagar uma rodada de cerveja? – Pergunta em desafio para todos os jogadores. – Swan?

–Não sei jogar. – Lacey dá de ombros numa clara expressão de sinto muito e volta-se para o companheiro recém derrotado que havia voltado com uma garrafa de cerveja. – Mais um jogo? – Pergunta dando o primeiro gole.

–Não, você vai me falir desse jeito, Lacey. – A mulher sorri enquanto ele se afasta.

Emma continua parada vendo a ruiva exibir sorrisos para todos no salão. Ela não sairia dali sem respostas, arrumaria um jeito de fazer Lacey lhe contar sobre Regina nem que tivesse de dopá-la e levá-la pra bem longe dali. Se aproxima da ruiva de forma irritada mas é impedida por Ruby:

–Eu jogo. – Olha a amiga com uma expressão curiosa. Desde quando ela sabia jogar bilhar? E desde quando poderia comprar cerveja? Ruby estava louca?

–Relaxa, amiga. Vou arrasar com ela. – Fala numa piscadela enquanto pega um taco e se dirige a mesa de bilhar. – Tenho uma condição apenas, Lacey.

–Pode dizer. – Fala olhando a garota de cima a baixo. Aquela noite parecia começar muito bem.

–Se você ganhar tem sua rodada de cerveja. – Diz olhando fundo nos olhos azuis da outra enquanto polia o taco. – mas..., se por acaso eu vencer, você responderá algumas perguntas da minha amiga aqui. – Aponta para Emma que sorri meio de lado.

–Tenho uma contraproposta. – Fala se aproximando mais de Ruby.

–Pode dizer.

–Se você vencer, o que será bastante difícil, eu responderei uma pergunta, mas se eu vencer, posso pedir o que quiser de você. O que me diz?

–Feito! –a garota aceita sem pensar duas vezes.

A música rolando por todo o bar enquanto as duas duelavam. Lacey sorria toda vez que Ruby encaçapava uma bola e rebolava de leve em comemoração. Emma apenas observava tudo, os mínimos detalhes e expressões das duas, os movimentos de seus corpos e da forma como Ruby propositalmente desconcentrava a outra que se deixava levar pelo charme da garota. Em poucos minutos a plateia havia aumentado, fosse pelo vestido curtíssimo de Lacey ou pelo sorriso safado de Ruby, tanto fazia, todos queriam olhar as duas jogando.

–Venci! – Ruby fala alto comemorando a vitoria.

–Hora da minha pergunta. – Emma fala indo até as duas com um sorriso largo no rosto.

–Está com tanta pressa assim, Swan. Ainda nem pude conversar direito com Ruby. – Comenta piscando para a garota. – Outro jogo?

–Assim que responder a pergunta da Emma.

Lacey tomba a cabeça levemente pro lado fazendo um pequeno bico de decepção.

–Ok, você venceu. – Se rende visivelmente irritada. – Vamos à pergunta.

–O que você tem com a Regina? Um romance? Alguma coisa do tipo?

–Romance? – Lacey gargalha da pergunta da garota o que deixa Emma completamente irritada. – Não tenho "romances", querida. – Fala dando uma ênfase irônica na palavra romance entre um gole e outro de sua cerveja. – Apenas me divirto e bem, digamos que eu e Regina tenhamos nos divertido algumas vezes, ela costumava me procurar para isso.

–Costumava? Não procura mais?

–Uma pergunta, uma resposta. – Fala voltando-se para a mesa de bilhar. – Só mais uma coisa, Swan. – Fala sem olhar para a loira: - Cuidado, brinquedos são apenas para divertimento, nada sério. – Olha novamente para Emma e conclui: - Regina só pode estar ficando louca.

Emma dá um passo à frente, aquilo não ficaria assim.

–Não. – Ruby segura a amiga pelo braço. – Não podemos arrumar confusão aqui, Emma. Já sabe o que veio saber, certo? Ela teve um lance com a Regina e agora não tem mais, pronto, acabou, ok?

Emma respira fundo. Estava totalmente irritada com aquela situação, não pelo fato de Lacey ser uma mulher desprezível, ao menos via a mulher assim, mas também por ela ter estado com Regina. Como ela pôde se “divertir” com alguém assim? Aquela mulher parecia a versão feminina de Killian Jones, até olhava para Ruby como um pedaço de carne, exatamente como ele e Emma definitivamente não conseguia sentir o mínimo de simpatia pelo garoto.

Sente o celular tocando no bolso da jaqueta. O nome de Regina na tela inicial. Depois de um dia e meio iria dar noticias de vida? Com o celular na mão pensava no que fazer. Ignorar a chamada? Atender e fingir que não se importava se ela não havia retornado suas ligações nem respondido suas mensagens?

–Oi. – Finalmente atende da forma mais despreocupada que conseguia.

–Emma, onde você está? – Demora uns segundos para responder. Não queria que Regina soubesse da sua pequena excursão até o bar, muito menos que isso tivesse algo a ver com Lacey.

