Por toda a minha vida escrita por Elle Targaryen


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas...
Aqui vai um pequeno capítulo pra vcs. Estava com muita vontade de escrever e não sabia o que então escrevi isso e resolvi postar.
Espero que vcs gostem.



Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/467517/chapter/33

Emma se encontra parada no portal de entrada dos aposentos do capitão. Já havia repetido aquela cena algumas vezes e tantas outras ainda repetiria. Algo que batia forte em seu peito dizia a ela que jamais se cansaria daquela contemplação. Por esse motivo, fazia questão de atravessar o corredor a passos leves, parar no portal e olhar para a mulher morena que esperava de forma ansiosa escolhendo entre os tantos vinis no armário antigo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, movimentando o corpo de um lado pro outro como se dançasse uma valsa silenciosa.

Se um dia precisasse explicar aquele sentimento a alguém, precisasse reviver na memória aquele tempo em que passara com Regina, com certeza a imagem daquele quarto num pequeno navio, no cais de uma pequena cidade, ancorado próximo à praia em cima das águas salgadas entre ondas que se quebravam leves, seria a primeira que viria à sua memória.

A maresia jamais seria a mesma para ela. O som da água jamais seria o mesmo. Vitrolas, maçãs, tulipas, o barulho de saltos no chão de madeira, as notas de um piano, lasanha, batom vermelho, cabelos negros, nada daquilo seria a mesma coisa, jamais seria, não depois de Regina. O conceito de todas essas pequenas coisas se tornariam outro, mas disso Emma não sabia, apesar de já sentir como se a qualquer momento tudo aquilo lhe pudesse ser arrancado bruscamente. O pior era que compreendia a necessidade de certas coisas serem do jeito que são mesmo não concordando. Compreendia e a dor causada por aquela sensação invadia seu peito de forma a deixá-lo dividido entre o que devia ser feito e o que realmente gostaria de fazer.

– Por que tem essa mania de ficar parada ai? -Regina pergunta sorrindo.Se assustou quando viu Emma parada no portal olhando para ela como se estivesse num mundo distante.

–Gosto de olhar para você, guardar sua imagem, seus gestos, seu jeito. - fala sem se mexer enquanto esboça um sorriso leve e meio tristonho.

–Vem aqui. - Chama a garota enquanto senta na cama.

Emma obedece andando devagar com as mãos nos bolsos de trás da calça. Senta-se de frente para a outra que leva as mãos ao rosto tristonho da garota.

–Você está bem? - Pergunta de forma doce e preocupada olhando os olhos verdes que sempre foram tão brilhantes e vivos, agora numa nebulosidade que cobria a claridade de sua íris, os fazia cinza como naqueles dias em que o céu se turva e não deixa o mínimo de azul ultrapassar as nuvens carregadas e tudo que você mais quer é que a chuva caia logo e o sol reapareça, mas ela não vem e dentro de você algo se torna mais triste.

–Estou... - Fala num fio de voz.

–Não parece... - o silêncio cai entre as duas por alguns segundos. Aquele silêncio que desata as coisas presas do lado de dentro e mostra muito mais do que gostaríamos. Aquele silêncio que vaga de uma alma a outra e nos faz entender o outro e sermos entendidos pelo simples contato de olhos.

–Me desculpa...

–Não tens que pedis desculpa por nada. Eu te devo desculpas..por ontem. Não quis dizer que não temos nada... Emma..

–Eu sei, - Interrompe a morena. - Eu entendo, realmente entendo. Não é que não tenhamos nada... acontece que - Para para tomar o ar, para evitar uma lágrima teimosa de se desfazer em seu rosto. - acontece que eu não faço parte da sua vida, não tem como eu fazer parte da sua vida.

–Emm.. - Antes mesmo da morena começar a falar, Emma a interrompe mais uma vez:

–Entendo a mulher que você é e eu sou apenas uma garota, certo? Você é diretora da minha escola, você tem um filho, um noivo, um sobrenome pesado nas costas, toda uma vida em que não dá para encaixar uma garota. E... o que eu devo fazer? O que eu posso fazer? Exigir que você largue tudo e fuja comigo? Não... eu não posso, mas... eu posso ficar ali em pé naquele portal e olhar pra você.

Os olhos de Regina se enchem enquanto as palavras trêmulas da loira são libertas de sua garganta cortando o ambiente, pesando o ar, "nebulando" ambos os olhos, atormentando de forma suave numa dor fina os sentidos das duas. Uma despejava toda sua consciência que não havia sido despertada até a noite anterior e a outra deixava formar em seu peito um novelo, um emaranhado de culpa que lhe fazia nascer lágrimas nos olhos para senti-las morrer enquanto escorriam lentamente por seu rosto deixando um caminho de sal.

