Merida acordou com os gritos do lado de fora. Antes mesmo que aparecesse na janela para ver o que estava acontecendo seus três irmãos pestinhas entraram em seu quarto gritando que tinha um dragão na ilha e estava atacando o corredor leste da mansão.

Soluço.

E ela correu, agarrando seu arco e saindo do quarto como um foguete.

Antes porem que chegasse a porta da enfermaria, a mesma explodiu com fogo e se estraçalhou contra as pedras.

Sem se importar com o que os outros pensariam, ou com sua própria segurança, ela saltou por entre as labaredas a procura do viking.

Quando entrou seu choque foi tão grande, que ao se afastar de volta para a porta, seus cabelos quase foram queimados.

O garoto pirata estava em frente ao um dragão de couro negro e olhos cor de esmeralda. Seus dentes estavam a centímetros da mão do garoto, que permanecia firme em seu lugar, apesar de que suas pernas chacoalhavam perceptivelmente.

– Calmo garoto, eu não vou te machucar, esta tudo bem.

O enorme animal pareceu se acalmar por um momento, mas ao ver o arco e as flechas de Merida, suas pupilas se tornaram em fendas e ele saltou contra a garota.

Soluço viu a cena em câmera lenta, seus olhos observando o animal curvar as garras. Ele jogou seu corpo em frente ao bicho, que parou por um momento, parecendo estar indeciso.

Soluço fez uma coisa, que, ao lembrar-se mais tarde, pensando racionalmente, se deu conta de que fora tolice. Mas era a única solução que lhe viera a cabeça naquele momento.

Ele envolveu Merida em seus braços e saltou as labaredas, protegendo- a da melhor maneira possível.

O dragão apertou os olhos e chacoalhou a cabeça. Abriu as enormes asas de morcego e saiu pelo buraco na parede, causado pelo seu ataque.

– Ele estava em busca de comida. – A voz sussurrante de Merida surgiu entre seus braços. Ela parecia estar muito mais assustada do que demonstrava. Ele pensou sobre como o dragão o olhara. Ele estava faminto sem duvida.

Mas o garoto sabia que era mais que isso. Quando se postara em frente ao dragão, ele sentiu algo familiar, e quase como se o dragão sentisse o mesmo, por isso não havia atacado.

Olhou de volta para a escocesa. Seus olhos brilhantes encaravam os seus verdes intensamente.

Ele não sabia o que aconteceu nesse momento, e mesmo tempos demais ainda encontrava o que acontecera como algo inexplicável. A ruiva aproximou seu rosto e tocou sua bochecha com uma das mãos. Seus olhos se fecharam e ele sentiu seu corpo se aproximar. Ele fechou os olhos e abraçou-a pela cintura, movendo a cabeça de encontro a seus lábios.

Quando abriu os olhos, Merida ainda pode ver os olhos fechados de Soluço.

O que ela estava pensando?

Quando ele finalmente abriu os olhos, encontrou a mesma expressão surpresa no rosto da garota.

– O que... ? – Contudo, mais uma vez ela se afastou sem responder a sua pergunta.

– Eu não deveria ter feito isso. Eu... Sinto muito, isso não é certo.

Ela se virou e começou a andar com velocidade.

Mas dessa vez Soluço não ia deixar que ela fugisse. Correu até ela, acompanhando seus passos.

– Escute, antes que você desapareça mais uma vez, eu sei do ódio entre nossos povos. Mas nos não temos que seguir os sentimentos deles.

Ela o olhou, seus olhos brilhando de raiva.

– Talvez seja mais seguro para nos dois seguir os sentimentos deles. Além do mais, você acaba de me conhecer, como pode estar tao certo de que seus sentimentos são reais?

– Eu não sei.

As palavras dele a surpreenderam mais ainda que o ataque do dragão. Virou-se novamente, os punhos cerrados pelo atrevimento do garoto.

Mas uma mão agarrou seu pulso, sem machuca-la.

– Só... Não faça isso mais difícil do que já é! – Ela gritou ate ele, puxando seu braço, as lagrimas contidas. – Por favor, vikings e escoceses nunca serão amigos. É assim que dita a tradição.

Ela se afastou, as palavras do garoto perseguindo-a ao sair da casa.

Que seja. Eu vou quebrar essa tradição. E espero que então você esteja pronta quando isso acontecer!

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