Nos anos que se passaram eu fui melhorando alguns conceitos que eu tinha na minha, foram mudando, agora eu não tenho mais medo da morte ou da dor, e depois de ver pessoas desta academia morrendo todos os anos nos jogos perdi também o medo de matar. Cato se tornou nosso membro mais forte, conseguia matar uma pessoa de seu tamanho apenas com as mãos, não que isso seja necessário, era um dos poucos que conseguia dominar todas as armas. A colheita será daqui quatro semanas, e tenho certeza que os instrutores vão escolhê-lo para se voluntariar.
   Não sei omo funciona nos outros distritos, mas aqui no 2, os donos das academias de carreiristas se juntam e deixam os outros vitoriosos, os mentores, escolherem alguns possíveis novos tributos, duas semanas antes. Desta lista eles chamam o primeiro, o mais capaz para vencer, e conversam sobre isso, mas mostram os outros da lista, não todos, apenas os primeiros, que vem depois dele, se se esses forem sorteados tem o primeiro tem a escolha de se voluntariar ou não, mas isso era quase impossível de acontecer, desses serem sorteados, ou de quem foi escolhido não se sortear, porque é uma honra para nós.
   Nas duas semanas que tínhamos pata treinar, eu consegui perceber, como todos os anos, que algumas pessoas em vez de tentar melhorar as habilidades, eles já estavam fazendo o contrário, piorando, talvez por medo, ou ainda não estar preparado, mas um dos poucos alunos que eu não conseguia perceber isso era Cato, este ano ele está mais decidido que os outros anos. Eu entenderia se estivesse em seu lugar, pois tudo que ele ja fez na vida foi treinar, sem poder colocar isso em prática:
   - Vai com calma grandão.
   - Essa é a minha grande chance, não posso ir com calma, nem perdê-la, além de ser a minha última oportunidade, pois já cheguei nos dezoito, nunca me senti tão preparado.
   - Bom, para não orgulhar a minha família, sei que nunca vou ser escolhida, nunca escolhem alguém do meu tamanho.
   - Sim, isso é verdade - ele me olhou de um jeito travesso, eu conseguia ver em um sorriso em seus olhos, eles eram bem azuis, e olhar pra ele desse jeito me lembrou da primeira vez que eu o vi. Antes de perceber que ele faria alguma coisa ele me pegou pelos pés e me colocou de cabeça para baixo em suas costas, depois de muito tentar, finalmente consegui sair.
– Vou sentir falta de momentos assim - disso isso me recompondo, e soltando uma leve risada.
   - Por que? Eu vou voltar.
   - Sim, eu sei, mas será que vai lembrar de mim quando ficar famoso? Todos os gritos daquelas pessoas da Capital te idolatrando.
   - Até parece que não sabe que eu vou sempre me lembrar de você, garota das facas.
   - Assim espero. Quando eu estava me virando para caminhar ele chegou por trás de mim e me deu um abraço tão apertado, que parecia que o oxigênio do mundo foi extinto nos momentos que eu estava em seu braço, e um beijo na bochecha, eu arregalei os olhos, não esperava que isso acontecesse, então ele saiu para treinar novamente.
   Pelo que vi nos programas da Capital, um beijo na bochecha é uma bobagem, perto dos grandes romances, mas isso aqui no Distrito 2 é muita coisa, demonstrações de carinho não são comuns, e essa colocou meus sentimentos em choque. Desde de que o conheço o trato como amigo, mas será que devo continuar? Não é bem devo a palavra certa, será que meus sentimentos continuam assim?
   Mas eu não posso ficar pensando nisso por enquanto, bom, eu estou agora com cara de idiota no meio da academia de carreiristas. Saio andando, para treinar um pouco, e depois colocar meus sentimentos nos eixos.