A noite já ia alta. Toda a cidade de Domino ou quase dormia mas um jovem permanecia acordado.

Uns olhos violetas, grandes e inocentes, perscrutavam o céu escuro. Nessa noite límpida, as estrelas cintilavam.

As saudades do seu outro eu – o Faraó,-apertavam. Custara-lhe tanto quando a sua alma finalmente regressara ao submundo. Atem estava agora em paz, após milénios preso no puzzle milenar.

Sentia-se egoísta com a sua tristeza; de acordo com Ísis, se o Faraó tivesse ganho a Batalha Cerimonial ele permaneceria mais 3000 anos na Terra, sempre batalhando…sem descanso

Ainda se lembrava desse triste dia. Após a sua última e dolorosa separação, Yuugi pedira para fazer uma visita ao seu túmulo no Vale dos Reis. Nem sequer já tinha o puzzle como recordação do espírito que o acompanhara alguns anos – afundara-se no abismo para sempre, juntamente com os outros objectos milenares. Agora que a sua alma fora libertada, os objectos eram inúteis.

O jovem dera largas à sua tristeza quando entraram na câmara do sarcófago. Afagou a tampa do caixão de ouro e as lágrimas escorreram-lhe pelas faces. Anzu, Jou e os outros seguiram-se-lhe na sua dor.

Ísis prometera-lhes que deixariam aquele túmulo intacto, sem exposição do seu conteúdo.

A sua mão ainda subia involuntariamente ao seu pescoço, procurando o que já não existia…

Agora, ao olhar as estrelas, lembrava-se de algo que lera num livro sobre o Egipto.

Os antigos egípcios acreditavam que quando um Faraó morria, a sua alma subia até à constelação de Orion e tornava-se numa das suas estrelas. Esta passagem sempre o comovera e agora comovia-o ainda mais.

Mou hitori no boku…estás feliz? Estás junto das estrelas?

A visão turvou-se-lhe.

Até um dia…mou hitori no boku…

O jovem voltou para dentro.

Uma estrela brilhou mais intensamente que as outras.

Nunca te esquecerei, aibou…