– Eu posso pedir para me abraçar agora. Para me amar agora por saber que você me ama assim como eu te amo. Entendo o quanto é complicado pensar em algo para o futuro ou até mesmo para um futuro tão próximo como o dia de amanhã, por que talvez amanhã não tenhamos a oportunidade de estarmos aqui ou em qualquer outro lugar próximas. Eu entendo tanto isso que me dói, me dói uma dor que nunca senti antes. É como se algo dentro de mim estivesse se partindo, sendo retirado e deixando um buraco fundo bem no meio do meu peito. Tento preencher com ar mas... por mais que eu puxe o ar com toda a força de meus pulmões ele não é preenchido. - Travava uma batalha difícil contra as lágrimas que por final vencem, ultrapassam sua armadura, ferem profundamente, derrotam a garota loira que tão forte naquele momento se rendia.

– Eu amo você, Regina... eu amo tanto você. - Fala entre lágrimas abraçando a morena, deixando seu rosto em seu peito, se agarrando ao seu corpo, sentindo tudo que havia dentro dela ser entregue nas mãos daquela mulher.

Regina não tentava segurar as lágrimas. Escorriam por seu rosto, morriam nos cabelos loiros da garota. Beijava sua cabeça. acariciava sua nuca. Deita com o corpo pesado da loira em cima do seu acolhendo-a em si da forma mas terna e mais amorosa que podia.

–Também amo você e me sinto completamente egoísta por isso.

–Por quê?

–Você tem tanta coisa pra viver, tanta coisa pra descobrir, tanta coisa... e está aqui gastando seu tempo comigo, com uma pessoa que.. que não pode te dar o que precisa. Talvez pense que sou covarde, mas não é covardia eu já fui muito corajosa um dia e toda minha coragem foi quebrada, partida, abafada por... - Olha para cima. Mesmo pintado de branco era possível ver as estrias na madeira do teto, algo que o marcava e fazia perceber que um dia já fora vivo, um dia já tivera em seu corpo orgânico algo correndo em suas células. - Abafada por algo além de mim. Não quero perder você Emma e isso é outra forma de mostrar meu egoísmo por que se eu penso no que é melhor pra você com certeza esse melhor não inclui a mim, não inclui a nós. Gostaria muito que tudo fosse simples, fosse fácil como é fácil te olhar e me apaixonar. mas não é...

Emma se aconchega ainda mais no corpo da morena. Aquele era o seu lugar, Aquele sempre seria seu lugar.

–Está terminando comigo? - Pergunta afundando o rosto entre seus seios.

–Não, estou querendo te dizer que você é livre para ir a hora que quiser que você não precisa me compreender sempre, que você não precisa sentir esse vazio quando pode preenche-lo, procurar uma forma de preenchê-lo mesmo que esse preenchimento não tenha nada a ver comigo. - Diz numa voz rouca, fraca, chorosa.

–não, não quero preencher nada. Sei que posso ir a hora que quiser, você também pode, não te prendo a mim, nem nunca te prenderia, mas eu não vou - fala retirando o rosto do decote da morena e olhando em seus profundos olhos castanhos. - Não faço nenhum esforço para compreender você, é natural... eu não vou a lugar nenhum, vou ficar até onde for possível por que não tem nada que eu queira mais que isso. Não penso ser um desperdício de tempo ou juventude, eu me sinto viva ao seu lado, eu me sinto viva toda vez que olho pra você... te amo ainda mais toda vez que te vejo. se fechar meus olhos agora. - Fecha os olhos apertando as pálpebras levemente. - quando abrir vou amar você um pouco mais. - Abre os olhos. - Viu? - sorri para a morena. - Isso ninguém vai tirar de mim, nunca.

Regina fica muda. Já não conseguia ver a extensão daquele sentimento. Emma parecia ter sido feita para ela em cada detalhe, feita sob medida, mas ainda assim, se sentia desmerecedora de tudo aquilo.. Pensava não merecer ser amada daquela forma, não enquanto fosse impossível desatar o que a prendia, não enquanto fosse possível perder a garota na tentativa de tê-la mais próxima, de tê-la inteiramente em sua vida, já havia tentado isso uma vez há muito tempo quando se iludira numa possível felicidade fácil e simples; batera suas esperanças num muro recém levantado que seus olhos não conseguiam ver, mas agora via, via numa consciência absurda que lhe doía o peito e fazia as lágrimas rolarem livremente.

–Também não vou a lugar algum, minha garota.

–Não sou uma garota. - Fala enxugando os olhos e fazendo beicinho.

–Eu sei... nenhuma garota qualquer seria tão perfeita como você... mas gosto de dizer que é minha garota.

–Então eu sou... sou sua garota. - Mais uma vez se aconchega ao corpo da outra. Ficaram ali por horas e mais nenhuma palavra era necessária.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!