–Em casa.

–Não. EU estou na sua casa.

–O que..., o que você faz aí?

–Acho que isso não importa muito, não é? – Desliga o telefone sem dizer mais nada.

A loira leva uma das mãos a testa se punindo pela burrada que acabara de fazer. Com certeza uma ligação da morena aquela hora e sua voz nervosa significavam que algo havia acontecido. Se dirige apressada à saída do bar.

–Hey, pra quê tanta pressa, Swan? – Killian interrompe sua passagem. Soltava a fumaça do cigarro toda pela boca tentando formar pequenas nuvens de fumaça no ar. Emma fecha os olhos lentamente demonstrando impaciência.

–Sai da minha frente, Killian.

–Hey, calma! Onde está Ruby?

–Lá dentro com Lacey. Não sei o motivo mas parece que Ruby gostou dela. Na verdade eu sei o motivo, parece que ela sempre gosta das coisas mais podres, né?!

–Opa! Magoei, Swan! Agora, pra que eu não fique chateado, que tal um beijinho? – Fala levando o dedo indicador até os lábios e mostrando um enorme sorriso cafajeste. Emma revira os olhos e se fasta.

–Deixa de ser ridículo!

–Ok, eu já entendi. Você não cai no meu incrível charme porque é igual a Mulan.

–Não sei do que você está falando.

–Igual a Mulan, Baby. Sapatona. Entendeu agora?

Emma se aproxima lentamente. Põe seu par de olhos verdes em direção dos azuis do garoto e diz:

–Eu não caio no seu charme porque você é um babaca Killian Jones e eu só não quebro sua cara babaca nesse momento porque tenho mais o que fazer. E, por favor, seja útil uma vez na vida e leve Ruby pra casa! – Dá as costas e sai apressada até o estacionamento. Do retrovisor do carro podia ver Killian rindo na entrada do bar mas agora não era hora para se importar com um idiota, precisava encontrar Regina que não atendia o celular.

Dirige rápido até em casa, mas a morena já não estava lá. Sua mãe lhe deixa a par do que havia acontecido. Henry fugira mais uma vez e ninguém conseguia encontrá-lo. Emma roda toda a cidade e os principais lugares nos quais o garoto gostava de ir e nada.

“Que droga, Emma, porque foi mentir pra ela?” Se repreendia mentalmente enquanto estacionava o carro em frente a mansão Mills. De longe pôde ver Rob entrando na casa com Henry. Parecia que tudo já estava resolvido e sua intervenção não fora necessária.

–Espionando a casa, Emma? – Fala apoiando os braços na janela do fusca.

–Neal, que susto!

–Desculpa. Mas me diz, tá fazendo o que aqui? Veio me ver? – Pergunta sorrindo.

–Minha mãe disse que Henry sumiu, vim tentar ajudar.

–Já está tudo bem agora. Rob o encontrou na escola, acredita? Na escola. Só pode ser muito nerd esse garoto! – Emma sorri.

–Não quer entrar?

–Não, está tarde, melhor eu ir.

Volta pra casa com o peso do mundo nas costas. Mal prestava atenção na sinalização das ruas. Deixava os pensamentos correrem soltos pelo asfalto, a culpa que sentia parecia estampada em cada esquina. Havia falhado com Regina. Como se desculpar agora? Havia lutado tanto para ter a morena e agora que a tinha deixava tudo lhe escorrer por uma mentira boba? “Emma, sua burra”. Pensa enquanto estaciona o carro em frente ao prédio em que morava. Entra em casa sem falar com ninguém. Vai direto pro quarto e se joga na cama. Que dia tinha sido aquele? O que mais faltava acontecer?

Ouve o bipe do celular e rapidamente se joga para pegá-lo. Só podia ser Regina.

Está dormindo, Swan?

Devolve o aparelho ao criado mudo. Não queria falar com Zelena naquele momento, não queria falar com ninguém que não fosse Regina. Respira fundo. Pega o telefone de volta e digita:

Me desculpa, sou uma burra as vezes, ou quase sempre, não sei. Eu estava no bar. Fui procurar Lacey porque morro de ciúmes de você e me pergunto como poderia não ser assim se você é a mulher mais bonita dessa cidade ou até mesmo desse universo. Sei que isso foi criancice das feias. Me perdoa por não estar com você para procurar o Henry e por eu ter ficado irritada demais para te dizer a verdade. Boa noite.

Termina de digitar. Olha para todas as palavras três vezes. Deveria fazer aquilo? Pedir desculpas daquele jeito? Não conseguia se imaginar falando aquilo cara a cara. Foi ridícula e infantil sua atitude de procurar Lacey. Respira fundo e envia. Passa uma hora olhando a tela do celular quando finalmente surge a resposta:

É incrível que, mesmo fazendo criancice, você ainda consegue ser completamente adorável. Boa noite, Emma.

Sorri aliviada e pega no sono ainda com o peso no peito e um sorriso nos lábios.


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