Avião/12h23min

– Skye. – Escutou uma voz chamando-a, assim que fechou a porta atrás de si.

– A.C. – Virou-se com o melhor sorriso que tinha para dar. Sabia que assim que visse Coulson sua situação pioraria drasticamente.

– Acompanhe-me – Disse-lhe secamente, sem ao menos retribuir o sorriso. Ela o seguiu de cabeça baixa pelos corredores. Até que ele abriu uma porta, de um corredor qualquer, não havia prestado atenção no caminho, e sinalizou para que ela sentasse.

– Bela poltrona. – Deu um soco leve na poltrona de couro vermelha, na qual estava sentada. Era realmente uma poltrona de bom gosto, assim como todo o resto da decoração, uma sala quadrada com paredes brancas com detalhes vermelhos, uma grande escrivaninha, com papéis, um computador de última geração, melhor dos que ela costumava usar para hackear a S.H.I.E.L.D. , e várias outras coisas que ela não conseguia se concentrar em observar, estava nervosa. Nervosa porque sabia onde aquela conversa iria leva-la, nervosa porque não queria ter aquela conversa.

– É, uma bela poltrona. Mas não viemos aqui para falar dela. – Engoliu em seco. – Você traiu a S.H.I.E.L.D., Skye. Eu ignorei todos os protestos do agente Ward e da agente May. E coloquei você conosco, como membro da equipe.

– E agora eu sou a vilã – Murmurou mais para si mesma.

– Não sei se você é vilã, ou heroína, mas aqui não há espaço para mentirosos. Você nos deu a informação sobre o Mike de forma fácil de mais. E foi ajuda-lo logo em seguida. O que me faz chegar à conclusão de que, você não nos ajudou, estava se ajudando. Nós também a encontramos fácil de mais, Skye. Não pense que eu não percebi isso. Você queria ser encontrada. Mas, por quê?

Respirou fundo, sabia que ter ido procurar Mike não fora a escolha certa, mas, se estava certa de tudo o que pensava sobre a S.H.I.E.L.D., sabia também que confiar neles era um erro ainda maior do que confiar em seu ex-namorado. Entretanto, o que poderia fazer naquela situação? Sua mente estava confusa de mais para que pudesse contar uma mentira, e, no fundo, ela nem queria mentir.

– Por isso. – Respondeu tirando o colar do seu pescoço e o entregando a Coulson. A princípio, ele se limitou a olhar para o objeto em sua mão. Então pegou o pingente, que era um retângulo, um pouco maior do que o normal dos pingentes delicados. – Abra – Disse e foi o que ele fez. Retirando de lá, um chip.

– O que tem aqui? – Indagou.

– Tudo o que eu sei sobre mim. – Respondeu enquanto ele colocava o chip em um adaptador e conectava-o ao computador.

Digitando comandos rápidos, Coulson fez aparecer na tela as imagens que ela já havia visto milhares de vezes. Eram dois arquivos. Um, era sua “certidão de nascimento”, que era na verdade um papel com a maioria das informações riscadas, de modo que não poderiam ser vistas, com a data que ela chegara ao orfanato, e o nome da mulher que a entregara lá. O segundo, era sobre a tal mulher. Uma agente da S.H.I.E.L.D., e tudo o que havia conseguido descobrir sobre ela enquanto hackeava os “arquivos proibidos”.

– Eu não sei mais nada sobre mim, ou sobre minha origem. Acho que essa agente, Huertez, pode ser minha mãe. E é por isso que eu queria estar aqui, dentro da S.H.I.E.L.D., para saber quem é, ou quem foi essa mulher.

– Você quer ficar. – Não era uma pergunta, mas ainda assim fez que sim com cabeça – Tome. – Estendeu uma caixa para ela. Skye abriu a caixa e viu uma pulseira de metal dentro.

– Eu ganhei uma pulseira? Legal.

– Você decide. Se usar está pulseira não poderá operar certos tipos de tecnologia.

– E se eu não usar...

– Você está fora. – Ele respondeu categoricamente.

~*~

Bar do avião/14h37min

– Nunca vou me cansar de ouvir essa história. – Fitz exclamou. Era a quinta vez que Ward contava para ele como May o tinha salvado, e como ele tinha derrubado Mike do avião.

– É, mas contar a história cansa. – Deu de ombros. Estava aprendendo a lidar com diferentes personalidades encontradas naquele avião, Fitz era mais fácil de lidar. Uma companhia agradável fazia muitas perguntas, era verdade, mas parecia perceber quando estava incomodando e rapidamente mudava de assunto.

– Sabe, a Skye ficou muito mal quando você caiu do avião. Eu sei por que eu e a Simmons ficamos cuidando dela. A Simmons é muito amiga da Skye, e ficou com ela a maior parte do tempo.

– Olha lá – Apontou para ele – Seus olhos estão brilhando de novo.

– Olhos? Brilhando? – Fitz indagou e começou a esfregar freneticamente os olhos. – Acho que não.

– Acho que sim. Todas as vezes que você fala da Jemma fica assim, todo risonho. – O loiro corou – Calma, rapaz, eu acho que ela deve sentir o mesmo por você.

– Eu acho que não. Quando estudávamos juntos, e eu estava prestes a me declarar para a ela, a Jemma um namorado. O Bob, do tipo fortão, durão, inabalável, que as menininhas admiravam – Fez uma pausa e olhou para Ward. – Tipo você. Então eu desisti de me declarar, e arrumei uma namorada também. Mas não deu muito certo.

– As idas e vindas do amor... – Murmurou.

– E o que o Sr. Robô sabe sobre o amor? – Uma voz muito conhecida, e carregada de ironia, disparou.

– Pulseira nova, Skye? – Ignorou sua pergunta, notando o novo objeto prateado em torno do seu braço.

– É. Achei bonitinha. – Ela mexeu o braço freneticamente, como se tentasse tirar aquela coisa. – Mas eu não vim aqui para falar de pulseiras. Vim pedir um favor.

– Então, eu vou saindo para você falar a sós com o Fitz sobre o seu favor. – Respondeu-lhe e caminhou para saída, mas as palavras seguintes de Skye fizeram-no parar.

– Na verdade, eu vim pedir um favor a você, Ward.

– A mim? - Virou, a confusão estava estampada em seu rosto.

– Preciso de uma especialização por aqui, e eu escolhi ser uma agente de campo. Coulson disse que eu vou necessitar de uma espécie de... Tutor.

– Não. – Respondeu a pergunta na proferida. – Não vou ajuda-la Skye, encontre outra pessoa.

– Ah, claro, nesse avião!? Quem? O Fitz? – Apontou para Fitz, que fez cara de magoado. – A May Xing-ling? Acho que não, ela me odeia.

– E o que te faz pensar que eu gosto de você?

– Você me salvou, e estava preocupado comigo. – Estava.

– Não, não estava. Eu faria isso por qualquer um.

– Então é a sua resposta final? Não vai me ajudar? Se jogar de um avião é mais fácil? – Sua expressão era parecida com a de logo mais cedo, quando ela o viu conversando com May na cabine. Ela estava claramente magoada. Para sua própria surpresa, não gostava de vê-la com aquela expressão.

– Skye – Disse e puxou-a pelo braço no momento em que ela lhe virou as costas. – Hoje, às 19h, na sala de treinamento.

– Sabia que você gostava de mim. – Sorriu para ele e saiu. Deixando-o novamente sozinho com Fitz.